Identificada a mais antiga cópia do Evangelho da Infância de Tomé

Esse evangelho da infância é conhecido em 9 línguas da antiguidade, mas o original era o grego, e esse papiro é o documento mais antigo que registra esse texto“, diz o brasileiro Gabriel Nocchi Macedo.

Descoberto o primeiro manuscrito de um evangelho sobre a infância de Jesus

Papirologistas decifram fragmento de manuscrito e datam-no do século IV ou V

Durante décadas, um fragmento de papiro com o número de inventário P.Hamb.Graec. 1011 passou despercebido na Biblioteca Estadual e Universitária Carl von OssietzkyP.Hamb.Graec. 1011 de Hamburgo, Alemanha. Agora, os papirologistas Dr. Lajos Berkes, do Instituto de Cristianismo e Antiguidade da Humboldt-Universität zu Berlin (HU), Alemanha, e o professor Gabriel Nocchi Macedo, da Universidade de Liège, Bélgica, identificaram o fragmento como a cópia mais antiga sobrevivente do Evangelho da Infância de Tomé.

Esta é uma descoberta significativa para o campo de pesquisa, já que o manuscrito remonta aos primórdios do cristianismo. Até agora, um códice do século XI era a versão grega mais antiga conhecida do Evangelho de Tomé, que provavelmente foi escrita no século II d.C. O Evangelho conta episódios da infância de Jesus e é um dos apócrifos bíblicos. Esses escritos não foram incluídos na Bíblia, mas suas histórias eram muito populares e difundidas na Antiguidade e na Idade Média.

Novos insights sobre a transmissão do texto

“O fragmento é de extraordinário interesse para a pesquisa”, diz Lajos Berkes, professor da Faculdade de Teologia da Humboldt-Universität. “Por um lado, porque conseguimos datá-lo do século IV ao V, tornando-o o exemplar mais antigo conhecido. Por outro lado, porque pudemos obter novos insights sobre a transmissão do texto.”

“Nossas descobertas sobre esta cópia grega antiga da obra confirmam a avaliação atual de que o Evangelho da Infância segundo Tomé foi originalmente escrito em grego”, diz Gabriel Nocchi Macedo, da Universidade de Liège.

Decifrando com a ajuda de ferramentas digitais

O fragmento, que mede cerca de 11 x 5 centímetros, contém um total de treze linhas em letras gregas, cerca de 10 letras por linha, e é originário do Egito. O papiro passou despercebido por muito tempo porque seu conteúdo era considerado insignificante. “Se pensava que era parte de um documento cotidiano, como uma carta particular ou uma lista de compras, porque a caligrafia parece muito desajeitada”, diz Berkes. “Notamos,entretanto, a palavra Jesus no texto. Depois, comparando-o com vários outros papiros digitalizados, deciframo-lo letra por letra e rapidamente percebemos que não poderia ser um documento cotidiano.” Usando outros termos-chave, como “canto” ou “ramo”, que os papirologistas pesquisaram noutros textos cristãos primitivos, reconheceram que se tratava de uma cópia do Evangelho da Infância segundo Tomé. “A partir da comparação com manuscritos já conhecidos deste Evangelho, sabemos que o nosso texto é o mais antigo. Ele segue o texto original, que de acordo com o estado atual da pesquisa, foi escrito no século II d.C.”

Conteúdo e origem do papiro

Os dois investigadores dizem que o exemplar do Evangelho foi criado como um exercício de escrita numa escola ou mosteiro, como indica, entre outras coisas, a caligrafia desajeitada e com traços irregulares. As poucas palavras do fragmento mostram que o texto descreve o início da ‘vivificação dos pardais’, episódio da infância de Jesus que é considerado o “segundo milagre” do Evangelho apócrifo de Tomé: Jesus brinca no vau de um riacho caudaloso e molda doze pardais com o barro macio que encontra na lama. Quando seu pai, José, o repreende e pergunta por que ele está fazendo tais coisas no sábado, Jesus, de cinco anos, bate palmas e dá vida às figuras de barro.

Outras informações
Lajos Berkes – Gabriel Nocchi Macedo, Das früheste Manuskript des sogenannten Kindheitsevangeliums des Thomas: Editio princeps of P.Hamb.Graec. 1011, Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik 229 (2024) 68-74.

Fonte: Humboldt-Universität zu Berlin (HU) – 04.06.2024

Leia mais:
Saiba como um pesquisador brasileiro descobriu um dos manuscritos mais antigos sobre a infância de Jesus – Por Felipe Gutierrez – G1: 14/06/2024

Le plus ancien manuscrit de l’Évangile de l’enfance selon Thomas – CEDOPAL, Université de Liège: Juin 2024

 

 

Earliest manuscript of Gospel about Jesus’s childhood discovered

Papyrologists decipher manuscript fragment and date it to the 4th to 5th century

For decades, a papyrus fragment with the inventory number P.Hamb.Graec. 1011 remained unnoticed at the Hamburg Carl von Ossietzky State and University Library. Now papyrologists Dr Lajos Berkes from the Institute for Christianity and Antiquity at Humboldt-Universität zu Berlin (HU), and Prof Gabriel Nocchi Macedo from the University of Liège, Belgium, have identified the fragment as the earliest surviving copy of the Infancy Gospel of Thomas.

This is a significant discovery for the research field, as the manuscript dates back to the early days of Christianity. Until now, a codex from the 11th century was oldest known Greek version of the Gospel of Thomas, which was probably written in the 2nd century AD. The Gospel tells episodes of the childhood of Jesus and is one of the biblical apocrypha. These writings were not included in the Bible, but their stories were very popular and widespread in Antiquity and the Middle Ages.

New insights into the transmission of the text

“The fragment is of extraordinary interest for research,” says Lajos Berkes, lecturer at the Faculty of Theology at Humboldt-Universität. “On the one hand, because we were able to date it to the 4th to 5th century, making it the earliest known copy. On the other hand, because we were able to gain new insights into the transmission of the text.”

“Our findings on this late antique Greek copy of the work confirm the current assessment that the Infancy Gospel according to Thomas was originally written in Greek,” says Gabriel Nocchi Macedo from the University of Liège.

Deciphering with the help of digital tools

The fragment, which measures around 11 x 5 centimetres, contains a total of thirteen lines in Greek letters, around 10 letters per line, and originates from late antique Egypt. The papyrus remained unnoticed for a long time because the content was considered insignificant. “It was thought to be part of an everyday document, such as a private letter or a shopping list, because the handwriting seems so clumsy,” says Berkes. “We first noticed the word Jesus in the text. Then, by comparing it with numerous other digitised papyri, we deciphered it letter by letter and quickly realised that it could not be an everyday document.” Using other key terms such as ‘crowing’ or ‘branch’, which the papyrologists searched in other early Christian texts, they recognised that it was a copy of the Infancy Gospel according to Thomas. “From the comparison with already known manuscripts of this Gospel, we know that our text is the earliest. It follows the original text, which according to current state of research was written in the 2nd century AD.”

Content and origin of the papyrus

The two researchers assume that the copy of the Gospel was created as a writing exercise in a school or monastery, as indicated by the clumsy handwriting with irregular lines, among other things. The few words on the fragment show that the text describes the beginning of the ‘vivification of the sparrows’, an episode from Jesus’ childhood that is considered the “second miracle” in the apocryphal Gospel of Thomas: Jesus plays at the ford of a rushing stream and moulds twelve sparrows from the soft clay he finds in the mud. When his father Joseph rebukes him and asks why he is doing such things on the holy Sabbath, the five-year-old Jesus claps his hands and brings the clay figures to life.

Further Information
Lajos Berkes – Gabriel Nocchi Macedo, Das früheste Manuskript des sogenannten Kindheitsevangeliums des Thomas: Editio princeps of P.Hamb.Graec. 1011, Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik 229 (2024) 68-74.

Congresso da ABIB em 2024: Apócrifos e Extracanônicos

Apócrifos e Extracanônicos é o tema do X Congresso da ABIB, que terá lugar na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), em Belo Horizonte, de 20 a 23 de agosto de 2024.

Com destaque para a participação de Magdalena Díaz Araújo, Professora na Universidad Nacional de Cuyo, em Mendoza, e na Universidad Nacional de La Rioja, em LaX Congresso da ABIB em 2024: Apócrifos e Extracanônicos Rioja, Argentina, e de Matthias Henze, Professor na Rice University, em Houston, Texas, EUA.

O tema

O processo de definição do cânon bíblico foi lento e, sob alguns aspectos, conflituoso. Para o Antigo/Primeiro Testamento, há ao menos dois cânones oficiais: o da Bíblia Hebraica e o da Bíblia Grega (Septuaginta). Enquanto o judaísmo pós-queda de Jerusalém em 70 e.c. optou unicamente pelo cânon hebraico, as Igrejas cristãs optaram por adotar também alguns livros do cânon grego, sem, contudo, que houvesse um consenso. Por esta razão, há diferentes cânones do Antigo/Primeiro Testamento: católico, protestante e ortodoxos (no plural, porque também há falta de consenso interno).

Para o Novo/Segundo Testamento, o processo de aceitação foi ainda mais difícil e somente no IV século e.c., após o período das perseguições, as comunidades cristãs chegaram a uma unificação do cânon neotestamentário.

Esta divergência de cânones gerou também uma divergência quanto à nomenclatura para os livros não aceitos nos cânones oficiais: apócrifos, pseudoepigráficos, deuterocanônicos, extracanônicos, parabíblicos, anagignoskómena. Com a nomenclatura, vai também a opção ideológica e, por conseguinte, o preconceito em relação aos livros não considerados “canônicos”. Não obstante, estes mesmos livros refletem diferentes momentos da caminhada de fé do judaísmo e do cristianismo e, portanto, em algum momento, por alguma(s) comunidade(s), foram considerados inspirados e canônicos.

Este congresso da Abib pretende apresentar e discutir a importância deste corpo literário que, não obstante proscrito dos cânones oficiais, exerceu e ainda exerce grande influência, tanto no judaísmo, no cristianismo e em doutrinas exotéricas.

Leia mais sobre o Congresso na página da ABIB

Os nomes dos Magos

Três reis magos: Melquior, Baltazar e Gaspar?

PANAINO, A. I nomi dei magi evangelici. Un’indagine storico-religiosa. Con contributi di Andrea Gariboldi, Jeffrey Kotyk, Paolo Ognibene e Alessia Zubani. Milano: Mimesis, 2020, 150 p. – ISBN 9788857571171.

Embora os nomes e o número dos Magos não apareçam em Mateus 2,1-12, as tradições apócrifas estabeleceram que eram três e se chamavam Gaspar, Melquior e Baltazar. Mas estesPANAINO, A. I nomi dei magi evangelici. Un'indagine storico-religiosa. Con contributi di Andrea Gariboldi, Jeffrey Kotyk, Paolo Ognibene e Alessia Zubani. Milano: Mimesis, 2020 não são nem os únicos nem os mais antigos nomes destes célebres personagens. Este livro em italiano propõe uma investigação preliminar sobre a história das origens desta complexa tradição onomástica atestada em diferentes línguas e culturas, tanto no Oriente quanto no Ocidente.

Sumário
. Antonio Panaino: I nomi dei Magi Evangelici
. Alessia Zubani: Nomina nuda tenemus. L’onomastica dei Magi Evangelici
. Andrea Gariboldi: Le monete indo-partiche di Gondophares
. Jeffrey Kotyk: La nascita di Cristo e i portatori di doni persiani nelle fonti cinesi medievali
. Paolo Ognibene: Mt 2,1-12 in osseto

 

Sebbene i nomi propri dei Magi non compaiano affatto nella pericope di Matteo 2,1-12, le tradizioni apocrife ne hanno fissati in particolare tre, Gaspare, Melchiorre e Baldassarre, che però non sono affatto né gli unici, né, in tale versione, i più antichi; così come il numero dei Magi non è mai indicato nel Vangelo, lo stesso dicasi per i loro nomi, che vanno da tre a dodici. Il presente saggio propone un’indagine preliminare sulla storia delle origini di tale complessa tradizione onomastica attestata in lingue e culture diverse, tra Oriente e Occidente, nel mondo Tardo Antico e Medievale, sulle tracce di intricati percorsi della spiritualità antica e della propaganda cristiana, che proprio grazie alla figura dei Magi evangelici poté elaborare un importante mezzo di dialogo e di promozione interculturale. Il testo è corredato di tavole sinottiche (a cura di A. Zubani) e di un’appendice sul testo osseto di Matteo 2,1-12 (P. Ognibene), nonché di due brevi saggi, uno sulla monetazione indo-partica dei Gondofaridi (A. Gariboldi), la cui storia risulta connessa alla figura di Gaspare, l’altro sull’immagine dei Magi evangelici nella ricezione cinese (J. Kotyk).

 

Although the proper names of the Magi do not appear at all in Matthew 2,1-12, the apocryphal traditions have established three names in particular, Gaspar, Melchior and Balthazar. However, they are by no means the only ones, as the number of the Magi was never indicated in the Gospels, the same applies to their names, which range from three to twelve. The present essay proposes a preliminary investigation into the history of the origins of this complex onomastic tradition attested in different languages and cultures, between East and West, in the Late Ancient and Medieval world, on the traces of intricate paths of ancient spirituality and Christian propaganda, which thanks to the figure of the evangelical Magi was able to develop an important means of dialogue and intercultural promotion. The text is accompanied by synoptic tables (edited by A. Zubani) and an appendix on the Ossetian text of Matthew 2,1-12 (P. Ognibene), as well as two short essays, one on the Indo-Parthian coinage of the Gondofaridi (A. Gariboldi), whose history is linked to the figure of Gaspar, the other on the image of the Evangelical Magi in the Chinese reception (J. Kotyk).

Antono Panaino is Full Professor of Iranian Studies at the University of Bologna, Italy, Department of Cultural Heritage, since 2000.

Antonio Clemente Domenico Panaino é Professor de Estudos Iranianos na Universidade de BolonhaAntonio Clemente Domenico Panaino (1961- ), Itália. Especialista em filologia, linguística e história político-religiosa do Irã pré-islâmico. Sobre os Magos, publicou também I Magi evangelici. Storia e simbologia tra Oriente e Occidente (2004) e I Magi e la loro stella. Storia, scienza e teologia di un racconto evangelico (2012).

 

Em meu artigo A visita dos Magos: Mt 2,1-12, publicado em 2002, escrevi, entre outras coisas, o seguinte:

Três reis magos: Melquior, Baltazar e Gaspar? Os presentes dos magos em Mt 2,11 – ouro, incenso e mirra – representam para o evangelista as riquezas orientais. É possível que Mateus não visse aqui nenhum simbolismo especial na escolha de cada um deles (…) Mas a tradição posterior desenvolveu toda uma história sobre os magos a partir dos presentes.

Os Padres da Igreja, por exemplo: Tertuliano os chama de reis, Justino Mártir, Tertuliano e Epifânio, sabedores da origem dos presentes, dizem que eles vêm da Arábia… (embora outros Padres achem que eles vêm da Pérsia, como Clemente de Alexandria, Cirilo de Alexandria, São João Crisóstomo, Orígenes…).

Os Evangelhos Apócrifos expandem muito a tradição sobre os magos (…) Um texto siríaco do século VI, chamado A Caverna dos Tesouros, nomeia os magos como Hormizdah, rei da Pérsia, Yazdegerd, rei de Sabá e Perozadh, rei de Seba. O Excerpta Latina Barbari, um manuscrito latino traduzido do grego, do século VI, conservado na Biblioteca Nacional de Paris, nomeia os magos como Bithisarea, Meliquior e Gathaspa. Um tratado atribuído a Beda, O Venerável (monge do mosteiro de Jarrow, Inglaterra, ca. 673-735), chamado Excerpta et Collectanea chama os magos de Melquior, Gaspar e Baltazar. E foram estes os nomes que prevaleceram. O Evangelho Armênio da Infância [23] diz em V,10: “Os reis dos magos eram três irmãos: o primeiro Melquior (Melcon), reinava sobre os persas; o segundo, Baltazar, reinava na Índia; o terceiro, Gaspar, reinava no país dos árabes”.

Nas pinturas, em alguns momentos os magos foram representados pelos cristãos como sendo doze, em outros quatro, em outros ainda dois… Acabaram tornando-se santos, como no famoso mosaico do século VI da igreja de Santo Apolinário Novo em Ravenna, na Itália, onde acima de suas figuras se lê SCS. (= Sanctus) Baltazar, SCS. Melquior, SCS. Gaspar.

Quando o veneziano Marco Polo (ca.1254-ca.1324) viajou para a Pérsia, as tumbas dos magos lhe foram mostradas, com seus corpos perfeitamente conservados… Competindo com esta tradição, diz outra que o Imperador Zeno recuperou as relíquias dos magos em 490, em Hadramaut, na Arábia do sul. De Constantinopla elas foram para Milão. Quando o Imperador alemão Frederico I Barba-Ruiva (1152-1190) conquistou Milão, seu chanceler Reinald von Dassel, conseguiu levar as relíquias dos magos para sua cidade natal, Colônia. Assim, os magos, depois de tantas andanças, descansam em paz na famosa catedral gótica de Colônia, Alemanha, desde 1164…

Seminário Henóquico 2020

Concepts of Evil in Second Temple Judaism and Christian Origins

An Online Conference by the Enoch Seminar – June 29 – July 2, 2020.

Chairs: Gabriele Boccaccini and Lorenzo DiTommaso (with Kelley Coblentz Bautch, Miryam Brand, John Collins, Benjamin Reynolds, Lawrence Schiffman, Loren Stuckenbruck, Archie Wright, and Jason Zurawski). Secretary: Joshua Scott.

Está acontecendo nestes dias – de 29 de junho a 2 de julho – o Seminário Henóquico 2020, com cerca de 300 participantes conectados online.

O tema é: Conceitos do mal no Judaísmo do Segundo Templo e Origens Cristãs.

Um bom relato pode ser lido em Religion Prof: The Blog of James F. McGrath

Outras informações podem ser vistas no site do Enoch Seminar.

O que é o Enoch Seminar?

O Enoch Seminar, fundado em 2001, é um grupo acadêmico de especialistas internacionais dedicados ao estudo do Judaísmo do Segundo Templo e às origens cristãs, que compartilham os resultados de suas pesquisas no campo e se reúnem para discutir temas de interesse comum. O site Enoch Seminar Online é um arquivo de todos os estudos apresentados nas reuniões do Enoch Seminar, e uma revista online de notícias, comentários e outras contribuições originais.

O Protoevangelho de Tiago

VUONG, L. C. The Protevangelium of James. Eugene, OR: Cascade Books, 2019, 142 p. – ISBN 9781532656170

O Protoevangelho de Tiago conta histórias sobre a vida de Maria que não aparecem nos Evangelhos canônicos: seu miraculoso nascimento de Ana e Joaquim, sua educação no Templo e seu casamento aos doze anos com o idoso viúvo José. O texto também adiciona detalhes significativos às histórias conhecidas da concepção, nascimento e fuga de Jesus da matança de inocentes ordenada por Herodes Magno. Apesar de seu status não-canônico, o Protoevangelho de Tiago foi extremamente influente nas igrejas do Oriente e, desde sua publicação no Ocidente no século XVI, capturou a imaginação dos leitores em todo o mundo. Esta edição de estudo apresenta uma nova tradução do texto com referências cruzadas, notas e comentários. A extensa introdução torna acessível ao leitor a pesquisa acadêmica mais recente sobre Maria nos apócrifos cristãos, oferece novas ideias sobre a proveniência do texto e sua relação com o judaísmo e discute as contribuições do texto para arte e para a literatura.

The Protevangelium of James tells stories about the life of the Virgin Mary that are absent from the New Testament Gospels: her miraculous birth to Anna and Joachim, VUONG, L. C. The Protevangelium of James. Eugene, OR: Cascade Books, 2019her upbringing in the temple, and her marriage at the age of twelve to the aged widower Joseph. The text also adds significant details to the well-known stories of Jesus’ conception, birth, and escape from the slaughter of innocents perpetrated by Herod the Great. Despite its noncanonical status, the Protevangelium of James was extremely influential in churches of the East, and since its publication in the West in the sixteenth-century has captured the imagination of readers all over the world. This study edition presents a fresh, new translation of the text with cross-references, notes, and commentary. The extensive introduction makes accessible the most recent scholarship in studies on Mary in Christian apocrypha, offers new insights into the text’s provenance and relationship to Judaism, and discusses the text’s contributions to art and literature.

Lily C. Vuong is Associate Professor of Religious Studies at Central Washington University, USA.

Veja a série de vídeos de Reinaldo José Lopes que fala sobre Maria e José segundo o Protoevangelho de Tiago.

O primeiro é Natal apócrifo: Maria e José no Protoevangelho de Tiago – 10 de dez. de 2019.

Voltamos a falar de textos apócrifos, que não constam da Bíblia oficial, e aproveitamos pra fazer uma nova série natalina, apresentando as narrativas não canônicas sobre o nascimento e infância de Jesus. Desta vez, vamos conhecer o Protoevangelho de Tiago e o que ele conta sobre as origens de Maria e José!

A criação do homem segundo o Livro Eslavo de Henoc

Um trecho do relato da criação do homem, segundo o Livro Eslavo de Henoc.

Este é um apócrifo apocalíptico proveniente da Palestina ou do Egito. Foi escrito por um autor judeu ou judeu-cristão do século I d.C. A língua original era o grego. A versão que temos está em eslavo antigo.

Esta tradução em espanhol está no IV volume, de 1984, p. 177-178, da obra de DIEZ MACHO, A.; PIÑERO, A. (eds.) Apócrifos del Antiguo Testamento I-VI. Madrid: Cristiandad, 1982-2009. A tradução, do original, é de A. de Santos Otero.

Para entender melhor o contexto, confira o meu artigo Apocalíptica: busca de um tempo sem fronteiras. Sobre o Livro Eslavo de Henoc, confira, neste artigo, especialmente aqui.

DIEZ MACHO, A.; PIÑERO, A. (eds.) Apócrifos del Antiguo Testamento I-VI. Madrid: Cristiandad, 1982-2009

El sexto día di órdenes a mi Sabiduría para que creara al hombre, partiendo de siete elementos, a saber: su carne de la tierra, su sangre de rocío y del sol, sus ojos del abismo de los mares, sus huesos de piedra, su pensamiento de la celeridad angélica y de las nubes, sus venas y sus cabellos de hierbas de la tierra, su alma de mi propio espíritu y del viento. Y le doté de siete sentidos: oído en relación con la carne, vista para los ojos, olfato para el alma, tacto para los nervios, gusto para la sangre, consistencia para los huesos y dulzura para el pensamiento. Y me ingenié para que hablara palabras sagaces. Creé al hombre partiendo de la naturaleza visible e invisible, de ambas a la vez, muerte y vida; y la palabra  conoce la imagen lo mismo que a cualquier otra criatura, pequeña en  lo grande y grande en lo pequeño. Y le dejé establecido en la tierra como un segundo ángel, honorable, grande y glorioso. Y le constituí como rey sobre la tierra, teniendo a su disposición un reino gracias a mi Sabiduría. Y entre mis criaturas no había nada parejo a él sobre la tierra. Y le asigné un nombre que consta de cuatro elementos: Oriente, Occidente, Norte y Sur. Y puse a su disposición cuatro estrellas insignes, dándole por nombre Adán. Le doté de libre albedrío y le mostré dos caminos, la luz y las tinieblas. Entonces le dije: “Mira, esto es bueno para ti y aquello malo” (11,57-65).

Sinopse das narrativas apócrifas da infância de Jesus

ELLIOTT, J. K. A Synopsis of the Apocryphal Nativity and Infancy Narratives. Second Edition, Revised and Expanded. Leiden: Brill, 2016, VIII + 234 p. – ISBN 9789004311190.

ELLIOTT, J. K. A Synopsis of the Apocryphal Nativity and Infancy Narratives. Second Edition, Revised and Expanded. Leiden: Brill, 2016

Os primeiros cristãos ampliaram as histórias do nascimento e da infância de Jesus e de Maria, sua mãe. Seus relatos, muitos deles encontrados hoje em dia entre coleções de textos não canônicos (‘apócrifos’), são importantes e interessantes. Eles fornecem informações sobre o crescimento da teologia cristã, especialmente no que diz respeito ao papel e status de Maria, e também à maneira como as primeiras histórias foram elaboradas e interpretadas na religião popular.

Uma série dos mais antigos relatos é apresentada aqui em traduções atualizadas. Esta segunda edição contém alguns textos originalmente em várias línguas diferentes, como armênio, etíope, copta e irlandês, não disponíveis na época da primeira edição. Os textos são organizados em pequenas unidades e sinoticamente, de forma a permitir que os leitores comparem os textos e vejam as diferenças e semelhanças entre eles.

J. K. Elliott selecionou e organizou os textos e fornece capítulos introdutórios e finais. Ele também inclui uma bibliografia completa e útil para beneficiar os leitores que desejam aprofundar este estudo comparativo.

 

Early Christians built on the stories of Jesus’ and Mary’s birth and childhood. Their later accounts, many of them found nowadays among collections of non-canonical (‘apocryphal’) texts, are important and interesting. They give insights into the growth of Christian theology, especially concerning the role and status of Mary, and also the way in which the earliest stories were elaborated and interpreted in popular folk religion. A range of the earliest accounts is presented here in fresh translations. This second edition contains some texts originally in a variety of different languages such as Armenian, Ethiopic, Coptic and Irish, not available at the time of the first edition. The texts are arranged in small units and synoptically, in order to permit readers to compare texts and to see the differences and similarities between them. J.K. Elliott has selected and arranged the texts, and he provides introductory and concluding chapters. He also includes a full and helpful bibliography to benefit readers who may wish to pursue this comparative study more deeply.

Evangelho da Esposa de Jesus: uma falsificação

É o que agora admite Karen L. King, de Harvard, a pesquisadora que vinha testemunhando a veracidade do texto.

Leia:

Karen King Responds to ‘The Unbelievable Tale of Jesus’s Wife’ – Ariel Sabar – The Atlantic –  Jun 16, 2016

The Harvard scholar says papyrus is probably a forgery.

For four years, Karen L. King, a Harvard historian of Christianity, has defended the so-called “Gospel of Jesus’s Wife” against scholars who argued it was a forgery. But Thursday, for the first time, King said the papyrus—which she introduced to the world in 2012—is a probable fake. She reached this conclusion, she said, after reading The Atlantic’s investigation into the papyrus’s origins, which appears in the magazine’s July/August issue and was posted to its website Wednesday night. “It tips the balance towards forgery,” she said.

Durante quatro anos Karen L. King, uma historiadora do Cristianismo, da Universidade de Harvard, defendeu a autenticidade do chamado Evangelho da Esposa de Jesus contra os estudiosos que argumentavam que era uma falsificação. Mas, nesta quinta-feira, 16.06.2016, pela primeira vez, King disse que o papiro que ela apresentou ao mundo em 2012, é provavelmente uma falsificação.

Leia Mais:
The Jesus’s Wife Fragment: End of Story? – Roberta Mazza – Faces & Voices – June 17, 2016

Proprietário do Evangelho da Esposa de Jesus é descoberto

Quem não se lembra do Evangelho da Esposa de Jesus?

Então leia:

The Owner of the Gospel of Jesus’ Wife is Unmasked

Por Mark Goodacre – NT Blog – 15.06.2016

Que está indicando a leitura de:

The Unbelievable Tale of Jesus’ Wife – Ariel Sabar – The Atlantic

A hotly contested, supposedly ancient manuscript suggests Christ was married. But believing its origin story requires a big leap of faith.

Mais:
The Owner of the Gospel of Jesus’ Wife Unveiled – Peter Gurry – Evangelical Textual Criticism – June 16, 2016
More on the Gospel of Jesus Wife and Walter Fritz  – Christian Askeland – Evangelical Textual Criticism – June 16,2016