Uma resposta rápida:
. a divisão em capítulos foi feita por Stephen Langton, em Paris, em 1204-1205. Em 1226 a divisão foi usada em um texto da Vulgata.
. a divisão em versículos foi feita por Robert Estienne (citado, em latim, como Robert Stephanus) a partir de 1551, em Paris e Genebra.
Outras propostas de divisão da Bíblia em capítulos e versículos foram feitas, mas estas duas acabaram prevalecendo.
E são as que utilizamos hoje.
Uma síntese honesta do tema, em português, pode ser encontrada aqui.
Mas esta é uma resposta rápida.
Então pergunto: Como sabemos disso? Há documentos que comprovam estas afirmações?
Há sim.
Para uma ótima abordagem do tema, com referências primárias e secundárias, recomendo conferir, em inglês:
Stephen Langton and the modern chapter divisions of the bible – By Roger Pearse: June 21, 2013
É, obviamente, um pouco complicado, pois estamos lidando com manuscritos e textos impressos antigos.
Agora, para quem sabe alemão, uma boa referência do século XIX, também usada por Roger Pearse, disponível no Google books, é:
SCHMID, O. Über verschieden Einteilungen der heiligen Schrift, insbesondere über die Capitel-Einteilung Stephan Langtone im XIII Jahrhunderte [Sobre as divisões da Sagrada Escritura especialmente a divisão em capítulos de Stephen Langton no século 13], Graz, 1892, p. 56-106.
A partir da página 106 Otto Schmid trata da divisão em versículos feita por Robert Estienne.
Ele aborda também as propostas de predecessores de Robert Estienne, como:
. o rabino Isaac Nathan, em sua Concordância da Bíblia Hebraica, publicada em Veneza em 1523 [confira também aqui e aqui];
. e São Pagnino, de Lucca, Itália, em sua tradução da Bíblia, publicada em 1527: Veteris ac Novi Testamenti nova translatio per Rev. S. Theol. Doct. Sanct. Pagninum Lucensem nuper edita; impressa est Lugduni per Antonium de Ry chalcographum Anno D. 1527.
Muito interessante o tema.
Infelizmente, ao trabalhar textos, descobri que as referências não são uniformes, conforme Bíblia consultada. Exemplo claro é a divergência da numeração dos versículos dos Salmos entre a Bíblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) e o King James Version (KJV). Muitas outras de matiz protestante seguem o KJV, como o João Ferreira de Almeida.
Outros livros bíblicos padecem, também, desse desencontro. Exemplo concreto é o capítulo 5 de Levítico: a BHS vai até o versículo 26, enquanto o KJV termina no versículo 19. São seis versículos de diferença. No capítulo 6 seguinte, há a compensação: a BHS termina em 23 e o KJV em 30. A Bíblia Católica Ave-Maria, nesse exemplo, segue a BHS.
Portanto, creio que ao fazermos referência numérica, é preciso, inclusive, o cuidado de citar a versão bíblica empregada, pois a mera referência numérica não conduz, sempre, o leitor ao texto pretendido.
Bíblia é uma coletânea de histórias e tradições narradas colhidas da tradição popular.
Síria e Iraque são repositórios de muitas tradições narradas na Bíblia judaica que foi matriz da cristã.
Como os judeus não tinham uma origem determinada eram nômades criaram uma história. História substituí pátria.