Projeto Biblioteca de Assurbanípal

A Biblioteca de Assurbanípal é o nome dado a uma coleção de mais de 30 mil tabuinhas de argila e fragmentos com escrita cuneiforme. As tabuinhas foram descobertas nas ruínas da cidade de Nínive, norte do atual Iraque, outrora capital do poderoso império assírio, governado por Assurbanípal de 668 a 627 a. C. Elas foram encontradas em uma série de escavações iniciadas na metade do século XIX e que prosseguiram até o primeiro terço do século XX, e formam as coleções reais assírias de literatura e arquivos acadêmicos sobreviventes. Nínive foi consumida pelo fogo por volta de 612 a. C., mas enquanto livros de papel seriam inevitavelmente destruídos, as tabuinhas de argila tornaram-se, na maioria dos casos, mais duras, fazendo delas os documentos mais bem preservados de milhares de anos da história da Mesopotâmia.

Tabuinhas da Biblioteca de Assurbanípal em exposição no Museu Britânico em 2018/19A vasta biblioteca de tabuinhas de argila de propriedade do rei Assurbanípal continua sendo um achado de rara importância. Uma combinação de erudito dedicado e governante extremamente poderoso, ele reuniu em Nínive uma riqueza incomparável de conhecimento especializado acumulado ao longo de muitos séculos. Esse aprendizado alimentou e sustentou diretamente a realeza de Assurbanípal. A coleção de Assurbanípal foi a maior, mais ampla e mais importante biblioteca já reunida em mais de 3.500 anos de cultura cuneiforme. Até a Biblioteca de Alexandria, era a biblioteca mais significativa da antiguidade. Quase 32.000 tabuinhas e fragmentos sobreviveram. Eles abrangem textos escolásticos, incluindo textos divinatórios, mágicos, médicos, literários e lexicais, e administrativos, bem como inscrições históricas locais. Eles preservam a ampla extensão da cultura tradicional da Mesopotâmia, como era conhecida no final do século VII a. C.

A primeira grande descoberta de tabuinhas da biblioteca foi feita pelo arqueólogo inglês Austen Henry Layard aí pela metade do século XIX. Seu assistente iraquiano, Hormuzd Rassam, continuou as escavações e em 1852 descobriu um segundo palácio em Nínive e nele outra grande coleção de tabuinhas.

Antes da descoberta da biblioteca, quase tudo o que sabíamos sobre a antiga Assíria vinha de histórias da Bíblia ou de historiadores clássicos. Com a descoberta da biblioteca, milhares de textos cuneiformes foram recuperados, contando a história dos assírios com suas próprias palavras. A partir deles, podemos conhecer intrigas de corte, ouvir relatórios secretos de inteligência, seguir rituais passo a passo, ouvir as palavras de hinos e orações e folhear manuais médicos, além de ler sobre os feitos dos reis, narrados com muitos detalhes.

A biblioteca ficou famosa também na antiguidade, pois, séculos após a morte de Assurbanípal e a destruição da Assíria, escribas na Babilônia celebraram a compilação da biblioteca. Embora muitas tabuinhas tenham sido encontradas em outros locais nos últimos 170 anos, as tabuinhas da Biblioteca de Assurbanípal continuam sendo nossa fonte primária para a maior parte do que sabemos sobre os estudos mesopotâmicos da época (Confira mais em: Jonathan Taylor, A library fit for a king, The British Museum Blog, 25 October 2018).

 

O Projeto Biblioteca de Assurbanípal recria digitalmente a biblioteca de tabuinhas cuneiformes de Assurbanípal, rei da Assíria (668 – c. 627 a.C.). Desde sua descoberta no século XIX, a Biblioteca tem sido o mais popular e informativo de todos os recursos assiriológicos. É a base sobre a qual a assiriologia foi construída.Assurbanípal, rei da Assíria (668-627 a.C.)

Estamos documentando a biblioteca da forma mais completa possível em textos e imagens: transliterações da escrita cuneiforme, traduções, cópias desenhadas à mão, um conjunto completo de novas imagens digitais de alta qualidade e uma biblioteca de fotografias mais antigas produzidas desde 1850. O catálogo está sendo atualizado e aprimorado.

Nosso trabalho visa estimular o interesse e facilitar o ensino e a pesquisa sobre os textos. Estamos realizando nossa própria pesquisa, revisando o conteúdo e o significado da Biblioteca de Assurbanípal agora 170 anos após sua descoberta. Pretendemos compreender a composição e o funcionamento da Biblioteca.

O Museu Britânico foi fundado em 1753 para disponibilizar suas coleções gratuitamente aos “estudiosos e curiosos”. Em 1852, Lord Ross, presidente dos curadores, declarou:

“Estou muito ansioso para que se faça alguma tentativa de fotografar as inscrições para colocá-las convenientemente ao alcance de pessoas que tenham gosto por essa linha de pesquisa”.

Somente nos últimos anos, na virada do século 21, com a pronta disponibilidade da fotografia digital, armazenamento de dados barato, internet e acesso generalizado à banda larga, tornou-se viável tornar esse sonho realidade.

 

Histórico do projeto

O Projeto Biblioteca de Assurbanípal foi criado em 2002 como uma cooperação de longo prazo com a Universidade de Mossul, Iraque. A primeira etapa foi financiada pelo Townley Group of British Museum Friends. A Dra. Jeanette Fincke produziu uma lista das 3.500 tabuinhas da Biblioteca em escrita babilônica. Em uma segunda fase, Fincke voltou a atenção para textos astrológicos de adivinhação de Nínive em escrita assíria. Os resultados deste trabalho estão em um site separado, The Nineveh Tablet Collection, e foram publicados em 2003/04, 2004 e 2014.

Uma terceira fase de atividade, novamente financiada pelo Townley Group, trouxe a inestimável ajuda do professor Riekele Borger, professor emérito de assiriologia da Universidade de Göttingen. Há 40 anos vinha ao Museu, identificando e juntando fragmentos da biblioteca. Ele estava compilando um catálogo atualizado das tabuinhas. Como parte dessa colaboração, seus resultados seriam incorporados ao nosso catálogo, além de serem publicados como monografia nos moldes tradicionais. Infelizmente, o Prof. Borger faleceu em dezembro de 2010 antes que pudesse completar seu catálogo. No entanto, seu trabalho meticuloso é uma ajuda inestimável para os estudiosos.

De 2009 a 2013, com o generoso apoio da Andrew Mellon Foundation, produzimos imagens digitais de alta resolução de todas as tabuinhas da Biblioteca. Cada imagem é uma composição de até 14 imagens primárias, que representam um desdobramento virtual do objeto 3D em um fac-símile 2D. Todas as faces de cada tabuinha são visíveis em uma única imagem. Imagens adicionais de impressões de selos foram feitas, uma vez que requerem iluminação diferente do texto. As imagens foram divulgadas ao longo do projeto tanto no site do British Museum Collections Online quanto no site do CDLI. O conjunto completo agora também está disponível aqui em nosso catálogo online dedicado.

Desde 2014 a nossa ênfase tem sido a atualização e melhoria do catálogo. Este catálogo serve de base para novas pesquisas sobre a composição e natureza da Biblioteca.

 

About the project

The Ashurbanipal Library Project recreates digitally the cuneiform tablet library of Ashurbanipal, King of Assyria (668 – c. 630 BC). Since its discovery in the nineteenth century, the Library has been the most popular and most informative of all Assyriological resources. It is the foundation on which Assyriology has been built.

George Smith (1840-1876) e fragmentos da tabuinha 11 da Epopeia de Gilgámesh, com o relato do dilúvioWe are documenting the Library as fully as possible in texts and images: sign-transliterations, translations, hand-drawn copies, a complete set of new, high-quality digital images and a library of older photographs produced since 1850’s. The catalogue is being updated and improved.

Our work is designed to stimulate interest and facilitate teaching and research on the texts. We are undertaking our own research, looking afresh at the contents and significance of Assurbanipal’s Library now 160 years after its discovery. We aim to understand the composition and functioning of the Library.

The British Museum was founded in 1753 to make its collections freely available to the “studious and curious”. In 1852 Lord Ross, Chairman of the Trustees, declared:

I feel very anxious that some attempt should be made to Photograph the inscriptions so as to place them conveniently within the reach of persons that have a taste for that line of research … and it seems to me to be a reproach to the Trustees … that the aids of modern Science should not have been called for sooner.

Only in the last few years, at the turn of the 21st century, with the ready availability of digital photography, cheap data storage, the internet and widespread broadband access, has it become feasible to make that dream a reality. Now for the first time the entire Library is available in new high-quality images.

Jonathan Taylor, ‘About the project’, Ashurbanipal Library Project, The Ashurbanipal Library Project, Department of the Middle East, The British Museum, Great Russell Street, London WC1B 3DG, 2019 [http://oracc.museum.upenn.edu/asbp/abouttheproject/]

 

History of the project

The Ashurbanipal Library Project was set up in 2002 as a long-term co-operation with the University of Mosul, Iraq. The first stage was funded by the Townley Group of British Museum Friends. Dr Jeanette Fincke produced a list of the 3,500 Library tablets in Babylonian script. In a second phase, Fincke turned attention to astrological fortune-telling texts from Nineveh in Assyrian script. The results of this work feature on a separate web-site, and are published in (2003/04), (2004), (2014).

A third phase of activity, again funded by the Townley Group, brought the invaluable help of Professor Riekele Borger, Emeritus Professor of Assyriology at the University of Göttingen. For 40 years he had been coming to the Museum, identifying and joining fragments from the library. He was compiling an updated catalogue of the tablets. As part of this collaboration, his results would be incorporated into our catalogue, as well as being published as a monograph in the traditional manner. Sadly, Prof. Borger passed away in December 2010 before he was able to complete his catalogue. Nevertheless, his meticulous work is an invaluable aid to scholars.

From 2009-2013, with the generous support of the Andrew Mellon Foundation, we produced high resolution digital images of all the Library tablets. Each image is a composite of up to 14 primary images, which represents a virtual unfolding of the 3D object into a 2D facsimile. All faces of each tablet are visible in a single image. Additional images of seal impressions were taken, since these require different lighting from the text. The images were released over the course of the project both on the British Museum Collections Online site and on the CDLI website. The complete set is now also made available here in our dedicated online catalogue.

Since 2014 our emphasis has been on updating and improving the catalogue. This catalogue serves as the foundation of new research on the composition and nature of the Library.

Jonathan Taylor, ‘History of the project’, Ashurbanipal Library Project, The Ashurbanipal Library Project, Department of the Middle East, The British Museum, Great Russell Street, London WC1B 3DG, 2019 [http://oracc.museum.upenn.edu/asbp/abouttheproject/historyoftheproject/]

Portal Ugarit

Ugarit-Portal Göttingen

Ugarit-Portal Göttingen é a plataforma de Estudos Ugaríticos criada na Universidade de Göttingen sob a direção do Prof. Reinhard Müller e de Clemens Steinberger.

O site inclui:
:. Uma introdução à história e à tradição textual de UgaritUgarit, na região siro-fenícia
:. Uma bibliografia
:. Uma introdução à poesia ugarítica e um breve histórico da pesquisa em poética
:. Transliterações digitalizadas de textos poéticos ugaríticos (incluindo correções para KTU3)
:. Informações para estudantes
:. O catálogo da biblioteca de pesquisa de Ugarit

Das Ugarit-Portal Göttingen ist die Plattform der Göttinger Ugaritistik, die am alttestamentlichen Seminar unter der Leitung von Prof. Reinhard Müller betrieben wird.

Das Portal enthält:
:. eine Einführung in die Geschichte und die schriftliche Überlieferung aus Ugarit
:. eine Bibliographie
:. eine Einführung in die ugaritische Poesie und eine kurze Geschichte der poetologischen Forschung
:. digitalisierte Umschriften der ugaritischen poetischen Texte (samt Verbesserungen zu KTU3)
:. Informationen zum Studium (samt Überblick über die wichtigsten Hilfsmittel)
:. die Publikationen des Teams der Göttinger Ugaritistik
:. den Katalog der Ugarit-Bibliothek

Leiter: Prof. Dr. Reinhard Müller
Koordinator: Clemens Steinberger

A arqueologia enterrou a Bíblia?

Li alguns capítulos do livro Has Archaeology Buried the Bible? de William G. Dever e percebi que ele faz uma clara e agradável síntese da História de Israel considerando as perspectivas arqueológicas das últimas décadas. Pode ser uma leitura proveitosa para muitos.

Resenha do livro de William G. Dever, Has Archaeology Buried the Bible? [A arqueologia enterrou a Bíblia?] por Jennie Ebeling, publicada em Bible History Daily em 12 de janeiro de 2022.

DEVER, W. G. Has Archaeology Buried the Bible? Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2020, X + 158 p. – ISBN ‎ 9780802877635.DEVER, W. G. Has Archaeology Buried the Bible? Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2020, X + 158 p.

Desde a morte de William F. Albright, o “pai” da arqueologia bíblica norte-americana, há cinquenta anos, os objetivos da pesquisa arqueológica em Israel e países vizinhos mudaram de modo radical. Isso se deve menos aos muitos desenvolvimentos tecnológicos na arqueologia de campo, eu argumentaria, e mais ao fato de que pouquíssimos arqueólogos profissionais que trabalham em Israel, Jordânia e em outros lugares hoje afirmam escavar com a Bíblia em uma mão e uma pá na outra. Albright e seus contemporâneos – a maioria deles estudiosos bíblicos protestantes e ministros ordenados – acreditavam que o valor principal (se não o único) do trabalho arqueológico na Terra Santa era fornecer confirmação física de eventos e personagens bíblicos. Os arqueólogos do século XXI, no entanto, se envolvem com uma ampla gama de questões históricas e antropológicas de maneira semelhante a seus colegas que trabalham em outras partes do mundo, onde a historicidade da Bíblia não entra na equação.

Como muitos estudiosos notaram, a arqueologia bíblica de estilo albrightiano começou a desaparecer na segunda metade do século XX, quando seus praticantes adotaram os padrões dos arqueólogos profissionais na América do Norte e na Europa. Além disso, muitos perceberam que a arqueologia falhou em oferecer evidências para a historicidade de certos eventos bíblicos cruciais que Albright e seus contemporâneos disseram que deveriam, como a migração de Abraão e Sara da Mesopotâmia para Canaã, a entrega da lei e da aliança a Moisés no Monte Sinai, o êxodo e a conquista israelita de Canaã, o estabelecimento da realeza divina em Israel e o desenvolvimento único e divinamente ordenado da religião e cultura do antigo Israel. Como a fé (para alguns) dependia da ocorrência ou não desses eventos, a incapacidade da arqueologia de fornecer provas físicas desses eventos levou à desilusão. Como, muitos se perguntavam, a arqueologia poderia informar sobre questões teológicas, dada a sua incapacidade de lançar luz sobre esses eventos centrais?

No entanto, o público continua profundamente interessado em saber como a arqueologia pode nos informar sobre o mundo da Bíblia. Os arqueólogos aproveitam esse interesse para aumentar o apoio financeiro e a conscientização, ao mesmo tempo em que se distanciam do tipo míope de arqueologia bíblica praticado há um século. E embora alguns arqueólogos americanos que trabalham na região possam apoiar suas crenças pessoais a partir de suas pesquisas, poucos provavelmente admitiriam escavar com o objetivo explícito de revelar lições morais e verdades pelas quais viver no século XXI. É isso o que torna o livro de William G. Dever “A arqueologia enterrou a Bíblia?” tão surpreendente.

Neste livro, o prolífico e franco arqueólogo, que desempenhou um papel importante na independência da arqueologia bíblica das preocupações confessionais de seus primeiros praticantes, afirma corajosamente que as descobertas arqueológicas podem servir como guias morais. Além de seu valor para iluminar o mundo bíblico em geral e o antigo Israel em particular, argumenta William G. Dever, a arqueologia pode ajudar os leitores modernos a “encontrar coisas em que ainda podem acreditar ao ler a Bíblia – coisas pelas quais não precisam oferecer desculpas” (p. 144).

Em vez de relatar o fracasso da arqueologia em revelar a verdade bíblica, como o título sugere de maneira divertida, William G. Dever valoriza o perfil da arqueologia na interpretação bíblica e na crença religiosa. Neste volume conciso e claramente escrito, William G. Dever tem o cuidado de não afirmar que a Bíblia Hebraica é uma base essencial para os valores morais, mas também argumenta que continua a ser a principal fonte de autoridade para a maioria no mundo ocidental. A meu ver, se não devemos rejeitar a Bíblia por completo como fonte de lições morais devido aos seus muitos elementos problemáticos (genocídio, misoginia, racismo, homofobia etc.), devemos lê-la criticamente com novos olhos usando o conhecimento desenterrado por arqueólogos da geração recente.

William G. Dever (nascido em 27 de novembro de 1933 em Louisville, Kentucky)Dever ilustra ao longo do livro como as descobertas arqueológicas oferecem um retrato mais autêntico do antigo Israel em toda a sua complexidade e diversidade, lançando luz sobre a vida cotidiana dos não-elites, que compunham 99% de sua população – dando voz àqueles “que dormem na terra poeirenta” (Dn 12,2). As descobertas arqueológicas, argumenta William G. Dever, revolucionaram nossa compreensão da Bíblia, embora não da maneira que Albright e outros imaginaram um século atrás. Os leitores podem determinar por si mesmos se esse novo entendimento enriquece suas vidas espirituais, oferecendo respostas a perguntas que os primeiros arqueólogos bíblicos nem pensariam em fazer.

Jennie Ebeling é Professora Associada de Arqueologia na Universidade de Evansville. Sua pesquisa se concentra em tecnologias alimentares antigas e mulheres em Canaã e no antigo Israel. Ela codirigiu a Expedição Jezreel.

 

Fifty years since the death of William F. Albright, the “father” of American biblical archaeology, the aims of archaeological research in Israel and the surrounding areas have changed almost beyond recognition. This is due less to the many technological developments in field archaeology, I would argue, and more to the fact that very few professional archaeologists working in Israel, Jordan, and elsewhere today claim to dig with the Bible in one hand and a spade in the other. Albright and his contemporaries—most of them Protestant biblical scholars and ordained ministers—believed that the primary (if not sole) value of archaeological work in the Holy Land was to provide physical confirmation of biblical events and people. Twenty-first century archaeologists, however, engage with a broad range of historical and anthropological questions in a similar way to their colleagues working in other parts of the world, where the historicity of the Bible doesn’t enter the equation.

As many scholars have noted, Albrightian-style biblical archaeology began to fade away in the second half of the 20th century, as its practitioners adopted the standards of professional archaeologists in North America and Europe. In addition, many came to realize that archaeology had failed to offer evidence for the historicity of certain pivotal biblical events that Albright and his contemporaries had said it would: the migration of Abraham and Sarah from Mesopotamia to Canaan, the giving of the law and covenant to Moses at Mt. Sinai, the Exodus and Israelite conquest of Canaan, the establishment of divine kingship in Israel, and the unique and divinely ordained development of ancient Israel’s religion and culture. Since faith (for some) was dependent upon whether or not these events had actually occurred, archaeology’s inability to provide physical proof of these events led to disillusionment. How, many wondered, could archaeology inform on theological questions given its failure to shed light on these central events?

Meanwhile, the public remains keenly interested in how archaeology can inform on the world of the Bible. Archaeologists leverage this specialized interest to raise financial support and awareness while also distancing themselves from the narrow kind of biblical archaeology practiced a century ago. And although some American archaeologists working in the region might find their personal beliefs supported by their research, few would likely admit to digging with the explicit goal of revealing moral lessons and truths by which to live in the 21st century. This is what makes William G. Dever’s recent book Has Archaeology Buried the Bible? so surprising.

In this book, the prolific and outspoken archaeologist who played an important role in orienting biblical archaeology away from the concerns of its early parochialJennie R. Ebeling practitioners boldly asserts that archaeological discoveries can serve as moral guides. In addition to its value for illuminating the biblical world in general and ancient Israel in particular, Dever argues, archaeology can help modern readers “find things that they can still believe in reading the Bible—things for which they need to offer no apologies” (p. 144).

Rather than recount archaeology’s failure to reveal biblical truth as the title playfully suggests, Dever elevates archaeology’s profile in biblical interpretation and religious belief. In this concise and clearly written volume, Dever is careful not to claim that the Hebrew Bible is an essential basis for moral values, but he also argues that it remains the primary source of authority for most in the Western world. In my view, if we are not to reject the Bible altogether as a source of moral lessons due to its many problematic elements (genocide, misogyny, racism, homophobia, etc.), then we must read it critically with new eyes using knowledge unearthed by archaeologists of the recent generation.

Dever illustrates throughout the book how archaeological discoveries offer a more authentic portrait of ancient Israel in all its complexity and diversity by shedding light on the everyday lives of the non-elites, who comprised 99 percent of its population—giving voice to those “who sleep in the dust” (Daniel 12:2). Archaeological discoveries, Dever argues, have brought about a revolution in our understanding of the Bible, although not in the way that Albright and others envisioned a century ago. Readers can determine for themselves if this new understanding enriches their spiritual lives by offering answers to questions that early biblical archaeologists would not have even thought to ask.

Jennie Ebeling is Associate Professor of Archaeology at the University of Evansville. Her research focuses on ancient food technologies and women in Canaan and ancient Israel. She co-directed the Jezreel Expedition.

Queda de corpo celeste teria inspirado a história de Sodoma?

Há uma proposta, que já circula por aí de uns anos para cá, que diz que a narrativa bíblica de Gn 19, a destruição de Sodoma, seria inspirada em um evento cósmico que teria atingido a região por volta de 1650 a.C.

Isto tem algum fundamento científico ou é só mais uma daquelas empreitadas apologéticas para mostrar que a Bíblia tinha razão?

Pode ser, pode não ser…

Dizem por exemplo:

Localização de Tall el-Hammam. Foto: Scientific Reports - setembro de 2021É possível que uma descrição oral da destruição da cidade de Tall el-Hammam, a noroeste do Mar Morto, tenha sido transmitida por gerações até que fosse registrada como a história bíblica de Sodoma. A Bíblia descreve a devastação de um centro urbano perto do Mar Morto — pedras e fogo caíram do céu, mais de uma cidade foi destruída, fumaça densa subiu dos incêndios e os habitantes da cidade foram mortos (Gn 19).

Leia sobre isso um texto publicado em inglês em The Conversation e traduzido para o português pela Revista Galileu em 20 de setembro de 2021.

Leia também um texto mais documentado publicado em Scientific Reports em 20 de setembro de 2021.

Leia sobre o arqueólogo Steven Collins que dirige as escavações de Tall el-Hammam e defende esta proposta.

Para ver a posição de arqueólogos que discordam desta proposta, leia, por exemplo, Arguments Against Locating Sodom at Tall al-Hammam – By Todd Bolen: BiblePlaces – February 26, 2013.

Outras críticas podem ser lidas em Criticism engulfs paper claiming an asteroid destroyed Biblical Sodom and Gomorrah – By Adam Marcus: Retraction Watch – October 1, 2021.

 

Cidade destruída por asteroide teria inspirado história bíblica de Sodoma – Revista Galileu: Christopher R. Moore | The Conversation – 20 Set 2021

Equipe multidisciplinar de cientistas encontrou evidências do impacto de uma rocha espacial ocorrido há 3,6 mil anos na atual região de Tall el-Hammam, na Jordânia

Enquanto os habitantes de uma antiga cidade do Oriente Médio (agora chamada Tall el-Hammam) realizavam suas tarefas diárias há cerca de 3,6 mil anos, eles não tinham ideia de que uma rocha espacial gelada e despercebida estava vindo em sua direção a cerca de 61 mil quilômetros por hora.

Passando pela atmosfera, a rocha explodiu em uma enorme bola de fogo a cerca de 4 quilômetros acima do solo. A explosão foi cerca de mil vezes mais poderosa do que a bomba atômica de Hiroshima. Chocados, os moradores da cidade que olharam para ela ficaram cegos instantaneamente. A temperatura atmosférica subiu rapidamente acima dos 2 mil graus Celsius. Roupas e madeiras imediatamente arderam em chamas. Espadas, lanças, tijolos de barro e cerâmica começaram a derreter. Quase imediatamente, a cidade inteira estava em brasas.

Alguns segundos depois, uma enorme onda de choque atingiu a cidade. Movendo-se a cerca de 1,2 mil quilômetros por hora, foi mais poderosa do que o pior tornado já registrado. Os ventos mortais varreram a cidade, demolindo todos os prédios. Eles arrancaram os 12 metros superiores de um palácio de quatro andares e jogaram os destroços no vale ao lado. Nenhuma das 8 mil pessoas ou quaisquer animais dentro da cidade sobreviveram — seus corpos foram despedaçados e seus ossos explodiram em pequenos fragmentos.

Cerca de um minuto depois, a 22 quilômetros a oeste de Tall el-Hammam, os ventos da explosão atingiram a cidade bíblica de Jericó. As muralhas de Jericó desabaram e a cidade foi destruída pelo fogo.

Tudo soa como o clímax de um filme desastroso de Hollywood. Como sabemos que tudo isso realmente aconteceu perto do Mar Morto, na Jordânia, milênios atrás?

Obter respostas exigiu quase 15 anos de escavações meticulosas realizadas por centenas de pessoas. Também envolveu análises detalhadas de materiais escavados por mais de duas dúzias de cientistas em 10 estados norte-americanos, no Canadá e na República Tcheca.

Recentemente, nosso grupo finalmente publicou as evidências na revista Scientific Reports. Entre os 21 coautores, estão incluídos arqueólogos, geólogos, geoquímicos, geomorfologistas, mineralogistas, paleobotânicos, sedimentologistas, especialistas em impacto cósmico e médicos.

Foi assim que construímos essa imagem de devastação no passado.

 

Tempestade de fogo em toda a cidade

Anos atrás, quando os arqueólogos examinaram as escavações da cidade em ruínas, eles puderam ver uma camada escura com cerca de 1,5 m de espessura misturada com carvão, cinzas, tijolos e cerâmica derretida. Era óbvio que uma tempestade de fogo intensa havia destruído esta cidade há muito tempo. Essa faixa escura passou a ser chamada de camada de destruição.

Ninguém tinha certeza do que havia acontecido, mas essa camada não foi causada por um vulcão, terremoto ou guerra. Nenhuma dessas alternativas é capaz de derreter metal, tijolos de barro e cerâmica.

Para descobrir o que poderia ter acontecido, nosso grupo usou a Calculadora de Impacto Online para modelar cenários que se encaixam nas evidências. Construída por especialistas em impacto, esta calculadora permite aos pesquisadores estimar os muitos detalhes de um evento de impacto cósmico, com base em fenômenos conhecidos e detonações nucleares.

Parece que o culpado em Tall el-Hammam foi um pequeno asteroide semelhante ao que derrubou 80 milhões de árvores em Tunguska, na Rússia, em 1908. Teria sido uma versão muito menor da rocha gigante com quilômetros de largura que levou os dinossauros à extinção há 65 milhões de anos.

Tínhamos um provável culpado. Agora, precisávamos de uma prova do que aconteceu naquele dia em Tall el-Hammam (continua).

Leia o texto completo.

 

A giant space rock demolished an ancient Middle Eastern city and everyone in it – possibly inspiring the Biblical story of Sodom – Christopher R. Moore | The Conversation – September 20, 2021

As the inhabitants of an ancient Middle Eastern city now called Tall el-Hammam went about their daily business one day about 3,600 years ago, they had no idea an unseen icy space rock was speeding toward them at about 38,000 mph (61,000 kph).

Flashing through the atmosphere, the rock exploded in a massive fireball about 2.5 miles (4 kilometers) above the ground. The blast was around 1,000 times more powerful than the Hiroshima atomic bomb. The shocked city dwellers who stared at it were blinded instantly. Air temperatures rapidly rose above 3,600 degrees Fahrenheit (2,000 degrees Celsius). Clothing and wood immediately burst into flames. Swords, spears, mudbricks and pottery began to melt. Almost immediately, the entire city was on fire.

Some seconds later, a massive shockwave smashed into the city. Moving at about 740 mph (1,200 kph), it was more powerful than the worst tornado ever recorded. The deadly winds ripped through the city, demolishing every building. They sheared off the top 40 feet (12 m) of the 4-story palace and blew the jumbled debris into the next valley. None of the 8,000 people or any animals within the city survived – their bodies were torn apart and their bones blasted into small fragments.

About a minute later, 14 miles (22 km) to the west of Tall el-Hammam, winds from the blast hit the biblical city of Jericho. Jericho’s walls came tumbling down and the city burned to the ground.

It all sounds like the climax of an edge-of-your-seat Hollywood disaster movie. How do we know that all of this actually happened near the Dead Sea in Jordan millennia ago?

Getting answers required nearly 15 years of painstaking excavations by hundreds of people. It also involved detailed analyses of excavated material by more than two dozen scientists in 10 states in the U.S., as well as Canada and the Czech Republic. When our group finally published the evidence recently in the journal Scientific Reports, the 21 co-authors included archaeologists, geologists, geochemists, geomorphologists, mineralogists, paleobotanists, sedimentologists, cosmic-impact experts and medical doctors.

Here’s how we built up this picture of devastation in the past.

Firestorm throughout the city

Years ago, when archaeologists looked out over excavations of the ruined city, they could see a dark, roughly 5-foot-thick (1.5 m) jumbled layer of charcoal, ash, melted mudbricks and melted pottery. It was obvious that an intense firestorm had destroyed this city long ago. This dark band came to be called the destruction layer.

No one was exactly sure what had happened, but that layer wasn’t caused by a volcano, earthquake or warfare. None of them are capable of melting metal, mudbricks and pottery.

To figure out what could, our group used the Online Impact Calculator to model scenarios that fit the evidence. Built by impact experts, this calculator allows researchers to estimate the many details of a cosmic impact event, based on known impact events and nuclear detonations.

It appears that the culprit at Tall el-Hammam was a small asteroid similar to the one that knocked down 80 million trees in Tunguska, Russia in 1908. It would have been a much smaller version of the giant miles-wide rock that pushed the dinosaurs into extinction 65 million ago.

We had a likely culprit. Now we needed proof of what happened that day at Tall el-Hammam…

 

Bunch, T.E., LeCompte, M.A., Adedeji, A.V. et al. A Tunguska sized airburst destroyed Tall el-Hammam a Middle Bronze Age city in the Jordan Valley near the Dead Sea. Sci Rep 11, 18632 (2021)

Abstract

We present evidence that in ~ 1650 BCE (~ 3600 years ago), a cosmic airburst destroyed Tall el-Hammam, a Middle-Bronze-Age city in the southern Jordan Valley northeast of the Dead Sea. The proposed airburst was larger than the 1908 explosion over Tunguska, Russia, where a ~ 50-m-wide bolide detonated with ~ 1000× more energy than the Hiroshima atomic bomb. A city-wide ~ 1.5-m-thick carbon-and-ash-rich destruction layer contains peak concentrations of shocked quartz (~ 5–10 GPa); melted pottery and mudbricks; diamond-like carbon; soot; Fe- and Si-rich spherules; CaCO3 spherules from melted plaster; and melted platinum, iridium, nickel, gold, silver, zircon, chromite, and quartz. Heating experiments indicate temperatures exceeded 2000 °C. Amid city-side devastation, the airburst demolished 12+ m of the 4-to-5-story palace complex and the massive 4-m-thick mudbrick rampart, while causing extreme disarticulation and skeletal fragmentation in nearby humans. An airburst-related influx of salt (~ 4 wt.%) produced hypersalinity, inhibited agriculture, and caused a ~ 300–600-year-long abandonment of ~ 120 regional settlements within a > 25-km radius. Tall el-Hammam may be the second oldest city/town destroyed by a cosmic airburst/impact, after Abu Hureyra, Syria, and possibly the earliest site with an oral tradition that was written down (Genesis). Tunguska-scale airbursts can devastate entire cities/regions and thus, pose a severe modern-day hazard.

Conversas sobre arqueologia e história com Israel Finkelstein

Conversas sobre arqueologia e história do antigo Israel com Israel Finkelstein. 24 vídeos – 2021Matthew J. Adams e Israel Finkelstein - 2021

Israel Finkelstein é uma figura importante na arqueologia e na história do antigo Israel. Com mais de 40 anos de trabalho e pesquisa, ele ajudou a mudar a maneira como a arqueologia é conduzida, a Bíblia é interpretada e a história de Israel é reconstruída. Matthew J. Adams, Diretor do Instituto W. F. Albright de Pesquisa Arqueológica em Jerusalém, sentou-se com Israel Finkelstein em várias sessões para falar sobre como uma vida inteira de trabalho informou a história do antigo Israel. Essas conversas se tornaram a série Conversas sobre arqueologia e história do antigo Israel com Israel Finkelstein.

Legendas com tradução automática em português.

 

Conversations in the Archaeology and History of Ancient Israel with Israel Finkelstein. 24 Videos in 2021.

Israel Finkelstein is a leading figure in the archaeology and history of Ancient Israel. Over 40 years of work and research, he has helped to change the way archaeology is conducted, the bible is interpreted, and the history of Israel is reconstructed. Matthew J. Adams, Director of the W.F. Albright Institute of Archaeological Research in Jerusalem, sat down with Israel over several sessions to talk about how a lifetime of work has informed the story of Ancient Israel. These conversations became the series Conversations in the Archaeology and History of Ancient Israel with Israel Finkelstein. Conversations in the Archaeology and History of Ancient Israel with Israel Finkelstein is made possible with a grant from the Shmunis Family Foundation.

Repensando Israel e Judá com Israel Finkelstein

Curso de Extensão abordou implicações da arqueologia nos estudos bíblicos

O Grupo de Pesquisa “Arqueologia do Antigo Oriente Próximo”, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, recebeu nos dias 16 a 17 de maio de 2019 o arqueólogo Dr. Israel Finkelstein, professor da Universidade de Tel Aviv, de Israel.

Finkelstein trabalhou o tema Repensando Israel e Judá: implicações arqueológicas aos estudos bíblicos. O curso contou com 141 inscritos de todas as regiões do país e teve apoio da Faculdade de Teologia e da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB). Foram três dias de intensas atividades com as seguintes temáticas:

Dia 15, manhã: Meguido e Israel Norte
Dia 16, manhã: Kiriath-Jearim e Jeoboão II
Dia 16, tarde: Mesa redonda dos grupos de pesquisa da PUC-GO; PUC-PR e UMESP
Dia 16, noite: Conferência: As terras altas do Neguev e regiões circunvizinhas durante o Ferro I
Dia 17, manhã: A realidade hasmoneia por trás dos livros de Esdras, Neemias e Crônicas.

Confira os vídeos. Palestras em inglês, com tradução em português.

 

Revisitando o legado de Layard

Livro disponível para download gratuito. Em inglês.

ERMIDORO, S. ; RIVA, C. (eds.) Rethinking Layard 1817-2017. Istituto Veneto di Scienze, Lettere ed Arti: Venezia, 2020, 228 p. – ISBN 9788892990005.

Atti del convegno promosso dall’istituto Veneto di Scienze, Lettere ed Arti e Università Ca’ Foscari Venezia, Dipartimento di Studi Umanistici (Venezia, 5-6 marzo 2018).

Austen Henry Layard: 1817-1894

Repensando Layard 1817-2017 marcou o bicentenário do nascimento do famoso arqueólogo e diplomata Austen Henry Layard (1817-1894). O volume reúne contribuições para a conferência internacional de dois dias, que foi organizada por Stefania Ermidoro e Cecilia Riva, com o apoio do Istituto Veneto di Scienze, Lettere e Arti e Scuola Dottorale na Storia delle Arti da Universidade Ca ’Foscari.

Usando uma abordagem interdisciplinar, os ensaios coletados neste volume pretendem expandir e cruzar novos materiais não publicados sobre Layard e suas atividades, realizações e legado de longo prazo em Londres e Veneza do século XIX. Uma atenção particular é dada à contribuição de Layard para a arte, arqueologia, política e diplomacia.

 

This volume contains the papers presented at the Conference Rethinking Layard 1817-2017 and is promoted by Istituto Veneto di Scienze, Lettere ed Arti and by Università Ca’ Foscari Venezia, Dipartimento di Studi Umanistici (Venice, 5-6 March 2018).

Rethinking Layard 1817-2017 marked the bicentenary of the birth of the famous archaeologist and diplomat Austen Henry Layard (1817-1894). The volume brings together contributions to the international two-day conference, which was organised by Stefania Ermidoro and Cecilia Riva, with the support of the Istituto Veneto di Scienze, Lettere e Arti and Scuola Dottorale in Storia delle Arti of Ca’ Foscari University. Using an interdisciplinary approach, the essays collected in this volume intend to expand and cross-relate new, unpublished materials about Layard and his activities, achievements, and long-term legacy in nineteenth-century London and Venice. Particular attention is placed upon Layard’s contribution to art, archaeology, politics, and diplomacy.

Contents

Andrew R. George, Layard of Nineveh and the Tablets of Nineveh

Silvia Alaura, Austen Henry Layard and Archibald Henry Sayce: an Anatolian Perspective

John Curtis, Layard’s Relationship with F.C. Cooper and His Other Artists

Georgina Herrmann, Austen Henry Layard, Nimrud and His Ivories

Stefania Ermidoro, A Family Treasure: the Layard Collection at Newcastle University

Henrike Rost, New Perspectives on a Supranational Elite in Venice: Lady Layard’s Musical Activities and Her Autograph Book (1881-1912)

Jonathan P. Parry, Henry Layard and the British Parliament: Outsider and Expert

Maria Stella Florio, Rawdon Brown and Henry Layard in Venice

Frederick Mario Fales, Layard, Saleh, and Miner Kellogg: Three Worlds in a Single Painting

Cecilia Riva, Austen Henry Layard and His Unruly Passion for Art

 

Um trecho do Prefácio:

Uma primeira série de artigos enfatiza o papel de Layard como pioneiro e defensor dos estudos arqueológicos e revive seu legado. Layard não apenas estabeleceu as bases da assiriologia, como Andrew George argumenta, mas também contribuiu para a arqueologia pré-clássica da Anatólia, como Silvia Alaura descreve em seu ensaio sobre a troca de experiência entre Layard e Archibald Henry Sayce.

John Curtis aborda a relação de Layard com os artistas que o acompanharam nas escavações em Nimrud e Nínive, cujas ilustrações contribuíram para uma contextualização mais precisa das descobertas de Layard, bem como para uma melhor compreensão da arte assíria entre os estudiosos e o público. Mario F. Fales explica como as descobertas assírias chegaram à América, analisando o retrato orientalista idealizado que Miner K. Kellogg pintou de Layard. Partindo da função dessas representações visuais da Assíria e do Oriente em geral, Georgina Herrmann oferece um exame detalhado de alguns dos marfins siro-fenícios e egípcios descobertos por Layard, mantidos no Museu Britânico.

Depois de mergulhar no arquivo da família de Layard, que foi recentemente depositado na Biblioteca Philip Robinson da Universidade de Newcastle, Stefania Ermidoro apresenta Layard de uma perspectiva nova e mais íntima. Sendo um repositório de memórias pessoais e materiais de trabalho, o arquivo fornece um ponto de acesso aos variados interesses e atividades de Layard, bem como aos de sua esposa, Lady Enid Layard, nascida Guest. Henrike Rost dirige sua atenção para o álbum de autógrafos de Lady Layard e as noites musicais organizadas no Ca ‘Cappello Layard, que oferece uma visão fascinante do círculo social do casal. Entre as atividades que os Layards desenvolveram em Veneza estava o investimento na fabricação de vidro de Murano, que Rosa Barovier Mentasti descreveu na conferência; sua apresentação pode ser vista no canal do Istituto Veneto no Youtube.

O contexto veneziano de meados do século XIX em diante é explorado por Maria Stella Florio. Ela desvia o olhar dos Layards para apresentar outro ilustre anglo-veneziano, embora da geração anterior, Rawdon Brown. A comparação entre essas duas personalidades e sua abordagem de Veneza e suas instituições é complementada pelo ensaio de Cecilia Riva, no qual a atividade de coleta e os relacionamentos de Layard são explorados. Ela se concentra principalmente no corpo diplomático britânico em Veneza e seu papel no mercado de arte. Na verdade, a ambição de toda a vida de Layard, desde sua primeira viagem a Constantinopla, era ser um diplomata de alto escalão, um status que ele parcialmente conquistou. Johnathan Parry destaca como suas ambições diplomáticas também guiaram sua carreira parlamentar, enquanto lançava uma nova luz sobre um dos aspectos menos conhecidos da vida de Layard.

A variedade e amplitude dos ensaios, bem como seu conteúdo inter-relacionado, contribuem para uma imagem rica e complexa de Layard. Rethinking Layard 1817-2017 chamou a atenção para o envolvimento de Layard nas muitas instituições públicas das quais ele participou, tanto em Londres quanto em Veneza. Em particular, os colaboradores lançaram luz sobre as atividades de Layard como colecionador e colaborador de vários museus e coleções particulares. Finalmente, o legado contínuo de Layard atrai muita atenção, especialmente nos campos da arqueologia, questões do mercado de arte, estudos de vidro e história da política.

 

A first series of papers stresses the role Layard played as a pioneer and supporter of archaeological studies and revives his legacy. Not only did Layard establish the foundations of Assyriology, as Andrew George argues, but he also contributed to the pre-classical archaeology of Anatolia, as Silvia Alaura outlines in her essay on the exchange of expertise between Layard and Archibald Henry Sayce.

John Curtis addresses Layard’s relationship with the artists who accompanied him on the excavations in Nimrud and Nineveh, whose illustrations contributed to a more precise contextualization of Layard’s discoveries, as well as to a better understanding of Assyrian art among scholars and the public. Mario F. Fales explains how Assyrian discoveries reached America, by analysing the idealised Orientalist portrait Miner K. Kellogg painted of Layard. Drawing back from the function of these visual representations of Assyria and the Orient in general, Georgina Herrmann offers a close examination of some of the Syro-Phoenician and Egyptianizing ivories discovered by Layard, kept at the British Museum.

Having delved into the Layard’s family archive that was recently deposited to the Philip Robinson Library at Newcastle University, Stefania Ermidoro presents Layard from a new and more intimate perspective. Being a repository of personal memories and working materials, the archive furnishes a point of access to Layard’s varied interests and activities, as well as to those of his wife, Lady Enid Layard, née Guest. Henrike Rost directs her attention to Lady Layard’s autograph album and the musical evenings organised at Ca’ Cappello Layard, which gives a fascinating insight into the couple’s social circle. Among the activities the Layards pursued in Venice was their investment in Murano glass-making, which Rosa Barovier Mentasti described at the conference; her presentation can be seen on the Istituto Veneto’s Youtube channel.

The Venetian context of the mid-nineteenth century onwards is explored by Maria Stella Florio. She shifts the emphasis away from the Layards by introducing another illustrious Anglo-Venetian, albeit of the previous generation, Rawdon Brown. The comparison between these two personalities and their approach to Venice and its institutions is complemented by Cecilia Riva’s essay, in which Layard’s collecting activity and networks are explored. She focuses particularly on the British diplomatic corps in Venice and its role in the art market. Indeed, Layard’s lifelong ambition since his first journey to Constantinople was to be a diplomat of the top rank, a status he partly achieved. Johnathan Parry points out how his diplomatic ambitions also guided his parliamentary career, while shedding new light on one of the least-known aspects of Layard’s life.

The sheer variety and breadth of the essays, as well as their cross-relation in content, contribute to a rich and complex picture of Layard. Rethinking Layard 1817-2017 drew attention to Layard’s involvement in the many public institutions in which he took part, both in London and in Venice. In particular, the contributors shed light on Layard’s activities as a collector and contributor to various museums and private collections. Finally, Layard’s ongoing legacy elicits much attention, especially in the fields of archaeology, art market issues, glass studies, and history of politics.

Ugarit e Baal

Ugarit (Ras Shamra), na região siro-fenícia, é importante para o estudioso de Bíblia por causa de sua grande literatura, relacionada com a literatura bíblica e sua língua, parente da hebraica. As escavações aí realizadas enriqueceram muito os estudos bíblicos nos últimos tempos.

Ugarit, na região siro-feníciaAssim se deu sua descoberta: em março de 1928, um lavrador alauita, arando sua propriedade a cerca de 12 km ao norte de Latakia, antiga Laodicea ad mare, remove uma pedra na qual seu arado bate e encontra os restos de uma tumba antiga. Colocado a par da descoberta, o Serviço de Antiguidades da Síria e do Líbano, na época sob mandato francês, encarrega um especialista, M. L. Albanese, que imediatamente notifica a presença de uma necrópole e identifica a tumba como sendo do tipo micênico, datável aí pelos séculos XIII ou XII a.C.

Uma necrópole supõe a existência de uma cidade. Por isso, Albanese e Dussaud prestaram atenção à colina vizinha, chamada Ras Shamra, de uns 20 metros de altitude, que tinha toda a aparência de ser um tell arqueológico, ou seja, um acúmulo de ruínas antigas, e que podia corresponder à cidade procurada.

Um ano mais tarde, no dia 2 de abril de 1929, sob o comando de Claude F. A. Schaeffer, começaram as escavações, primeiro da necrópole, e logo em seguida, no dia 8 de maio, no tell, que tem um extensão de uns 25 hectares e se encontra a cerca de 800 metros da costa. Ao norte se vê o Jebel Aqra’, “monte pelado”, ou Monte Zafon (o monte Casius, dos romanos) que separa a região dos alauitas do vale e da desembocadura do rio Orontes.

Poucos dias mais tarde, foram feitas as primeiras descobertas: tabuinhas de argila escritas em caracteres cuneiformes, objetos de bronze e de pedra.

A identificação do nome do local não foi difícil, pois os textos descobertos sugeriram imediatamente que se tratava de Ugarit (ú-ga-ri-it), já conhecida por referências da literatura egípcia e mesopotâmica, sobretudo pelas Cartas de Tell el-Amarna, onde se encontram algumas provenientes da própria Ugarit. Entre os textos encontrados aparece o nome da cidade.

Os textos foram encontrados todos no primeiro nível arqueológico (1500-1100 a.C.) , pertencendo, portanto, à última fase da cidade, que foi destruída pelos “povos do mar“. Os textos estavam principalmente na “Biblioteca” anexada ao templo de Baal e no “Palácio Real” ou “Grande Palácio”, que possuía diversas dependências para arquivos.

As tabuinhas estão redigidas em sete sistemas diferentes de escrita, correspondente a sete línguas diferentes: em hieróglifos egípcios, em hitita hieroglífico e cuneiforme, em acádico, em hurrita, em micênico linear e cipriota e em ugarítico. Os textos que nos interessam estão em ugarítico, um sistema cuneiforme alfabético, que foi decifrado em poucos meses por H. Bauer, E. Dhorme e Ch. Virolleaud. Nesta língua, que é uma forma do cananeu, foram encontrados cerca de 1300 textos.

Para nós é muito importante o Ciclo de Baal (ou Ba’lu). As tabuinhas do Ciclo de Baal foram encontradas todas nas campanhas arqueológicas de 1930, 1931 e 1933 e estão hoje no Museu do Louvre, Paris, e no Museu de Aleppo, na Síria.

São seis tabuinhas que trazem um ciclo mitológico composto de três mitos ou composições autônomas que giram cada uma em torno de um mitema particular: Luta entre Ba’lu e Yammu (1.1-2), O palácio de Ba’lu (1,3-4) e a Luta entre Ba’lu e Môtu (1.5-6).

E o mais interessante no Ciclo de Baal é que as seis tabuinhas têm a mesma “caligrafia”, ou seja, foram escritas pelo mesmo escriba que se identifica como Ilimilku em 1.6 e 1.16, junto com o nome do Sumo Sacerdote, Attanu-Purlianni, para quem trabalhou e que deve ter ditado o texto, e a quem deveremos considerar como o autor, redator ou, quem sabe, apenas o transmissor desta versão tradicional do mito de Baal e o nome do rei, Niqmaddu, que governou Ugarit de 1370 a 1335 a.C.

Baal é um jovem deus, filho de El, que é o pai de todos os deuses do panteão ugarítico, mas também é conhecido como filho de Dagan. Baal significa “senhor”. É chamado igualmente de Hadad ou Haddu e considerado como “Cavalgador das Nuvens”, “Príncipe”, “Senhor da Terra”, “Poderoso”, “Soberano”.

Diz o mito da Luta entre Baal e Môt que Môt (deus da morte e da esterilidade) se sente prejudicado pela vitória de Baal (deus da chuva e da fertilidade) sobre Yam (deus do mar), vitória que afeta seu poder. Baal declara sua submissão e é intimado por Môt a descer por sua goela, sendo, assim, morto. É que no mundo subterrâneo de Môt ninguém é capaz de resistir ao seu poder.

El, o pai de Baal, lamenta profundamente a morte do “Senhor da Terra”:

“Chegamos junto de Baal, ele estava caído por terra. Baal de Ugarit - Museu do Louvre, Paris
Baal, o muito Poderoso, estava morto
o Príncipe, Senhor da Terra, tinha perecido.
Então El, o Misericordioso de grande coração,
desce de seu trono, assenta-se no escabelo
e do escabelo vai assentar-se na terra.
Espalha sobre sua cabeça a cinza do luto,
sobre seu crânio, a poeira da aflição.
cobre seus rins com um saco,
golpeia sua pele com uma pedra,
corta com uma navalha suas duas tranças,
lacera três vezes suas faces e seu queixo (…)
Eleva sua voz e exclama:
‘Baal morreu! Que vai ser do povo?
O filho de Dagan morreu! Que vai ser da multidão?’”

Mas Anat, deusa do amor, da fecundidade e da guerra, companheira de Baal, vai à sua procura, resgata seu corpo e enfrenta Môt, matando-o.

“Os dias passaram
os dias tornaram-se meses;
Anat, a Donzela, o procurou.
Como o coração da vaca por seu bezerro,
como o coração da ovelha por seu cordeiro,
assim batia o coração de Anat por Baal.
Agarrou o divino Môt,
com uma faca o partiu,
com um ancinho o limpou,
no fogo o queimou,
com pedras de moinho o triturou,
no campo o espalhou,
sua carne os pássaros comeram,
seus pedaços as aves devoraram
a carne à carne foi convidada”.

Com a morte de Môt, Baal revive e isto provoca grande alegria:

“Está vivo Baal, o Vitorioso (…)
que os céus chovam azeite
que as torrentes fluam com mel (…)
Alegrou-se El, o Misericordioso de grande coração, apoiou seus pés no escabelo
iluminou-se seu semblante e começou a rir”.

E, finalmente, os campos ressequidos voltam a receber a chuva que os fertiliza, porque Baal, o Senhor da Terra, está vivo.

Os mitos de Ugarit podem ser lidos em DEL OLMO LETE, G. Mitos y leyendas de Canaan según la tradición de Ugarit. Madrid: Institución San Jeronimo/Ediciones Cristiandad, 1981.

Ugarit – Ras Shamra

Série Ras Shamra – Ougarit

Vários volumes estão disponíveis online e para download. Sobre Ugarit (Ras Shamra), confira aqui.

A série Ras Shamra – Ougarit foi iniciada por Marguerite Yon, diretora da Missão Arqueológica Francesa de Ras Shamra de 1978 a 1998. Dezesseis volumes (I a XVI) foram publicados sob sua responsabilidade. A série foi então dirigida por Yves Calvet, diretor francês da Missão Arqueológica Siro-Francesa de Ras Shamra de 1999 a 2008, e desde 2009, por Valérie Matoïan, diretora francesa da missão. A série, que visa entregar documentação inédita à comunidade científica, inclui monografias e trabalhos coletivos. O volume XXVII foi lançado em 2019.

A grande maioria dos textos é escrita em francês. Os resumos em inglês estão associados às contribuições do volume XVII e aos resumos em árabe do volume XXIII.YON M., SZNYCER M. et BORDREUIL P. (éds), 1995, Le pays d’Ougarit autour de 1200 av. J.C., Actes du Colloque International, Paris, 28 juin- 1er juillet 1993, Ras Shamra-Ougarit XI, ERC, Paris.

Desde a sua criação, esta publicação tem recebido apoio constante do Ministério das Relações Exteriores. Desde 1983 e até 2007, a série foi publicada pela Éditions Recherche sur les Civilizations (Paris), de 2008 a 2012 pela Publications de la Maison de l’Orient et de la Méditerranée (Lyon), e desde 2012 pela Éditions Peeters em Lovaina .

O índice é apresentado para cada volume. Os volumes I a XVI também estão disponíveis online e para download. A operação de digitalização desses volumes recebeu o apoio do Ministério das Relações Exteriores e do Departamento de TI da Maison de l’Orient et de la Méditerranée. Para os volumes a seguir, os resumos das contribuições estão disponíveis online.

 

La série Ras Shamra – Ougarit a été initiée par Marguerite Yon, directrice de la Mission archéologique française de Ras Shamra de 1978 à 1998. Seize volumes (I à XVI) sont parus sous sa responsabilité. La direction de la série a ensuite été assurée par Yves Calvet, directeur français de la Mission archéologique syro-française de Ras Shamra de 1999 à 2008, et depuis 2009, par Valérie Matoïan, directrice française de la mission. La série, dont l’objectif est de livrer à la communauté scientifique la documentation inédite, comprend des monographies et des ouvrages collectifs. Le volume XXVII est paru en 2019.

La très grande majorité des textes sont rédigés en langue française. Des résumés en langue anglaise sont associés aux contributions depuis le volume XVII et des résumés en langue arabe depuis le volume XXIII.
Depuis sa création, cette publication reçoit un soutien constant du Ministère des Affaires étrangères. Depuis 1983 et jusqu’en 2007, la série est parue aux Éditions Recherche sur les Civilisations (Paris), de 2008 à 2012 aux Publications de la Maison de l’Orient et de la Méditerranée (Lyon), et depuis 2012 aux Éditions Peeters à Leuven.

La table des matières est présentée pour chaque volume. Les volumes I à XVI sont de plus consultables en ligne et téléchargeables. L’opération de numérisation de ces volumes a reçu le soutien du Ministère des Affaires étrangères et du Service informatique de la Maison de l’Orient et de la Méditerranée. Pour les volumes suivants, les résumés des contributions sont consultables en ligne.

A escavação arqueológica da cidade de Babilônia

Reproduzo aqui alguns trechos do livro de THELLE, R. Discovering Babylon. Abingdon: Routledge, 2019, p. 77-83.

Li o capítulo V do livro e gostei bastante do relato sobre a descoberta arqueológica da antiga Mesopotâmia.

Estes trechos traduzidos são deste capítulo e contam a história da escavação da cidade de Babilônia por Robert Koldewey, de 1899 a 2017.

As notas de rodapé (números 14-32) foram omitidas. O original inglês vem logo após a tradução em português.

 

A cidade de Babilônia

Em 1887 um arquiteto alemão chamado Robert Koldewey viajou para a Babilônia junto com o arabista Bruno Moritz e H.F. Ludwig Meyer, um comerciante. Koldewey jáTHELLE, R. Discovering Babylon. Abingdon: Routledge, 2019 havia participado como arquiteto na escavação americana de Assos na costa oeste da Turquia (1882-1883) e em 1885-1886 escavou na ilha de Lesbos em nome do Instituto Imperial Alemão de Arqueologia. Na viagem pelo sul do Iraque, Moritz e Koldewey realizaram escavações experimentais em Surghul e El-Hibba (Lagash), mas Koldewey não ficou impressionado. Muitos anos depois, ele comentou que se alguém lhe tivesse dito em 1887 que 20 anos depois ele escavaria a cidade de Babilônia, ele teria pensado que eles eram loucos.

Dez anos depois, após ter concluído vários outros projetos, Koldewey foi convidado a participar de uma pré-expedição à Mesopotâmia em busca de locais apropriados para as escavações alemãs. Nesta viagem, ele foi acompanhado pelo orientalista Eduard Sachau. Durante um período de seis meses, eles cobriram a área da Índia no leste ao Egito no oeste, de Aden no sul até Khorsabad e Aleppo no norte. No local da antiga Babilônia, eles encontraram vários fragmentos de tijolos vitrificados coloridos. Além de ser um linguista de línguas semíticas, Sachau era um especialista no estudioso muçulmano Al-Biruni, que viveu no século XI no atual Afeganistão e na Índia. Quando Sachau e Koldewey apresentaram suas descobertas perante a comissão em Berlim, Babilônia foi escolhida como o local para escavar, e Koldewey foi contratado para dirigir a escavação.

Chegam os alemães: escavando Babilônia

No final, foram os fragmentos de tijolos vitrificados coloridos que os franceses também descreveram quase 50 anos antes que convenceram as autoridades alemãs de que Babilônia merecia se tornar o foco de um grande projeto. Esta foi a primeira escavação em grande escala da Alemanha na Mesopotâmia. Em comparação com a Inglaterra e a França, os exploradores alemães procuravam objetos para seus museus nacionais no Oriente Médio há pouco tempo. Embora eles tivessem começado a explorar o Egito, a Grécia e algumas partes da Turquia, como Troia e até a Palestina em 1899, eles não o haviam feito na Mesopotâmia.

Desde a primeira época de descobertas em Nínive entre 1842 e 1852, grandes mudanças também aconteceram na Europa no cenário político. A Alemanha foi unificada como nação em 1871, após a guerra franco-prussiana. No início, a Alemanha, sob o chanceler Bismarck, optou por uma política externa bastante moderada que mantinha o equilíbrio de poder na Europa. Mas com o imperador Wilhelm II, uma nova época começou. Wilhelm II substituiu Bismarck por outro chanceler dois anos após sua ascensão ao trono imperial em 1888, e começou um período caracterizado por uma política externa cada vez mais ampliada que ele chamou de Weltpolitik. A Alemanha desenvolveu fortes laços com o Império Otomano, o que os ajudou a garantir boas condições para as escavações. A construção da ferrovia Berlim-Bagdá é um exemplo das grandes ambições do Império Alemão na Ásia Ocidental, o que acabou prejudicando seu relacionamento com a Rússia, França e Inglaterra.

 Robert Koldewey: 1855-1925Quando a escavação de Babilônia começou em 1899, os métodos arqueológicos já eram muito mais desenvolvidos e refinados do que quando Botta e Layard cavaram túneis para obter esculturas de pedra 50 anos antes. Além disso, em comparação com as escavações de Nippur e Lagash (Girshu-Telloh), a expedição alemã foi muito mais cuidadosa e sistemática. De muitas maneiras, a escavação da Babilônia estabeleceu o padrão para a metodologia arqueológica moderna. Além disso, como Koldewey era arquiteto, ele dirigiu a escavação sabendo como era importante obter uma visão geral da extensão dos edifícios e documentar o plano da cidade. Os métodos empregados na escavação da Babilônia passaram a servir de modelo para a metodologia de escavação nas ruínas desta área. O termo tell é usado para falar dessas elevações no Oriente Médio. Vem do hebraico e refere-se a uma colina artificial que é o resultado de séculos de camadas de ocupação humana. Os métodos usados ​​pelo pessoal de Koldewey foram transmitidos de geração em geração de trabalhadores contratados localmente, levando ao desenvolvimento de técnicas especializadas para localizar muralhas e traçar os contornos de edifícios nos tijolos de barro antigos e delicados ou nos tijolos secos ao sol. Foi dada atenção à estratigrafia (um método que requer a documentação das várias camadas de terra através das quais se cava) e à documentação do contexto de pequenos achados. As escavações no Iraque após a Primeira Guerra Mundial seguiram o que passou a ser chamado de “método alemão”, quer fossem lideradas por americanos, britânicos ou outros.

A escavação da Babilônia foi o primeiro projeto da recém-formada Sociedade Oriental Alemã (Deutsche Orient-Gesellschaft). Representantes dos Museus Reais de Berlim foram os comissários do projeto. Eles negociaram com as autoridades otomanas para obter as autorizações necessárias, contrataram Koldewey como diretor e deram à Sociedade Oriental Alemã a responsabilidade de supervisionar o projeto. Inicialmente, o empresário judeu James Simon disponibilizou o financiamento, que mais tarde foi continuado pelo próprio imperador. Simon era um personagem importante na Berlim da época; ele dirigia uma das maiores empresas de algodão da Europa e era o maior contribuinte de Berlim. Ele também apoiava a expansão da cultura alemã e era amigo do imperador Wilhelm. Simon dirigia muitos projetos filantrópicos para judeus na Alemanha e apoiava a presença judaica na Palestina.

A Porta de Ishtar, a Via Processional e o Templo de Marduk

Os restos encontrados pelos escavadores de Babilônia vieram principalmente do último período de grandeza da Babilônia, quando ela era o centro do império de Nabucodonosor II no século VI a.C. Nabucodonosor restaurou Babilônia ao seu antigo status de maior cidade do Oriente Médio. Essa foi a Babilônia que ameaçou, destruiu e devastou Jerusalém, pondo fim à monarquia da Judeia. Os escavadores também encontraram vestígios da primeira Babilônia, a cidade que fora a capital do primeiro reino real na Mesopotâmia – o Antigo Reino da Babilônia – com Hammurabi como seu rei mais famoso (1792–1750 a.C).

A descoberta mais espetacular da expedição alemã foi a Porta de Ishtar com a Via Processional que atravessa a porta e entra na cidade. Os pedaços de tijolos vitrificados coloridos que foram encontrados anteriormente vieram dessas estruturas. E as muralhas da cidade acabaram sendo tão maciças quanto Heródoto havia afirmado. As muralhas de Babilônia formavam um complexo sistema defensivo com uma muralha externa e outra interna, com espessura total de 22 metros. Em alguns lugares, as muralhas incluíam outras estruturas defensivas, tornando sua espessura ainda mais próxima da medida de Heródoto de 26 metros.

Os escavadores começaram com a maior elevação, chamado Kasr, o “monte do palácio”. Eles fizeram uma trincheira a partir do leste e estabeleceram uma ligação com a Via Processional, que corria na direção sul da Porta de Ishtar, ao longo do lado leste deste enorme complexo palaciano. No monte Kasr, os escavadores descobriram um dos palácios de Nabucodonosor, o Palácio Sudoeste, o maior edifício da Babilônia. Uma das salas do Palácio Sudoeste era a sala do trono de Nabucodonosor, cujas paredes também haviam sido cobertas com tijolos vitrificados e decorações coloridas. No canto noroeste do palácio, os escavadores descobriram um edifício com muitos arcos. Koldewey sugeriu que este poderia ser o local dos Jardins Suspensos da Babilônia.

A Porta de Ishtar foi completamente escavada apenas em 1909-1910. Descobriu-se que tinha sido construída em várias etapas. A camada superior, construída porPorta de Ishtar da cidade de Babilônia - Pergamonmuseum, Berlin Nabucodonosor, consistia em tijolos cobertos por esmalte colorido e era parcialmente visível acima do atual nível do solo. Sob o solo, havia restos de uma camada intermediária e um nível inferior completamente preservado. Os níveis inferiores da porta foram construídos em tijolos, com relevos de touros e uma criatura parecida com um dragão – chamada de mushhushu. Esses animais foram associados a dois dos deuses mais importantes da Babilônia: o touro com o deus da tempestade Adad e a criatura dragão com o deus da cidade da Babilônia, Marduk. Nabucodonosor havia construído sua porta sobre as fundações de construções anteriores.

Koldewey e sua equipe descobriram que a Via Processional havia sido elevada várias vezes, devido ao aumento contínuo das águas subterrâneas. A inundação é a principal razão pela qual resta tão pouco da cidade da Antiga Babilônia, da época de Hammurabi. Algumas seções do nível neobabilônico da Via Processional foram pavimentadas com grandes pedras de calcário colocadas em um material semelhante ao asfalto chamado betume (o material descrito na história bíblica da Torre de Babel). Imediatamente ao sul da Porta de Ishtar, algumas dessas pedras ainda estavam intactas. Em seguida, a rua cruzava uma área frequentemente inundada por águas que corriam para oeste até o braço do Eufrates. Nabucodonosor restaurou este trecho da rua, incluindo os sistemas de canais que levavam a água a fluir ao redor do Palácio Sul. Mais adiante, ao sul do monte Kasr, uma parte da rua pavimentada com calcários duros ainda estava intacta, com inscrições de Nabucodonosor. Alguns deles tinham o nome do rei assírio Senaquerib por baixo, e haviam sido reutilizados por Nabucodonosor. Senaquerib claramente acrescentou melhorias à cidade que acabou arrasando e, dessa forma, deixou sua marca em Babilônia quando a conquistou cerca de 100 anos antes da época de Nabucodonosor. Onde corre ao longo das muralhas externas do complexo Etemenanki (o complexo que incluía o antigo zigurate), a Via Processional tinha camadas de tijolos cozidos com o carimbo de Nabucodonosor. Koldewey descreve uma inscrição de construção que encontraram, afirmando que Nabucodonosor havia construído a via e dando uma data para a atividade de construção.

Os fragmentos de tijolos vitrificados que convenceram os financiadores a realizar escavações em Babilônia vieram dos relevos de touro e mushhushu da Porta de Ishtar, e também de relevos de leão que decoraram as muralhas paralelas ao longo da Via Processional. O leão era o símbolo da deusa Ishtar.

A maior elevação de Babilônia, com mais de 25 metros, tinha o nome de Tel Amran Ibn Ali e ficava a uma curta distância ao sul de Kasr. Neste monte estavam os restos do edifício mais importante da Babilônia, o Eságil, o templo de Marduk. Eságil é sumério e significa “a casa da cabeça erguida”. A elevação envolveu a escavação de poços através de mais de 20 metros de entulho e a remoção de enormes quantidades de entulho. O templo principal é quase quadrado, medindo aproximadamente 80 por 86 metros e com um pátio interno de cerca de 30 por 38 metros. Um dos edifícios mais antigos da Babilônia, partes dele podem ser datadas da época do Rei Hammurabi no período da Antiga Babilônia. O complexo do templo havia sido restaurado por Nabucodonosor e também continha pelo menos dois outros templos, talvez um para o deus Ea.

Entre Kasr e o Eságil estavam os restos do zigurate da Babilônia, o Etemenanki, “a casa do fundamento do céu e da terra”. Provavelmente era uma torre de sete ou oito andares, o edifício que inspirou a narrativa da Torre de Babel (Gn 11). O Etemenanki ficava dentro de uma grande construção retangular de tijolos, que incorporava vários edifícios associados à torre. Podem ter sido depósitos, salas para reuniões públicas e aposentos para os sacerdotes e outras pessoas associadas ao complexo do templo. Chegava-se a esta área por um portão na muralha leste do recinto, que fornecia uma entrada pela Via Processional. Em direção ao sul provavelmente havia uma porta que levava ao Eságil, que ficava a cerca de 251 metros ao sul do complexo Etemenanki.

No início, George Smith descreveu um texto descoberto na cidade de Uruk, no sul, que fala do Etemenanki. Este texto fala de uma torre de sete andares. O texto foi usado para orientar o trabalho de escavação e interpretação na Babilônia; infelizmente, porém, acabou não sendo de muita ajuda. Além disso, o texto real havia se perdido na época em que a escavação estava em andamento, e Koldewey e seu pessoal só tinham a descrição temporária feita por George Smith. Existem outros textos que descrevem os edifícios e bairros de Babilônia. Às vezes, isso gerou mais confusão do que clareza, mas também forneceu informações que ajudaram na identificação de estruturas e na elaboração de um plano da cidade.

Koldewey escavou vários outros templos na Babilônia, uma cidade que pode ter tido mais de 100 templos, incluindo os templos de Nabu, Ishtar e Ninmah. Os escavadores também investigaram uma área residencial e descobriram partes das maciças muralhas externas e internas da Babilônia. Cerca de 400 metros ao norte da Porta de Ishtar, fora das muralhas internas da cidade, mas dentro das muralhas externas, o Palácio de Verão dos reis neobabilônicos também foi escavado.

A escavação alemã forneceu uma visão geral detalhada da planta de uma antiga cidade mesopotâmica, disponibilizando essas informações pela primeira vez. Os novos métodos que os alemães desenvolveram permitiram traçar os contornos de edifícios e paredes construídas com tijolos crus de argila. Nenhuma escavação anterior havia registrado todas as descobertas com tanto cuidado. Os achados foram numerados, seu contexto anotado e tudo foi desenhado ou fotografado. Nos primeiros anos da escavação, especialistas em cuneiforme também participaram. Mais tarde, o próprio Koldewey assumiu a responsabilidade pelos achados textuais, que somam cerca de 5.000 tabuinhas. As escavações continuaram virtualmente sem interrupção por 17 anos, de 1899 a 1917. O próprio Koldewey permaneceu no Iraque continuamente desde o início em 1899. Após a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha assumiu o poder na região e os alemães tiveram que se retirar de Babilônia.

 

 

The city of Babylon

In 1887 a German architect by the name of Robert Koldewey journeyed to Babylon together with the Arabist Bruno Moritz and H.F. Ludwig Meyer, a merchant oldewey had previously participated as an architect in the American excavation of Assos on the west coast of Turkey (1882–1883) and in 1885–1886 had dug on the island of Lesbos on behalf of the German Imperial Institute of Archaeology. On the trip around the south of Iraq, Moritz and Kodelwey conducted trial digs in Surghul and El-Hibba (Lagash), but Koldewey was not impressed. Many years later he commented that if anyone had told him in 1887 that 20 years later he would be excavating Babylon he would have thought that they were insane.

Ten years later, after he had completed several other projects, Koldewey was invited to join a pre-expedition to Mesopotamia to look for appropriate places for German excavations. On this trip he was joined by the Orientalist Eduard Sachau. Over a period of six months, they covered the area from India in the east to Egypt in the west, from Aden in the south to Khorsabad and Aleppo to the north. At the site of ancient Babylon, they had come across numerous fragments of colored glaze. In addition to being a linguist of Semitic languages, Sachau was an expert on the Muslim scholar Al-Biruni, who had lived in the 11th century in present-day Afghanistan and India. When Sachau and Koldewey presented their findings before the commission in Berlin, Babylon was chosen as the place to excavate, and Koldewey was commissioned to direct the excavation.

The Germans arrive: excavating Babylon

In the end, it was the fragments of colored glazed brick that the French had also described almost 50 years earlier that convinced the authorities that Babylon deserved to become the focus of a major project. This was Germany’s fi rst large-scale excavation in Mesopotamia. Compared to England and France, German explorers had been searching for objects for their national museums in the Middle East only for a short time. While they had begun to explore in Egypt, Greece, and some parts of Turkey, such as Troy, and even Palestine by 1899, they had not done so in Mesopotamia.

In the time since the first epoch of discoveries in Nineveh between 1842 and 1852, major changes had also happened in Europe on the political stage. Germany had been unifi ed as a nation in 1871 following the Franco-Prussian war. At first, Germany, under Chancellor Bismarck, chose a fairly restrained foreign policy which maintained the balance of power in Europe. But with Emperor Wilhelm II, a new epoch began. Wilhelm II replaced Bismarck with another chancellor two years after he ascended to the Imperial throne in 1888, and a period began characterized by an increasingly expansive foreign policy that he called Weltpolitik . Germany developed strong ties to the Ottoman Empire, which aided them in securing good terms for excavations. The building of the Berlin–Baghdad Railroad is one example of the German Empire’s great ambitions in Western Asia, which eventually came to damage its relationship with Russia, France, and England.

When the excavation of Babylon began in 1899, archaeological methods were much more developed and refi ned than they had been when Botta and Layard tunneled for stone reliefs over 50 years earlier. Further, compared to the excavations of Nippur and Lagash (Girshu-Telloh), the German expedition was much more careful and systematic. In many ways, the excavation of Babylon came to set the standard for modern archaeological methodology. In addition, because Koldewey was an architect, he directed the excavation with an understanding of how important it was to get an overview of the extent of the buildings and to document the city plan. The methods employed in the Babylon excavation came to serve as the model for excavation methodology in the ruin mounds of this area. The term tell is used to speak of these mounds in the Middle East. It comes from the Hebrew (Arabic tal ) and refers to an artificial mound that is the result of centuries of layers of human occupation. The methods used by Koldewey’s people were passed down from generation to generation of workers who were locally hired, leading to the development of specialized techniques for finding walls and tracing the contours of buildings in the ancient, delicate mudbrick or sun-dried bricks. Attention was paid to stratigraphy (a method which requires documentation of the various layers of earth through which one digs) and to documenting the context of small fi nds. Excavations in Iraq after World War I all followed what had begun to be called “the German method”, whether they were led by Americans, British, or others.

The Babylon excavation was the fi rst project of the newly formed German Oriental Society ( Deutsche Orient-Gesellschaft ). Representatives of the Royal Museums of Berlin were the commissioners of the project. They negotiated with the Ottoman authorities to obtain the necessary permits, hired Koldewey as the director, and gave the German Oriental Society the responsibility of overseeing the project. Initially, the Jewish businessman James Simon put up the funding, which was later continued by the Emperor himself. Simon was a high-profi le character in contemporary Berlin; he ran one of Europe’s largest cotton businesses and was the biggest taxpayer of Berlin. He was also a supporter of expanding German culture, and a friend of Emperor Wilhelm. Simon ran many philanthropic projects for Jews in Germany and was a supporter of a Jewish presence in Palestine.

The Ishtar Gate, the Processional Way, and the temple of Marduk

The remains found by the excavators of Babylon came mainly from Babylon’s last period of greatness, when it was the center of Nebuchadnezzar II’s empire in the 6th century bce. Nebuchadnezzar restored Babylon to its former status as the greatest city in the Middle East. This was the Babylon that had threatened, destroyed, and devastated Jerusalem, bringing an end to the Judean monarchy. The excavators also found traces of the fi rst Babylon, the city that had been the capital city of the fi rst royal kingdom in Mesopotamia—The Old Babylonian Kingdom—with Hammurabi as its most famous king (1792–1750 BCE).

The German expedition’s most spectacular discovery was the Ishtar Gate with the Processional Way that leads through the gate and into the city ( Figure 5.5 ). The pieces of colored glazed brick that had been found earlier came from these structures. And the city walls turned out to be just as massive as Herodotus had claimed. The walls of Babylon made up a complex defensive system with an outer and an inner wall, with a total thickness of 24 yards. In some places the walls included further defensive structures, making their thickness even closer to Herodotus’ measurement of 28.5 yards.

Excavators began with the largest mound, called Kasr, the “palace mound”. They cut a trench from the east, and came into contact with the Processional Way, which ran inEságil: templo de Marduk em Babilônia. Pergamonmuseum, Berlin a southerly direction from the Ishtar Gate, along the eastern side of this enormous palace complex. In the Kasr mound, the excavators uncovered one of Nebuchadnezzar’s palaces—the South-West Palace—the largest building in Babylon. One of the rooms in the South-West Palace was the throne room of Nebuchadnezzar, the walls of which had also been covered with colored glaze and decorations. Off the northwestern corner of the palace, excavators uncovered a building with many arches. Koldewey suggested that this could have been the site of the Hanging Gardens.

The Ishtar Gate was completely excavated only in 1909–1910. It turned out that it had been constructed in several layers. The top layer, which had been built by Nebuchadnezzar, consisted of bricks covered by colored glaze, and was partly visible above the present-day ground level. Under ground level, there were remains of a middle layer and a completely preserved lower level. The lower levels of the gate had been built in brick, with reliefs of bulls and a dragon-like creature—called mushhushu . These animals were associated with two of the most important gods of Babylon: the bull with the weather god Adad and the dragon creature with Babylon’s city god, Marduk. Nebuchadnezzar had built his gate on the foundations of earlier constructions.

Koldewey and his team discovered that the Processional Way had been raised several times, due to the continually rising ground water. The rising water is the main reason why there is so little left of the Old Babylonian city. Some sections of the Neo-Babylonian level of the Processional Way had been paved with large limestone stones laid down into the asphalt-like material called bitumen (the material described in the Bible’s story of the Tower). Immediately south of the Ishtar Gate some of these stones were still intact. Next, the street crossed an area often flooded by water fl owing west to the branch of the Euphrates. Nebuchadnezzar had restored this section of the street, including the channel systems that led the water to fl ow around the South Palace. Further on, south of the Kasr mound, a portion of the street paved with hard limestones were still intact, which had dedicatory inscriptions of Nebuchadnezzar. Some of these had the name of the Assyrian king Sennacherib on the underneath, and had been reused by Nebuchadnezzar. Sennacherib had clearly added improvements to the city that he ultimately razed, and had in this way set his mark on Babylon when he conquered it about 100 years before Nebuchadnezzar’s time . Where it runs along the outer walls of the Etemenanki complex (the complex that included the ancient ziggurat), the Processional Way had layers of baked bricks with Nebuchadnezzar’s stamp. Koldewey describes a building inscription they found, stating that Nebuchadnezzar had built the road and giving a date for the building activity.

The fragments of glazed brick that convinced the funders to dig in Babylon had come from the bull and mushhushu reliefs of the Ishtar Gate, and also from lion reliefs that had decorated the parallel walls along the Processional Way. The lion was the symbol of the goddess Ishtar.

The tallest mound in Babylon, standing over 25 meters, went under the name of Tel Amran Ibn Ali; it lay a short distance south of Kasr. In this mound lay the remains of the most important building in Babylon, the Esagil, the temple of Marduk. Esagil is Sumerian and means “the house of the lifted head”. Surveying it involved digging shafts down through over 20 meters of debris and removing enormous amounts of rubble. The main temple is almost quadratic, measuring approximately 80 by 86 meters and with an inner court about 30 by 38 meters. One of the oldest buildings in Babylon, parts of it may date back to the time of King Hammurabi in the Old Babylonian period. The temple complex had been restored by Nebuchadnezzar, and also contained at least two other temples, perhaps one for the god Ea.

Between Kasr and the Esagil lay the remains of Babylon’s ziggurat , the temple tower of Etemenanki, “the house of the foundation of heaven and earth”. This had likely been a tower of seven or eight stories, the inspiration for the Tower of Babel. The Etemenanki stood inside a large rectangular brick construction, that incorporated several buildings associated with the tower. These may have been storage rooms, rooms for public gatherings, and living quarters for the priests and other personnel associated with the temple complex. One arrived at this area through a gate in the eastern wall of the enclosure, which provided an entry from the Processional Way. Toward the south there had most likely been a gate which led toward the Esagil, which lay around 275 yards south of the Etemenanki complex.

Early on, George Smith had described a text discovered in the southern city of Uruk, which speaks of the Etemenanki. This text describes a tower of seven stories. The text was used to direct the work of excavating and interpreting in Babylon; unfortunately, however, it turned out not to be of much help. Moreover, the actual text had been lost by the time the excavation was underway, and Koldewey and his people only had the temporary description of it that George Smith had made. There are other texts that describe the buildings and town quarters of Babylon. These have sometimes led to confusion rather than clarity, but they have also given information that has helped in the identifi cation of structures and in delineating a plan of the city.

Koldewey excavated several other temples in Babylon, a city that may once have had over 100 temples, including the temples of Nabo, Ishtar, and Ninmah. Excavators also investigated an area of living quarters, and uncovered parts of Babylon’s massive outer and inner walls. Around one quarter of a mile north of the Ishtar Gate, outside the inner city walls but within the outer walls, the Neo-Babylonian kings’ Summer Palace was also excavated.

The German excavation provided a detailed overview of the city plan of an ancient city in Iraq, making this information available for the first time. The new methods they had developed allowed them to trace the contours of buildings and walls built with unfired clay bricks. No previous excavator had recorded all the finds so carefully before. The finds were numbered, their context noted, and everything was drawn or photographed. In the first few years of the excavation, cuneiform experts also participated. Later, Koldewey himself took on the responsibility for the textual finds, which amount to a total of around 5000 inscribed tablets. The excavations continued virtually without a break for 17 years, from 1899 to 1917. Koldewey himself stayed in Iraq continuously from the beginning in 1899–1914. After the German defeat in World War I, Great Britain took power in the newly created mandate area of Iraq, and the Germans had to pull out of Babylon.