Os povos do mar nas fontes egípcias

E, de repente, estamos no ano de 1177 a.C. No Egito, o faraó Ramsés III estava em seu oitavo ano de governo. E foi então que eles chegaram. Chegaram por terra, chegaram por mar. Grupos de origem e culturas diferentes, não havendo uma vestimenta padrão. Alguns usavam capacetes, outros turbantes. Túnicas longas ou saiotes curtos. Espadas, lanças, arcos e flechas. Chegaram em barcos, carroças, carros de boi e carros de combate. Às vezes, só guerreiros, às vezes, famílias inteiras. Embora 1177 a.C. seja uma data aqui usada como referência, eles chegaram em ondas ao longo de vários e vários anos.

Nós os chamamos, desde o século XIX, de “povos do mar”. Nome cunhado por Emmanuel de Rougé e popularizado por Gaston Maspero, ambos egiptólogos franceses.Medinet Habu: Ramsés III x Povos do Mar

Os egípcios, os hititas e a cidade de Ugarit os chamaram, em seus textos, pelos estranhos nomes de Lukka, Sherden/Shardana, Eqwesh, Teresh, Shekelesh, Karkisha, Weshesh, Denyen/Danuna, Tjekker/Sikila, Peleset.

O registro mais famoso, com texto em hieróglifos e detalhadas imagens, é o de Ramsés III nas paredes do templo funerário de Medinet Habu, onde se narra a batalha vitoriosa do faraó ao impedir a invasão do Egito pelos “povos do mar”.

Ele diz:

Os países estrangeiros fizeram uma conspiração em suas ilhas. De uma só vez as terras foram eliminadas e as pessoas dispersas no conflito. Nenhum país foi capaz de resistir às suas armas, de Hatti, Qode, Karkemish, Arzawa e Alashiya eles foram [eliminados] imediatamente. Um acampamento foi montado em uma localidade de Amurru. Humilharam seu povo, e sua terra nunca tinha enfrentado uma situação como essa. Eles se moveram em direção ao Egito e uma barreira de fogo foi colocada diante deles. Sua confederação era formada pelos Peleset, Tjekker, Shekelesh, Danuna e Weshesh, terras que se uniram. Eles puseram suas mãos sobre estas terras, com corações confiantes e esperançosos: ‘Nossos planos terão sucesso’.

E continua o faraó:

Eles alcançaram a fronteira de minhas terras, mas sua semente não existe mais, e seus corações e almas terminaram para sempre e definitivamente. Aqueles que avançaram juntos no mar tinham uma grande chama diante deles na foz do rio, e toda uma barreira de lanças os cercava na praia. Eles foram arrastados para a praia, cercados e vencidos, mortos e despedaçados da cabeça aos pés. Os navios afundaram e as mercadorias caíram na água.

KILLEBREW, A. E.; LEHMANN, G. (eds.) The Philistines and Other “Sea Peoples” in Text and Archaeology. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2013De onde veem os “povos do mar”? Talvez da Sicília, da Sardenha, da Grécia e de outros lugares do mundo mediterrâneo. De fato, os Shekelesh lembram a Sicília, os Shardana podem ser da Sardenha, enquanto Danuna poderiam ser, segundo alguns, os Dânaos da Ilíada de Homero. Alguns deles podem ser originários da Ásia Menor, outros talvez de Chipre. Contudo, até hoje nenhuma localidade antiga pôde ser apontada, com segurança, como sua origem ou ponto de partida.

Apenas um grupo foi identificado com mais precisão: os Peleset são os filisteus, que, segundo a Bíblia Hebraica, vieram de Caftor, possivelmente a ilha de Creta.

Um estudo moderno reforça esta ideia. Em 2019, foi divulgado que uma equipe de pesquisadores extraiu DNA de amostras antigas de ossos humanos encontrados durante escavações feitas em Ascalon, na costa palestina.

Com a análise dos dados genômicos de pessoas que ali viveram durante as Idades do Bronze Recente e do Ferro (cerca de 1550 a 900 a.C.), foi constatado que uma proporção substancial de seus ancestrais era derivada de uma população europeia. Essa ancestralidade derivada da Europa foi introduzida em Ascalon na época da chegada estimada dos filisteus no século XII a.C.

 

Os povos do mar nas fontes egípcias

DinastiaFaraóPovos do MarTextos
XVIIIAmenófis III/IVDenyen/DanunaCartas de Tell el-Amarna
XVIIIAmenófis IVLukkaCartas de Tell el-Amarna
XVIIIAmenófis III/IVSherden/ShardanaCartas de Tell el-Amarna
XIXRamsés IIKarkishaInscrição de Kadesh
XIXRamsés IILukkaInscrição de Kadesh
XIXRamsés IISherden/ShardanaInscrição de Kadesh; Estela de Tânis; Papiro Anastasi I
XIXMerneptahEqweshGrande Inscrição de Karnak; Estela Athribis
XIXMerneptahLukkaGrande Inscrição de Karnak
XIXMerneptahShekeleshGrande Inscrição de Karnak; Coluna do Cairo; Estela Athribis
XIXMerneptahSherden/ShardanaGrande Inscrição de Karnak; Estela Athribis; Papiro Anastasi II
XIXMerneptahTereshGrande Inscrição de Karnak; Estela Athribis
Final da XIX - Começo da XX-Sherden/ShardanaEstela de Setemhebu
XIX - XXII-Sherden/ShardanaEstela de Padjesef
XXRamsés IIIDenyen/DanunaMedinet Habu; Papiro Harris
XXRamsés IIIPeleset (Filisteus)Medinet Habu; Papiro Harris; Estela Retórica (Capela C em Deir el-Medina)
XXRamsés IIIShekeleshMedinet Habu
XXRamsés IIISherden/ShardanaMedinet Habu; Papiro Harris
XXRamsés IIITereshMedinet Habu; Estela Retórica (Capela C em Deir el-Medina)
XXRamsés IIITjekker/SikilaMedinet Habu; Papiro Harris
XXRamsés IIIWesheshMedinet Habu; Papiro Harris
XXRamsés VSherden/ShardanaPapiro Wilbour
XXRamsés IXSherden/ShardanaPapiro Adoption
XX-Sherden/ShardanaPapiro Amiens
Final da XX-Sherden/ShardanaPapiro BM 10326; Papiro Turim 2026; Papiro BM 10375
Final da XX até XXII-Denyen/DanunaOnomástico de Amenope
Final da XX até XXII-LukkaOnomástico de Amenope
Final da XX até XXII-Peleset (Filisteus)Onomástico de Amenope
Final da XX até XXII-Sherden/ShardanaPapiro BM 10326; Papiro Turim 2026; Papiro BM 10375
Final da XX até XXII-Tjekker/SikilaOnomástico de Amenope
Começo da XXI- Sherden/ShardanaPapiro Moscou 169 (Onomástico Golénischeff)
XXIIOsorkon IISherden/ShardanaEstela Donation
XXII-Peleset (Filisteus)Inscrição Pedeset
XXII-Tjekker/SikilaRelato de Wen-Amon

Fonte: ADAMS, M. J. ; COHEN, M. E. Appendix: The “Sea Peoples” in Primary Sources. In: KILLEBREW, A. E.; LEHMANN, G. (eds.) The Philistines and Other “Sea Peoples” in Text and Archaeology. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2013, p. 645-664. Conferir também as tabelas das páginas 2-5.

Chaves hermenêuticas para a leitura de Ezequiel

SILVANO, Z. A. (org.) Livro de Ezequiel: “Eu vos darei um coração novo” (Ez 36,26). São Paulo: Paulinas, 2024, 344 p. – ISBN 9786558082743.

Leio na Apresentação:

O livro do profeta pode ser estruturado em duas partes, conforme as etapas do ministério de Ezequiel. A primeira parte compreende os capítulos 1‒32, tambémSILVANO, Z. A. (org.) Livro de Ezequiel : “Eu vos darei um coração novo” (Ez 36,26). São Paulo: Paulinas, 2024, 344 p. subdividida em dois blocos (Ez 1‒24 e 25‒32), a qual descreve o período antes da queda de Jerusalém, e visa evitar a invasão e a queda da cidade. Essa seção contém vários oráculos com ameaças e exortações dirigidos a diferentes interlocutores: a Judá e seus dirigentes (Ez 1‒24); aos povos, às cidades e aos chefes estrangeiros (Ez 25‒32) por se aproveitarem da situação desoladora de Judá e também pelos seus pecados. A segunda parte é composta pelos capítulos 33‒48, que retratam o período após a conquista de Jerusalém, pelo império babilônico (Ez 33,21), e objetiva confirmar a fé e encorajar os sobreviventes e exilados, propondo um plano de restauração para a “casa de Israel” (Ez 40−48).

Esta obra, publicada por Paulinas Editora, tem o escopo de oferecer chaves hermenêuticas para a leitura do Livro de Ezequiel. É o resultado do trabalho conjunto de biblistas de diferentes instituições acadêmicas, sendo os nomes dos autores e autoras e suas respectivas instituições descritos no minicurrículo indicado na nota de abertura de cada capítulo. O conteúdo segue a sequência interna do livro, porém seleciona perícopes ou blocos de textos que retratam as características teológicas principais desse profeta e que são importantes para o entendimento do conjunto da profecia de Ezequiel.

Após a apresentação dos elementos introdutórios sobre o profeta e seu o livro (Capítulo 1), abordar-se-á sua vocação e missão (Capítulo 2).

Nos demais capítulos, serão propostos, como acenado, os pontos fundamentais de sua teologia, porém seguindo a subdivisão do livro em duas partes [Ez 1-32 e 33-48].

Estudar-se-á a saída da glória de YHWH do Templo de Jerusalém, retratando a destruição e ao mesmo tempo a esperança de Judá, descritas em Ez 4‒11 (Capítulo 3); a visão teológica da história e a centralidade no culto, aspectos próprios da teologia de Ezequiel, serão abordadas na acusação da infidelidade de Jerusalém e de Israel, bem como a fidelidade de Deus em Ez 16 (Capítulo 4); tratar-se-á da responsabilidade individual em Ez 18 (Capítulo 5); dos oráculos contra as nações estrangeiras (Ez 25‒32), de forma especial contra Amon (Capítulo 6); da crítica contra aqueles que deveriam apascentar o rebanho e também da visão de Deus como Pastor de Israel (Capítulo 7); da justiça e santidade de YHWH contra Edom (Ez 35) e a favor de Israel (Ez 36) (Capítulo 8); da esperança em YHWH (Ez 37), Senhor da vida, que estabelecerá um novo êxodo (Capítulo 9) e, por fim, do projeto de restauração, com a construção do novo Templo, e de redistribuição da Terra Prometida entre as tribos de Israel (Ez 40−48) (Capítulo 10).

Zuleica Aparecida Silvano é irmã paulina, mestra em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma e Doutora em Teologia Bíblica pela Faculdade Jesuíta de Teologia (FAJE) em Belo Horizonte-MG. É assessora no Serviço de Animação Bíblica/Paulinas (SAB), responsável pelo subsídio do Mês da Bíblia, publicado por Paulinas e docente no Departamento de Teologia da FAJE.

Mês da Bíblia 2024, segundo Mesters e Orofino

MESTERS, C.; OROFINO, F. Fogo debaixo das cinzas: Círculos Bíblicos do livro do profeta Ezequiel. São Leopoldo: CEBI, 2024.

Para o ano de 2024, a proposta de estudo e aprofundamento bíblico no Mês da Bíblia é o livro do profeta Ezequiel. O lema inspirador para este estudo é “Porei em vós oMESTERS, C.; OROFINO, F. Fogo debaixo das cinzas: Círculos Bíblicos do livro do profeta Ezequiel. São Leopoldo, CEBI, 2024. meu Espírito e vivereis” (Ez 37,14).

O livro de Ezequiel coloca-nos diante de uma das etapas mais atribuladas e trágicas da História do Povo de Deus. O reino de Judá, fraco e indefeso diante dos grandes impérios, vê-se mergulhado em uma disputa de ordem internacional, sem ter condição alguma de interferir em seu próprio destino. De um lado, o Império Babilônico; do outro, o reino do Egito. No meio, tentando equilibrar-se entre poderosos, estavam os sucessivos reis de Judá. A consequência desastrosa desse jogo de poderes internacionais foi o exílio e a destruição do país e da capital, Jerusalém. O profeta Jeremias é a grande testemunha histórica de todo esse desastre político. O livro das Lamentações é o grito doloroso do povo sofrido, vítima dos erros políticos dos governantes.

A mensagem do profeta Ezequiel veio completar esse quadro histórico de dor e de morte, mas também trouxe uma centelha de reconstrução e esperança.

A vivência de Ezequiel junto à comunidade das pessoas exiladas mergulhou-o na mesma sorte do povo de Deus naquele momento histórico. Ele também passou pela noite escura do desterro, do medo, da ausência e da saudade; mas se manteve fiel e teimou em continuar a crer na fidelidade do Deus que esteve sempre presente na vida do povo.

O pai de Ezequiel, o sacerdote chamado Buzi, foi levado logo nas primeiras levas de pessoas exiladas para o cativeiro na Babilônia (597). Seu filho Ezequiel foi junto com ele. Desta forma, toda a mensagem profética de Ezequiel foi vivida e proclamada no exílio na Babilônia.

Ezequiel tentou mostrar à comunidade exilada que, apesar de toda a destruição, da morte e do desterro, ainda havia esperança, muita esperança. Ainda ardiam as brasas da fé por baixo de todas as cinzas do sofrimento e do exílio. Por isso, o título deste nosso estudo sobre o profeta Ezequiel: “Fogo debaixo das cinzas”.

Mês da Bíblia 2024, segundo o Centro Bíblico Verbo

CENTRO BÍBLICO VERBO, Restauração da monarquia davídica e da terra de Israel: entendendo o livro de Ezequiel. São Paulo: Paulus, 2024, 128 p. – ISBN 9788534953764.CENTRO BÍBLICO VERBO, Restauração da monarquia davídica e da terra de Israel: entendendo o livro de Ezequiel. São Paulo, Paulus, 2024

Na primeira deportação ocasionada pela invasão de Jerusalém pelo exército babilônico (597 a.C.), o profeta-sacerdote Ezequiel, pertencente à elite da cidade de Jerusalém, foi levado junto com o rei Joaquin para a Babilônia, estabelecendo-se em Tel-Abib.

Foi nesse local, entre os anos 593 e 571 a.C., que exerceu sua atividade como profeta no meio dos primeiros exilados, orientando-os e preparando-os para a restauração da monarquia davídica em Jerusalém.

Este livro traz roteiros de encontros para a reflexão do livro de Ezequiel, propondo o aprofundamento de importantes temas, como as injustiças perpetradas pelas autoridades de Jerusalém contra o povo, o discernimento na busca da verdade e da justiça e a imagem do Bom Pastor como modelo para as lideranças de todos os tempos.

Mês da Bíblia 2024, segundo o SAB

SAB Mês da Bíblia 2024: Livro de Ezequiel – “Porei em vós meu espírito e vivereis” (Ez 37,14). São Paulo: Paulinas, 2024, 64 p. – ISBN 9786558082552.

O subsídio Mês da Bíblia 2024 aborda o Livro da profecia de Ezequiel que pertence aos chamados “profetas maiores” e surge no contexto exílico, contendo pregações queSAB Mês da Bíblia 2024: Livro de Ezequiel - "Porei em vós meu espírito e vivereis" (Ez 37,14). São Paulo: Paulinas, 2024 retratam vários períodos de seu ministério profético no século VI (593-571 a.C).

Esse material contém quatro encontros baseados no Livro de Ezequiel (cada um é precedido por um texto preparatório sobre o trecho bíblico abordado), uma celebração e a maratona bíblica.

Os temas trabalhados são: vocação e missão do profeta Ezequiel; a responsabilidade pessoal em Ez 18,21-28; a infidelidade de Israel, de forma especial a idolatria, e a promessa de uma renovação da Aliança; e a restauração de Israel a partir do Templo. O último encontro é reservado para a celebração de encerramento, retomando o texto do qual foi extraído o lema do Mês da Bíblia (Ez 37,1-14).

Mês da Bíblia 2024: Livro de Ezequiel

Para o ano de 2024, a proposta de estudo e aprofundamento bíblico no Mês da Bíblia é o livro do profeta Ezequiel. O lema inspirador para este estudo é “Porei em vós o meu Espírito e vivereis” (Ez 37,14).

Mês da Bíblia 2024: Livro de Ezequiel – Texto-BaseCNBB, Mês da Bíblia 2024: Livro de Ezequiel – Texto-Base

O Mês da Bíblia, promovido pela Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética, traz reflexões a respeito do Livro de Ezequiel para as comunidades de todo o Brasil. Iluminado pelo lema “Porei em vós meu espírito, e vivereis” (cf. Ez 37,14), este tempo faz ressoar mais uma vez entre nós a certeza de que o Espírito do Senhor nos conduz à redescoberta da esperança como caminho que dá sentido à vida, colocando-nos no caminho de Deus.

Este Texto-Base convida à reflexão sobre o testemunho do profeta Ezequiel, respondendo ao convite feito pelo Papa Francisco à preparação para o Jubileu de 2025. O convite para que sejamos “Peregrinos de esperança” nos faz ser como Ezequiel: arautos da esperança em meio àqueles que, porventura, possam ter se esquecido de Deus ou perdido seu caminho.

Uma história do antigo Israel

FREVEL, C. History of Ancient Israel. Atlanta: SBL Press, 2023, 696 p. – ISBN 9781628375138. Disponível para download gratuito no Projeto ICI da SBL.

Esta tradução para o inglês da segunda edição do importante livro de Christian Frevel, Geschichte Israels (Stuttgart: Kohlhammer, 2018), cobre a história de Israel desdeFREVEL, C. History of Ancient Israel. Atlanta: SBL Press, 2023, 696 p. o seu início até a revolta de Bar Kokhba (132–135 d.C.).

Frevel baseia-se em evidências arqueológicas, inscrições e monumentos, bem como na Bíblia, para esboçar um quadro da história do antigo Israel no contexto do Levante sul que às vezes é familiar, mas muitas vezes novo e inesperado.

Frevel atualizou a segunda edição alemã com as pesquisas mais recentes de arqueólogos e estudiosos da Bíblia. Tabelas de governantes, um glossário, uma linha do tempo do antigo Oriente Médio e recursos organizados por assunto tornam esta obra um livro acessível e essencial para estudantes e acadêmicos.

“A História do Antigo Israel, de Christian Frevel, é sem dúvida a obra mais detalhada e atualizada sobre o assunto, que abrange o texto bíblico, a arqueologia e considerações históricas. O grande mérito desta obra monumental está nas questões metodológicas do autor, como quando começa a história de Israel ou o que Israel significa na história de Israel. Este volume será o livro didático sobre esse assunto por muitos anos” (Israel Finkelstein).

Christian Frevel é professor de Bíblia Hebraica na Faculdade de Teologia Católica da Ruhr-Universität Bochum, Alemanha. Ele também é Professor Extraordinário no Departamento de Antigo Testamento e Escrituras Hebraicas da Universidade de Pretória, África do Sul.

 

Reproduzo aqui trechos da resenha da obra original, Geschichte Israels, 2. ed., 2018, feita por Daniel Buller e publicada na RBL em 27.03.2020. A resenha pode ser lida, no original inglês, em Academia.edu. Ou também aqui.

O trabalho de Frevel é uma contribuição bem-vinda ao campo da pesquisa que discute todos os aspectos relevantes da história de Israel. Como explica Frevel no primeiro capítulo, o estudo da história de Israel trata de três níveis: o bíblico, o arqueológico e o histórico; todos os três devem estar correlacionados entre si. Isto significa que escrever uma história de Israel não se preocupa simplesmente em recontar as narrativas bíblicas, mas as narrativas bíblicas precisam ser avaliadas à luz da arqueologia e da história. Assim, escrever uma história de Israel significa construção e interpretação para que uma história de Israel possa ser reconstruída.

Os capítulos 2 e 3 cobrem a pré-história e a história inicial de Israel, respectivamente. Frevel escolhe o termo pré-história porque o período mais antigo em que podemos falar de um Estado israelita no sentido habitual só pode ser imaginado no século X ou, ainda mais provavelmente, no século IX a.C.

Em ambos os capítulos, o principal argumento de Frevel relativamente às origens de Israel é que Israel surgiu durante um processo mais longo dentro da terra de Canaã, e não fora dela (no Egito, no deserto etc.).

As mudanças arqueológicas associadas ao segundo milênio a.C., que foram interpretadas no contexto das narrativas patriarcais do Gênesis, não são o resultado de movimentos migratórios, mas apontam para alterações nas formas de povoamento que remontam a mudanças socioeconômicas entre áreas urbanas e estilo de vida rural.

FREVEL, C. Geschichte Israels. 2., Erweiterte Und Uberarbeitete Auflage ed. Stuttgart: Kohlhammer, 2018.Além disso, Frevel não vê nenhuma evidência arqueológica de um êxodo de um grupo étnico maior que possa ser identificado com a saída do povo de Israel do Egito, nem quaisquer sinais de tal grupo entrando na terra de Canaã (para não falar da tomada violenta de posse dela). Em vez disso, como a investigação mais recente demonstrou, o povo de Israel não é diferente dos seus vizinhos, na medida em que a sua origem é o resultado de um desenvolvimento indígena dentro de Canaã.

O quarto capítulo trata do surgimento da monarquia israelita. Um dos pontos centrais da discussão tem a ver com achados arqueológicos de estruturas administrativas. Onde e a partir de que período encontramos evidências de estruturas administrativas, e quando é que elas nos apontam para a existência de um Estado organizado de Israel na Palestina?

Quando se considera também o critério da produção de documentos administrativos, argumenta Frevel, apontamos para os séculos X e IX a.C.

No entanto, ele também explica que, ao discutir o desenvolvimento de “nenhum estado para estado”, deve-se ter cuidado para não cair demasiado rapidamente em posições binárias. O desenvolvimento certamente ocorreu durante um período mais longo durante o qual as estruturas subestatais cresceram e duraram até a dinastia omrida no início do século IX a.C. Esta fase de desenvolvimento do subestado distingue-se pela existência e formação das chamadas chefias. Até mesmo a descrição bíblica dos reinos de Saul, Davi e Salomão mostra tais características.

Assim, Frevel conclui que o retrato bíblico dos famosos reinos transregionais de Davi e Salomão não está de acordo com as descobertas arqueológicas do período de tempo determinado. Até agora, não foi encontrada nenhuma evidência arqueológica que confirmasse qualquer um dos projetos de construção feitos por Davi e Salomão, nem a evidência arqueológica prova a extensão transregional dos seus reinos. Assim, Frevel argumenta que, embora a ausência de evidência arqueológica não seja uma prova clara contra o retrato bíblico de Saul, Davi e Salomão e possamos certamente assumir que eles existiram, seus reinos podem ser melhor descritos como chefias que tinham poder sobre um território limitado e bastante regional.

O quinto e mais longo capítulo apresenta e discute o período que vai desde o início do Estado de Israel, no norte, até a queda de Judá. No que diz respeito ao surgimento do norte de Israel, Frevel explica que não foi encontrada nenhuma evidência arqueológica que comprove a existência deste Estado antes do século X a.C.

Embora Frevel deixe em aberto se o retrato bíblico de Omri é historicamente correto, ele aponta que Omri é o primeiro rei do reino do norte cujo nome aparece em fontes extrabíblicas (Estela de Mesha, Obelisco Negro de Salmanasar III, e a designação de Israel como “a casa de Omri” nas inscrições e anais assírios).

Disto ele infere que o Estado de Israel, no norte, surgiu sob o reinado de Omri. O retrato bíblico, por outro lado, parece desinteressado nos sucessos reais de Omri; antes, provavelmente está relacionado com a avaliação teológica negativa dos reis do norte encontrada nos escritos judaicos da História Deuteronomista.

Uma das teses mais importantes de Frevel para a sua reconstrução do desenvolvimento dos reinos de Israel e Judá tem novamente a ver com evidências arqueológicas de estruturas administrativas. Frevel pensa que as evidências apontam para a supremacia do reino do norte sobre Judá em termos do seu desenvolvimento administrativo e econômico.

Portanto, ele argumenta que, durante aproximadamente os primeiros duzentos anos de existência do estado do norte, Israel dominou a área do sul de Judá. As razões para isso incluem o fato de uma série de nomes dos primeiros reis de Israel e Judá serem idênticos e de existir problemas cronológicos. Independentemente das diferentes soluções propostas para esses problemas, Frevel interpreta o casamento de Atalia (neta de Omri) com o rei judaíta Jorão (2Rs 8, 23-26; 11) como evidência da influência política do norte de Israel sobre Judá. Assim, devido à diferença de desenvolvimento arqueológico entre o norte e o sul, Frevel considera que, por um longo período, Israel dominou Judá. Na verdade, este último alcançou plena independência administrativa e política não antes do século VII a.C.

A consequência decisiva da reconstrução de Frevel diz respeito ao retrato bíblico da divisão do reino sob Roboão, filho de Salomão (1 Reis 12). Enquanto Frevel argumenta que a noção da divisão do reino não é histórica, ele pensa que não foi inventada durante o período helenístico, como alguns acreditam, mas sim foi de fato alcançada durante a época da supremacia do norte sobre o sul, começando com o rei Omri.

O sexto capítulo cobre a história de Israel durante o período persa. Do ponto de vista bíblico, isto diz respeito à restauração retratada em Esdras e Neemias. Frevel presume que a supremacia do norte que ele vê nos primeiros estágios dos reinos de Israel e Judá continuou no período pós-exílico.

Isto leva à suposição de que, na época da sua restauração, a província de Yehud não tinha grande importância no grande Império Persa. Assim, Yehud não deve ser superestimado em termos de seu significado político. Com base na incerteza da expansão da província de Yehud e nas mudanças demográficas em torno de Jerusalém naquele momento, Frevel defende a volta do exílio apenas de um pequeno grupo.

Embora o chamado Cilindro de Ciro possa confirmar o retorno de objetos do Templo e de exilados judaítas, Frevel afirma que o número de repatriados foi muito menor do que o indicado na descrição bíblica. Para ele, a noção de “toda a terra” indo para o exílio é, do ponto de vista histórico, tão questionável quanto o retorno de um grupo maior, como retratado em Esdras e Neemias. Em vez disso, ele argumenta que os dados bíblicos sobre a extensão da deportação e do regresso demonstram, no máximo, o significado do exílio para a identidade coletiva do Israel pós-exílico.

Os dois últimos capítulos concluem a reconstrução de Frevel com o período helenístico e o período romano. No capítulo 7, Frevel explica que a província de Yehud está dividida entre os reinos ptolomaico e selêucida devido aos conflitos e à influência de ambos. Isto levou à revolta dos Macabeus e continuou durante o período de independência política desfrutada no reino dos Macabeus até o período romano, que é abordado no capítulo 8.

Como pode ser visto no resumo acima, grande parte da reconstrução de Frevel desafia o retrato bíblico, e pode-se concordar ou discordar da descrição do autor da história de Israel. Seja como for, a extensão da discussão e o número de fontes e problemas apresentados fazem deste livro uma referência inestimável para este vasto campo de pesquisa.

 

This English translation of the second edition of Christian Frevel’s essential textbook Geschichte Israels (Kohlhammer, 2018) covers the history of Israel from its beginnings until the Bar Kokhba revolt (132–135 CE). Frevel draws on archaeological evidence, inscriptions and monuments, as well as the Bible to sketch a picture of the history of ancient Israel within the context of the southern Levant that is sometimes familiar but often fresh and unexpected. Frevel has updated the second German edition with the most recent research of archaeologists and biblical scholars, including those based in Europe. Tables of rulers, a glossary, a timeline of the ancient Near East, and resources arranged by subject make this book an accessible, essential textbook for students and scholars alike.

“Christian Frevel’s History of Ancient Israel is undoubtedly the most detailed and up-to-date work on the subject, which encompasses the biblical text, archaeology, and historical considerations. The added value of this monumental work is in the author’s methodological questions, such as when the history of Israel begins or what Israel means in the history of Israel. This volume will be the textbook on this matter for many years to come” (Israel Finkelstein).

Christian Frevel is Professor of Hebrew Bible at the Faculty of Catholic Theology of the Ruhr-Universität Bochum, Germany. He is also Extraordinary Professor at the Department of Old Testament and Hebrew Scriptures of the University of Pretoria, South Africa.

 

Dieses Studienbuch stellt die “Geschichte Israels” von den Anfangen bis zum Bar-Kochba-Aufstand 132-135 n. Chr. dar. Das fur Exegese und TheologiestudiumChristian Frevel (* 31. Juli 1962) unverzichtbare Wissen vermittelt der Autor verstandlich und vor dem Hintergrund der aktuellen Forschung. Er zieht fur seine Darstellung alle verfugbaren Quellen heran; exemplarisch wird aufgezeigt, wie diese Quellen zu interpretieren sind und wo die Grenzen der Rekonstruktion von Geschichte liegen. Dazu fuhrt er in den Stand der archaologischen und historischen Forschung ein und bezieht die Ergebnisse kritisch auf die biblische Darstellung. So entsteht ein Bild der Geschichte des antiken Israel im Kontext der sudlichen Levante, das manches Mal vertraut, oft aber auch frisch und unerwartet daher kommt. Fur die Neuauflage wurden zahlreiche Abschnitte uberarbeitet und neueste Literatur erganzt. Der Charakter als Studienbuch wurde noch einmal methodisch reflektiert und verstarkt.

Seminário do PIB para professores de Bíblia em 2025

Sobre a iniciativa, leia aqui.

Sobre os seminários anteriores, leia aqui e aqui.

Sobre o seminário de 2025:
:: Tema: Cenários históricos da época do Antigo Testamento
:: Data: 20-24 de janeiro de 2025
:: Coordenador: Professor Paolo Merlo, com a colaboração do Professor Jean Louis Ska.

No site do PIB se lê em italiano [ou English]:

Seminario 2025 [dal 20 al 24 gennaio 2025]

Tema del seminario: Prospettive storiche sull’Antico Testamento

Coordinatore del seminario è il Prof. Paolo Merlo (della Pontificia Università Lateranense e invitato al Pontificio Istituto Biblico), coadiuvato dal Prof. Jean Louis Ska.

Il Seminario prevede ogni giorno tre lezioni magistrali comuni: due al mattino (9:00-12:00) [eccetto il giovedi, in cui ne sono previste tre] e una al pomeriggio (15:00-16:15), e delle sedute pomeridiane di approfondimento (16:30-18:00) per gruppi. Queste ultime saranno o in forma seminariale o in forma di lezioni frontali.

 

PROGRAMMA

(Le tematiche sono indicative; i titoli definitivi delle relazioni potranno subire variazioni).

:. Lunedì 20 gennaio
** Questioni di metodo: focus sulle storie d’Israele e Giuda

1. L’oggetto di studio: Identità di «Israele» e «Giuda»
Prof. Fabio Porzia [Consiglio Nazionale delle Ricerche, Roma].

2. Storiografia dell’antico Israele nel XXI secolo: le origini e l’età del Ferro
Prof. Peter Dubovský [Pontificio Istituto Biblico, Roma].

3. Storiografia di Samaria e Giuda nel XXI secolo: l’età persiana ed ellenistica
Prof. Dario Garribba [Pontificia Facoltà Teologica dell’Italia Meridionale – Sez.San Luigi].

Sono al momento già previste le seguenti sedute pomeridiane di approfondimento (in contemporanea):

1. Sennacherib a Gerusalemme (2Re 18,13.17–19,37 e gli annali RINAP 3/2 n. 46:22-32)
Prof. Krzysztof Kinowski [Università Giovanni Paolo II, Lublino]

2. Cosa rimane delle “riforme” di Ezechia e di Giosia?
Prof.ssa Ida Oggiano [Consiglio Nazionale delle Ricerche, Roma].

3.Da Alessandro Magno ad Alessandro Ianneo: la questione della ‘ellenizzazione’ e l’istituzione dello stato asmoneo
Prof. Vasile Babota [Pontificia Università Gregoriana, Roma]

:. Martedì 21 gennaio
** I testi e oltre i testi. Il contributo dell’archeologia

1. Il valore di fonte dei testi biblici nella storiografia dell’antico Israele sullo sfondo dell’archeologia [in inglese; sarà disponibile traduzione italiana]                                  Prof. Christian Frevel [Ruhr-Universität Bochum, Germania].

2. L’archeologia d’Israele e Giuda nel XXI secolo: le origini e l’età del Ferro
Prof.ssa Ida Oggiano [Consiglio Nazionale delle Ricerche, Roma].

3. L’archeologia di Israele e Giuda: le età neobabilonese, persiana ed ellenistica [in inglese; sarà disponibile traduzione italiana]                                                              Prof. Oded Lipschits [Tel Aviv University]

Sono al momento previste le seguenti sedute pomeridiane di approfondimento (in contemporanea):

1. Scavi recenti a Gerusalemme: evidenze e interpretazioni.
Prof. Josef Mario Briffa [Pontificio Istituto Biblico, Roma].

2. Paradigmi storiografici dei Libri di Esdra e Neemia
Prof. Francesco Bianchi [Ricercatore indipendente]

3. Dal testo al contesto: Il Tempio di Salomone a Gerusalemme tra narrazione biblica ed evidenza archeologica
Prof.ssa Maura Sala [Pontificio Istituto Biblico, Roma]

:. Mercoledì 22 gennaio
** Le fonti extra-bibliche per la storia d’Israele e Giuda

1. Fonti documentarie per la storia d’Israele e Giuda: l’età preclassica
Prof. Paolo Merlo [Pontificia Università Lateranense, Roma]

2. Fonti documentarie per la storia d’Israele e Giuda: l’età ellenistica e romana
Prof.ssa Dorota Hartman [Università degli studi di Napoli L’Orientale] [pomeriggio del mercoledì: libero]

:. Giovedì 23 gennaio
** Israele tra i popoli: quali identità? Quali relazioni?

1. La Mesopotamia e Israele: interconnessioni storiche e culturali
Prof. Anthony Soo Hoo [Pontificio Istituto Biblico, Roma].

2. La costa Levantina: Fenici e Filistei
Prof.ssa Tatiana Pedrazzi [Consiglio Nazionale delle Ricerche, Milano].

3. Gli stati delle regioni interne: Aram, Ammon, Moab ed Edom
Prof.ssa Giulia Francesca Grassi [Università di Udine].

4. Egitto e Israele: interconnessioni storiche e culturali
Prof.ssa Paola Buzi [Università di Roma La Sapienza]

Sono al momento previste le seguenti sedute pomeridiane di approfondimento (in contemporanea):

1. Le tribù di Israele. Tra storia e idealità
Prof.ssa Elisa Cagnazzo [Facoltà Teologica dell’Italia settentrionale, sezione di Torino].

2. «Il Signore vostro Dio ha combattuto per voi» (Gs 23,3). Le narrazioni di conquista in Giosuè e il linguaggio della guerra nei testi storiografici del Vicino oriente antico
Prof. Flavio Dalla Vecchia [Università Cattolica del Sacro Cuore, Milano].

3. The Jewish Diaspora in Ptolemaic Egypt considering the Old Testament and the Extra-Biblical Sources: Life, Identity, Relations with the “Others” and the Homeland
Prof.ssa Martina Korytiaková [Comenius University, Bratislava].

:. Venerdì 24 gennaio
** ll contesto religioso

1. La religione di Israele e Giuda all’epoca regale
Prof. Paolo Merlo [Pontificia Università Lateranense, Roma].

2. La religione di Giuda in epoca persiana ed ellenistica
Prof. Francesco Bianchi [Ricercatore indipendente]

Venerdì pomeriggio (tavola rotonda conclusiva)
. Come scrivere una storia d’Israele e Giuda nel XXI secolo. Prospettive e desiderata
Proff. Peter Dubovský; Paolo Merlo; Jean-Louis Ska.

Iscrizioni

Chi fosse interessato è pregato di dare la propria adesione, inviando una e-mail all’indirizzo: pibsegr@biblico.it

Termine delle iscrizioni: 10 ottobre 2024.

Sarà possiobile anche la partecipazione on-line. Nel fare l’iscrizione si prega di precisare la modalità di partecipazione.

La quota di partecipazione è di € 120. Per i membri dell’Associazione ex-alunni/e in regola con l’iscrizione: € 100.

Non è richiesto il versamento di una quota al momento dell’iscrizione, ma si prega di inviare la propria adesione solo se realmente si prevede di partecipare, perché l’organizzazione finale della settimana dipenderà anche dal numero dei partecipanti.

Per ulteriori informazioni rivolgersi a: Segretario Generale PIB (pibsegr@biblico.it)

Após o colapso da Idade do Bronze

Paralelamente à decadência da antiga ordem da Idade do Bronze Recente, grupos “etnicamente” definidos começam a aparecer em textos contemporâneos e posteriores.CLINE, E. H. After 1177 B.C.: The Survival of Civilizations. Princeton: Princeton University Press, 2024 Estamos falando de grupos pertencentes aos “povos do mar”, com destaque para os filisteus, mas também de povos que vão se consolidando durante a Idade do Ferro, como os fenícios, israelitas, arameus, moabitas, amonitas, edomitas e outros.

Reproduzo aqui uma tabela do livro de CLINE, E. H. After 1177 B.C.: The Survival of Civilizations. Princeton: Princeton University Press, 2024 que nos ajuda a visualizar esta situação.

Sequências de civilizações/sociedades nos séculos seguintes ao colapso

Civilizações/sociedades

Transformados em

Assimilados ou substituídos

AssíriosNeoassírios-
BabilôniosNeobabilônios-
Cananeus do centroFenícios-
Cananeus do sul-Israel, Judá, Amon, Moab, Edom, Filisteia
CipriotasCipriotas arcaicos-
EgípciosEgípcios-
Hititas (e cananeus do norte)Neo-hititas (norte de Canaã e sudeste da Anatólia)Urartu (Anatólia oriental), Frígios (Anatólia central e ocidental)
Micênicos e minoicosGregos arcaicos e cretenses-

Sequels of civilizations/societies in the centuries following the Collapse

Fonte: CLINE, E. H. After 1177 B.C.: The Survival of Civilizations. Princeton: Princeton University Press, 2024, p. 189 (pdf) – Table 7. Sequels of civilizations/societies in the centuries following the Collapse.

SOTER 2024: Economia e Inteligência Artificial

A SOTER – Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – comunica que seu 36º Congresso Anual terá como tema Economia e Inteligência Artificial: Desafios à sociedade e à religião e será realizado no campus Coração Eucarístico da PUC-Minas, em Belo Horizonte, de 9 a 12 de julho de 2024.Soter 2024: Economia e Inteligência Artificial

Formato híbrido:
Presencial: Auditório João Paulo II – PUC Minas
Online: As transmissões serão realizadas pelo site do Congresso da SOTER – A transmissão online será exclusiva aos participantes inscritos.

O 36° Congresso da SOTER discutirá a economia e a inteligência artificial (IA) e seus desafios para a ciência e a religião, um tema de grande relevância atual. Estamos no limiar de uma transformação sem precedentes com a IA, que tem o potencial de reformular todos os aspectos de nossas vidas. O debate atual é mais focado no futuro potencial da IA Geral do que no presente. As preocupações com a IA estão crescendo, incluindo a possível extinção de empregos e o aumento do poder das IAs e das empresas que as controlam. Há demandas por regulamentações éticas, transparência de algoritmos e sistemas de governança.

As IAs atuais já têm um impacto significativo em nossas vidas, influenciando expressões de fé e moldando comportamentos e discursos nas redes sociais. A IA terá um impacto significativo nas igrejas, impulsionando a personalização e à criação de conteúdo. Isso resultará em um ambiente religioso mais automatizado.

O 36° Congresso Internacional da SOTER promoverá uma reflexão sobre a interação entre economia, IA e religião, considerando as implicações éticas do uso da IA. A ética cristã, que enfatiza a dignidade humana e o respeito ao próximo, servirá como guia para essa reflexão. Portanto, é crucial desenvolver e usar a IA de maneira ética.

Por esta razão, os objetivos do 36° Congresso Internacional da SOTER são:

a) Realizar uma análise da economia e da IA a partir da perspectiva das Ciências da Religião e da Teologia;

b) Concentrar-se em novas epistemologias e debater o tema, com o objetivo de desenvolver novas práticas éticas, sociais e religiosas, bem como ecologias compartilhadas;

c) Fomentar um diálogo aberto sobre a IA sob a ótica das Ciências da Religião, da Teologia e da ecologia;

d) Discutir o papel da religião, ética e economia na utilização da IA para o benefício da sociedade;

e) Oferecer uma visão mais crítica e reflexiva sobre o uso da IA nos campos da economia, religião e ecologia para as Ciências da Religião e da Teologia.