Livro de Rute: amor entre mulheres?

Debatendo argumentos a favor e contra a leitura do livro de Rute como uma história de amor entre mulheres, Stephanie Day Powell traz novos insights sobre o mundo antigo em que o livro de Rute foi escrito.

POWELL, S. D. Narrative Desire and the Book of Ruth. London: Bloomsbury T&T Clark, 2018, 224 p. – ISBN  9780567678751

POWELL, S. D. Narrative Desire and the Book of Ruth. London: Bloomsbury T&T Clark, 2018, 224 p.

Stephanie Day Powell illuminates the myriad forms of persuasion, inducement, discontent, and heartbreak experienced by readers of Ruth. Writing from a lesbian perspective, Powell draws upon biblical scholarship, contemporary film and literature, narrative studies, feminist and queer theories, trauma studies and psychoanalytic theory to trace the workings of desire that produced the book of Ruth and shaped its history of reception. Wrestling with the arguments for and against reading Ruth as a love story between women, Powell gleans new insights into the ancient world in which Ruth was written.

Ruth is known as a tale of two courageous women, the Moabite Ruth and her Israelite mother-in-law Naomi. As widows with scarce means of financial or social support, Ruth and Naomi are forced to creatively subvert the economic and legal systems of their day in order to survive. Through exceptional acts of loyalty, they, along with their kinsman Boaz, re-establish the bonds of family and community, while preserving the line of Israel’s great king David. Yet for many, the story of Ruth is deeply dissatisfying. Scholars increasingly recognize how Ruth’s textual “gaps” and ambiguities render conventional interpretations of the book’s meaning and purpose uncertain. Feminist and queer interpreters question the appropriation of a woman’s story to uphold patriarchal institutions and heteronormative values. Such avenues of inquiry lend themselves to questions of narrative desire, that is, the study of how stories frame our desires and how our own complex longings affect the way we read.

Stephanie Day Powell is a Lecturer at Manhattan College in New York, USA.

 

Sumário
Preface
Acknowledgements
Abbreviations
1. Narrative Desire and the Book of Ruth
2. Resistance: Ambiguity and Artistry in the Book of Ruth
3. Rupture: Ruth and Fried Green Tomatoes
4. Reclamation: Ruth and Oranges Are Not the Only Fruit
5. Re-Engagement: Ruth and Golem, The Spirit of Exile
6. Conclusion: (Un)final Gleanings
Bibliography
Index

Para conhecer minha proposta de leitura de Rute, leia, na Ayrton’s Biblical Page, o artigo Leitura socioantropológica do livro de Rute.

Todos os seminários do PIB para professores de Bíblia

 

José Luis Sicre, José Maria Abrego de Lacy (Reitor do Bíblico) e Pietro Bovati: 23.01.2012

O primeiro link leva ao post do Observatório Bíblico. O segundo, ao programa do seminário no site do Pontifício Instituto Bíblico (PIB).

Para o primeiro seminário, sobre o profetismo, há um relato diário feito por Cássio Murilo Dias da Silva e publicado no Observatório Bíblico.

Textos em pdf e vídeos das aulas estão disponíveis para alguns dos seminários.

1. PIB cria seminário para professores de BíbliaO profetismo (com destaque para Isaías e Jeremias)Diário do Seminário no Bíblico: 23 a 27 de janeiro de 2012

2. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2013 – Literatura joanina (Evangelho, Cartas e Apocalipse)

3. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2014O Pentateuco

4. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2015Os evangelhos sinóticos: Marcos e Mateus

5. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2016A literatura sapiencial

6. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2017Cartas Paulinas: Romanos e Gálatas

7. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2018Os livros “históricos” do Antigo Testamento

8. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2019A obra lucana: Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos

9. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2020O livro dos Salmos e o livro de Jó

10. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2022Por uma Igreja em construção: as cartas de Paulo

11. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2023Textos e versões do AT: da crítica textual à crítica literária

12. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2024O Novo Testamento no contexto greco-romano

13. Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2025Cenários históricos da época do Antigo Testamento

Sobre as visões no livro do profeta Amós

O artigo

New Perspectives on Amos: The Vision Reports in 7:1–8:2 

By Göran Eidevall – Professor of Hebrew Bible – University of Uppsala, Sweden

The Bible and Interpretation – January 2018

To sum up, I contend that the vision reports in Amos 7–8 cannot be dated to the 8th century. Rather, they appear to be literary products from the post-monarchic period. But why would someone add such “pseudepigraphic” material, presented as visions seen by Amos himself? I suggest, and here I agree with Georg Steins, that the vision reports represent profound theological reflections, in an attempt to cope with the catastrophe that took place in 586 BCE.

Em síntese, sustento que as narrativas de visões em Amós 7-8 não podem ser datadas no século VIII a.C. Na verdade, elas parecem ser uma produção literária pós-monárquica. Mas por que alguém acrescentaria este material “pseudepígrafo” como sendo visões tidas pelo próprio profeta Amós? Eu sugiro, e aqui concordo com Georg Steins, que as narrativas de visão representam profundas reflexões teológicas na tentativa de lidar com a catástrofe ocorrida em 586 a.C.

O livro

EIDEVALL, G. Amos: A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven, CT: Yale University Press, 2017, 312 p. – ISBN 9780300178784.

EIDEVALL, G. Amos: A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven, CT: Yale University Press, 2017, 312 p.

As part of the Hebrew Bible, the Book of Amos has been studied for more than two thousand years. This much-needed new edition includes an updated English translation of the Hebrew text and an insightful commentary. While previous scholarship speculated on reconstructions of the life of Amos, Eidevall analyzes this prophetic book as a literary composition, rejecting the conventional view of the book of Amos’s origin and providing a new rationalization for the form and meaning of the text.

Göran Eidevall, Professor de Bíblia Hebraica na Universidade de Uppsala, Suécia

Em meu livro A Voz Necessária: encontro com os profetas do século VIII a.C. [2011, download pdf] escrevi nas páginas 37-38:

Muitos especialistas acreditam que para se captar bem a mensagem de Amós devemos começar sua leitura pelas cinco visões simbólicas, narradas em Am 7,1-3; 7,4-6; 7,7-9; 8,1-3; 9,1-4. Isto porque estas visões constituiriam os sinais que o profeta percebe no cotidiano da vida e que simbolizam a situação da nação israelita. O que acaba determinando sua decisão de anunciar o castigo e a ruína do país, dizem alguns[1].

Quer dizer: de certo modo, as visões preenchem, em Amós, o mesmo papel dos textos de vocação em Isaías, Jeremias ou Ezequiel.

“Trata-se de uma trajetória vocacional. Amós percorre todo um caminho visionário. As próprias visões deixam entrever isso, com bastante nitidez. A visão dos gafanhotos (cf. 7,1-3) cabe no início do ano agrícola. A da seca (cf. 7,4-6), em pleno verão. A do cesto (cf. 8,1-3), dá-se no outono. Estas visões cobrem, no mínimo, meio ano. Talvez seja o perí­odo em que Amós é preparado, de modo incisivo, para seu ministério”, observa M. Schwantes[2].

Amós nestes episódios via, quem sabe, coisas absolutamente normais, do cotidiano – exceto o último episódio, o da queda do santuário -, mas de um ponto de vista novo, profético, tornando-as símbolo da realidade maior, mais significativa[3].

Notas:

1. Cf. SCHÖKEL, L. A. ; SICRE DIAZ, J. L. Profetas II. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2002, p. 984-985. Outros autores, entretanto, afirmam que as visões aconteceram após o início de sua pregação, e tentam reconstruir cronologicamente a evolução de sua pregação e de seu pensamento. Outros, ainda, colocam as visões após a atividade profética de Amós, quando ele teria voltado para Judá.

2. SCHWANTES, M. A terra não pode suportar suas palavras (Am 7,10): reflexão e estudo sobre Amós. São Paulo: Paulinas, 2012, p. 38 [cf. também as páginas 183-203]; cf. Idem, Jacó é pequeno. Visões em Amós 7-9.  2. ed.  RIBLA, Petrópolis/São Paulo/São Leopoldo, n. 1, p. 81-92, 1990.

3. “O profeta é um vidente na medida em que ele, em todas as coisas, mediante estas e acima destas, vê Iahweh, Deus de Israel e Senhor do mundo, operando e no ato de vir”, diz FUEGLISTER, N. Arrebatados por Iahweh: anunciadores da palavra. História e estrutura do profetismo em Israel. In SCHREINER, J. (ed.) Palavra e Mensagem. São Paulo: Paulus, 1978, p. 196.  C. MESTERS observa no seu Deus, ondes estás? 5. ed. Belo Horizonte: Vega, 1976 [16. ed. Petrópolis: Vozes, 2010], p. 48, que na medida em que o profeta vive integrado na vida do povo, tudo o que ele vê o faz lembrar-se da situação de injustiça em que vive o povo. “São os fatos que começam a falar. Tudo se torna apelo. Assim, pouco a pouco, cresce uma consciência em Amós. Já MAILLOT, A. ; LELIÈVRE, A. Atualidade de Miqueias: Um grande “profeta menor”. São Paulo: Paulus, 1980, p. 26, garantem que “é este ver em profundidade, este ver, que ultrapassa o acidental e atinge o essencial, que os profetas sentiram como uma ‘visão'”.

Literatura Pós-Exílica 2018

A Literatura Pós-Exílica é estudada no segundo semestre do segundo ano de Teologia no CEARP. Com enorme abrangência e carga horária limitada, apenas 4 horas semanais, esta disciplina aborda 4 momentos:
1. Os profetas exílicos e pós-exílicos: de Ezequiel a Joel
2. Romance, novela, conto: de Rute a Judite
3. Historiografia: a Obra Histórica do Cronista e 1 e 2 Macabeus
4. A literatura apocalíptica: Daniel e os apocalípticos apócrifos (ou pseudepígrafos).

São privilegiados, pelo minguado do tempo, os momentos 2 e 4. Os profetas são vistos mais rapidamente, pois o profetismo já foi estudado no primeiro semestre; e, infelizmente, a historiografia é apenas mencionada. Já o item 2 é fundamental para se entender o complexo universo de conflitos em que se busca uma identidade judaica – que acaba plural – e o item 4, a apocalíptica, é a porta que deve ser cuidadosamente aberta para a entrada, no semestre seguinte, em o mundo do Novo Testamento.

Dispostos cronologicamente os livros, teríamos o seguinte panorama desta enorme literatura:
1. Os profetas exílicos e pós-exílicos
Ezequiel: 593-571 a.C.
Dêutero-Isaías (Is 40-55): cerca de 550
Ageu: 29.8 a 18.12.520
Zacarias 1-8: 18.12.520 a 7.12.518
Trito-Isaías (Is 56-66): entre 520 e 510
Malaquias: entre 480 e 450
Zacarias 9-14: final séc. IV – início séc. III
Joel: séc. IV ou III

2. Romance, novela, conto
Rute: ca. 450 a.C.
Jonas: ca. 450
Ester (hebr.): ca. 350
Tobias: ca. 200
Judite: ca. 150

3. Historiografia
OHCr: 1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias: séc. IV a. C.
1 e 2 Macabeus: entre 90 e 70

4. A literatura apocalíptica (seleção)
Daniel: 164 a. C.
O livro etiópico de Henoc: séc. II-63 a.C.
O livro eslavo de Henoc: séc. I d.C.
O livro dos Jubileus: 100 a.C.
Os Salmos de Salomão: 63-40 a.C.
Os Testamentos dos 12 Patriarcas: 130-63 a.C.
Os Oráculos Sibilinos: séc. I a.C.
Assunção de Moisés: 30 a.C.-30 d.C.
O Apocalipse siríaco de Baruc: 75-100 d.C.
O IV livro de Esdras: fim do séc. I d.C.

I. Ementa
Procura compreender a vivência dos judaítas no exílio, lendo os profetas Ezequiel e Dêutero-Isaías. De igual modo, no pós-exílio, através do estudo dos profetas da reconstrução, tais como Ageu, Zacarias, Trito-Isaías e outros. Aborda também os romances, novelas e contos (Rute, Jonas, Ester, Tobias, Judite), que apontam para a construção de uma identidade judaica, tanto dentro do país como na diáspora. A literatura histórica da época, através da Obra Histórica do Cronista (1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias), também é tratada. Finalmente, a significativa literatura apocalíptica, tanto canônica, como Daniel, quanto apócrifa, até Qumran. É um momento privilegiado para a preparação dos estudos neotestamentários, no contexto dos domínios persa, grego e romano sobre a Palestina. O multifacetado encontro entre o judaísmo e o helenismo é abordado em detalhes.

II. Objetivos
Possibilita ao aluno conhecer a complexidade dos vários judaísmos surgidos no pós-exílio, suas teologias e o ambiente carregado de especulações apocalípticas em que se deu a pregação de Jesus e a escrita do Novo Testamento.

III. Conteúdo Programático
1. Os profetas exílicos e pós-exílicos
:: Ezequiel
:: Dêutero-Isaías (Is 40-55)
:: Ageu
:: Zacarias 1-8
:: Trito-Isaías (Is 56-66)
:: Malaquias
:: Zacarias 9-14
:: Joel

2. Romance, novela, conto
:: Rute
:: Jonas
:: Ester
:: Tobias
:: Judite

3. Historiografia
:: A obra histórica do Cronista (1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias)
:: 1 e 2 Macabeus

4. A literatura apocalíptica
:: Daniel
:: Os apócrifos apocalípticos

IV. Bibliografia
Básica
ARANDA PÉREZ, G. et al. Literatura judaica intertestamentária. 2. ed. São Paulo: Ave-Maria, 2013, 528 p. – ISBN 8527606097.

COLLINS, J. J. A imaginação apocalíptica: Uma introdução à literatura apocalíptica judaica. São Paulo: Paulus, 2010, 480 p. – ISBN 9788534932448.

SCHÖKEL, L. A.; SICRE DÍAZ, J. L. Profetas 2v. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2002-2004, 1416 p. I: – ISBN 8505006992; II: – ISBN 8534919917.

Complementar
BOCCACCINI, G. Além da hipótese essênia: A separação entre Qumran e o judaísmo enóquico. São Paulo: Paulus, 2010, 280 p. – ISBN 9788534932356.

CHAPMAN, H. H. ; RODGERS, Z. (eds.) A Companion to Josephus. Chichester, West Sussex, UK: Wiley Blackwell, 2016, XVI + 466 p. – ISBN 9781444335330.

DA SILVA, A. J. Apocalíptica: busca de um tempo sem fronteiras. Artigo na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. Flávio Josefo, homem singular em uma sociedade plural. Artigo na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. Leitura socioantropológica do Livro de Rute. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 98, p. 107-120, 2008. Disponível online.

DA SILVA, A. J. Mês da Bíblia 2010: o livro de Jonas. Observatório Bíblico, 7 de maio de 2010.

DA SILVA, A. J. Os essênios: a racionalização da solidariedade. Artigo na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. Paideia grega e Apocalíptica judaica. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 113, p. 11-22, 2012.

DA SILVA, A. J. Religião e formação de classes na antiga Judeia. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 120, p. 413-434, 2013.

DIEZ MACHO, A.; PIÑERO, A. (eds.) Apócrifos del Antiguo Testamento I-VI. Madrid: Cristiandad, 1982-2009 [Vol. VI: – ISBN 9788470575426].

JOSEFO, F. História dos Hebreus: obra completa. 5. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2007, 1568 p. – ISBN 9788526306417.

KIPPENBERG, H. G. Religião e formação de classes na antiga Judeia: estudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução social. São Paulo: Paulus, 1997, 184 p. – ISBN 8505006798. Resumo do livro no Observatório Bíblico.

KONINGS, J.; RIBEIRO, S. H. et al. Bíblia: Teoria e Prática. Leituras de Rute. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 98, 2008.

LIM, T. H. The Dead Sea Scrolls: A Very Short Introduction. 2. ed. New York: Oxford University Press, 2017, 168 p. – ISBN 9780198779520.

REIMER, H. et al. Segundo Isaías: Is 40-55. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 89, 2006.

SICRE DÍAZ, J. L. Introdução ao profetismo bíblico. Petrópolis: Vozes, 2016, 536 p. – ISBN 9788532652416.

STORNIOLO, I. Como ler o livro de Daniel: reino de Deus x Imperialismo. 3. ed. São Paulo: Paulus, 1997, 104 p. – ISBN 8534903131.

Leia Mais:
Preparando meus programas de aula para 2018
História de Israel 2018
Língua Hebraica Bíblica 2018
Pentateuco 2018
Literatura Deuteronomista 2018
Literatura Profética 2018

Literatura Profética 2018

Abordarei agora a Literatura Profética, que é estudada no primeiro semestre do segundo ano de Teologia, com carga horária semanal de 4 horas. A Literatura Profética trabalha, além de questões globais do profetismo, uma seleção de textos dos profetas pré-exílicos. O texto que orienta a maior parte do estudo é o meu livro A Voz Necessária. Os profetas do exílio e do pós-exílio são estudados na Literatura Pós-Exílica, que vem logo no semestre seguinte.

I. Ementa
A disciplina apresenta, como ponto de partida, uma discussão sobre as origens, o teor e os limites do discurso profético israelita. Busca compreender a necessidade da profecia como resultado da ruptura provocada pelo surgimento do Estado monárquico que pressiona as tradicionais estruturas tribais de solidariedade. Aborda, em seguida, os profetas pré-exílicos, de Amós a Jeremias, passando por Oseias, Isaías, Miqueias, Habacuc e outros. Cada um é tratado no seu contexto, nas características de sua atuação e textos escolhidos são lidos. Procura-se identificar em cada um deles a sua função de crítica e de oposição ao absolutismo do Estado classista, em nome da fé em Iahweh, que exige um posicionamento solidário em favor dos mais fracos.

II. Objetivos
Coloca em discussão as características e a função do discurso profético e confronta os textos dos profetas pré-exílicos com o contexto da época, possibilitando ao aluno uma leitura atualizada e crítica dos textos proféticos em confronto com a realidade contemporânea e suas exigências.

III. Conteúdo Programático
1. A origem do movimento profético em Israel
2. O teor do discurso profético
3. Os profetas pré-exílicos
:: Amós
:: Oseias
:: Isaías
:: Miqueias
:: Sofonias
:: Naum
:: Habacuc
:: Jeremias

IV. Bibliografia
Básica
DA SILVA, A. J. A Voz Necessária: encontro com os profetas do século VIII a.C. São Paulo: Paulus, 1998, 144 p. – ISBN 8534910634. Versão atualizada em 2011. Disponível online.

SCHÖKEL, L. A.; SICRE DÍAZ, J. L. Profetas 2v. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2002-2004, 1416 p. I: – ISBN 8505006992; II: – ISBN 9788534919913.

SICRE DÍAZ, J. L. Introdução ao profetismo bíblico. Petrópolis: Vozes, 2016, 536 p. – ISBN 9788532652416.

Complementar
CROATO, J. S. et al. Os livros Proféticos: a voz dos profetas e suas releituras. RIBLA, Petrópolis, n. 35/36, 2000/1/2. Disponível online.

DA SILVA, A. J. Arrancar e destruir, construir e plantar. A vocação de Jeremias. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 15, p. 11-22, 1987.

DA SILVA, A. J. Nascido Profeta: a vocação de Jeremias. São Paulo: Paulus, 1992, 143 p. – ISBN 8505012666.

DA SILVA, A. J. O discurso de Jeremias contra o Templo. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 129, p. 85-96, 2016. Disponível online.

DA SILVA, A. J. Perguntas mais frequentes sobre o profeta Amós. Texto na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. Perguntas mais frequentes sobre o profeta Isaías. Texto na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. Perguntas mais frequentes sobre o profeta Jeremias. Texto na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. Superando obstáculos nas leituras de Jeremias. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 107, p. 50-62, 2010.

DA SILVA, A. J. Vale a pena ler os profetas hoje? Artigo na Ayrton’s Biblical Page.

GAMELEIRA SOARES, S. A. et al. Profetas ontem e hoje. 3. ed. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 4, 1987.

HAUSER, A. J. (ed.) Recent Research on the Major Prophets. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2008, xiv + 389 p. – ISBN 9781906055134. Disponível online.

MESTERS, C. O profeta Jeremias: um homem apaixonado. São Paulo: Paulus/CEBI, 2016, 168 p. – ISBN 9788534943048.

NISSINEN, M. Prophets and Prophecy in the Ancient Near East. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2003, 296 p. – ISBN  9781589830271. Disponível online.

SCHWANTES, M. A terra não pode suportar suas palavras“ (Am 7,10): reflexão e estudo sobre Amós. São Paulo: Paulinas, 2012, 208 p. – ISBN 8535614346.

SCHWANTES, M. et al. Profetas e profecias: novas leituras. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 73, 2002.

SICRE, J. L. Com os pobres da terra: a justiça social nos profetas de Israel. São Paulo: Academia Cristã/Paulus, 2011, 638 p. – ISBN 9788598481340.

WILSON, R. R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel. 2. ed. revista. São Paulo: Targumim/Paulus, 2006, 392 p. – ISBN 8599459031.

Leia Mais:
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Pentateuco 2018
Literatura Deuteronomista 2018
Literatura Pós-Exílica 2018

Literatura Deuteronomista 2018

Lecionar Literatura Deuteronomista é um desafio e tanto. Enquanto as questões da formação do Pentateuco são discutidas há séculos, a noção da existência de uma Obra Histórica Deuteronomista (= OHDtr) só foi formulada muito recentemente, como se pode ver aqui.

Além disso, há dois problemas com a disciplina: carga horária exígua para estudar textos de livros tão complexos como, por exemplo, Josué ou Juízes – a disciplina tem apenas 2 horas semanais durante o primeiro semestre do segundo ano de Teologia – e uma bibliografia ainda insuficiente em português. Há excelente debate acadêmico hoje, contudo está em inglês e alemão, principalmente.

Para completar, prefiro estudar o livro do Deuteronômio aqui e não no Pentateuco, também por duas razões: a disciplina Pentateuco já é por demais sobrecarregada e o Deuteronômio é a chave que abre o significado da OHDtr. Por isso, ele faz muito sentido aqui.

Por outro lado, há uma integração muito grande da Literatura Deuteronomista com três outras disciplinas bíblicas: com a História de Israel, naturalmente; com a Literatura Profética, irmã gêmea; com o Pentateuco, através do elo deuteronômico.

I. Ementa
A Obra Histórica Deuteronomista (OHDtr) tentará responder aos desafios do presente repensando o passado no final da monarquia e na situação de exílio e pós-exílio. Faz isso percorrendo toda a história da ocupação da terra, desde as vésperas da entrada em Canaã até a derrocada final da monarquia em Israel e Judá.

II. Objetivos
Pesquisar a arquitetura, as ideias basilares e a teologia da Literatura Deuteronomista como uma obra globalizante, e de cada um de seus livros, a fim de dar fundamentos para sua interpretação e atualização.

III. Conteúdo Programático
1. O contexto da Obra Histórica Deuteronomista
2. O Deuteronômio
3. O livro de Josué
4. O livro dos Juízes
5. Os livros de Samuel
6. Os livros dos Reis

IV. Bibliografia
Básica
DA SILVA, A. J. O contexto da Obra Histórica Deuteronomista. Artigo na Ayrton’s Biblical Page, 2017.

RÖMER, T. A chamada história deuteronomista: Introdução sociológica, histórica e literária. Petrópolis: Vozes, 2008, 208 p. – ISBN 9788532637550.

SKA, J.-L. Introdução à leitura do Pentateuco. Chaves para a interpretação dos cinco primeiros livros da Bíblia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2014, 304 p. – ISBN 8515024527.

Complementar
DA SILVA, A. J. et al. Obra Histórica Deuteronomista. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 88, 2005.

DA SILVA, A. J. Bibliografia comentada sobre a OHDtr. Observatório Bíblico – 24 de fevereiro de 2007.

DA SILVA, A. J. O contexto da Obra Histórica Deuteronomista. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 88, p. 11-27, 2005.

FARIA, J. de Freitas (org.) História de Israel e as pesquisas mais recentes. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 43-87 – ISBN 8532628281.

FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa, 2003, 515 p. – ISBN 8589876187.

GONZAGA DO PRADO, J. L. A invasão/ocupação da terra em Josué: Duas leituras diferentes. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 88, p. 28-36, 2005.

JACOBS, M. R.; PERSON, R. F. Jr. (eds.) Israelite Prophecy and the Deuteronomistic History: Portrait, Reality, and the Formation of a History. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2013, 254 p. – ISBN 9781589837492. Disponível online.

PERSON, R. F. Jr. The Deuteronomic School: History, Social Setting and Literature. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2002, xviii + 306 p. – ISBN 9781589830240. Disponível online.

STORNIOLO, I. Como ler o livro do Deuteronômio: escolher a vida ou a morte. 5. ed. São Paulo: Paulus, 1997, 88 p. – ISBN 8534908923.

Leia Mais:
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História de Israel 2018
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Pentateuco 2018
Literatura Profética 2018
Literatura Pós-Exílica 2018

Pentateuco 2018

A disciplina Pentateuco é estudada no segundo semestre do primeiro ano, com carga horária de 4 horas semanais. Tempo que atualmente se tornou curto, pois há uma profunda crise nesta área de estudos, muito semelhante à crise da História de Israel. A teoria clássica das fontes JEDP do Pentateuco, elaborada no século XIX por Hupfeld, Kuenen, Reuss, Graf e, especialmente, Wellhausen, vem sofrendo, desde meados da década de 70 do século XX, sérios abalos, de forma que hoje muitos pesquisadores consideram impossível assumir, sem mais, este modelo como ponto de partida. O consenso wellhauseniano foi rompido, contudo, ainda não se conseguiu um novo consenso e muitas são as propostas hoje existentes para explicar a origem e a formação do Pentateuco.

I. Ementa
Oferece ao aluno um panorama da pesquisa exegética na área da formação e composição dos cinco primeiros livros da Bíblia e estuda os seus principais textos.

II. Objetivos
Familiariza o aluno com as tradições históricas de Israel e com as mais recentes pesquisas na área do Pentateuco para que o uso do texto na prática pastoral possa ser feito de forma consciente.

III. Conteúdo Programático
1. A redação do Pentateuco em três tempos
2. Novos paradigmas no estudo do Pentateuco
3. O Decálogo: Ex 20,1-17 e Dt 5,6-21
4. Códigos do Antigo Oriente Médio
5. O Código da Aliança: Ex 20,22-23,19
6. A criação: Gn 1,1-2,4a e Gn 2,4b-25
7. O pecado em quatro quadros: Gn 3,1-24
8. Caim e Abel: Gn 4,1-26
9. Patriarcas pré-diluvianos – de Adão a Noé: Gn 5,1-28.30-32
10. O dilúvio: Gn 6,5-9,19
11. A cidade e a torre de Babel: Gn 11,1-9
12. As tradições patriarcais: Gn 11,27-37,1
13. A história de José: Gn 37,5-50,26
14. O êxodo do Egito: Ex 1-15

IV. Bibliografia
Básica
MESTERS, C. Paraíso terrestre: saudade ou esperança? 20. ed. Petrópolis: Vozes, 2012, 176 p. – ISBN 9788532603319.

SCHWANTES, M. Projetos de esperança: meditações sobre Gênesis 1-11. São Paulo: Paulinas, 2009, 144 p. – ISBN 857311844X.

SKA, J.-L. Introdução à leitura do Pentateuco: chaves para a interpretação dos cinco primeiros livros da Bíblia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2014, 304 p. – ISBN 8515024527.

Complementar
BOUZON, E. O Código de Hammurabi. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2003, 240 p. – ISBN 8532607780.

BRANDÃO, J. L. Ele que o abismo viu: Epopeia de Gilgámesh. Belo Horizonte: Autêntica, 2017, 336 p. – ISBN 9788551302835.

CRÜSEMANN, F. A Torá. Teologia e História Social da Lei do Antigo Testamento. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2012, 599 p. – ISBN 9788532623607.

DA SILVA, A. J. Histórias de criação e dilúvio na antiga Mesopotâmia. Artigo na Ayrton’s Biblical Page, 2018.

DA SILVA, A. J. O Pentateuco e a História de Israel. In: Teologia na pós-modernidade. Abordagens epistemológica, sistemática e teórico-prática. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 173-215. – ISBN 853561110X

DA SILVA, A. J. Pequena bibliografia sobre o Livro do Êxodo, o Pentateuco e o Êxodo do Egito. Observatório Bíblico: 19 de julho de 2011.

DOZEMAN, T. B.; SCHMID, K. (eds.) A Farewell to the Yahwist? The Composition of the Pentateuch in Recent European Interpretation. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2006, viii + 198 p. – ISBN 9781589831636. Disponível online.

DOZEMAN, T. B.; RÖMER, T.; SCHMID, K. (eds.) Pentateuch, Hexateuch, or Enneateuch? Identifying Literary Works in Genesis through Kings. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2011, 324 p. – ISBN 9781589835429. Disponível online.

GARCÍA LÓPEZ, F. O Pentateuco.  2. ed. São Paulo: Ave-Maria, 2004, 328 p. – ISBN 9788527610575.

GRUEN, W. et al. Os dez mandamentos: várias leituras. 2. ed. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 9, 1987.

MESTERS, C. Bíblia, livro da aliança. São Paulo: Paulus, 2017, 80 p. – ISBN 9788534944373.

SCHWANTES, M. et al. A memória popular do êxodo. 2. ed. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 16, 1996.

SKA, J.-L. O canteiro do Pentateuco: problemas de composição e de interpretação/aspectos literários e teológicos. São Paulo: Paulinas, 2016, 282 p. – ISBN 9788535641486.

STORNIOLO, I. Mandamentos, ontem e hoje (Entrevista com Pe. Ivo Storniolo). Vida Pastoral, São Paulo, n. 149 , p. 27-29, nov./dez. 1989. Disponível online.

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O livro de Ageu e a reconstrução do Templo

O artigo

The Book of Haggai and the Rebuilding of the Temple in the Early Persian Period

By John Robert Barker – Catholic Theological Union, Chicago

The Bible and Interpretation – December 2017

Until recently, the period of biblical history known as the postexilic, or Persian, era has suffered from relative neglect by biblical scholars. True, there are have always been those scholars who dedicated their lives to the study of the books that reflect this period – Ezra, Nehemiah, and the prophets Haggai, Zechariah, and Malachi – but it is only in the last few decades that Persian period studies have come into their own, giving rise to a vigorous and rich field of inquiry, the fruits of which have only begun to emerge. One reason for the relative neglect had been that we simply did not have much information about this period, which stretches from the end of the Babylonian exile (c. 539 BCE) to the advent of Alexander the Great and the beginning of the Hellenistic period (c. 330 BCE). Compared to the abundant archaeological and historical information available for the centuries before and after the Persian period, only a little evidence from outside the Bible was available to shed light on the two centuries after the exile. Yet recent decades have seen a surge in archaeological work focusing on this period that has provided a wealth of insights into economic, political, social, and religious realities in the Persian province of Yehud (the former kingdom of Judah). On the heels of this increased information has come an increased interest by biblicists. Now Persian period studies of all kinds are flourishing and contributing greatly to our appreciation of the challenging and contentious, yet theologically productive, period of the 6th–4th centuries.

One example of these studies is the work that has been done on the book of Haggai. This short book of thirty-eight verses focuses solely on the reconstruction of the Jerusalem temple that had been destroyed by the Babylonians in 586 BCE. In the past, the book’s completely time-bound topic and lack of beautifully poetic, theologically rich passages had led to an unfavorable assessment of both book and prophet by many scholars and theologians. It was not that long ago, for example, that the authors of an introduction to the Old Testament stated that “Haggai is called a prophet, but compared to the pre-exilic prophets he is hardly deserving of the title…. his mind was concentrated only on earthly things…. His whole mental outlook and utilitarian religious point of view…is sufficient to show that he can have no place among the prophets in the real sense of the word.” (Oesterley & Robinson, 1961, pp. 408-9) This particularly blunt evaluation appears to have been shared by others, leading to the book’s general neglect. It simply did not seem to have much to offer the serious student of the Bible or, for that matter, of the history behind it.

But in recent decades the book of Haggai has been subjected to serious and sustained scrutiny by scholars such as Elie Assis and John Kessler, whose excellent work along with others has shown this short book to be much more interesting and complex than previously thought. My own work on Haggai, which engages the text through rhetorical analysis, joins this effort by seeking to reexamine the persuasive intention and strategies of the text (Barker, 2017). Rather than being simply a dull record of an uninteresting prophet and his mundane message, the book of Haggai is in fact a carefully composed and complex counterargument to serious objections to the reconstruction of the temple in 520 BCE. It is also an interpretation of what it meant either to accept or to reject the prophetic call to rebuild. This means that a careful study of the book as a persuasive text can contribute to our understanding of both the book and the nature of the debates surrounding the reconstruction of the temple in Jerusalem in the early years after the exile. This in turn contributes in a specific way not only to the emerging portrait of the early Persian period but also to our appreciation of the nature and strength of the struggles and conflicts among the people who considered themselves the surviving “remnant” of Israel in that time and place.

O livro

BARKER, J. R. Disputed Temple: A Rhetorical Analysis of the Book of Haggai. Minneapolis: Fortress Press, 2017, 314 p.  – ISBN 9781506433141.

 

BARKER, J. R. Disputed Temple: A Rhetorical Analysis of the Book of Haggai. Minneapolis: Fortress Press, 2017, 314 p.

The prophet Haggai advocated for the rebuilding of the temple, destroyed by Babylon, in the tumultuous period of reconstruction under Persian dominion; so much is evident from a surface reading of the book. John Robert Barker goes further, using rhetorical criticism of the prophet‘s arguments to tease out the probable attitudes and anxieties among the Yehudite community that saw rebuilding as both undesirable and unfeasible. While some in the community accepted the prophet‘s claim that YHWH wanted the temple built, others feared that adverse agricultural and economic conditions, as well as the lack of a royal builder, were clear signs that YHWH did not approve or authorize the effort. Haggai‘s counterarguments-that YHWH would provide for the temple‘s adornment, would bring prosperity to Yehud once the temple was built, and had designated the Davidide Zerubbabel as the chosen royal builder-are combined with his vilification of opponents as unclean and non-Israelite. Barker‘s study thus allows Haggai to shed further light on the socioeconomic conditions of early Persian-period Yehud.

O contexto do livro de Rute

Terminei de ler Rute com o segundo ano de Teologia do CEARP ontem. Em perspectiva muito próxima à deste autor. Confira meu artigo Leitura socioantropológica do livro de Rute.

The Book of Ruth: Origin and Purpose – By E. Allen Jones III

The Bible and Interpretation – November 2017

As a last option for understanding Ruth, I would offer that Ruth does fit well when set against the background of the early post-exilic period. The literature on this time is vast and continues to grow, but it is safe to say that the small community in Judea in the late 500s to early 400s B.C.E. conflicted over various societal issues, one of which was how they should define the boundaries of their community. The prophet Zechariah believed that Jerusalem would throng with foreigners who would count as Yhwh’s people (Zech 2:15[EV 11]), but other persons from the Ezra-Nehemiah narrative feel that foreigners have no part in the community (Ezra 4:1-3; 9:1-4; Neh 13:1-3). This is not to say that Ruth reacts directly to the Ezra-Nehemiah text, nor should we read Ezra-Nehemiah uncritically as plain history, but it is reasonable to hold that community cohesion and in-group/out-group questions were live topics at the time. Within this debate, we can see how Ruth provides a counterfactual to a certain exclusivist perspective toward outsiders. The text is not so bold as to claim that all non-Israelites/Judeans should count as people of Yhwh, but it does demonstrate that there are cases where a foreigner can reasonably measure up to the standard of a true Israelite.

ALLEN JONES III, E. Reading Ruth in the Restoration Period: A Call for Inclusion. London: Bloomsburry T&T Clark, 2016, 224 p. – ISBN 9780567658449.

ALLEN JONES III, E. Reading Ruth in the Restoration Period: A Call for Inclusion. London: Bloomsburry T&T Clark, 2016, 224 p.

Most scholars of the Hebrew Bible/Old Testament recognize Ruth’s simplicity and beauty, yet there has been little consensus in critical scholarship related to the book’s origin and purpose. Opinions on the text’s date range from the early monarchic period down to the Post-Exilic period, and interpreters argue over whether the narrative served to whitewash David’s lineage, or if it held Ruth out as a positive example of Gentile inclusion in the Judean community. With an eclectic approach drawing on traditional exegesis, analysis of inner-biblical allusions, comparisons of legal and linguistic data, and modern refugee research, Edward Allen Jones III argues that Ruth is, indeed, best understood as a call for an inclusive attitude toward any Jew or Gentile who desired to join the Judean community in the early Post-Exilic period. Within the narrative’s world, only Boaz welcomes Ruth into the Bethlehemite community, yet the text’s re-use of other biblical narratives makes it clear that Ruth stands on par with Israel’s great matriarchs. Though certain segments of the Judean community sought to purify their nation by expelling foreign elements in the Restoration period, Yhwh’s loving-kindness in Ruth’s life demonstrates his willingness to use any person to build up his people.