A rede capitalista que domina o mundo

Matemáticos revelam rede capitalista que domina o mundo – New Scientist, em Carta Maior: 25/10/2011

Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas – sobretudo bancos – tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global. A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça. Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.

Um trecho do artigo:

(…) O modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas – na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas. Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo – as chamadas blue chips nos mercados de ações. Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo. E isso não é tudo. Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma “super-entidade” de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas. “Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira,” diz Glattfelder. E a maioria delas são bancos. Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.

The network of global corporate control
The structure of the control network of transnational corporations affects global market competition and financial stability. So far, only small national samples were studied and there was no appropriate methodology to assess control globally. We present the first investigation of the architecture of the international ownership network, along with the computation of the control held by each global player. We find that transnational corporations form a giant bow-tie structure and that a large portion of control flows to a small tightly-knit core of financial institutions. This core can be seen as an economic “super-entity” that raises new important issues both for researchers and policy makers.

A invenção do povo judeu

Este livro acaba de sair no Brasil. Mas já fez muito barulho pelo mundo afora.

SAND, S. A invenção do povo judeu. São Paulo: Benvirá, 2011, 576 p. – ISBN 9788502134775.

Em inglês: SAND, S. The Invention of the Jewish People. London: Verso, 2010, 344 p. – ISBN 9781844676231.

English edition first published by Verso 2009 – Translation Yael Lotan. The Invention of the Jewish People was first published as Matai ve’ekh humtza ha’am hayehudi? [When and How Was the Jewish People Invented?], Resling 2008.

Shlomo Sand, judeu, estudou história na Universidade de Tel Aviv, Israel, e na École des hautes études en sciences sociales, em Paris. É professor de História Contemporânea na Universidade de Tel Aviv, Israel.

Diz a editora Benvirá, do grupo Saraiva:
A invenção do povo judeu ficou 19 semanas na lista de mais vendidos em Israel, em 2008, e é alvo de polêmica acirrada onde quer que seja lançado. Neste trabalho iconoclasta, ao questionar a identidade dos judeus como nação, o historiador Shlomo Sand, ele mesmo judeu, sugere as bases para uma nova visão do futuro político da “Terra Prometida”. Amparado em farta pesquisa, o autor questiona o discurso historiográfico canônico e formula a tese de que os judeus sempre formaram comunidades religiosas importantes em diversas regiões do mundo, mas não constituem uma nação portadora de uma origem única. O conceito de estado-nação é, portanto, posto em xeque, assim como a ideia de Israel como um Estado pertencente aos judeus do mundo todo – aqueles que escolheram outra pátria em vez de retornar à terra de seus ancestrais. Para o autor, Israel deveria reconhecer seus habitantes, sejam eles israelenses ou palestinos. Publicado em dez línguas, este é um livro questionador, e por isso mesmo necessário, assim como todos os que se propõem a lançar novas luzes sobre a História e seus mitos.

Diz a Amazon.com sobre o autor:
Shlomo Sand studied history at the University of Tel Aviv and at the École des hautes études en sciences sociales, in Paris. He currently teaches contemporary history at the University of Tel Aviv. His books include The Invention of the Jewish People, L’Illusion du politique: Georges Sorel et le débat intellectuel 1900, Georges Sorel en son temps, Le XXe siècle à l’écran and Les Mots et la terre: les intellectuels en Israël.

Diz André Egg, em sua resenha do livro, publicada na Gazeta do Povo em 20/09/2011, sob o título Políticas da história em Israel:

A Invenção do Povo Judeu, de Shlomo Sand, publicado originalmente em 2008, acaba de sair no Brasil, depois de já ter provocado boas discussões em outros países. O autor é professor em Tel Aviv e em Paris, e se considera ele próprio um testemunho da dificuldade em definir a etnicidade judaica. Sua decisão de escrever a obra surgiu da discordância política com os processos de construção da história disseminada nos livros didáticos em Israel. Segundo Sand, com base numa visão sionista do passado, o Estado de Israel se fundamenta na garantia de privilégio aos judeus. Os não judeus possuiriam posição jurídica, social e econômica inferior. O escritor demonstra como a necessidade de uma classificação rigorosa de cidadãos privilegiados levou a uma articulação íntima da política dominante com o rabinato. E contaminou o pensamento jurídico ou mesmo a pesquisa universitária em biologia e genética. Articulando uma retórica política contra o fundamento etnorreligioso do Estado de Israel, o livro de Sand realiza um meticuloso trabalho de desconstrução do discurso sionista. O autor documenta o surgimento da historiografia sionista e seu predomínio até hoje no meio acadêmico e escolar em Israel, demonstrando que, ao mesmo tempo em que os nacionalismos se fortaleceram na Europa do século 19, especialmente nos locais de cultura germânica e no Leste Europeu, historiadores pioneiros começam a escrever as sínteses históricas capazes de dar uma identidade nacional aos judeus. Isso era então uma novidade porque desde sempre os judeus se definiram como tais pelo pertencimento a uma comunidade religiosa. Sand segue o percurso dos eruditos alemães, depois iídiches do Leste Europeu, passa pela fundação dos jewish studies em universidades norte-americanas e chega na criação da Universidade de Jerusalém. Em todos esses lugares o discurso era semelhante, com algumas pequenas variações: a Bíblia deveria ser lida como documento histórico fiel, com a história dos patriarcas, do Êxodo, do reino de Davi. Após a destruição do segundo templo pelo imperador romano no ano 70 d.C., teria se iniciado um exílio de quase 1,9 mil anos, em que os judeus estiveram aguardando o prometido retorno à sua terra de origem. Esta terra seria sua por direito, e o Estado de Israel deveria servir para guardar esse direito de todos os judeus exilados. Nesse discurso, os judeus não teriam se misturado com outros povos durante este tempo, tendo mantido uma pureza étnica que seria o testemunho de sua situação de povo eleito…

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Página do autor Shlomo Sand na Amazon.com