Morreu o filósofo Roberto Romano

Morre aos 75 anos, de covid, o filósofo Roberto Romano

Ele estava internado desde 11 de junho em São Paulo, em tratamento de problemas decorrentes da doença que já matou mais de 547 mil no paísRoberto Romano: Jaguapitã, 13 de abril de 1946 — São Paulo, 22 de julho de 2021

O filósofo Roberto Romano morreu em São Paulo nesta quinta-feira (22), aos 75 anos. Ele estava internado desde 11 de junho no Instituto do Coração (Incor), em tratamento de problemas decorrentes da Covid-19. Era professor aposentado de Ética e Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Romano é autor de Igreja contra Estado. Crítica ao populismo católico (São Paulo – Ed. Kairós, 1979), Conservadorismo romântico (São Paulo – Ed. Unesp, 1997), entre outros livros. Doutor em filosofia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais) de Paris, nasceu em Jaguapitã (PR).

Quando o país chegou a 300 mil mortos pela covid-19, em março, o filósofo comentou sobre Bolsonaro, afirmando, sobre a eleição presidencial de 2018, que “na máquina enlouquecida colocamos um indivíduo sem o mínimo senso de responsabilidade, a mais leve noção do necessário dever, desprovido de saberes básicos em matéria científica, humanística”.

Em entrevista à RBA, em 2019, disse que “a situação dos poderes no Brasil é completamente anômala em relação a qualquer outro Estado que conhecemos”. Falando sobre a Operação Lava Jato, Judiciário e instituições, comentou: “Há uma promiscuidade enorme de setores judiciários, do Legislativo e do Executivo, em que a troca, o ‘é dando que se recebe’, funciona”.

Por ocasião da eleição do Papa Francisco, em março de 2013, Roberto Romano afirmou que tinha boas expectativas sobre o então novo pontífice, por ser jesuíta. “Muitos (dos jesuítas) são médicos, físicos, matemáticos, teólogos, filósofos. Dedicam-se a um diálogo com o mundo científico, tecnológico e político”, disse, em entrevista a Unisinos. Romano foi, durante 12 anos, frade dominicano,quando o Brasil vivia sob a ditadura militar.

Fonte: Rede Brasil Atual – 22/07/2021 – 21h12

 

Em nota, o reitor da Unicamp, Antônio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, lamentou a perda e ressaltou que o docente era um defensor do ensino público, da ética, das políticas de inclusão nas universidades e da justiça social no país:

“Nossa universidade lamenta profundamente o falecimento do Prof. Roberto Romano. Após enfrentar complicações em decorrência da Covid-19, ele se soma às tantas vítimas da pandemia em nosso país, decorrentes da pouca atenção que parte de nossas autoridades deram a esta tragédia que acomete o mundo. Roberto Romano, um intelectual de primeira grandeza, sempre se caracterizou pela defesa do ensino público e das nossas instituições de fomento à ciência e tecnologia. Representou uma voz muito forte a favor da ética em nossas instituições e no desenvolvimento das relações humanas, uma ética baseada na busca da igualdade e da solidariedade. Posicionou-se com firmeza pelas políticas de inclusão em nossas universidades e pela justiça social em nosso país. Temos muito orgulho de tê-lo tido como membro de nossa comunidade universitária. Expressamos nossas condolências a seus familiares, amigos e colegas e nossa grande tristeza por esta perda”, diz o texto do reitor.

Utilizei o livro dele, Brasil: Igreja contra Estado: crítica ao populismo católico. São Paulo: Kairós, 1979, em alguns textos meus. Confira aqui e aqui.

Roberto Romano foi preso e torturado durante a ditadura militar. Confira: Perfil – Roberto Romano, uma vida atravessada pela história – IHU On-Line: Edição 435 | 16 Dezembro 2013. Mais aqui.

Leia Mais:
O autoritarismo de Bolsonaro e a falta de autoridade do Congresso e do STF para coibir abusos comandados pelo presidente. Entrevista especial com Roberto Romano – IHU 23 julho 2021
Fratelli Tutti e a inacreditável lucidez de Francisco. Entrevista especial com Roberto Romano – IHU 23 julho 2021

Morreu Hector Avalos

Nascido em 1958, em Nogales, no México, morreu Hector Avalos em 12 de abril de 2021, aos 62 anos de idade, em Ames, Iowa, USA.

Hector Avalos era professor na Iowa State University, no Departamento de Filosofia e Estudos Religiosos. Avalos publicou trabalhos em áreas como a relação entreHector Avalos: 1958-2021 violência e religião, ciência e religião, saúde no mundo antigo e outros temas.

Há alguns posts sobre Avalos no Observatório Bíblico, como:

Avalos publica livro contra os estudos bíblicos – 07.07.2007

Lemche para Avalos: os estudos bíblicos são necessários – 23.10.2010

Avalos para Lemche: os estudos bíblicos devem mudar – 31.10.2010

Roland Boer: considerações sobre o debate Lemche-Avalos – 17.11.2010

Avalos responde a seus críticos – 04.12.2010

Morreu Hans Küng

Morreu ontem, dia 6 de abril de 2021, aos 93 anos de idade, o teólogo Hans Küng.

Há no Observatório Bíblico muitos posts sobre Hans Küng. Confira aqui.

Quando estudante na Universidade Gregoriana, a partir de 1970, fui cativado pelo pensamento de Hans Küng.Hans Küng: 1928-2021

De 21 a 29 de outubro de 2007 Hans Küng fez, em várias universidades brasileiras, uma série de palestras em torno do tema Ciência e fé – por uma ética mundial.

Leia mais sobre Hans Küng aqui.

 

Comunicado da Stiftung Weltethos:

Faleceu o teólogo Prof. Dr. Hans Küng

Lamentamos a perda de nosso fundador e presidente de longa data, Hans Küng. Ele faleceu pacificamente em sua casa em Tübingen em 6 de abril de 2021 com 93 anos de idade.

Hans Küng viu desde cedo a necessidade de um ethos para toda a humanidade. Com o projeto de Ética Mundial, ele finalmente criou a base para uma consciência dos valores comuns fundamentais em todas as partes da sociedade e para uma coexistência pacífica e respeitosa além das fronteiras de religiões, culturas e nações. Um projeto que hoje é mais importante do que nunca – e que o acompanhou e o manteve ocupado até sua morte.

Tendo em vista a visão de esperança de Hans Küng “para tornar o mundo um lugar melhor”, é uma honra para a Fundação Ética Mundial poder continuar o trabalho de sua vida. Vamos mantê-lo, levá-lo adiante e desenvolvê-lo ainda mais, e nos curvamos em gratidão ao seu grande fundador.

 

Theologe Prof. Dr. Hans Küng verstorben

Wir trauern um unseren Gründer und langjährigen Präsidenten Hans Küng. Er ist am 06. April 2021 im Alter von 93 Jahren friedlich in seinem Haus in Tübingen verstorben.

Schon früh sah Hans Küng die Notwendigkeit eines Ethos für die Gesamtmenschheit. Mit dem Projekt Weltethos schuf er letztlich die Grundlage für ein Bewusstsein grundlegender gemeinsamer Werte in allen Teilen der Gesellschaft sowie für ein friedliches und respektvolles Miteinander über die Grenzen der Religionen, Kulturen und Nationen hinweg. Ein Projekt, das auch heute wichtiger ist, denn je – und ihn bis zu seinem Tod begleitete und beschäftigte.

Mit Blick auf Hans Küngs Hoffnungsvision „To make the world a better place“ ist es für die Stiftung Weltethos eine Ehre, sein Lebenswerk fortführen zu dürfen. Wir werden es in seinem Sinne bewahren, weitertragen und weiterentwickeln und wir verneigen uns in Dankbarkeit vor dessen großartigem Begründer.

06/04/2021

Morreu Hershel Shanks (1930-2021)

Morreu no dia 5 de fevereiro de 2021, aos 90 anos de idade, o fundador da Biblical Archaeology Society e da Biblical Archaeology Review, Hershel Shanks.

Leia sobre o legado de Hershel Shanks:Hershel Shanks (1930-2021)

:: In Memory of Hershel Shanks – Biblical Archaeology Society

Esta semana, a Biblical Archaeology Society relembra a vida e as realizações do fundador e editor emérito da Biblical Archaeology Review, Hershel Shanks, que faleceu em 5 de fevereiro de 2021 aos 90 anos.

Coletamos reflexões sobre o legado de Hershel de alguns de seus colegas e amigos queridos. Muitos deles apareceram originalmente em Festschrift: A Celebration of Hershel Shanks [disponível online], a edição dupla especial da Biblical Archaeology Review, publicada em 2018. Leia essas memórias e celebre as contribuições de Hershel para os campos da arqueologia bíblica e dos estudos bíblicos.

Hershel Shanks fundou a Biblical Archaeology Society em 1974 e publicou a primeira edição da Biblical Archaeology Review em 1975. Ele serviu como editor da BAR até sua aposentadoria em 2017. Na primeira edição, Hershel escreveu: “O objetivo da Biblical Archaeology Review é disponibilizar em linguagem compreensível as percepções atuais da arqueologia profissional no que se refere à Bíblia. ” Em seus 43 anos como editor, ele não se desviou dessa missão.

 

This week, the Biblical Archaeology Society remembers the life and achievements of Biblical Archaeology Review’s founder and Editor Emeritus, Hershel Shanks, who passed away February 5, 2021 at the age of 90.

We have collected reflections on Hershel’s legacy from some of his colleagues and dear friends. Many of these originally appeared in Festschrift: A Celebration of Hershel Shanks, the special double issue of Biblical Archaeology Review, published in 2018. Please enjoy these memories and celebrate Hershel’s contributions to the fields of biblical archaeology and biblical studies.

Hershel Shanks founded the Biblical Archaeology Society in 1974 and published the first issue of Biblical Archaeology Review in 1975. He served as the editor of BAR until his retirement in 2017. In the very first issue, Hershel wrote, “The aim of The Biblical Archaeology Review is to make available in understandable language the current insights of professional archaeology as they relate to the Bible.” In his 43 years as editor, he did not deviate from this mission.

Morreu James A. Sanders (1927-2020)

James A. Sanders (1927-2020)James A. Sanders foi professor de estudos intertestamentais e bíblicos na Claremont School of Theology (CST), Califórnia, de 1977 a 1997, enquanto simultaneamente era professor de religião na Claremont Graduate School. Antes de ir para Claremont, Sanders foi professor de Antigo Testamento, primeiro na Colgate Rochester Divinity School em Rochester NY (1954-65) e depois no Union Theological Seminary e na Columbia University em Nova York (1965-77). Após a aposentadoria formal em Claremont em 1997, ele foi professor visitante de Antigo Testamento no Union Theological Seminary / Columbia University na cidade de Nova York no ano de 1997-98 e professor adjunto de Antigo Testamento na Yale University Divinity School no semestre da primavera de 1998. Ele serviu também como professor visitante no Seminário Teológico Judaico na cidade de Nova York na primavera de 2001.

Sanders fundou o Ancient Biblical Manuscript Center em Claremont em 1977, ano em que se mudou de Nova York para Claremont. Sob sua direção, o Ancient Biblical Manuscript Center abriga a coleção mais completa e mais bem preservada de filmes de arquivo dos Manuscritos do Mar Morto do mundo. (…) Em 1961, em Jerusalém, ele abriu o grande Rolo dos Salmos da Gruta 11 de Qumran, publicando-o em dois volumes em 1965 e 1967 (trecho do texto da página do autor na Amazon.com).

Olhando a bibliografia de James A. Sanders, notamos quatro temas recorrentes: crítica canônica, apropriação das Escrituras pelo Segundo Templo, crítica textual e a edição e disponibilização dos Manuscritos do Mar Morto e outros manuscritos, diz David M. Carr, na Introdução de WEIS, R. D. ; CARR, D. M. (eds.) A Gift of God in Due Season: Essays on Scripture and Community in Honor of James A. Sanders. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1996.

 

James A. Sanders was professor of intertestamental and biblical studies at the Claremont School of Theology (CST) from 1977 to 1997, while concurrently professor of religion at the Claremont Graduate School. Prior to going to Claremont Sanders was professor of Old Testament first at Colgate Rochester Divinity School in Rochester NY (1954-65) and then at Union Theological Seminary and Columbia University in New York City (1965-77). After formal retirement in Claremont in 1997 he was visiting professor of Old Testament at Union Theological Seminary/Columbia University in New York City for the year 1997-98 and adjunct professor of Old Testament at Yale University Divinity School the spring semester of 1998. He served also as visiting professor at Jewish Theological Seminary in New York City in the spring of 2001.

Sanders founded the Ancient Biblical Manuscript Center in Claremont in 1977, the year he moved from New York to Claremont. Under his direction the Ancient Biblical Manuscript Center houses the most complete and best preserved collection of archival quality films of the Dead Sea Scrolls in the world; museums in Jerusalem and elsewhere in the world have ordered films of the Scrolls from the Center. He has overseen the publication of The Dead Sea Scrolls Catalogue and Index used by scholars around the world, and with West Semitic Research at the University of Southern California has published a diplomatic edition of films of Leningradensis (Eerdmans, 1998), the oldest complete Hebrew Bible in the world taken by the Center’s photographers in Leningrad/St Petersburg in 1990. He became president emeritus of the Center in 2003.

Sanders has been presented with three volumes of essays (Festschriften) published in his honor: A Gift of God in Due Season, ed. by Richard Weis and David Carr (Sheffield, 1996); In Quest of Meaning in Context and Intertextuality, ed. by Craig Evans and Shemaryahu Talmon (Brill, 1997); and a Special Tribute Edition of The Folio: The Bulletin of the Ancient Biblical Manuscript Center for Preservation and Research 15/1 (fall 1998), continued in 16/1 (summer 1999).

Sanders’ scholarly interests bridge the testaments of Christian Scripture with focus on the Prophets, the literature of Early or pre-Rabbinic Judaism, including the Dead Sea Scrolls, and the New Testament. He has authored or edited twenty-nine books, and over 300 scholarly articles. He co-authored and co-edited The Canon Debate (Hendrickson Press, 2002). With Dominique Barthélemy of the Université de Fribourg he is co-editor of the (so-far) four volumes of Critique textuelle de l’Ancien Testament (Vandenhoeck & Ruprecht, 1982–).

Sanders is past president of the Society of Biblical Literature, a member of Studiorum Novi Testamenti Societas, the International Organization for Septuagint and Cognate Studies, the International Organization for Targumic and Cognate Studies, as well as other scholarly societies. He is the only American member of the United Bible Society’s Hebrew Old Testament Text Critical Project, which has so far published nine volumes of work done since 1969. That work has led to the current international preparation of Biblia Hebraica Quinta, the fifth edition of the scholarly Hebrew Bible that will be used for study and translations throughout the world in the 21st century. In 1961 in Jerusalem he unrolled the large Scroll of Psalms from Qumran Cave 11 (eleven) and published it in two volumes in 1965 and 1967. Sanders has served on the editorial boards of the Journal of Biblical Literature, Interpretation, Journal for the Study of Judaism, and Biblical Theology Bulletin, among others. His book Torah and Canon (still in print) launched in 1972 a new subdiscipline of biblical study called Canonical Criticism.

Sanders has lectured, taught, and preached at colleges, seminaries, churches, and pastors’ schools (Protestant, Catholic and Jewish) around the country and Canada. He was Alexander Robertson professor of biblical studies at Glasgow University in 1990-91, and has lectured several times at the Université de Fribourg en Suisse. He recently has lectured by invitation at the Universität Heidelberg in Germany and the University of Michigan, and read a paper in 1999 at the first-ever symposium inside the Vatican sponsored by The Holy Office, on the function of Scripture in the Church–the only non-Roman Catholic so invited. In 2002 he lectured to seminary presidents and deans from around the country at the Getty Center in Los Angels.

He has over the years received fellowships and grants from the Fulbright Scholarship Program, the Rockefeller Foundation (twice), the Guggenheim Foundation (twice), and the National Endowment for the Humanities. He has served as annual professor at the American School of Oriental Research in Jerusalem (now The Albright Institute) and twice was senior fellow at the Ecumenical Institute for Advanced Theological Study at Tantur south of Jerusalem (1972-73 and 1985).

Sanders holds the B.A. degree, magna cum laude and Phi Beta Kappa, and the B.D. degree, with distinction, from Vanderbilt University; a Ph.D. from Hebrew Union College, a Litt.D. from Acadia University, an S.T.D. from Glasgow University, D.H.L.s from Coe College, California Lutheran University and Hebrew Union College, and was nominated for an honorary doctorate by the Université de Fribourg en Suisse (Amazon.com).

Jerônimo

São Jerônimo, padroeiro dos biblistas, é celebrado hoje, 30 de setembro.

Passados mil e seiscentos anos, a sua figura continua a ser de grande atualidade para nós, cristãos do século XXI.

Quem o afirma é Francisco na Carta Apostólica Scripturae Sacrae affectus, publicada hoje, por ocasião do 16º centenário da morte de São Jerônimo, intérprete e tradutor da Bíblia.

Morreu Hans M. Barstad (1947-2020)

Morreu o biblista norueguês Hans M. Barstad aos 73 anos de idade. Professor em Oslo de 1986 a 2005 e em Edimburgo desde 2006, era estudioso dos profetas. Autor, entre outros, de um interessante livro sobre o mito da terra (de Judá) vazia durante o exílio babilônico: The Myth of the Empty Land: A Study in the History and Archaeology of Judah During the ‘Exilic’ Period. Oslo: Scandinavian University Press, 1996.

Hans M. Barstad: 1947-2020Participou do Seminário Europeu de Metodologia Histórica (1996-2012). Tinha uma posição moderada sobre a História de Israel, defendendo o uso do texto bíblico na construção da história de Israel, mas insistindo, com muita fundamentação, que é necessário abandonar o conceito positivista de história, herança do século XIX , e partir para uma história narrativa.

Para Barstad, pesquisadores como Lemche e Thompson ainda se debatem dentro de um conceito convencional de história que é altamente problemático.

Em suas palavras: “Estudiosos como Lemche e Thompson têm avidamente usado o conceito de ‘mudança de paradigma’ em suas contribuições para a historiografia bíblica. Isto, entretanto, está longe de ser uma descrição adequada do que está realmente acontecendo. Lemche e Thompson, aparentemente não atentos para o fato de que o que nós podemos chamar de um conceito convencional de história é hoje altamente problemático, ainda trabalham dentro dos parâmetros da pesquisa histórico-crítica, assumindo que história é uma ciência e que devemos trabalhar com fatos ‘brutos’” (BARSTAD, H. M. History and the Hebrew Bible, em GRABBE, L. L. (ed.) Can a ‘History of Israel’ Be Written? Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997, p. 50-51).

Barstad diz que os pós-modernos os classificariam como “os primeiros dos últimos modernistas” (p. 51).

E defende em seguida: “No futuro nós teremos, irreversivelmente, de nos ajustar a uma visão de história diferente daquela dos métodos histórico-críticos do século XIX: uma história com diferentes ‘verdades’ que quase nunca será o resultado de análises científicas de dados empíricos. Uma história cujo estatuto epistemológico deveria não mais ser visto como parte da ciência, mas como uma parte da cultura. Uma história caracterizada por uma multiplicidade de métodos” (p. 51-52).

 

Da página da Universidade de Edimburgo em 2016:

Educated in Oslo and Oxford, I held the chair of Old Testament Studies in the University of Oslo from 1986-2005.

Since my move to Edinburgh (2006-), I have authored 1 book (History and the Hebrew Bible, Mohr Siebeck 2008), and around 20 contributions in peer reviewed publications.

I have also co-edited 3 volumes: The Past in the Past, with P. Briant (The Institute for Comparative Research 2009); Prophecy in the Book of Jeremiah, with R.G. Kratz (de Gruyter 2009), and Thus Speaks Ishtar of Arbela, with R. Gordon (Eisenbrauns, forthcoming summer 2013).

I was chief editor for Supplements to Vetus Testamentum 2007-2010 (Brill). Around 30 volumes appeared during my editorship.

Among popularizing work, I can mention one book, A Brief Guide to the Hebrew Bible, Westminster John Knox, 2010 and 2 contributions to lexicons: “Biblical Theology,” in The Cambridge Dictionary of Christian Theology, Cambridge University Press (2011), pp. 62-64 and “Bible, Hebrew,” in The Encyclopedia of Ancient History, Wiley-Blackwell (2013), pp. 1107-1109.

In The Religious Polemics of Amos (1984), I use texts in Amos as sources for the reconstruction of 8th century BCE Israelite religion. The work threw new light upon the prophetic movement in general. Further research led to a series of articles and monographs on biblical prophets.

In A Way in the Wilderness (1989), I maintain that many of the references to wilderness, water, and way have misguidedly been taken as allusions to a second Exodus. Rather, the majority of these texts refer to the new Judah after the exile. Another important outcome of my 1989 book concerns the nature of prophetic language. Whereas numerous scholars have dealt with linguistic, grammatical, and literary features of Hebrew poetry, not many have taken into consideration that metaphoric/poetic texts also have a different cognitive status from prose language.

In The Babylonian Captivity of the Book of Isaiah (1997), I attempted to demonstrate that the arguments in favour of a Babylonian setting of Isa 40-55 are untenable.

In The Myth of the Empty Land (1996), I use archaeology, economical models, and Neo-Babylonian sources to argue for continuity rather than a gap in the culture of Judah after the fall of Jerusalem in 586 BCE.

Three articles reflect my recent research. In one, I use Neo-Assyrian sources, and show how Amos 1-2 is genuinely set within the framework of the Neo-Assyrian Empire. In another, I discuss Old Babylonian texts from Mari, and show how deeply planted the Hebrew Bible is in a common Semitic culture. Finally, I discuss historiography in general (above all narrative truth) and its relationship to the Hebrew Bible.

Sobre Dom Pedro Casaldáliga

Dom Pedro Casaldáliga, Bispo Emérito da Prelazia de SãoFélix do Araguaia e Missionário Claretiano, morre aos 92 anos de idade

Depois de um longo período de internação, parte dela na cidade de Batatais, estado de São Paulo (Brasil), faleceu hoje, 08 de agosto de 2020, às 09h40 (horário de Brasília), DomDom Pedro Casaldáliga (1928-2020) Pedro Casaldáliga Pla, CMF, Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Mato Grosso (Brasil), Missionário Claretiano e cuidado pela Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos) após ter sido jubilado. Com problemas de saúde ocasionados pelo Mal de Parkinson, por Pneumonia e Derrame Pulmonar, no dia 04 de agosto, Dom Pedro Casaldáliga, CMF, teve seu estado agravado e foi transferido por UTI aérea do Hospital de São Félix do Araguaia a Ribeirão Preto onde seguiu para Batatais em uma UTI Móvel direto para a Santa Casa permanecendo internado até sua morte devido a uma embolia pulmonar decorrente dos problemas de saúde já apresentados.

O corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, será velado em três locais. No dia 08, sábado, a partir das 15h, será na capela do Claretiano – Centro Universitário de Batatais, unidade educativa dirigida pelos Missionários Claretianos, localizada a rua Dom Bosco, 466, Castelo, em Batatais, São Paulo. No dia 09, domingo, às 15h, neste local, acontecerá a missa de corpo presente, presidida por Dom Moacir, Arcebispo de Ribeirão Preto, que será aberta ao público em geral e transmitida ao vivo pelo Claretiano – TV, no Youtube, pelo link https://youtu.be/spto8rbKye0 .

No dia 10, segunda-feira, o corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, seguirá para Ribeirão Cascalheira, Mato Grosso, onde será velado no Santuário dos Mártires. Em seguida o corpo será levado para São Félix do Araguaia, MT, onde será velado no Centro Comunitário Tia Irene. O sepultamento será em São Félix do Araguaia, conforme desejo manifestado em sua vida.

Trajetória

Dom Pedro Casaldáliga nasceu no dia 16 de fevereiro de 1928, em Balsareny, na província de Barcelona, na Catalunha. É o segundo filho de Montserrat Pla Rosell e Luis Casaldaliga Ribera, que tiveram quatro filhos. Em 1943 ingressou na Congregação Claretiana, Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria e em 1952 foi ordenado sacerdote em Montjuïc, Barcelona. Até a sua vinda para o Brasil, que se deu em 1968, trabalhou na formação de futuros missionários claretianos, com a Pastoral da Juventude e com a Pastoral do Cursilho de Cristandade.

Ao chegar no Brasil, junto com Pe. Manoel Luzón, CMF, ajudou a fundar a Missão Claretiana no Estado do Mato Grosso, que na época era uma região com um alto grau de analfabetismo, marginalização social, violência e concentração fundiária. No estado fixou residência e foi defensor ativo dos Direitos Humanos e das grandes causas ainda não totalmente resolvidas, como as causas indígenas, racismo a defesa da Amazônia. Logo após sua chegada, em 1969, o Vaticano criou a Prelazia de São Félix do Araguaia, MT, e em 1970 foi nomeado administrador apostólico da Prelazia.

Já em 1971 foi nomeado Bispo Prelado de São Félix do Araguaia pelo Papa Paulo VI. Neste mesmo ano publicou a Carta Pastoral Uma Igreja na Amazônia em Conflito com o Latifúndio e a Marginalização Social denunciando a situação de miséria e violência na região Amazônica. Com uma vida totalmente dedicada ao próximo e ajudando os mais necessitados fundou o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) com Dom Tomás Balduino e juntos criaram a Comissão de Pastoral da Terra (CPT).

Dom Pedro teve seu nome ligado à Reforma Agrária, à denúncia da escravidão moderna e a defesa dos povos indígenas.

Além do exercício como sacerdote, Dom Pedro reservava parte do seu tempo à escrita. Deixou uma obra riquíssima composta por livros, poemas, cartas, cantigas e orações. Inclusive seu livro ‘Descalço sobre a Terra Vermelha’, virou filme com a direção de Oriol Ferrer, em 2012. Além disso, ele participou do filme ‘Anel de Tucun’, em 1994; da Missa dos Quilombos, produzida pelo cantor Milton Nascimento, no ano de 1982.

Dom Pedro Casaldáliga passou sua vida na simplicidade, em São Félix do Araguaia, e no dia 04 de agosto de 2020 chegou a Batatais, SP, para tratamento médico, onde passou seus últimos dias, falecendo em 08 de agosto de 2020.

 

Cronologia de Dom Pedro Casaldáliga

16/02/1928 – nasceu Pedro Casaldáliga Pla, em Balsareny, na província de Barcelona, na Catalunha. É o segundo filho de Montserrat Pla Rosell e Luis Casaldaliga Ribera, que tiveram quatro filhos.

1943 – Ingressou na Congregação Claretiana (Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria).

1952 – Foi ordenado sacerdote em Montjuïc, Barcelona. Até a sua vinda para o Brasil trabalhou na formação de futuros missionários claretianos, com a Pastoral da Juventude e com a Pastoral do Cursilho de Cristandade.

1967 – Participou do Capítulo Geral da Congregação Claretiana, em Roma, onde organizou a sua vinda para o Brasil.

1968 – Junto com o Pe. Manoel Luzón, CMF, foi enviado para o Brasil para fundar a Missão Claretiana no Estado do Mato Grosso, uma região com um alto grau de analfabetismo, marginalização social, violência e concentração fundiária.

1969 – O Vaticano criou a Prelazia de São Félix do Araguaia, MT.

1970 – Foi nomeado administrador apostólico da Prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Neste mesmo ano fundou o Jornal Alvorada.

1971 – Foi nomeado Bispo Prelado de São Félix do Araguaia pelo Papa Paulo VI. Neste mesmo ano publicou a Carta Pastoral Uma Igreja na Amazônia em Conflito com o Latifúndio e a Marginalização Social, denunciando a situação de miséria e violência na região Amazônica.

1972 – Ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) com Dom Tomás Balduino.Dom Pedro Casaldáliga (1928-2020)

1975 – Junto com Dom Tomás Balduino ajudou a criar Comissão de Pastoral da Terra (CPT).

1976 – Foi ameaçado de morte várias vezes, sendo que em Ribeirão Cascalheira, no Mato Grosso, estava junto com o Pe. João Bosco Penido Burnier, que foi assassinado por um pistoleiro, escapou da morte.

1986 – Promoveu a primeira edição da Romaria dos Mártires da caminhada. Movimento que seguiu a cada quatro anos.

1988 – Fez a visita Ad Límina em Roma, visita que os Bispos fazem ao Papa para apresentar o relatório Pastoral da sua Diocese.

1992 – Juntamente com o Pe. José Maria Vigil criou a primeira agenda latino americana em comemoração aos 500 anos da Evangelização na América, publicação existente até os dias atuais.

1994 – Apoiou a revolta de Chiapas, no México.

1999 – Foi solidário aos governos (nacionais e internacionais) com propostas para uma política popular.

2000 – Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas e em 2012 recebeu o mesmo título da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

2005 – Já sofrendo Mal de Parkinson apresentou sua renúncia à Prelazia, conforme o Can. 401 §1 do Código de Direito Canônico, em 2005, que foi aceita pelo Papa João Paulo II.

2020 – Ficou em São Félix do Araguaia até este ano e no dia 04 de agosto de 2020 chegou a Batatais, SP, para tratamento médico, onde passou seus últimos dias, falecendo em 08 de agosto, às 09h40

Morreu Dom Pedro Casaldáliga (1928-2020)

Morre Dom Pedro Casaldáliga, o bispo dos direitos humanos e dos mais pobres – Por Julinho Bittencourt: Revista Fórum – 8 de agosto de 2020

Após uma longa internação, morreu na manhã deste sábado (8), Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT). Ele estava internado em um hospital de Batatais (SP) com insuficiência respiratória.

A notícia da morte foi comunicada pela Prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso, Brasil). Veja abaixo:Dom Pedro Casaldáliga (1928-2020)

A Prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso, Brasil), a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e a Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos) comunicam o falecimento de Dom Pedro Casaldáliga Pla, CMF, Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso) e Missionário Claretiano, ocorrido neste dia 08 de agosto de 2020 às 9:40 horas (horário de Brasília), na cidade de Batatais, estado de São Paulo, Brasil.

O velório acontecerá em três locais:

1 – Em Batatais – SP

O corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, será velado, no dia 08 de agosto de 2020, a partir das 15 horas na capela do Claretiano – Centro Universitário de Batatais, unidade educativa dirigida pelos Missionários Claretianos, situada à rua Dom Bosco, 466, Castelo, Batatais, São Paulo, Brasil.

A missa de exéquias será celebrada, em Batatais, no dia 09 de agosto de 2020 às 15h, no endereço acima e será aberta ao público em geral, além de ser transmitida ao vivo pelo link https://youtu.be/spto8rbKye0. O link estará aberto para que outros veículos de comunicação possam retransmitir.

2 – Em Ribeirão Cascalheira – MT

O corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, será velado no Santuário dos Mártires, a partir do dia 10 de agosto, sem previsão de horário de chegada do corpo.

3 – Em São Félix do Araguaia – MT

O corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, será velado no Centro Comunitário Tia Irene. O sepultamento será em São Félix do Araguaia.

Foi criada uma página especial em sua homenagem. Visite.

Leia também na Fórum: Entrevista histórica com Dom Pedro Casaldáliga: O nosso DNA mais profundo é a esperança – 21 de outubro de 2011

 

Morre o bispo Dom Pedro Casaldáliga, aos 92 anos – CartaCapital – 8 de agosto de 2020

Faleceu neste sábado 8, aos 92 anos, Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia. Ele foi internado com um quadro de insuficiência respiratória na segunda-feira 3.

Casaldáliga foi um dos maiores defensores e propulsores da Teologia da Libertação no Brasil, mas não se limitou a ser bispo. É poeta, tem veias jornalísticas e atuou ativamente contra a ditadura. Ajudou a defender uma população pobre, esquecida, ameaçada pelo latifúndio e reprimida pelo Estado militar em uma cidadezinha do interior brasileiro.

A sua vida foi relatada na biografia “Um bispo contra todas as cercas”, da autora Ana Helena Tavares, lançada em 2019. A obra resgata a vida do clérigo desde seus dias como Pere Casaldáliga (seu nome de batismo), até transformar-se em Pedro, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia – um lugar escondido no estado do Mato Grosso que teria destaque nacional pela chegada do espanhol.

Ao tornar-se bispo, Dom Pedro não perdeu tempo para relatar o que via na região – uma predominância do latifúndio sobre a vida e a exclusão dos cidadãos das tomadas de decisão das próprias terras e vidas.

Escreveu uma carta pastoral aberta intitulada “Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”, que alçou voos, alcançou Leonardo Boff, José Oscar Beozzo e outros teólogos, e firmou naquele ponto do mapa uma movimentação importante de ideais para a Igreja Católica brasileira.

Se os nomes de Julio Lancellotti, Frei Betto e Dom Paulo Evaristo Arns são projetados até hoje como referências para a discussão de direitos humanos na Igreja Católica, Pedro Casaldáliga não fica atrás. Por muitas vezes, esteve na vanguarda da linha de fogo. “Na década de 70, a percepção da dimensão da figura do Pedro era outra. Ele teve uma projeção nacional e internacional muito grande”, diz Ana Helena Tavares, que se encontrou com o bispo em São Félix do Araguaia algumas vezes no processo de escrita da biografia. “Ele é uma pessoa que se preocupou em dar divulgação ao que fazia”.

A relevância dada à informação em tempos de censura fez com que Casaldáliga estivesse na lista de mais censurados do jornal O Estado de S. Paulo entre 1972 e 1975, mas não o impediu de denunciar as vezes em que foi amordaçado em cartas para os bispos. “Como é bom ser perseguido pela causa do Evangelho, da Justiça e da total Libertação!”, escreveu, na ocasião em que foi submetido a um cárcere privado em uma das quatro vezes que a prelazia teve intervenção de militares.

Para a autora, a escrita do livro vai contra “um Brasil que não cultua a memória”. Tavares acredita que resgatar a imagem de Pedro, mesmo depois de quase 15 anos de sua aposentadoria, é relevante para reverter o processo vigente de ódio no país. Os diversos depoimentos de pessoas que conviveram, admiraram e seguiram dom Pedro também evidenciam essa necessidade.

Casaldáliga, que também sofria de mal de Parkinson, vivia acamado em São Félix do Araguaia. ““Ser o que se é / Falar o que se crê / Crer no que se prega / Viver o que se proclama / Até as últimas consequências”.

 

Morre Pedro Casaldáliga, a pedra no sapato do autoritarismo brasileiro – Leonardo Sakamoto: UOL – 08.08.2020

Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, e um dos maiores defensores dos direitos humanos do país, morreu aos 92 anos, às 9h40 deste sábado (8), em Batatais (SP), onde havia sido removido para tratamento médico devido a problemas respiratórios.

A informação foi comunicada pela Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e a Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos). Ele não estava com covid-19.

Num ano em que o Brasil já ficou menor 100 mil vezes menor por conta de uma doença estúpida, a morte de Pedro deixa um vazio. Ele não era apenas um defensor da vida, mas a representação viva da resistência ao autoritarismo (continua)