Expedition: revista online do Penn Museum

 

Expedition - Volume 55 / Issue 2 - 2013

Since 1958, Expedition has been published as the members’ magazine of the Penn Museum. Here you can find a complete online archive of nearly 2,000 articles published in Expedition up to last year. Special issues focus on themes, current excavations, research projects, or upcoming exhibitions. To explore the Museum’s other digital content, visit The Digital Penn Museum.

Cresce o tráfico de bens culturais pela Internet

O tráfico ilícito de bens culturais é atualmente uma das atividades criminosas mais lucrativas do mundo. O ICOM, a UNESCO e a INTERPOL estão bastante preocupados com este problema, tanto mais que ele tem alcançado significativas proporções ao utilizar os recursos da Internet, dificultando, sobremaneira, o seu controle por parte das autoridades competentes.

Leia o press-release abaixo, aqui transcrito do site do ICOM em espanhol e inglês. Vi este apelo na lista Iraqcrisis graças a Chuck Jones.

ICOM – International Council of Museums – Consejo Internacional de Museos – 5 de Julio de 2007

PARIS – El tráfico ilícito de bienes culturales es actualmente una de las actividades criminales más lucrativas en el mundo. El patrimonio cultural de cada pueblo tiene un valor universal incalculable, y atentar contra este legado acarrea repercusiones dramáticas, no sólo para la comprensión de su historia e identidad por parte del pueblo de origen, sino también para el futuro de la humanidad entera. El ICOM, la UNESCO e INTERPOL están muy preocupados por esta plaga, y eso tanto más cuanto que el tráfico ilícito de bienes culturales ha alcanzado durante los últimos años una dimensión considerable en Internet, donde resulta difícil para las autoridades nacionales competentes comprobar eficientemente todos los objetos propuestos a la venta. firmado juntas una carta cuyo objeto son las Medidas básicas relativas a los bienes culturales que se ponen a la venta en Internet, y que se han comprometido a difundir ante los Estados Miembros de la UNESCO y de INTERPOL, así como los comités nacionales, organizaciones regionales y afiliadas del ICOM. Con este fin, la carta ha sido traducida en los seis idiomas oficiales de la UNESCO, a saber el inglés, el francés, el español, el ruso, el árabe y el chino. Esta carta, que encontrarán adjunta, presenta una lista de verificación de las Medidas básicas para contrarrestar el aumento de las ventas de bienes culturales en Internet. Para que esta iniciativa común sea eficaz, es absolutamente necesario comunicar la carta a las autoridades competentes de cada país. Su colaboración es imprescindible para que podamos sacar adelante esta campaña de sensibilización. Significa mucho para nosotros luchar contra el tráfico ilícito de bienes culturales, por eso les agradecemos su apoyo.

 

Illicit traffic on internet. Appeal from ICOM, UNESCO and INTERPOL

PARIS – The illicit traffic of cultural property is currently one of the most lucrative criminal activities in the world. Every civilisation’s cultural heritage is universal and priceless, and the harm caused by illicit trafficking has disastrous repercussions, not only on peoples’ understanding of their history, and thus on their cultural identity, but also with regard to the future of all humankind. ICOM, UNESCO and INTERPOL are all the more concerned about this plague since illicit trafficking in cultural property has increased at an alarming rate over the past several years through the Internet, where it is difficult for the national authorities to effectively monitor all of the objects offered for sale. Aware of the gravity of the situation, the three organizations co-signed a letter covering Basic Actions concerning Cultural Objects being offered for Sale over the Internet which they pledged to disseminate to all UNESCO and INTERPOL States parties, as well as to ICOM’s national committees, regional and affiliated organizations. To this end, the letter has been translated into UNESCO’s six official languages which are English, French, Spanish, Russian, Arabic and Chinese. This letter, which you will find herewith, sets out a checklist of the Basic Actions to counter the Increasing Illicit Sale of Cultural Objects through the Internet. For this common initiative to prove effective, it is imperative to communicate the letter to the concerned authorities in each country. Your articipation is essential to enable us to carry out this awareness-raising campaign. We are closely committed to fighting the illicit traffic of cultural property, and we are very grateful for your support.

Roubaram o cabelo de Ramsés II?

Na terça-feira passada, Jean-Michel Diebolt, um carteiro francês de 50 anos da cidade de Grenoble, foi preso por estar vendendo o que dizia serem chumaços de cabelo do faraó Ramsés II. O artigo da BBC Brasil, de ontem, 29/11/2006, às 17h05, é: Francês é preso por tentar vender ‘cabelo de faraó’.

Ainda ontem, a Folha Online, às 20h57, usando como fonte a France Presse, em Grenoble, em texto com o título Francês é detido por vender cabelos de Ramsés 2º na internet, explica que “o homem, um carteiro de 50 anos, foi liberado horas depois à espera do resultado das análises dos especialistas. Ele afirmou que possuía os cabelos porque seu pai participou dos exames da múmia do faraó em Grenoble, sudeste da França, entre 1976 e 1977“.

Hoje, a Folha Online, às 11h58, citando a agência Efe, em Paris, diz: Governo francês tenta esclarecer polêmica sobre Ramsés 2º. E explica a extravagância:

O Ministério de Assuntos Exteriores francês assegurou hoje que entrou em contato com as autoridades do Egito para esclarecer a polêmica criada pela venda na internet de mechas de cabelo da múmia de Ramsés 2º. Um homem foi detido na França por vender mechas de cabelo da múmia. O pai do vendedor teria cortado as mechas quando a múmia foi enviada do Egito para a França, em 1976, para identificação das causas de um estranho mal que deteriorava os restos mortais do faraó. O porta-voz do ministério, Jean-Baptiste Mattéi, assegurou hoje à imprensa que a França está em solidariedade com as autoridades egípcias, mantendo constante contato. A França espera os resultados da investigação, aberta pelo Escritório Central de Luta contra o Tráfico de Bens Culturais, sobre o caso (…) A arqueóloga Christiane Desroches-Noblecourt, que fez parte da equipe de arqueólogos franceses que participaram da transferência da múmia de Ramsés 2º, em 1976, disse hoje a uma emissora de rádio que o roubo das mechas do cabelo do faraó lhe parece “inverossímil”, porque os restos ficaram o tempo todo sob controle dos cientistas. Segundo a arqueóloga, se for confirmada a autenticidade do cabelo, “seria uma vergonha e um escândalo. É uma relíquia e não se pode ‘brincar’ com uma múmia única no mundo”. A múmia de Ramsés 2º, que reinou entre 1279 e 1213 a.C., está conservada no Museu do Cairo.

Quem quiser ver, em inglês, a história ou estória, sei lá, da venda do cabelo de Ramsés II, com vários links para outros textos, leia o post More re sale of Ramesses II hair, do blog Egyptology News, escrito por Andie.

E só para lembrar: Ramsés II é o provável “faraó do êxodo”, segundo os biblistas que defendem a historicidade do relato bíblico.

Pois é: para mexer nas mechas de Ramsés II, só mesmo depois de três mil e muitos anos, pois botar a mão na cabeça deste poderoso faraó no século XIII a.C. – claro, com a intenção destes franceses! – poderia ser bastante prejudicial para a saúde do atrevido…

Arqueólogos preocupados com dispersão da coleção do Museu Nacional de Bagdá

Importantes arqueólogos manifestam preocupação com a possível dispersão da coleção do Museu Nacional de Bagdá

International archaeologists’ plea to Iraqi government

A group of leading international archaeologists has written to the Iraqi authorities, expressing strong concern over suggestions that the collection of Baghdad’s National Museum might be broken up. The letter is addressed to president Jalal Talabani and top politicians. The initiative follows reports in Baghdad that the government is considering the possibility of “regionalising” the National Museum’s holding. In particular, there is some pressure to send antiquities excavated in the south to Basra or one of the main sites, such as Nasariyah. In their letter, the European and American archaeologists say, “most immediately we ask that the holdings of the Iraq National Museum be kept safeguarded and intact as one collection rather than being subdivided.” Its 15 distinguished signatories include Professor McGuire Gibson (American Academic Research Institute in Iraq), Dr Lamia Algailani (University College, London), Dr Michael Müller-Karpe (Römisch-Germanisches Museum, Mainz) and Professor Jane Waldbaum (President of the Archaeological Institute of America). It is noticeable that curators from a number of major museums with Mesopotamian collections are not signatories. In practice, any immediate movement of archaeological finds would be extremely difficult. Staff at the National Museum have found it impossible to even complete an inventory of the contents of the storerooms since the looting of April 2003. The Baghdad museum remains closed and was recently physically sealed with strong concrete barriers. Professor Gibson told The Art Newspaper that he still fears the museum collection “could be split up, perhaps into three geographical areas”. The signatories also express concern about archaeological sites, asking that “the Antiquities Guards be kept as a force, meaning that they continue to be paid and equipped and their numbers increased.” Looting, which increased after the fall of Saddam Hussein, remains a major threat. Finally, the letter asks that “cultural heritage either be independent or that it be administered by the Ministry of Culture” and “implemented by a professional, unified State Board of Antiquities and Heritage.” It goes further, suggesting that the Antiquities board should be turned into a new ministry or at least connected to the cabinet general secretariat. The letter concludes that “only a strong, national, non-political State Board of Antiquities and Heritage, backed fully by the force of the state, can preserve the heritage that is left.” (cont.)

Fonte: Martin Bailey – The Art Newspaper: 25 October 2006

A carta escrita pelos arqueólogos – Letter to Jalal Talabani et al. -, com data de 23 de setembro de 2006, foi publicada pela lista IraqCrisis, onde está arquivada.

Mavi – Museu Aquemênida Virtual e Interativo

Musée achéménide virtuel et interactif – Mavi

Un vaste “Musée achéménide virtuel et interactif” (Mavi) de plus de 8.000 pièces, consacré au patrimoine de l’Empire Perse de Cyrus à Alexandre le Grand, est désormais consultable sur internet à l’initiative d’un professeur du Collège de France, Pierre Briant. Il s’agit d’un “outil qui n’existe sous aucune autre forme”, destiné au grand public comme aux scientifiques, a souligné Pierre Briant en présentant son oeuvre. “On a constitué un répertoire qui n’existe nulle part”, a-t-il ajouté. Il a rassemblé dans son musée virtuel objets, sceaux, pièces de monnaie, iconographie, reproductions d’ouvrages, palais…”relevant d’un espace-temps historique, le Moyen-Orient de l’Indus à la Méditerranée sous la domination des Perses achéménides, de 550 à 330 avant J.C.” Les photos sont complétées par plus de 32.000 notices explicatives. Les oeuvres présentées – “qui n’ont jamais été rassemblées auparavant et ne l’auraient jamais été” sans ce projet, a souligné le Pr Briant – roviennent de la plupart des grands musées du monde – Louvre, British Museum, Oriental Institute de Chicago, Musée archéologique de Téhéran…

Notícia encaminhada à lista de discussão ANE-2 por Chuck Jones em 15 de setembro de 2006.

Embora mumificados, antigos governantes egípcios ficaram mais jovens

Museu egípcio expõe múmias “rejuvenescidas”

Quatro múmias de faraós e sete de grandes sacerdotes e suas mulheres foram restauradas e “rejuvenescidas” para serem expostas pela primeira vez no centenário Museu Egípcio (…) Quatro das múmias são dos faraós Ramsés 3º, Ramsés 4º, Ramsés 5º e Ramsés 9º, todos pertencentes à 20ª dinastia (1183-1070 a.C.). “Ramsés 3º foi o faraó que conseguiu expulsar as hordas de invasores que chegavam ao Egito do sul da Europa pelo mar Mediterrâneo. Morreu provavelmente envenenado por sua mulher, como parte de uma conspiração”, contou [Wafa al-Sediq, diretora do museu]. As outras sete múmias pertencem a dois grandes sacerdotes, duas mulheres de um deles, duas sacerdotisas e a mulher de outro clérigo, todos da 21ª dinastia (1064-935 a.C.), informou a egiptóloga Omaima al-Hasanein, uma das responsáveis pela conservação de peças do museu. Os dois grandes sacerdotes são Pinudjem 2º e Djedptahiufankh, que governaram como faraós em Tebas, a antiga capital do Egito, localizada onde hoje fica a cidade de Luxor, cerca de 700 quilômetros ao sul do Cairo. As múmias femininas são de Isetemkheb e Nesikhonsu, mulheres de Pinudjem 2º; Henettawy, casada com o sacerdote Penudjem 1º; e as sacerdotisas Nodjmet e Maatkare (da Folha Online: 11/08/2006 – 12h15).

O caso das tabuinhas cuneiformes que podem acabar em leilão determinado pela justiça

Está lembrado do post Leiloar antiguidades para compensar vítimas de terrorismo?

Pois é: há novos desdobramentos do caso, como nos relata Jim Davila, no seu biblioblog PaleoJudaica.com, em post que começa assim: “Some Iranian-American Organizations are cooperating with both Justice Department “actors” and the Iranian Government to prevent the sale of those Iranian cuneiform tablets as compensation for terrorism…

Leiloar antiguidades para compensar vítimas de terrorismo?

Pois é o que está acontecendo. Vítimas americanas de um atentado ocorrido em Israel em 1997 estão reivindicando junto à justiça dos USA uma compensação do Irã para dezenas de pessoas que ali se encontravam (foram cinco mortos e 192 feridos, muitos deles norte-americanos). O atentado foi praticado pelo Hamas, que, segundo eles, era financiado pelo Irã.

O problema é que a justiça norte-americana está exigindo que o Instituto Oriental da Universidade de Chicago entregue sua coleção de artefatos persas antigos para leilão, do qual viria a compensação financeira exigida pelas vítimas.

Mas, agora, vamos vender para colecionadores particulares – e dispersar – o patrimônio cultural da humanidade, porque a acusação de terrorismo pode ser colada em qualquer um e em qualquer situação pelos senhores do mundo? Que coisa mais esquisita…

A Universidade de Chicago está se defendendo, mas a situação não está nada boa. Nem para ela, nem para os artefatos persas antigos, nem para o Irã, que pouco pode fazer neste caso – ameaçado como está – para tentar ganhar uma causa em corte americana. E a coisa pode atingir em cascata outros museus e suas coleções…

Um pequeno trecho do jornal Chicago Tribune:

…On Sept. 4, 1997, suicide bombers set off explosive devices in Ben Yehuda mall, a popular tourist destination in Jerusalem. Hamas claimed responsibility for the bloody attack, which killed five bystanders and left 192 people wounded. Several of the survivors were American visitors who filed a federal lawsuit against Iran and Iranian officials. They claimed that Hamas was financed by Iran, making the country legally responsible for their suffering. Judge Ricardo M. Urbina agreed and noted that Iran has a ministry for terrorism and budgets “between $50 million and $100 million a year sponsoring various organizations such as Hamas.” When Iran didn’t show up in court, the judge ruled for the plaintiffs by default, awarding them damages of $423.5 million. Though a victory for Strachman and his clients, that left him the task of collecting from Iran’s assets in the U.S., among them the collection of Persian artifacts housed at the University of Chicago’s Oriental Institute. In response, the university invoked an ancient legal principle, known as sovereign immunity, which holds that governments can’t be sued just like ordinary citizens…



Leia mais sobre o assunto no biblioblog do Jim Davila, PaleoJudaica.com, aqui e aqui.