Morreu o filósofo Roberto Romano

Morre aos 75 anos, de covid, o filósofo Roberto Romano

Ele estava internado desde 11 de junho em São Paulo, em tratamento de problemas decorrentes da doença que já matou mais de 547 mil no paísRoberto Romano: Jaguapitã, 13 de abril de 1946 — São Paulo, 22 de julho de 2021

O filósofo Roberto Romano morreu em São Paulo nesta quinta-feira (22), aos 75 anos. Ele estava internado desde 11 de junho no Instituto do Coração (Incor), em tratamento de problemas decorrentes da Covid-19. Era professor aposentado de Ética e Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Romano é autor de Igreja contra Estado. Crítica ao populismo católico (São Paulo – Ed. Kairós, 1979), Conservadorismo romântico (São Paulo – Ed. Unesp, 1997), entre outros livros. Doutor em filosofia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais) de Paris, nasceu em Jaguapitã (PR).

Quando o país chegou a 300 mil mortos pela covid-19, em março, o filósofo comentou sobre Bolsonaro, afirmando, sobre a eleição presidencial de 2018, que “na máquina enlouquecida colocamos um indivíduo sem o mínimo senso de responsabilidade, a mais leve noção do necessário dever, desprovido de saberes básicos em matéria científica, humanística”.

Em entrevista à RBA, em 2019, disse que “a situação dos poderes no Brasil é completamente anômala em relação a qualquer outro Estado que conhecemos”. Falando sobre a Operação Lava Jato, Judiciário e instituições, comentou: “Há uma promiscuidade enorme de setores judiciários, do Legislativo e do Executivo, em que a troca, o ‘é dando que se recebe’, funciona”.

Por ocasião da eleição do Papa Francisco, em março de 2013, Roberto Romano afirmou que tinha boas expectativas sobre o então novo pontífice, por ser jesuíta. “Muitos (dos jesuítas) são médicos, físicos, matemáticos, teólogos, filósofos. Dedicam-se a um diálogo com o mundo científico, tecnológico e político”, disse, em entrevista a Unisinos. Romano foi, durante 12 anos, frade dominicano,quando o Brasil vivia sob a ditadura militar.

Fonte: Rede Brasil Atual – 22/07/2021 – 21h12

 

Em nota, o reitor da Unicamp, Antônio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, lamentou a perda e ressaltou que o docente era um defensor do ensino público, da ética, das políticas de inclusão nas universidades e da justiça social no país:

“Nossa universidade lamenta profundamente o falecimento do Prof. Roberto Romano. Após enfrentar complicações em decorrência da Covid-19, ele se soma às tantas vítimas da pandemia em nosso país, decorrentes da pouca atenção que parte de nossas autoridades deram a esta tragédia que acomete o mundo. Roberto Romano, um intelectual de primeira grandeza, sempre se caracterizou pela defesa do ensino público e das nossas instituições de fomento à ciência e tecnologia. Representou uma voz muito forte a favor da ética em nossas instituições e no desenvolvimento das relações humanas, uma ética baseada na busca da igualdade e da solidariedade. Posicionou-se com firmeza pelas políticas de inclusão em nossas universidades e pela justiça social em nosso país. Temos muito orgulho de tê-lo tido como membro de nossa comunidade universitária. Expressamos nossas condolências a seus familiares, amigos e colegas e nossa grande tristeza por esta perda”, diz o texto do reitor.

Utilizei o livro dele, Brasil: Igreja contra Estado: crítica ao populismo católico. São Paulo: Kairós, 1979, em alguns textos meus. Confira aqui e aqui.

Roberto Romano foi preso e torturado durante a ditadura militar. Confira: Perfil – Roberto Romano, uma vida atravessada pela história – IHU On-Line: Edição 435 | 16 Dezembro 2013. Mais aqui.

Leia Mais:
O autoritarismo de Bolsonaro e a falta de autoridade do Congresso e do STF para coibir abusos comandados pelo presidente. Entrevista especial com Roberto Romano – IHU 23 julho 2021
Fratelli Tutti e a inacreditável lucidez de Francisco. Entrevista especial com Roberto Romano – IHU 23 julho 2021

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