O Código de Hammurabi

No blog Awilum.com, me deparo, de repente, ao abrir o leitor de feeds, com uma boa foto do Código de Hammurabi. Nesta semana, este foi um dos assuntos de minha aula de História de Israel, no item Noções de Geografia do Antigo Oriente Médio. É por isso que a melhor tradução deste código feita no Brasil, está aqui, diante de mim, em minha mesa.

Em 1792 Hammurabi (1792-1750 a.C.) subiu ao trono de Babilônia. Consolidou sua posição frente aos vizinhos da Baixa Mesopotâmia e em seguida estendeu seu domínio a Mari, aos elamitas, assírios e gútios. No 31º ano de seu reinado Hammurabi já era senhor da Suméria e de Akkad. Entre outras realizações, Hammurabi desenvolveu uma legislação que ficou famosa através de seu conhecido código, que hoje está no Louvre, em Paris.

Eis um trecho do Epílogo do Código de Hammurabi na tradução de BOUZON, E. O Código de Hammurabi. Introdução, tradução do texto cuneiforme e comentários. 4a edição totalmente revista e melhorada. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 222-223:BOUZON, E. O Código de Hammurabi. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

(Estas são) as sentenças de justiça, que Hammurabi, o rei forte, estabeleceu e que fez o país tomar um caminho seguro e uma direção boa. Eu (sou) Hammurabi, o rei perfeito. Para com os cabeças-pretas, que Enlil me deu de presente e dos quais Marduk me deu o pastoreio, não fui negligente, nem deixei cair os braços; eu lhes procurei sempre lugares de paz, resolvi dificuldades graves, fiz-lhes aparecer a luz. Com a arma poderosa que Zababa e Ishtar me outorgaram, com a sabedoria que Ea me destinou, com a habilidade que Marduk me deu, aniquilei os inimigos em cima e embaixo, acabei com as lutas, promovi o bem-estar do país (…). Para que o forte não oprima o fraco, para fazer justiça ao órfão e à viúva, para proclamar o direito do país em Babel, a cidade cuja cabeça An e Enlil levantaram, na Esagila, o templo cujos fundamentos são tão firmes como o céu e a terra, para proclamar as leis do país, para fazer direito aos oprimidos, escrevi minhas preciosas palavras em minha estela e coloquei-a diante de minha estátua de rei da justiça (…). Que o homem oprimido, que está implicado em um processo, venha diante da minha estátua de rei da justiça, leia, atentamente, minha estela escrita e ouça minhas palavras preciosas. Que minha estela resolva sua questão, ele veja o seu direito, o seu coração se dilate! (…) Que nos dias futuros, para sempre, um rei que surgir no país observe as palavras de justiça que escrevi em minha estela, que ele não mude a lei do país que eu promulguei, as sentenças do país que eu decidi, que ele não altere os meus estatutos!

Uma indicação: quem quiser começar a entender a estrutura da sociedade babilônica da época de Hammurabi e conhecer melhor o que poderá ter significado este Código, leia a Introdução da obra de Emanuel Bouzon, nas p. 15-38. Traz como título Hammurabi, seu tempo e sua obra.

Pistas para a leitura de Grande Sertão: Veredas – II

ANDRADE, S. M. V. A vereda trágica do “Grande Sertão: Veredas”. São Paulo: Loyola, 1985, 104 p.

Um está sempre no escuro, só no último derradeiro é que clareiam a sala. Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.

No primeiro capítulo de seu texto, na p. 19, Sônia Maria Viegas Andrade diz:

O poeta é Guimarães Rosa. Motivados pelo desafio de pensar a poesia na sua função mediadora entre a existência e o pensamento, a realidade e o conceito, escolhemos Grande Sertão: Veredas como matéria de reflexão. Guimarães Rosa faz com a palavra um trabalho que lhe permite atingir o que ele próprio chama o ‘aspecto metafísico da língua’. No interior de sua criação poética, as significações se desdobram, tornam-se interrogativas e expõem suas contradições. Ele recupera as palavras em seu poder de expressão do real e também em seu poder de negação e de instauração de outras dimensões de realidade. Sua narrativa está sempre a esbarrar no limite, e é desse limite que o sentido poético se abisma no indizível, como se toda a narração tivesse por finalidade principal apontar para algo que a ultrapassa. A poesia recupera, assim, a realidade na indizível evidência com que ela resplandece através do sentido poético. Guimarães Rosa atinge um nível de reflexividade da linguagem que se encontra latente na expressão poética e é dela indissociado.

E na p. 22, ainda no mesmo capítulo, diz a autora:

Nossa abordagem se pretende filosófica, buscando uma filosofia poética nos vazios conceituais do romance de Guimarães Rosa. Uma filosofia que não se explicita, mas que se pode apontar, e sua descoberta permite uma fruição mais intensa da poesia, encaminhando a sensibilidade para significações inauditas, proporcionando um número incontável de leituras do texto poético.


Mas a que se refere a ‘vereda trágica’ do título? Explica a autora no capítulo terceiro, p. 48, que é sua intenção

mostrar como a instauração da dúvida, no relato de Riobaldo, transforma a aventura épica em aventura trágica. A dúvida intercepta a transfiguração do herói e se utiliza do narrador para introduzir, na aventura épica, uma ruptura que devolve a subjetividade a seu conflito.

Pistas para a leitura de Grande Sertão: Veredas – I

Mas, para mim, o que vale é o que está por baixo ou por cima – o que parece longe e está perto, ou o que está perto e parece longe. Conto ao senhor é o que eu sei e o senhor não sabe; mas principal quero contar é o que eu não sei se sei, e que pode ser que o senhor saiba.

Se você não participou desta conversa sobre Guimarães Rosa e Grande Sertão: Veredas deste o começo, peço que primeiro clique aqui, depois volte a este texto.

João Guimarães Rosa, Grande Sertão: VeredasPretendo anotar, no correr dos próximos dias, algumas pistas para a leitura de Grande Sertão: Veredas. É um pequena bibliografia comentada, duas dúzias de livros, parte da qual já li, parte que pretendo ler. Na parte lida, estão anotações minhas entremeadas com a perspectiva dos autores das obras; na parte ainda não lida, me vali de sinopses dos editores e/ou trechos dos autores.

Não sou especialista no assunto, sou apenas um leitor permanente de Grande Sertão: Veredas e de outras obras de Guimarães Rosa. Por isso, leia os textos que aqui ofereço com esse cuidado em mente. Apenas lembrando: hoje, às 19 horas, na Bienal do Livro de São Paulo, Willi Bolle, autor de Grandesertão.br, iniciou a discussão sobre esta obra-prima de Guimarães Rosa.

ALBERGARIA, C. Bruxo da Linguagem no Grande Sertão: leitura dos elementos esotéricos na obra de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, 154 p.

O livro de Consuelo Albergaria é resultado de uma Dissertação de Mestrado, orientada por Silviano Santiago, apresentada ao Departamento de Letras da PUC-Rio em dezembro de 1976. Transcrevo algumas anotações feitas durante a leitura, que ocorreu no final da década de 80.

O esquema mistérico parece funcionar, pois vai explicando os fatos e as atitudes de modo bastante significativo. A autora confronta a obra com as opiniões de G. Rosa sobre a mesma: dá a estas opiniões grande peso, tentando conciliar as duas posições. Anotei coisas interessantes, como: o mal não é um ente metafísico, é apenas a privação do Bem, que é o único absoluto, é Deus… e: a autora nega a leitura fáustica de Grande Sertão: Veredas, feita por muitos, e parece ter razão, quando diz, na p. 37:

Na tragédia de Goethe, o demônio, Mefistófeles, aparece visível e comprovadamente, dialogando e fechando o pacto com o protagonista, o que absolutamente não acontece em Grande Sertão: Veredas, onde o máximo que se poderia aceitar seria a permanência da dúvida. Por isso, ao falar do pacto salienta: Dizemos um pacto que Riobaldo pretende fazer, e não que faz com o demo, pois é evidente que se o seu desejo é acabar com o medo não seria possível conferir existência ao demo, posição, aliás, que mantém durante toda a sua narrativa.

Mas faço ressalvas: a inquietação que tal tipo de leitura me transmite é a percepção de que ela é profundamente idealista, pois a verdade precede o acontecimento, e dualista, na sua oposição corpo/alma, físico/metafísico e assim por diante. As condições reais do sertão – que, afinal, geram o símbolo – jamais são mencionadas. Alguns costumes sertanejos como o espelhinho de bolso e o embornal, por exemplo, tão triviais para quem nasceu e viveu no sertão em Minas, como eu nasci e vivi, acabam se tornando misteriosos rituais iniciáticos na leitura da autora. Por outro lado, há que se admitir que o próprio Guimarães Rosa confessa ser mesmo ligado aos mistérios e que sua obra deve refletir isto! No Prefácio, à p. 13, Benedito Nunes diz:

Da vastíssima bibliografia roseana já constam estudos que abordam a simbologia mística de Grande Sertão: Veredas. Mas ainda não se havia tentado, como faz a autora deste livro, usar o complexo de tradições emaranhadas, globalmente qualificadas de ocultistas, como chave hermenêutica desse romance e da obra de Guimarães Rosa. Recorrendo às doutrinas do Corpus Hermeticum e dos Mistérios da Antiguidade, às concepções gnóstico-cabalísticas, à Astrologia, à Alquimia, ao Taoismo e ao repertório do Bramanismo, do Budismo e do Hinduísmo, Consuelo nos mostra que essas fontes abasteceram a metafísica da linguagem de Guimarães Rosa – a que ele enfaticamente se referiu – e respondem pela cifragem esotérica dos personagens, das situações e das linhas principais da própria ação romanesca de Grande Sertão: Veredas. E acrescenta: Nada tem de gratuita a decifração aqui intentada.

Em maio de 1956 Grande Sertão: Veredas chegava às livrarias

Bravo! Online

Quando Grande Sertão: Veredas chegou às livrarias, em maio de 1956, a reação foi de espanto. Da pena do escritor mineiro João Guimarães Rosa saía quase que um novo idioma, fruto da combinação entre o rigor etimológico e a tradição oral. Seria o romance uma mera “história de jagunços contada para linguistas”, como se criticou na época? Ou, ao contrário, a mais importante experiência de aproximação entre a cultura erudita e a popular na língua portuguesa? Hoje não parece haver muitas dúvidas. Considerado um marco na literatura brasileira, o livro tem seus 50 anos de publicação celebrados com o lançamento de novas edições, debates e uma grande exposição em São Paulo (cont.)

Paulinas se prepara para entrar no segmento de e-books

No site oficial da Bienal do Livro de São Paulo, hoje, em Imprensa > Notícias, se lê a matéria Literatura nas lojas virtuais. Ai se noticia que

…a Paulinas (…) se prepara para entrar no segmento de e-books. Segundo a diretora de marketing da editora, Terezinha Dambros, a leitura de livros pela internet já é uma realidade dentro do segmento editorial. “O e-book é um caminho sem volta, é fato que nenhuma editora pode ignorar. Este é um mercado que deve crescer muito no aspecto tecnológico e sabemos de indústrias que pensam em tornar a leitura eletrônica tão prazerosa quanto o ato de folhear um livro”, destaca.

A Bíblia que Vira Bolsa

Folha Online: 09/03/2006 – 06h00

…Uma das preferências nacionais, obras religiosas também ocupam espaço na Bienal. Um lançamento, no mínimo diferente, é a Bíblia que Vira Bolsa, da editora Sociedade Bíblica do Brasil, destinado ao público jovem… (cont.)

Bíblia que Vira Bolsa

Inovador e superatraente, este modelo é voltado principalmente para o público jovem. Tem capa de nylon com zíper e pode ser confortavelmente carregada como uma bolsa, com alças reguláveis. Moderna e prática, é oferecida na estampa camuflada e nas cores bege, lilás e pink. Contém texto bíblico na tradução de Almeida, Revista e Atualizada, mapas e notas de referências. Com formato compacto, apresenta letra maior, que oferece mais conforto na leitura do texto bíblico.

Por que o brasileiro lê pouco? Como descobrir o que vai agradar ao leitor?

 

Folha Online: 07/03/2006 – 17h15

Por que o brasileiro lê pouco?

Vote na enquete e veja resultado de pesquisa.

Só 26 milhões de brasileiros gastam seu tempo com livros. Ou seja, 30% da população alfabetizada acima de 14 anos. O índice de leitura é baixo: menos de dois livros por habitante no período de um ano. Na França, a média é de sete livros. Nos EUA, cinco. Na sua opinião, o que mais prejudica o hábito da leitura no Brasil?

Qual gênero literário mais vende no Brasil? Como descobrir o que vai agradar ao leitor?

Embora a primeira pergunta tenha uma resposta objetiva, a segunda ainda fica envolta em mistério. À parte os livros didáticos, que constituem um segmento próprio no mercado, sem comparação com os demais gêneros, os últimos dados computados pela CBL, em 2003, demonstram que os livros de ficção ainda são os preferidos dos brasileiros, com 12,8 milhões de exemplares oferecidos ao mercado naquele ano. Em segundo lugar vêm 12,175 milhões de exemplares da Bíblia. Caso fossem acrescentados os livros evangélicos (6,9 milhões) e espíritas (5,67 milhões), os volumes de temática religiosa seriam o de maior oferta no mercado brasileiro. Vistas por gênero diferenciado, as obras evangélicas estão em sexto lugar, enquanto as espíritas ficam em oitavo. Obras de referência e consulta ocupam o terceiro lugar na lista, com 8,9 milhões de exemplares, seguidas pelas publicações sobre legislação e direito (8,4 milhões). Livros de auto-ajuda (4,6 milhões) estão na modesta nona posição, enquanto os de administração e gestão empresarial ficam no último lugar, com 2 milhões, aproximadamente (cont.)

Descobertas seis estátuas de Sekhmet, deusa faraônica da guerra

Folha Online: 08/03/2006 – 13h50

Descobertas seis estátuas de deusa faraônica em Luxor

da Efe, no Cairo

Uma equipe de arqueólogos egípcios e alemães descobriu seis estátuas de pedra da deusa faraônica da guerra, Sejmet [= Sekhmet], durante trabalhos de restauração no templo de Amenófis III, no oeste da cidade monumental de Luxor. O secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades (CSA), Zahi Hawas, disse hoje que as deusas – encontradas em uma câmara oculta do templo, situado na região de Kom al-Hitan, na margem oeste do Nilo – foram esculpidas em rocha escura e aparecem sentadas sobre um trono, segurando em sua mão esquerda a chave da vida, segundo um comunicado do CSA. Hawas acrescentou que três das seis estátuas estão em ótimo estado de conservação e acrescentou que esta é a sétima câmara oculta encontrada pela equipe arqueológica conjunta desde que começaram os trabalhos de restauração do templo de Amenófis III, construído há mais de 3.400 anos. O diretor da missão, Hourig Surouzian, assegurou que três das estátuas estão completas, enquanto a quarta ainda tem uma parte enterrada. Das outras duas, só foram encontradas algumas partes (cont.)