Este livro acaba de sair no Brasil. Mas já fez muito barulho pelo mundo afora.
SAND, S. A invenção do povo judeu. São Paulo: Benvirá, 2011, 576 p. – ISBN 9788502134775.
Em inglês: SAND, S. The Invention of the Jewish People. London: Verso, 2010, 344 p. – ISBN 9781844676231.
English edition first published by Verso 2009 – Translation Yael Lotan. The Invention of the Jewish People was first published as Matai ve’ekh humtza ha’am hayehudi? [When and How Was the Jewish People Invented?], Resling 2008.
Shlomo Sand, judeu, estudou história na Universidade de Tel Aviv, Israel, e na École des hautes études en sciences sociales, em Paris. É professor de História Contemporânea na Universidade de Tel Aviv, Israel.
Diz a editora Benvirá, do grupo Saraiva:
A invenção do povo judeu ficou 19 semanas na lista de mais vendidos em Israel, em 2008, e é alvo de polêmica acirrada onde quer que seja lançado. Neste trabalho iconoclasta, ao questionar a identidade dos judeus como nação, o historiador Shlomo Sand, ele mesmo judeu, sugere as bases para uma nova visão do futuro político da “Terra Prometida”. Amparado em farta pesquisa, o autor questiona o discurso historiográfico canônico e formula a tese de que os judeus sempre formaram comunidades religiosas importantes em diversas regiões do mundo, mas não constituem uma nação portadora de uma origem única. O conceito de estado-nação é, portanto, posto em xeque, assim como a ideia de Israel como um Estado pertencente aos judeus do mundo todo – aqueles que escolheram outra pátria em vez de retornar à terra de seus ancestrais. Para o autor, Israel deveria reconhecer seus habitantes, sejam eles israelenses ou palestinos. Publicado em dez línguas, este é um livro questionador, e por isso mesmo necessário, assim como todos os que se propõem a lançar novas luzes sobre a História e seus mitos.
Diz a Amazon.com sobre o autor:
Shlomo Sand studied history at the University of Tel Aviv and at the École des hautes études en sciences sociales, in Paris. He currently teaches contemporary history at the University of Tel Aviv. His books include The Invention of the Jewish People, L’Illusion du politique: Georges Sorel et le débat intellectuel 1900, Georges Sorel en son temps, Le XXe siècle à l’écran and Les Mots et la terre: les intellectuels en Israël.
Diz André Egg, em sua resenha do livro, publicada na Gazeta do Povo em 20/09/2011, sob o título Políticas da história em Israel:
A Invenção do Povo Judeu, de Shlomo Sand, publicado originalmente em 2008, acaba de sair no Brasil, depois de já ter provocado boas discussões em outros países. O autor é professor em Tel Aviv e em Paris, e se considera ele próprio um testemunho da dificuldade em definir a etnicidade judaica. Sua decisão de escrever a obra surgiu da discordância política com os processos de construção da história disseminada nos livros didáticos em Israel. Segundo Sand, com base numa visão sionista do passado, o Estado de Israel se fundamenta na garantia de privilégio aos judeus. Os não judeus possuiriam posição jurídica, social e econômica inferior. O escritor demonstra como a necessidade de uma classificação rigorosa de cidadãos privilegiados levou a uma articulação íntima da política dominante com o rabinato. E contaminou o pensamento jurídico ou mesmo a pesquisa universitária em biologia e genética. Articulando uma retórica política contra o fundamento etnorreligioso do Estado de Israel, o livro de Sand realiza um meticuloso trabalho de desconstrução do discurso sionista. O autor documenta o surgimento da historiografia sionista e seu predomínio até hoje no meio acadêmico e escolar em Israel, demonstrando que, ao mesmo tempo em que os nacionalismos se fortaleceram na Europa do século 19, especialmente nos locais de cultura germânica e no Leste Europeu, historiadores pioneiros começam a escrever as sínteses históricas capazes de dar uma identidade nacional aos judeus. Isso era então uma novidade porque desde sempre os judeus se definiram como tais pelo pertencimento a uma comunidade religiosa. Sand segue o percurso dos eruditos alemães, depois iídiches do Leste Europeu, passa pela fundação dos jewish studies em universidades norte-americanas e chega na criação da Universidade de Jerusalém. Em todos esses lugares o discurso era semelhante, com algumas pequenas variações: a Bíblia deveria ser lida como documento histórico fiel, com a história dos patriarcas, do Êxodo, do reino de Davi. Após a destruição do segundo templo pelo imperador romano no ano 70 d.C., teria se iniciado um exílio de quase 1,9 mil anos, em que os judeus estiveram aguardando o prometido retorno à sua terra de origem. Esta terra seria sua por direito, e o Estado de Israel deveria servir para guardar esse direito de todos os judeus exilados. Nesse discurso, os judeus não teriam se misturado com outros povos durante este tempo, tendo mantido uma pureza étnica que seria o testemunho de sua situação de povo eleito…
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Página do autor Shlomo Sand na Amazon.com
Prof. Airton,
Obrigado pela dica.
Não sei… eu tenho que ler o livro, e talvez eu esteja falando besteira. Mas a tese me parece um pouco forçada.
Mesmo com toda a discussão maximalista, minimalista, e seus desdobramentos, me parece claro que por volta do sec. XII-XIII AC emergiu na Palestina, nas regiões montanhosas do centro e norte, um grupo chamado "Israel" ou "Proto-Israel". E que com passar do tempo, esse grupo formou dois reinos, Judá e Israel (com a possibilidade de um breve reino unido, seja qual for sua natureza), e que exílios, diásporas, dominações estrangeiras a parte, manteve certa continuidade geográfica, étnica e religiosa até as grandes guerras de 70 e 135 DC (embora, provavelmente, existissem bem mais judeus na diaspora do que na Judéia e Galiléia).
Entendo que houve mudanças, que o culto a Yahweh, foi ganhando centralidade pouco a pouco, que proselitos e população convertidas foram assimilados ao povo judeu, mas que houve um grau significativo de continuidade, tanto em termos étnicos, quando culturais. Os brasileiros do sec XVII possuem características bem distintas dos do século XXI (imigração de quantidades suignificativas de europeus, trafico negreiro intenso, grupos indígenas assimilados), mas também existe continuidade.
Abs,
Nehemias