MEIER, John P. Um Judeu Marginal. Repensando o Jesus Histórico. Volume Um: As Raízes do Problema e da Pessoa. Rio de Janeiro: Imago, 1993, p. 401-402, explica:
“Jesus de Nazaré nasceu – mais provavelmente em Nazaré, e não em Belém – por volta de 7 ou 6 a.C., alguns anos antes da morte do Rei Herodes, o Grande (4 a.C.). Após ter sido educado de forma convencional numa família devota de camponeses judeus da Baixa Galiléia, ele foi atraído para o movimento de João Batista, cujo ministério começou na região do Vale do Jordão, entre o final de 27 ou começo de 28 d.C.; batizado por João, logo Jesus seguiu seu próprio caminho, iniciando seu ministério ainda em 28, com a idade de 33 ou 34 anos. Regularmente ele dividiu sua atividade entre a região da Galiléia e Jerusalém (incluindo a área adjacente da Judéia), dirigindo-se para a cidade santa para as grandes festas, quando as grandes multidões de peregrinos lhe proporcionariam um público que, de outra forma, ele não conseguiria atingir. Seu ministério se prolongou por dois anos e alguns meses.
Em 30 A.D., estando em Jerusalém para a festa da Páscoa que se avizinhava, Jesus aparentemente sentiu que a crescente hostilidade entre as autoridades do templo e ele estava prestes a alcançar seu clímax. Jesus celebrou uma solene ceia de despedida com seu círculo mais íntimo de discípulos, ao anoitecer da quinta-feira, 6 de abril (pela nossa contagem atual), quando começava o décimo quarto dia de Nisan, o dia de preparação para a Páscoa (de acordo com a contagem litúrgica judaica). Preso em Getsêmani na noite de 6 para 7 de abril, ele foi primeiro inquirido por alguns funcionários judeus (pouco provavelmente por todo o Sinédrio) e depois entregue a Pilatos na madrugada de sexta-feira, 7 de abril. Pilatos prontamente o condenou à morte na cruz. Depois de flagelado e humilhado, Jesus foi crucificado no mesmo dia, nos arredores de Jerusalém. Morreu na sexta-feira, 7 de abril de 30, com a idade de 36 anos aproximadamente”.
* Neste ano, 2023, a Sexta-Feira Santa cai em 7 de abril. A última ocorrência foi em 1950 e a próxima será em 2034. Cf. http://mbednarek.byethost7.com/easter.php e https://calendarhome.com/calculate/day-of-week
Cf. Um esboço da vida de Jesus, segundo John P. Meier
Opine sobre isso em Enquetes bíblicas.
Leia também: Paixão de Cristo: como foi a morte de Jesus, segundo a ciência – Por Edison Veiga: BBC News Brasil – 1 abril 2021
Leia Mais:
Jesus Histórico no Observatório Bíblico
Como Jesus pode ter nascido em Nazaré? No seu tempo, como já foi provado por estudos sérios, esta cidade não existia ainda.
Amigo,
Apresente, então, estes “estudos sérios”!
Ora, o que há é um certo debate sobre o assunto. Isto é normal em se tratando de identificar sítios arqueológicos de povoados antigos. Mas a tese da não existência de Nazaré no tempo de Jesus não se sustenta.
Faça um rápida busca no Google e você verá.
Por exemplo: Did Nazareth Exist?
Desculpe postar após tanto tempo, mas sei lá, mais alguém pode ler isso, daí acho que o comentário que foi feito sobre Nazaré não existir antes de Jesus é absurdo até para o ponto de vista lógico de qualquer tipo de estudo.Nazaré é mencionada nas Escrituras…. Se Nazaré não existia então foi muita coincidência ela ter sido criada poucos anos após Jesus, não acha?Seja como for, sempre terá um pra dizer o oposto do que eu digo, afinal o que eu digo é oposto do que você pensa… Mas prefiro acreditar no óbvio. Acha que a bíblia foi planejada desde seu inicio por escritores que desejavam ser reconhecidos mundialmente? Olha, Se todos o que escreveram estivessem vivos, ganhariam muito dinheiro, mas creio que eles não pensavam nisso não… E você o que pensa?
muito bem
sem sombra de dúvida.
jesus tinha 33anos ou 36anos?
de onde vem essa teoria de 36 anos, quando a biblia diz 33?
Confira A Data do Nascimento de Jesus
Olha, seu estudo está correto. As pessoas que acreditam que Jesus morreu com 33 anos não se dão conta de um detalhe. Três anos e meio de ministério é muito tempo, o provável é que tenha sido de alguns meses a um ano e alguns meses. Alguém em são consciência acredita que os Sacerdotes e o Império Romano iriam tolerar Jesus pregando e dando lições de moral em todos por tanto tempo?
Sou Estudante de Teologia e meu mestre que é PhD em teologia me diz que Jesus morreu com 33 anos e Meio… Então quem é você pra dizer que ele morreu com 36??
Essa foi boa….kkkkkkkkk…. Heresia!!
Melquezedeque,
Eu? Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa, um dia me explicou Guimarães Rosa. Por isso, eu estudo! Sou apenas o sujeito do verbo estudar. Tento seguir a recomendação do amigo Gaston Bachelard.
Airton, você pode fornecer as fontes de onde foram extraídas estas informações?
Fernando,
As informações estão no livro de John P. Meier, Um judeu marginal, vol. 1, citado, com link para a editora Imago, no começo do post. O original inglês é de 1991 e a tradução brasileira é de 1993.
Mas o que menciono aqui é apenas a conclusão. A discussão toda ocupa o capítulo 11 do referido livro: "No décimo quinto ano…": uma cronologia da vida de Jesus (p. 366-426).
Sobre o autor, atualmente professor da Universidade de Notre Dame, Indiana, USA, você pode conferir aqui ou aqui.
Uma resenha do volume 2, livro 1 – nada encontrei do volume 1 -, em português, pode lhe dar uma ideia do que é a obra. Resenhas dos volumes 3 e 4 podem ser lidas, em inglês, na RBL, aqui e aqui.
Como você pode constatar, fomos contemporâneos no Bíblico, em Roma: em 1976 eu terminava o Mestrado, ele o Doutorado.
Lembro que este tipo de discussão pode ser encontrada em vários livros acadêmicos sobre o Jesus histórico.
Encontrei uma resenha feita por alguém da área. E que foi publicada na época da tradução de John P. Meier, Um judeu marginal, volume 1, para o português: JOHAN KONINGS, O "Jesus Histórico": a nova fase e a divulgação do debate. Perspectiva Teológica 25 (1993), p. 357-370.
Airton, gosto de ler o seu trabalho pois é muito sério, bem próximo do científico. O pessoal que estuda teologia está preocupado com o kerigma então jamais vão estudar as escrituras cientificamente e por isso eles se escandalizam. Todos os trabalhos sérios indicam uma idade de cerca de 36 anos para a morte de Jesus.
meu irmão eu gostaria de saber da onde vc tirou essa ideia de q JESUS morreu com 36 anos?
Meus Irmão voces dizem que jesus tem 33 anos quando ele morreu ta mais na biblia nao relata em momento algum com quantos anos ele morreu.Por favor se voces acharem me mandem o capitulo e o versiculo.
Eduardo Rondon, realmente não se encontra em capítulo ou versículo, mas na Bíblia Sagrada das Edições Paulinas, de 1982, há uma cronologia: nascimento em 5 a.C. e morte em 30 d.C.
A conta não é tão simples, mas não é tão complicada: de -5 a +30, seria sua morte com 35 anos. Mas não houve "0" no Ocidente até a Idade Média: de 1 a.C. passa-se a 1 d.C. Logo, teria morrido com 34 anos. Mas abril, o mês da Páscoa (e da crucificação) é anterior a 25 de dezembro (como a temos atualmente) e também anterior a 02 de agosto, que é a data proposta por mim, em meus estudos. Logo, morreu antes de fazer aniversário no ano 30, com 33 anos.
Meu caro Melquisedeque, então quer dizer que se o PhD dizer que Deus não existe você acredita nele e continua desfazendo dos outros?
só não entendi como ele morreu com 36 anos no ano 30. matemática estranha essa
"Jesus de Nazaré nasceu – mais provavelmente em Nazaré, e não em Belém – por volta de 7 ou 6 a.C., alguns anos antes da morte do Rei Herodes, o Grande (4 a.C.)". Este é o início do texto de John P. Meier.
Como pode Jesus ter nascido antes da Era Cristã?
Vamos começar pela citação de uma extensa nota de rodapé de um dos mais importantes estudos sobre o Jesus histórico existentes atualmente, que é o de John P. Meier, Um Judeu Marginal. Repensando o Jesus Histórico.
No volume I, capítulo 11, nota 24, Meier observa: “O paradoxo de Jesus ter nascido em alguma data anterior a 4 a.C. se deve ao nosso atual sistema de contagem dos anos, a.C. (‘antes de Cristo’ e d.C. (‘depois de Cristo’) ou A.D. (anno Domini = ‘no ano do Senhor [Jesus]’), estabelecido pelo monge Dionísio Exíguo. Na primeira metade do século VI A.D., Dionísio sugeriu que os cristãos deveriam contar os anos a partir do nascimento de Cristo, e não do reinado do Imperador Diocleciano (notório por sua perseguição aos cristãos) – isto para não falar da contagem a partir da tradicional data da fundação da cidade de Roma (A.U.C. [ab urbe condita], que corresponderia a 753 a.C. no nosso atual sistema de contagem). Infelizmente, a aritmética de Dionísio não estava no mesmo nível de sua devoção; ele calculou erradamente o ano da morte de Herodes (dessa forma antecipando as posições de alguns exegetas do século XX) e, em decorrência, o ano do nascimento de Jesus. Dionísio considerou que 1 A.D. fosse equivalente a 754 A.U.C., errando por quatro anos no mínimo, pois Herodes morreu em 750 A.U.C.” [MEIER, J. P. Um judeu marginal: repensando o Jesus Histórico. Volume Um: as raízes do problema e da pessoa. Rio de Janeiro: Imago, 1993, p. 411, nota 24].
O mesmo autor, tratando das narrativas da infância de Jesus segundo Mateus e Lucas, vai dizer: “Será que as Narrativas da Infância têm algo a contribuir para o nosso conhecimento do Jesus histórico? Alguns exegetas responderiam: praticamente nada. Contudo, um julgamento totalmente negativo pode ser muito radical”.
E continua dizendo que a teoria mais bem aceita sobre a relação entre os evangelhos sinóticos mostra que Mateus e Lucas não se conheceram. Além do que as narrativas da infância são bem diferentes entre si. Em que isto contribui?
“Quaisquer concordâncias entre os dois [Mateus e Lucas] nessas narrativas se tornam historicamente significativas, em especial quando o critério da múltipla confirmação é invocado. Essas concordâncias em duas narrativas independentes e profundamente contrastantes representariam, no mínimo, um recurso a uma tradição mais antiga, e não a criação dos evangelistas (…) Por exemplo, apesar de todas as suas divergências, tanto Mateus como Lucas situam o nascimento de Jesus durante o reinado de Herodes, o Grande (37-4 a.C.; cf. Mateus 2,1 e Lucas 1,5)”[ Idem, ibidem, p. 213-214].
Para concluir: “A correlação de Mateus 2 e Lucas 3,23 torna provável – embora não certo – que Jesus tenha nascido poucos anos, e apenas poucos, antes de 4 a.C.”[Idem, ibidem, p. 371].
Estes e outros dados estão em A data do nascimento de Jesus.
Então Lucas 4:16 está errado,quando ele narra que Yeshua que:Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no yom de shabat, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Lucas é bem claro em dizer que ele foi criado e não nascido.Eu nasci em Goiás e fui criado em São Paulo.
Adorei ler os comentários; certeza que me auxiliou mais nos conhecimentos; pensava eu, que o nosso calendário começou no nascimento do menino Jesus; aí fiquei sem entender!!
Vamos botar ‘palha nesta fogueira’. O Jesus cristão não é Yeshua Ha-mashiach, e sim Tamuz que nasceu em 25 de dezembro. O Jesus, filho do Deus Altíssimo, teria nascido entre 9 de março e 4 de maio do ano 5 a.C. O físico Albert Einstein também opinou sobre a verossimilhança do relato bíblico [da Bíblia Hebraica/Antigo Testamento], em uma carta datada de 3 de janeiro de 1954 e enviada ao filósofo Eric Gutkind. A se contar o tempo estamos em 2028/9 depois do nascimento de Jesus.
Todas as postagens sobre o Natal publicadas no Observatório Bíblico. Em ordem cronológica, da mais recente à mais antiga.
Uma leitura possível: Jesus Cristo nasceu cinco anos antes de Cristo (se realmente nasceu) – Por Manuel Ansede – El País: 24 Dez. 2015
Foi mencionada acima uma carta de Einstein, em alemão, que fala do relato bíblico. Abaixo o texto em português, traduzido do inglês.
Princeton, 3.1.1954
Caro Sr. Gutkind,
Inspirado pelas repetidas sugestões de Brouwer, li muito do seu livro nos últimos dias: muito obrigado por tê-lo enviado para mim. O que me chamou particularmente a atenção foi o seguinte. Somos em grande parte semelhantes em relação à nossa atitude factual para com a vida e a comunidade humana: um ideal que vai além do interesse próprio, com a busca pela liberação dos desejos egocêntricos, a busca pela melhoria e refinamento da existência, com ênfase no elemento puramente humano, pelo qual coisas inanimadas devem ser percebidas puramente como um meio, ao qual nenhuma função dominante deve ser atribuída. (É especialmente essa atitude que nos une como uma atitude autenticamente “não americana”).
No entanto, sem o incentivo de Brouwer, nunca teria me comprometido tão de perto com seu livro, porque está escrito em uma linguagem que é inacessível para mim. A palavra Deus não é para mim nada além da expressão e produto das fraquezas humanas, a Bíblia uma coleção de lendas veneráveis, mas ainda assim bastante primitivas. Nenhuma interpretação, por mais sutil que seja, pode (para mim) mudar algo sobre isso. Essas interpretações refinadas são naturalmente muito diversas e têm virtualmente nada a ver com o texto original. Para mim, a religião judaica genuína é, como todas as outras religiões, uma encarnação de superstição primitiva. E o povo judeu, ao qual felizmente pertenço e em cuja mentalidade me sinto profundamente ancorado, para mim não tem nenhuma dignidade diferente de todos os outros povos. No que diz respeito à minha experiência, eles não são de fato melhores do que outros grupos humanos, mesmo que estejam protegidos dos piores excessos pela falta de poder. Deste modo, não posso perceber nada de “escolhido” sobre eles.
Em geral, me dói que você reivindique uma posição privilegiada e tente defendê-la por meio de dois muros de orgulho, um externo como ser humano e outro interno como judeu. Como ser humano, você reivindica, até certo ponto, uma dispensa da causalidade que, de outra forma, você aceita; como judeu, um status privilegiado para o monoteísmo. Mas uma causalidade limitada não é mais uma causalidade, como nosso maravilhoso Spinoza reconheceu originalmente com absoluta clareza. E a concepção animista das religiões naturais não é cancelada por monopolização. Com tais muros, só podemos alcançar uma certa auto-enganação; mas nossos esforços morais não são promovidos por eles. Muito pelo contrário.
Agora que expressei abertamente as nossas diferenças em convicções intelectuais, ainda está claro para mim que somos muito próximos um do outro nos aspectos essenciais, ou seja, em nossas avaliações do comportamento humano. O que nos divide é apenas a embalagem intelectual ou a “racionalização”, na linguagem freudiana. Então, acredito que nos entenderíamos muito bem se conversássemos sobre coisas concretas.
Com agradecimentos cordiais e os melhores votos,
Atenciosamente,
A. Einstein