LOPES, M. Deus liberta escravos e faz nascer um povo novo: Êxodo 15 a 18. São Leopoldo: CEBI/Paulus, 2011, 74 p. – ISBN 9788577331284
Por André Luís Rodrigues
Mercedes Lopes cursou Teologia e Bíblia na Universidad Bíblica Latinoamericana, em San José, Costa Rica (1995) e é Doutora em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2007). Além de outros grupos, assessora o CEBI.
A autora começa a Introdução deste subsídio preparado para o Mês da Bíblia de 2011 fazendo uma reflexão sobre os vários êxodos ainda hoje existentes em toda a América Latina, como os do povo Guarani e dos afro-americanos. Mas também dos que são obrigados a sair de sua terra em busca de sobrevivência, ameaçados, cada vez mais, por desastres ecológicos ou pelo latifúndio. Nestes processos, para que o caminho seja em direção à liberdade e não a uma nova escravidão, é preciso deixar a cultura dominante da ganância e do individualismo e reaprender a solidariedade que celebra a vida, diz a autora.
Em seguida, Mercedes traça um panorama histórico do contexto do êxodo, no século XIII a.C., dos variados grupos étnicos que teriam dele participado, do enfoque teológico do relato que vê Deus como o libertador e explica, por fim, a lenta e complexa formação do Livro do Êxodo como um processo de séculos, com redação final só no pós-exílio. Bem, o que se lê aqui é o usual, aquilo que lemos em qualquer livro que trate deste tema.
Dividido em oito círculos bíblicos, o livro quer oferecer às comunidades uma ferramenta que as conduzam pelos meandros do êxodo e, ao mesmo tempo, as ajudem a pensá-lo como uma realidade sempre atual. Isto tudo em uma perspectiva celebrativa.
Acredito que a melhor maneira de abarcar com um só olhar a totalidade dos círculos bíblicos sejam os títulos que a autora lhes dá. Assim:
- Primeiro Círculo: Ex 15,1-21 – Cantando e dançando se faz teologia (o cântico de Miriam)
- Segundo Círculo: Ex 1,15-2,10 – Elas fizeram acontecer o Novo (o papel fundamental das mulheres para a sobrevivência do menino Moisés)
- Terceiro Círculo: Ex 15,22-27 – Aprender a viver no deserto das grandes cidades (o episódio de Mara)
- Quarto Círculo: Ex 16,2-3.9-17 – Desaprendendo a acumulação dos faraós (o maná e as codornizes)
- Quinto Círculo: Ex 17,1-7 – Sem água não há caminhada (a água da rocha)
- Sexto Círculo: Ex 17,8-15 – A presença de Deus sustenta o povo na luta pela vida (combate contra os amalecitas)
- Sétimo Círculo: Ex 18,1-12 – O bom êxito da caminhada depende das relações interpessoais (a família de Moisés vem ao seu encontro)
- Oitavo Círculo: Ex 18,13-27 – Urge fazer circular o poder para a defesa da vida (a instituição dos juízes)
Para terminar, lembro que Mercedes Lopes utiliza os círculos bíblicos como um mecanismo que estabelece um diálogo dinâmico e transformador. Ela diz: “Através da leitura e meditação da Palavra em círculo, ocorre uma experiência tão simples e vital que faz arder o coração e liga as pessoas entre si”. E explica: “O verdadeiro segredo dos círculos bíblicos é que eles levam a descobrir a presença escondida de Deus no meio de nós, gerando relações novas de reciprocidade e compromisso” (p. 19).