Horsley no III Congresso de Pesquisa Bíblica

O III Congresso Brasileiro de Pesquisa Bíblica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB), fundada em 2004, em Goiânia, acontecerá em São Paulo, provavelmente na PUC-SP, no mês de setembro de 2008. O tema central girará em torno da figura de Jesus.

Há confirmação das presenças, entre outros, do brasileiro Carlos Mesters e do norte-americano Richard A. Horsley, professor de Línguas Clássicas e Religião na Universidade de Massachusetts, Boston, USA.

No Brasil temos traduzidas as seguintes obras escritas e/ou editadas por Richard A. Horsley:

Jesus e o Império: O reino de Deus e a nova desordem mundial. São Paulo: Paulus, 2004, 156 p. – ISBN 8534921881
Original inglês: Jesus and Empire: The Kingdom of God and the New World Disorder. Minneapolis: Augsburg Fortress, 2003, 144 p. – ISBN 9780800634902

Paulo e o Império: Religião e poder na sociedade imperial romana. São Paulo: Paulus, 2004, 248 p. – ISBN 8534922322
Original inglês: Paul and Empire: Religion and Power in Roman Imperial Society. Trinity Press, 1997, 272 p. – ISBN 9781563382178

Arqueologia, História e Sociedade na Galileia: O contexto social de Jesus e dos Rabis. São Paulo: Paulus, 2000, 200 p. – ISBN 8534915679
Original inglês: Archaeology, History, and Society in Galilee: The Social Context of Jesus and the Rabbis. Trinity Press, 1996, 256 p. – ISBN 9781563381829

Bandidos, Profetas e Messias: Movimentos populares no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus, 1995, 232 p. – ISBN 8534904464
Original inglês: Bandits, Prophets, and Messiahs: Popular Movements in the Time of Jesus. Trinity Press, 1999 [Harper Collins: 1985], 271 p. – ISBN 9781563382734

Fundamentalismo: um desafio permanente

O fundamentalismo continua a ser um desafio permanente para a leitura da Bíblia. Eu arriscaria até a dizer que ele tem crescido em extensão e ferocidade. A linguagem, pelo menos, é, sem dúvida, violenta.

No artigo Fundamentalismo e modernidade, publicado na revista Concilium, v. 241, n. 3, Petrópolis, 1992, o conhecido teólogo J. Moltmann escreve nas p. 142-143:
Os fundamentalistas não reagem às crises do mundo moderno, mas às crises que o mundo moderno provoca em sua comunidade de fé e em suas convicções básicas. A convição de fé se baseia na segurança da autoridade divina. Nas assim chamadas Religiões do Livro, é a autoridade divina do documento da revelação: a palavra de Deus é, como o próprio Deus, sem erro e infalível (…) As ciências históricas e empíricas do mundo moderno são reconhecidas enquanto concordarem com [o documento divino da revelação], mas são rejeitadas se questionarem esta autoridade intemporal (…) O documento divino da revelação não pode estar sujeito à interpretação humana mas, ao contrário, a interpretação humana deve estar sujeita ao documento divino da revelação. O fundamentalismo exclui todo juízo racional sobre a condicionalidade histórica de sua origem e sobre a diferença hermenêutica em relação às condições mudadas do presente. O conteúdo de verdade do documento da revelação é intemporal e não precisa ser constantemente explicado ou atualizado, mas apenas conservado intocável. O fundamentalismo baseado na revelação não argumenta, apenas afirma. Não pede compreensão, mas sujeição. Não se trata absolutamente de um problema hermenêutico mas de uma luta pelo poder: ou a palavra de Deus ou o ‘espírito da época’. O fundamentalismo também não é um fenômeno de retirada ou de defesa, mas de avanço sobre o mundo moderno para dominá-lo. Faz parte das várias estratégias teo-políticas atuais…

Exemplifico o que Moltmann diz acima com frases fundamentalistas retiradas dos comentários feitos hoje a Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica – Reinaldo José Lopes – G1: 20/04/2008.

 

O artigo

Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Escavações e inscrições mostram que povo de Israel se originou dentro da Palestina. História sobre libertação do Egito teria influência de interesses políticos posteriores.

A saga de Moisés, o profeta que teria arrancado seu povo da escravidão no Egito e fundado a nação de Israel, tem bases muito tênues na realidade, segundo as pesquisas arqueológicas mais recentes. É praticamente certo que, em sua maioria, os israelitas tenham se originado dentro da própria Palestina, e não fugido do Egito. O próprio Moisés tem chances de ser um personagem fictício, ou tão alterado pelas lendas que se acumularam ao redor de seu nome que hoje é quase impossível saber qual foi seu papel histórico original.

É verdade que as opiniões dos pesquisadores divergem sobre os detalhes específicos do Êxodo (o livro bíblico que relata a libertação dos israelitas do Egito) que podem ter tido uma origem em acontecimentos reais. Para quase todos, no entanto, a narrativa bíblica, mesmo quando reflete fatos históricos, exagera um bocado, apresentando um cenário grandioso para ressaltar seus objetivos teológicos e políticos.

Airton José da Silva, professor de Antigo Testamento do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), resume a situação: “O Moisés da Bíblia é
claramente ‘construído’. Pode até ter existido um Moisés lá no passado que inspirou o dos textos, mas nada sabemos dele com segurança. Nas minhas aulas de história de Israel, começo com geografia e passo para as origens de Israel em Canaã [antigo nome da Palestina], não trato mais de patriarcas e nem do Êxodo”.

Data-limite

Os pesquisadores dispõem há muitos anos do que parece ser a data-limite para o fim do Êxodo. Trata-se de uma estela (uma espécie de coluna de pedra) erigida pelo faraó Merneptah pouco antes do ano 1200 a.C. A chamada estela de Merneptah registra uma série de supostas vitórias do soberano egípcio sobre territórios vizinhos, entre eles os de Canaã. E o povo de Moisés é mencionado laconicamente: “Israel está destruído, sua semente não existe mais”. Não se diz quem liderava Israel nem que regiões eram abrangidas por seu território. Trata-se da mais antiga menção aos ancestrais dos judeus fora da Bíblia.

Se a saída dos israelitas do Egito ocorreu, ela precisaria ter acontecido antes disso. A Bíblia relata que, cerca de 400 anos antes de Moisés, os ancestrais do povo de Israel, liderados pelo patriarca Jacó, deixaram seu lar na Palestina e se estabeleceram no norte do Egito, junto à parte leste da foz do rio Nilo. Os egípcios teriam permitido esse assentamento porque, na época, o mais importante funcionário do faraó era José, filho de Jacó. Décadas mais tarde, um novo faraó teria ficado insatisfeito com o crescimento populacional dos descendentes do patriarca e os transformado em escravos.

Por algum tempo, arqueólogos e historiadores acharam que haviam identificado evidências em favor dos elementos básicos dessa trama. É que, por volta do ano 1700 a.C., a região da foz do Nilo foi dominada pelos chamados hicsos, uma dinastia de soberanos originários de Canaã e de etnia semita, tal como os israelitas. (O nome “Jacó”, muito comum na época, está até registrado entre nobres hicsos.)

Pouco mais de um século mais tarde, os egípcios expulsaram a dinastia estrangeira de suas terras. Isso mataria dois coelhos com uma cajadada só. Explicaria a ascensão meteórica de José na burocracia egípcia, graças à proximidade étnica com os hicsos, e também por que seus descendentes foram escravizados — eles teriam sido associados à ocupação estrangeira no Egito.

O problema com a ideia, no entanto, é que não há nenhuma menção aos israelitas ou a José e sua família em documentos egípcios ou de outros reinos do Oriente Médio nessa época. Pior ainda, até hoje não foi encontrado nenhum sítio arqueológico no Sinai que pudesse ser associado aos 40 anos que os israelitas teriam passado no deserto depois de deixar o Egito.

Os textos egípcios também não falam em nenhum momento da fuga liderada por Moisés, se é que ela ocorreu. “Isso é um problema grave. O argumento de que os egípcios não registravam derrotas é falso: a saída de um pequeno grupo nem era um revés, e eles relatavam derrotas sim, mesmo quando diziam que tinha sido um empate”, afirma Airton José da Silva.

Apiru = hebreus?

Para Milton Schwantes, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, outro problema com a ligação entre os israelitas e os hicsos é dar ao Êxodo uma dimensão muito mais grandiosa do que seria razoável esperar do evento. “É uma cena de pequeno porte — estamos falando de grupos minoritários, de 150 pessoas fugindo pelo deserto. Em vez do exército egípcio inteiro perseguindo essa meia dúzia de pobres e sendo engolido pelo mar, o que houve foram uns três cavalos afundando na lama”, brinca Schwantes.

Ele é menos pessimista em relação aos possíveis elementos de verdade histórica na narrativa do Êxodo. Os israelitas são freqüentemente chamados de “hebreus” nesse livro da Bíblia, uma mistura de nomenclaturas que deixou os estudiosos com a pulga atrás da orelha. Documentos do Oriente Médio datados (grosso modo) entre 2000 a.C. e 1200 a.C., porém, falam dos habiru ou apiru — grupos que parecem ter vivido às margens da sociedade, atuando como trabalhadores migrantes, escravos, mercenários ou guerrilheiros.

“Ou seja, os hebreus talvez não fossem um grupo étnico, mas uma categoria social, de pessoas que muitas vezes eram forçadas a participar de grandes construções no Egito, sem receber o necessário para o seu sustento”, afirma Schwantes. Ele também vê sinais de memórias históricas antigas nos nomes de algumas cidades egípcias mencionadas na narrativa do Êxodo — lugares que foram ocupados por um período relativamente curto de tempo, por volta de 1200 a.C.

“O próprio nome de Moisés é um nome egípcio que os israelitas não entenderam”, diz Schwantes. Parece ser a terminação “-mses” presente em nomes de faraós como Ramsés e quer dizer “nascido de” algum deus — no caso de Ramsés, “nascido do deus Rá”. No caso do líder dos israelitas, falta a parte do nome referente ao deus.

Mar: Vermelho ou de Caniços?

O momento mais famoso da saída dos israelitas do Egito é o confronto entre Moisés e o exército egípcio no Mar Vermelho, quando, por ordem de Deus, o profeta abre as águas para seu povo passar e as fecha para engolir os homens do faraó. No entanto, é possível que a história original tenha se referido não a águas oceânicas, mas a um pântano.

Explica-se: o sentido original do hebraico Yam Suph, normalmente traduzido como “Mar Vermelho”, parece ser “Mar de Caniços”, ou seja, uma área cheia dessas plantas típicas de regiões lacustres. Assim, nas versões originais da lenda, afirmam estudiosos do texto bíblico, os “carros e cavaleiros” do Egito teriam ficado presos na lama de um grande pântano, enquanto os fugitivos conseguiam escapar. Conforme a tradição oral sobre o evento se expandia, os acontecimentos milagrosos envolvendo a abertura de um mar de verdade foram sendo adicionados à história.

O dado mais importante sobre a dimensão real do Êxodo, no entanto, talvez venha da Palestina. Israel Finkelstein, arqueólogo da Universidade de Tel-Aviv, em Israel, conta que uma série de novos assentamentos associados às antigas cidades israelitas aparecem na Palestina por volta da mesma época em que a estela de Merneptah foi erigida. Acontece que a cultura material — o tipo de construções, utensílios de cerâmica etc. — desses “israelitas” é idêntica à que já existia em Canaã antes de esses assentamentos surgirem. Tudo indica, portanto, que eles seriam colonos nativos da região, e não vindos de fora.

Para Finkelstein, isso significa que a história do Êxodo foi redigida bem mais tarde, por volta do século 7 a.C. O confronto com o Egito teria sido usado como forma de marcar a independência dos israelitas em relação aos vizinhos, que estavam tentando restabelecer seu domínio na Palestina. A figura de Moisés, talvez um herói quase mítico já nessa época, teria sido incorporada a essa versão da origem da nação.

Fonte: Reinaldo José Lopes – G1: 20/04/2008

 

Os comentários

Os muitos erros de português dos textos foram preservados como estão nos comentários, pois indicam, a meu ver, com bastante clareza, a qualidade do pensamento expresso. Lembro, entretanto, que é necessário ir à página do artigo para ver as centenas de comentários, que devem ser lidos completos e em seu contexto, com todos os seus matizes e contradições, provas e contraprovas. Estes pequenos trechos são usados aqui apenas como ilustração viva e candente do raciocínio teológico de J. Moltmann.

. Tentar combater a bíblia, palavra viva de Deus com a ciência, estudos de homens, é uma aberração
. Atacando a fé do povo com uma idiotice sem fatos
. Irmãos, irmãs, povos e nacões… deixemos a ciencia e continuemos olhando pra Cristo, autor e consumador da nossa fé
. Abaixo os Ateus e Cientistas
. Um dia todos…inclusive esses historiadores…vão perceber que Ele existe sim!!!… Porém…será tarde….Ele está voltando…
. Esses cientistas não cre em Deus e nem na biblia por isso falam essas aberrações
. Devemos orar e pedir a Deus em nome de Jesus Cristo que nos revele a verdade atravès da fé. Não nos cabe questionar um passado tão distante que NINGUEM pode dizer com 100% de acerto o que de fato aconteceu
. Quem afirma tal coisa, não passa de um débil mental e um grande idiota. Sou capaz de apostar que é um ateu e nem em DEUS o idiota deve crer. Besta
. Sabendo que a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem, se torna um absurdo os ateus (atoas) questionarem a Bíblia. Creio piamente na Bíblia escrita, fala e inspirada por Deus! As coisas espirituais se discernem espiritualmente seus atoas!
. Se eles querem realmente provar algo concreto, que vão pesquisar o fundo do mar vermelho ao invés de propor supostamente
. Esses cientistas deviam deixar a fé das pessoas em paz, pois é só isso que nos resta
. Isso é inaceitável, a bilbia a palavra de Deus, esta acima do que qualquer coisa, ela é verdade absoluta e ponto final, isso explica o seu valor de geração em geração, não é uma simples expeculação absurda, com este assunto que vai torna-la mentirosa
. Estao se preocupando demais com coisas que nao irao mudar. Sao fatos! E fatos nao se mudam ou alteram. Se querem uma resposta para tudo que aconteceu; deveriam procurar conhecer mais esse Deus maravilhoso que temos. Certamente, se calariam
. Que se explodam esses malucos que ficam perdendo tempo em desmentir a Bíblia, se a Bíblia não é verdadeira pq, se perde tanto tempo tentando desvendá-la? Eu continuo acreditando nela. Eles só sabem jogar teses e teses no ar, mas provar que é verdade? Não vi nada até agora
. A Biblia é bem clara quando diz que quando Jesus estiver as portas de sua volta, varios lidres e estudiosos tentarão distorcer o que dis a verdadeira palavra de Deus, e lendo essa reportagem so posso alertar a todos que Jesus esta realmente as portas e esta reportagem é mais um sinal dessa tese!
. Para o crente não importa o que os ´sábios´ dizem da Bíblia, mas o que a Bíblia diz dos ´sábios´: (loucos que serão julgados pelo o Autor, O SENHOR DEUS)
. Esses cientistas, estão todos malucos, querem acabar com a palavra de DEUS atravéz da internet, mas o povo que acredita realmente na palavra de DEUS jamais deixará se levar por essas balelas
. O q voceis estão tentando fazer desmentindo as coisas do SENHOR estão escrita na palavra faz tempo, cuidado a criatura é inferior ao CRIADOR, está chegando o grande dia, nós da igreja sabemos o q temos VISTO e ouvido nas manifestações do ESPIRITO SANTO.Tomem cuidado, todos ficaremos fente a frente
. Todos esse cientistas vao para o inferno quando eles fizerem apassagem desta vida para a outra eles vao tomar um susto eles pensam que DEUS nao esta tomando conhecimento de tudo ai ja e tarde aguardem seus ateus.
. Abomino todos os teólogos que insistem em diminuir ou negar acontecimentos bíblicos. De Adão e Eva ao fim dos tempos
. Lamentavelmente, desde o início, a ciência procura anular completamente os relatos bíblicos. O interessante é que, em TODOS os casos, principalmente os mais polêmicos, os cientistas acabam por reconhecer que a Bíblia tinha razão
. O que representa a biblía para estes pesquisadores arqueológicos? Eu acho que eles devem dobrar o Joelho e pedir a DEUS que de sabedorias a eles, pois parece falta muito a eles
. Esse cientista e apenas um pequeno cumedo de feijão que ñ sabe de nada
. O diabo continua querendo engar o povo atravès da ciência dizendo que a Bìblia è mentira!
. Por mais que tentem desmiter os fatos biblicos nunca conseguiram enganar a todos com esses estudos, a ciencia não é nada diante do poder de DEUS
. Po…sobrou até pra moisés… mais eu continuo com a biblia…ela é infalível!
. O que vejo é homens tentando apagar e esquecer a existência de um Deus ´Jeová´, poderoso em Glória e Autoridade… Coitado dos Cientistas
. Pesquisadores todos idotas e tolos
. Realmente estes estudiosos da biblia sao homens de pequena fe! Como se pode dizer que fatos como o exodus eh ficcao, eh a mesma coisa dizer que Jesus nao existiu
. Eu ach que esses pesquisadores tem um pacto com o demonio, em tudo querem ahcar erros, ipocritas
. Todos nós que somos cristaos, sabemos que esse professor idiota, esta sendo usado para deturpar a palavra de DEUS, pois a SANTA BIBLIA fois escrita por maos de homens inspirado pelo ESPIRITO SANTO DE DEUS, ninguem sabe onde foi enterrado MOISES,senao o PAI que estas nos CEUS portanto sai de RÈ satanas
. Cientistas da ´nova era´ se preocupam em desmoralizar, desmentir a Biblia , distorcer os fatos,d a verdadeira realidade espiritual. De repente Jesus Cristo não existiu ou se existiu casou com Maria Madalena e DÚS nunca existiu ou se existe se trata de uma energia. Paciencia, os iniquos acreditam neles.
. Como diria Jô Soares: ´Cientistas desocupados´
. A ciencia tenta despistar mais sempre comprova o q esta escrito na biblia
. Infelizmente, temos esses artigos, escrito e somente gostaria de saber, se esses estudiosos, não tem nada mais importante, para estudar, e deixar a Bíblia, quietinha com seus ensinamentos
. O inimigo de Deus usa pessoas como essas que querem manchar a verdade Biblica
. Porque estes cientistas não dão uma chegadinha na parte do deserto onde estão as inscrições antigas sobre a travessia do mar vermelho, em pedras, é na parte onde os turistas não vão
. Penso que o povo de Deus tem que ficar bastante atento com resultados dessas pesquisas que tem sido feitas, na minha opinião essas afirmações vai aumentar cada vez mais, qual o objetivo é fazer que muitos cristão comece a duvidar de tudo , que esta por traz disso tudo nos sabemos é o inimigo.
. Tudo o que está escrito na Bíblia é verdade, sem tirar e nem acrescentar uma vírgula sequer. Estes cientistas mentirosos e herejes deveriam sim, é dedicar suas pesquisas em algo útil, como a cura de doenças como o câncer, ou quem sabe, achar solução para o aquecimento global
. A ciência ainda tá fria, muito fria, ela acredita que o homem foi a lua e que planetas existem, e que ha matéria no espaço, o homem ainda nem se conhece, não conhece a Terra, imagine conhecer o NADA (luz). Moises existiu sim.
. Existem inúmeros livros que trabalham a infabilidade e inerrância das Escrituras Sagradas. Por que a mídia nunca procura esses autores?
. Penso que não devemos discutir algo tão grandioso como Deus e sua palavra
. Bem que hoje estava sentindo um CHEIRINHO de ENXÔFRE, era o HÁLITO dos ATEUS!
. Os cientistas buscam, a toda força diga-se de passagem, descaracterizar, ou ainda pior, pormenorizar os fatos bíblicos que contam a história não só dos hebreus, como de toda humanidade. Nunca vão conseguir.CREMOS NA BIBLIA SIM. O QUE NÃO CREMOS É QUE VIEMOS DO MACACO.NUNCA VI MACACO VIRAR GENTE!!
. ATEUS!!! ELE pedirá: Dá conta da sua ADMINISTRAÇÃO!!!
. Pessoal… essa matéria não tem outro objetivo a não ser levantar `polêmica` e chamar a atenção p/ alguns cientistas desocupados… vão pesquisar a cura para doenças que estão matando as pessoas… vão pesquisar meios de acabar com a fome… a ciência sequer conseguiu provar que existiu a evolução…
. Os que creêm em Deus devem saber que a verdade divina não pode ser abalada nem mesmo pela maior prova humana. Para mim, creio em uma ciência que comprova a verdade de Deus. Firmem-se vocês tb.
. O que estou vendo nestes estudos, é, mais uma tentativa de desacreditar os textos sagrados da bíblia, que é a palavra de DEUS, e isto é próprio de quem sabe que esta derrotado e tenta de todas as maneras desviar a mente das pessoas. A bíblia não precisa de defensor ela é palavra de DEUS.
. Até hoje a ciencia sempre pos em prova a veracidade da Biblia. Até agora nao tem conseguido provar sequer um erro em seus fatos e dados historicos. Admiro muito um sacerdote que se diz professor de AT duvidar dos relatos Biblicos, apenas pelo metodo da induçao filosofica. Tenho duvida de sua fé.
. Essas pesquizas são financiadas por Satanás afim de confundir as pessoas e enfraquecer a crença em Deus. Esse tipo de matéria deveria ser censurado. Afinal de quem seria o interesse em desmistificar a Bíblia?
. “Ai daquele que acrecentar um til nas escrituras sagradas”. diz a ‘biblia’ a palavra de Deus

Nos dias 20 e 21 foram publicados 497 comentários de leitores sobre o artigo… Já tive a honra de ser esculhambado por vários fundamentalistas! Aliás, a tônica fundamentalista predomina. É um reverbério fascinante! E trágico, constato mais uma vez.

Uma prece pelos civis inocentes mortos no Iraque?

Os bastidores de uma paróquia nos EUA. Uma religião patriótica que não criará revoluções

Para entender o que Bento XVI e a Igreja enfrentam nos EUA é preciso conhecer uma comunidade católica. A opinião é de Kenneth Serbin em artigo no jornal O Estado de S. Paulo, 20-04-2008. Serbin leciona história na Universidade de San Diego. É autor do livro Padres, Celibato e Conflito Social: Uma História da Igreja Católica no Brasil, a ser publicado este ano pela Companhia das Letras.

 

Eu sempre me entristeço com o fato de nenhum padre fazer uma prece pelos civis inocentes mortos no Iraque e suas famílias. Esta é uma religião patriótica que não criará revoluções. Anseio por padres com um maior conhecimento do mundo exterior e disposição para pregar sobre algo mais que a moral pessoal.

 

Durante a visita do papa Bento XVI aos Estados Unidos nos últimos dias, muitos católicos prosseguiram com suas atividades diárias provavelmente sem prestar muita atenção ao líder da sua Igreja. Uma visita papal é um evento politicamente fascinante e um dia excepcional de trabalho para a mídia norte-americana, que, espantosamente, tem pouco conhecimento de religião e ainda menos simpatia por ela. Para compreender a real importância dos desafios que Bento XVI e a Igreja enfrentam nos Estados Unidos é preciso acompanhar o que se passa nas comunidades católicas. Eu pertenço a uma dessas comunidades, a Ascension Parish, paróquia localizada num bairro de classe média de San Diego, Califórnia, chamado Tierrasanta, ou Terra Santa, que se entrecruza com conjuntos habitacionais e ruas com nomes hispânicos, uma mania antiga no sul da Califórnia, originalmente habitado por povos indígenas, depois por colonos mexicanos e espanhóis, e depois por norte-americanos. Vivemos a cerca de 30 quilômetros da fronteira de San Ysidro com Tijuana, a mais movimentada passagem fronteiriça do mundo e a única fronteira compartilhada por um país do Primeiro e um do Terceiro Mundo. O sul da Califórnia é um amálgama de pessoas nascidas principalmente nos Estados Unidos, mas procedentes, cada vez mais, da América Latina, Ásia, Oriente Médio, África e outras partes do mundo.

Nossa paróquia tem cerca de 800 famílias inscritas, embora muitas outras participem das Missas de Natal e da Páscoa. Os católicos formam um quarto da população dos Estados Unidos, mas são a maior congregação religiosa do país. A diocese de San Diego, por exemplo, tem uma população de 3 milhões de pessoas – um terço são católicos.

Como ocorre no restante dos Estados Unidos, vivemos em uma comunidade tolerante e pluralista em religião. Além da nossa paróquia, Tierrasanta tem igrejas de luteranos, mórmons, batistas, adventistas do sétimo dia, membros chineses da Igreja Unida de Cristo e outras confissões cristãs. San Diego também tem mesquitas, sinagogas e igrejas ortodoxas.

Dois dos sequestradores envolvidos nos atentados do 11 de Setembro, que jogaram seu avião contra o Pentágono, viviam a poucos quilômetros da nossa casa e frequentavam a mesquita local. Após o 11 de Setembro, a polícia passou a vigiar o local para proteger a mesquita contra possíveis retaliações, mas nunca aconteceu nada.

Minha esposa mineira e eu não nos deixamos envolver pela cultura de consumo hedonista tão fortemente criticada por Bento XVI, como também por seu predecessor, João Paulo II. Mas não temos sido devotos, no sentido de comparecer regularmente à missa e participar dos sacramentos, embora adotemos a identidade católica enraizada na história dos nossos ancestrais. Minha esposa é uma dessas típicas brasileiras católicas que acreditam firmemente em Deus, porém não se identificam muito com a instituição e o seu clero. Fui ainda muito devoto nos meus anos de faculdade, mas essa devoção começou a diminuir quando entrei na pós-graduação, embora tenha me sentido fortemente atraído pela Igreja progressista no Brasil e acabado estudando o clero brasileiro.

Somos muito conservadores e profundamente influenciados pelo catolicismo em nossas vidas pessoais, mas, em se tratando de política e das grandes controvérsias da nossa época, temos opiniões independentes da Igreja ou qualquer outra instituição.Há dois anos e meio, quando nossa filha entrou no jardim de infância, minha mulher e eu começamos a discutir que tipo de educação moral e religiosa nós lhe ofereceríamos. E rapidamente chegamos à conclusão de que ela precisava de uma estrutura moral que a guiasse em sua vida. Ela – e nós – também precisaria ter um sentido maior de comunidade. Afinal, o que é um culto religioso senão a reunião dos fiéis? Queríamos também que nossa filha tivesse um sentido das origens da sua família. E que tivesse um sentido de transcendência e da própria espiritualidade.

Nós a matriculamos nas aulas de catecismo e tentamos ir à missa com ela regularmente. Quando não participávamos da missa, líamos para ela trechos da Bíblia para crianças, em inglês e português. Antes da Páscoa, eu lia trechos da Paixão, quando ela estava na cama. E uma noite, quando eu a cobria para dormir, ela me falou que todas as histórias da Bíblia não eram necessariamente verdadeiras. Já iniciou um interessante diálogo para uma menina de 7 anos de idade!

Há algumas semanas, ela fez sua primeira confissão. Foi uma experiência aterradora. Ela nos perguntou várias vezes o que deveria contar ao padre. No dia designado para a confissão, sentou-se na cadeira diante do padre, numa sala muito bem iluminada. Através da janela, pude vê-la chorando. Sua penitência era simplesmente tentar ser uma pessoa melhor. Comentei com minha mulher que a confissão pode ter seu valor, mas a Igreja deveria pensar em introduzi-la na adolescência ou no inicio da idade adulta.No próximo mês, nossa filha fará sua primeira comunhão. Estamos felizes com isso, porque ela será cada vez menos a criança que se senta silenciosamente no banco da igreja, entediada com a missa, agarrada ao seu bichinho de pelúcia ou meio adormecida nos braços da mãe, e cada vez mais uma iniciada ativa na comunidade.

Nossa paróquia está a cargo do padre Chuck. Padre Chuck é uma pessoa a quem o papa Bento XVI e o restante da hierarquia deveriam prestar alguma atenção. Ele encontrou sua vocação já adulto e se tornou padre com mais de 50 anos de idade.

Na verdade, padre Chuck era casado quando jovem. Ele e sua mulher tiveram três filhos, e ela faleceu em 1969. Hoje ele tem vários netos e até bisnetos.

A experiência do padre Chuck como homem de família e profissional – passou 20 anos na Marinha dos Estados Unidos, tendo chegado ao posto de comandante – penetra nos seus interessantes sermões e no seu sereno modo de ser.

Não conheço a opinião dele sobre a obrigatoriedade do celibato, mas ele é claramente um exemplo de como a Igreja poderia resolver em parte o problema da sua perene escassez de padres, admitindo homens casados para o ministério. Enquanto no Brasil, nos últimos anos, as vocações vêm mais ou menos acompanhando o ritmo de crescimento da população, nos Estados Unidos o número de vocações novas caiu dramaticamente. E tal como o padre Chuck, os padres são cada vez mais velhos.

Há alguns meses, ele fez um sermão em que apresentou o pedido formal do bispado para coleta de fundos para ajudar a pagar acordos legais que a diocese firmou com vítimas abusadas sexualmente por padres, num valor de US$ 200 milhões. Padre Chuck parecia envergonhado com esse assunto, que teve uma cobertura negativa enorme por parte da mídia local. Minha mulher e eu não contribuímos com essa coleta.

Padre Chuck, outros padres que rezam a missa na paróquia de Ascension e o diácono, todos fazem sermões enfatizando a fé como instrumento para superar lutas pessoais e uma pessoa fazer de si alguém mais tolerante e amável. Nesse sentido são pregadores muito tradicionais. Ao sair da igreja um domingo, padre Chuck me saudou e a minha família, dizendo “sejam bons uns com os outros”.

San Diego e Tierrasanta, em especial, são áreas com uma forte população de veteranos militares, como o próprio padre, e no fim das orações de intercessão ele sempre reza pelos homens e mulheres das Forças Armadas e suas famílias. Há também intercessões pela paz mundial. Mas eu sempre me entristeço com o fato de nenhum padre fazer uma prece pelos civis inocentes mortos no Iraque e suas famílias.

Esta é uma religião patriótica que não criará revoluções. Anseio por padres com um maior conhecimento do mundo exterior e disposição para pregar sobre algo mais que a moral pessoal. Adoraria ouvir um sermão sobre os grandes intelectuais da Igreja do século 21, como o padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, que reconciliou a revolução científica com a fé. Mas muitas pessoas não se interessam por esses assuntos. Assim, tento lembrar que “ser bom um com o outro” foi o que Jesus ensinou. Se conseguisse ter em mente essa simples mensagem, quão melhor poderia ser o mundo? Ao preparar os adultos para a primeira confissão dos seus filhos, ele insistiu para confessarmos também, e servirmos como um bom exemplo. Minha mulher não se lembrava da última vez que confessou, mas, no meu caso, sabia que tinha me confessado havia pelo menos 30 anos. Como muitas pessoas da minha geração, passei a maior parte do tempo falando mais com psicoterapeutas do que com padres.

Mas padre Chuck usa um bom argumento quanto a dar o exemplo. Talvez, algum dia, em breve, marcarei um encontro com ele para ouvir minha confissão e levarei comigo um dos livros de Teilhard de Chardin.

Fonte: IHU On-line: 20/04/2008

O Êxodo do Egito: da Bíblia à arqueologia

Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica – Reinaldo José Lopes – Do G1, em São Paulo: 20/04/2008 – 09h00
Escavações e inscrições mostram que povo de Israel se originou dentro da Palestina. História sobre libertação do Egito teria influência de interesses políticos posteriores.

Leia… eu também estou por lá!

 

Leia ainda:
Bíblia abriga duas versões contraditórias da criação do mundo – Reinaldo José Lopes – Do G1, em São Paulo: 06/04/2008 – 09h00 – Atualizado em 07/04/2008 – 10h53

Obs.: Não deixe de ler os comentários feitos pelos leitores: há uma fartura de posições fundamentalistas! Seria até divertido… se não fosse trágico!

 

Em Biblical Studies Carnival XXIX, publicado hoje, 01.05.2008, diz Jim West sobre este post:

“Airton Jose da Silva points to an interesting assertion- that archaeology proves that Moses didn’t exist. Enjoy, if you dare. But be forewarned, archaeology cannot prove a negative”.

Jim alerta que a arqueologia não pode provar uma negativa. Perfeito. Só que o artigo é do Reinaldo José Lopes, do G1, canal de notícias do sistema Globo, e tem por título Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica.

Que não deve ser entendido, obviamente, como archaeology proves that Moses didn’t exist [arqueologia prova que Moisés não existiu], mas archaeology suggests that Moses didn’t exist [arqueologia sugere que Moisés não existiu]. Leia mais aqui.

Resenhas na RBL: 16.04.2008

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Philip S. Alexander
The Mystical Texts: Songs of the Sabbath Sacrifice and Related Manuscripts
Reviewed by Samuel Thomas

John Barton
The Nature of Biblical Criticism
Reviewed by James D. G. Dunn

Roland Boer
Symposia: Dialogues concerning the History of Biblical Interpretation
Reviewed by Henning Graf Reventlow

Andrew Chester
Messiah and Exaltation: Jewish Messianic and Visionary Traditions and New Testament Christology
Reviewed by Martin Karrer

Zeba A. Crook
Reconceptualising Conversion: Patronage, Loyalty, and Conversion in the Religions of the Ancient Mediterranean
Reviewed by Dietmar Neufeld

A. Andrew Das
Solving the Romans Debate
Reviewed by Don Garlington

Max Küchler and Karl Matthias Schmidt, eds.
Texte-Fakten-Artefakte: Beiträge zur Bedeutung der Archäologie für die neutestamentliche Forschung
Reviewed by Gabriele Faßbeck

Tremper Longman III
Proverbs
Reviewed by Timothy J. Sandoval

Edward P. Meadors
Idolatry and the Hardening of the Heart: A Study in Biblical Theology
Reviewed by Thomas J. Kraus

James M. Robinson
Jesus: According to the Earliest Witness
Reviewed by Robert A. Derrenbacker Jr.

Elisabeth Schüssler Fiorenza
The Power of the Word: Scripture and the Rhetoric of Empire
Reviewed by Warren Carter

James W. Watts
Ritual and Rhetoric in Leviticus: From Sacrifice to Scripture
Reviewed by Hanna Liss
Reviewed by Mark McEntire

Paul R. Williamson
Sealed with an Oath: Covenant in God’s Unfolding Purpose
Reviewed by Matthew S. Harmon

Raposa Serra do Sol

Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Uma vitória significativa. Entrevista especial com Paulo Maldos – IHU: 11 dezembro 2008

Na última quarta-feira, dia 10-12-2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, com oito votos favoráveis, que a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, deve ser contínua e que os arrozeiros que ocupam a região terão de deixá-la. Para Paulo Maldos, assessor político do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a sessão de votação do Supremo Tribunal Federal foi uma vitória bastante significativa para os povos indígenas de Raposa Serra do Sol. Em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line, ele destaca que é importante deixar claro que os índios não possuem propriedade da terra. “Eles têm usufruto exclusivo. Os oito votos a favor dos índios deram a eles uma vitória arrasadora, no sentido de manter e não abrir brecha nenhuma para a questão da revisão de terras que já chegaram ao ponto máximo de registro como terra da União”. Na avaliação de Maldos, o pedido de vista do ministro Marco Aurélio Mello “foi uma atitude que impediu que a vitória se consumasse”. Com relação aos arrozeiros, continua Maldos, “a sessão de ontem significa o fim da impunidade aos crimes de invasão ao território indígena. É o reconhecimento de que são invasores, de que devem se retirar de lá. O resultado (da votação) os coloca no seu devido lugar: na condição de marginais, que devem procurar se reeducar para viver em sociedade”.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como o senhor avalia a sessão ocorrida ontem (quarta-feira), sobre a demarcação de Raposa Serra do Sol?

Paulo Maldos – A avaliação é muito positiva. Foi uma vitória bastante significativa para os povos indígenas de Raposa Serra do Sol. Pretendia-se, do ponto de vista dos interesses do agronegócio e dos invasores, promover uma homologação e uma demarcação já feitas, num processo já paradigmático da questão indígena no país. Afinal, são mais de 34 anos de luta daqueles povos, que conseguiram que a terra fosse declarada indígena, identificada, demarcada, homologada, registrada no cartório, como patrimônio da União. É importante deixar claro que os índios não possuem propriedade da terra. Eles têm usufruto exclusivo. Os oito votos a favor dos índios deram a eles uma vitória arrasadora, no sentido de manter e não abrir brecha nenhuma para a questão da revisão de terras que já chegaram ao ponto máximo de registro como terra da União. É bom os outros setores perceberem que, com esse mesmo processo, os fazendeiros podem atacar as áreas de preservação ambiental, porque é a dinâmica do mercado que quer tudo. Eles não se importam com o aquecimento global. Querem o lucro de amanhã e de hoje à noite.

IHU On-Line – Em sua opinião, por que o ministro Marco Aurélio Mello pediu vista do processo?

Paulo Maldos – Essa foi uma atitude que impediu que a vitória se consumasse. Na verdade, o ministro tentou impedir que o processo avançasse ontem. Ele foi o nono a dar o voto, mas já pediu vista logo depois do segundo voto, que foi do ministro Carlos Alberto Menezes Direito. Não tinha razão em pedi-lo naquele momento. Ele queria “melar” o processo, porque estava, ali, fazendo o papel do agronegócio. Queria preservar os interesses dos invasores, como porta-voz dos setores mais retrógrados. Só que os ministros já estavam com o voto preparado desde a seção anterior, em agosto, e não queriam abrir do seu posicionamento só porque o nono da fila pediu vista. Mas a intenção de Marco Aurélio era impedir e, quando chegou na sua vez, pediu vista. Então, além dos oito que votaram a favor da demarcação, sobraram três: ele próprio e os ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes. Em função disso, o relator do processo, ministro Carlos Ayres Britto, pediu que se retomasse a operação de retirada dos arrozeiros, e que fosse caçada a liminar que suspendia essa operação, afinal, já estava formada a maioria ali, com oito votos. Foi quando o ministro Marco Aurélio Mello novamente pediu vista, também para essa decisão em torno da liminar, que ele também queria estudar esse aspecto. Ele bloqueou a possibilidade de retirada dos arrozeiros. Os sete demais disseram: “Mas nós estamos votando e somos maioria aqui e temos direito de caçar essa liminar”. Pois o Marco Aurélio falou que não aceitava, e o ministro Gilmar Mendes que, pelo visto, também faz parte do jogo, disse que era preciso considerar o pedido de vista do colega. Na verdade, é um jogo para manter os fazendeiros lá dentro até o máximo limite possível.

IHU On-Line – Como o senhor acha que os arrozeiros agirão em decorrência deste resultado?

Paulo Maldos – Eles irão provocar os índios e tentar criar fatos para comprometê-los. Ontem (quarta-feira) à noite, soltaram três bombas incendiárias na Vila Surumu, que é exatamente onde fica a fazenda-depósito do Paulo César Quartiero. São as mesmas bombas que a Polícia Federal apreendeu em maio deste ano na fazendo do Quartiero. Além de provocar, vão querer dizer que os índios são agressivos. Assim, vão querer armar situações, como a que o Paulo César recentemente tentou. Ele entrou pessoalmente numa escola indígena nessa mesma vila, como prefeito de Pacaraima, e quebrou cadeiras, mesas e a placa de identificação da Funai. As pessoas acharam que ele tinha enlouquecido e respeitaram seu acesso de “loucura”. Depois, percebeu-se que havia duas equipes de vídeo filmando a distância. Ele queria ver se algum índio tentasse segurá-lo ou tivesse alguma outra reação. Daí, ele colocaria as imagens no Jornal Nacional, na Bandeirantes, na Record e divulgaria no mundo inteiro que os índios agrediram o prefeito. E é esse tipo de coisa que eles vão armar daqui para a frente. E não acontece nada com eles.

IHU On-Line – O que o senhor achou da declaração de Quartiero, que afirma que o governo usa a questão indígena como desculpa ou pretexto para sua política entreguista de terras?

Paulo Maldos – Ele usa da retórica! Que crédito podemos dar a um homem que disse ter colocado minas nas estradas que dão acesso a uma vila onde moram crianças, idosos, indígenas, não-indígenas, a vila em que ele mesmo é prefeito? Ele afirmou, para a revista Playboy, que a estrada tal estava totalmente minada e orientou os jornalistas por onde passar. Minas! Ou seja, a pessoa passa, pisa em cima e explode, morre. Que crédito podemos dar ao que esse criminoso fala? Um dos colegas invasores dele chama-se Lawrence Manly Harte, norte-americano, com cidadania norte-americana. O nome dele está inclusive no processo, como uma das partes que questiona a posse indígena da terra. A família dele possui terras do outro lado da fronteira. Isso sim é ameaça à soberania nacional. E os índios? Dionito Silva, Jaci de Souza, todos com nomes brasileiros, batizados, cuja família, na história brasileira, defendeu esse território dos ingleses. Esses são ameaça? E Lawrence Manly Harte é o quê? Trata-se de puro racismo. Esses arrozeiros e seus cúmplices, inclusive militares, têm como corte ideológico o racismo e o fascismo.

IHU On-Line – O que esse resultado, com a votação esmagadora em favor da demarcação das terras, representa para os povos indígenas e para os arrozeiros?

Paulo Maldos – Para os indígenas, representa reconhecimento, mais uma vez, pelo Supremo Tribunal Federal, dos seus direitos inscritos na Constituição. Apesar dessa nota discrepante de um dos seus membros, a ampla maioria do Supremo está se mostrando fiel guardiã dos direitos indígenas e dos direitos dos cidadãos brasileiros expressos na Constituição. Com relação aos arrozeiros, a sessão de ontem significa o fim da impunidade aos crimes de invasão ao território indígena. É o reconhecimento de que são invasores, de que devem se retirar de lá e procurar uma convivência civilizada, não só com os índios, mas com o restante da sociedade brasileira, porque eles não demonstram isso. São absolutamente selvagens, a reedição completa do bandeirantismo: não respeitam nem leis, nem instituições, nem estruturas do Estado, ou seja, não respeitam nada. Só estão vinculados a sua própria ganância. O resultado de ontem (quarta-feira) os coloca no seu devido lugar: na condição de marginais, que devem procurar se reeducar para viver em sociedade.

IHU On-Line – Qual foi o seu sentimento durante a sessão?

Paulo Maldos – Havia uma expectativa enorme com relação ao voto do ministro Carlos Menezes Direito, porque, pelo acúmulo de tempo, todos queriam saber o que ele iria dizer. Quando ele terminou seu voto, foi um alívio imenso, porque foi o segundo favorável, bem fundamentado, rebatendo todas as críticas de que índio ameaça a soberania. Quando vieram os outros, o alívio foi aumentando cada vez mais e se transformando em segurança. Quando chegou no sexto voto, foi muito gratificante ver que os índios tinham vencido.

IHU On-Line – Como o senhor percebe as 18 condições impostas pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito?

Paulo Maldos – Sinto-me um pouco preocupado em relação a essas recomendações. Porém, são recomendações colocadas ao plenário para serem discutidas. Há problemas e ressalvas e foi de uma pessoa entre 11 ministros. Inclusive com o voto do Marco Aurélio, dá tempo de mais dois ou três meses para se discutir bem essas recomendações, para que elas realmente ajudem a aprimorar a política indigenista brasileira. Algumas delas causaram um mal-estar, mas nada sério, porque tudo será debatido.

IHU On-Line – Como os índios estão nesse momento? Qual a expectativa deles após a sessão de ontem, no STF? Qual a situação de Raposa Serra do Sol neste momento?

Paulo Maldos – Os índios que estavam aqui estão muito felizes e confiantes. Eles dizem: “Se a gente estava contente com um voto, imagina com oito!”. Deu maior segurança e confiança nas instituições e no próprio Supremo Tribunal Federal. Com relação à situação lá em Raposa Serra do Sol, ficamos muito preocupados com essa franja onde estão os arrozeiros. Aliás, nenhum deles mora lá, mas em Boa Vista. Vão para lá de helicóptero ou com seus carrões. Essa área é perigosa, porque lá existem fazendas com pistoleiros que recebem as orientações dos arrozeiros por celular. Ficamos preocupados porque sabemos quem são esses pistoleiros marginais. Ao longo deste ano, já incendiaram casas de lideranças, perseguiram e tentaram matar a direção do CIR (Conselho Indígena de Roraima) na estrada. O mesmo carro onde eu estava sofreu um atentado, pois eles tentaram jogar o carro para fora da estrada. Eles andam em matilha, de moto, encapuzados. O que mais serão capazes de fazer? Paulo César Quartiero afirmou, há pouco tempo, que ele tem oito mil estacas para aumentar a sua invasão e que nem se importa com o que o Supremo irá decidir. Ele falou que não admite ser roubado pelo STF. Mas o homem não possui um documento sequer. O único “documento” que ele tem é colocar as tais estacas, com arame farpado, e contratar mais pistoleiros. Ele não é perigoso apenas para os índios, mas para toda a sociedade brasileira. É um elemento pernicioso, criminoso, que já colocou a vida de muita gente em risco.

IHU On-Line – Como o senhor acha que ficará a entrada de pesquisadores e não-índios nas terras? A entrada deve ser permitida ou não?

Paulo Maldos – Não há problema em relação à entrada de pesquisadores da fauna e da flora. Mas eles devem ser reconhecidos pelas suas universidades, ser credenciados na Funai e explicar suas pesquisas, com isso prestando contas do seu trabalho, pois é em benefício da sociedade. O que não pode acontecer é o que vemos no Brasil, por exemplo, em relação à empresa Natura, que vai num quilombo e promove uma gincana entre os quilombolas para arrecadar receitas de cremes para a pele e para o cabelo em troca de R$ 500,00 para quem trouxer o maio número de receitas. Entregam uma fortuna de conhecimento tradicional para a Natura e ela vai embora pagando R$ 500,00 por uma infinidade de conhecimento da botânica e da medicina para comercializar. Isso não pode.

IHU On-Line – Qual é a sua expectativa em relação ao futuro de Raposa Serra do Sol?

Paulo Maldos – Conheço bem a realidade local e posso dizer que, quando os cinco povos indígenas forem plenamente livres para viver em paz no seu território, teremos um futuro exemplar para todo o povo brasileiro. Nessas condições adversas, com violência permanente e insegurança com relação a seu território, eles têm uma rede maravilhosa de escolas, uma rede extremamente competente de atendimento à saúde pública nas comunidades, além de possuírem o maior número de cabeças de gado do Estado (35 mil) e uma criação de cavalos selvagens, herança dos portugueses. Os povos indígenas vivem da agricultura familiar, com uma extrema diversidade de cultivos e produtos. Agora, em paz, acho que vão crescer muito no sentido econômico, cultural, e terão mais liberdade para sua produção. Sem falar que eles são os primeiros a defender a questão ambiental e poderão recuperar os rios poluídos pelos arrozeiros.

 

Raposa Serra do Sol. Uma vitória dos povos indígenas. Entrevista especial com Saulo Feitosa – IHU: 24 março 2009

Finalmente, o caso de Raposa Serra do Sol foi votado pelo supremo Tribunal Federal (STF). O povo indígena que vive naquelas terras sai vitorioso e esperançoso, uma vez que os invasores deverão sair imediatamente daquela área. No entanto, 19 condicionantes foram impostos pelos ministros do STF. Muitos deles já estavam previstos na Constituição Federal de 1988, e servem apenas para assegurar direitos e deveres de quem vive em Raposa Serra do Sol. Mas três condições estão gerando discussões e manifestações não apenas do povo daquela terra, mas de vários povos indígenas do Brasil. A principal condição imposta diz: “É vedada a ampliação da terra indígena já demarcada”.

Saulo Feitosa, vice-presidente do CIMI, em entrevista, realizada por telefone, à IHU On-Line, afirma que “isso, para nós, é um problema sério, porque há muita terra que foi demarcada antes de 1988. Em geral, as terras marcadas antes desse ano não obedeciam ao critério 231 estabelecido pela Constituição, que se refere às terras de ocupação tradicional. Então, em decorrência disso, temos povos indígenas que ocupam espaços pequenos”.

Saulo Feitosa é graduado em Filosofia e História, com especialização em Bioética. Atualmente, ocupa o cargo de Vice-presidente do Cimi. Desde 1980, vem trabalhando junto aos povos indígenas, acompanhando suas lutas pela recuperação étnica, territorial e cultural.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que representa, para a luta indígena, o resultado da votação sobre as terras de Raposa Serra do Sol que o STF realizou na semana passada?

Saulo Feitosa – Para os povos indígenas de Raposa Serra do Sol significa a consolidação dos direitos originais sobre as terras que ocupam. Eles têm, depois de 34 anos, o coroamento de uma longa luta. Esse coroamento contou com o apoio solidário de outros povos indígenas, de entidades nacionais e internacionais. Então, os povos indígenas que estão em Raposa Serra do Sol têm muito o que comemorar.

Para os demais povos indígenas do Brasil e para nós, entidades de apoio, é motivo de comemoração, mas de bastante apreensão e preocupação, porque entendemos que o julgamento sobre Raposa Serra do Sol deveria ter se limitado a julgar a questão da homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol. Mas o STF resolveu extrapolar o pedido feito pelos autores de ação popular para tratar demarcação de terras indígenas no Brasil todo e passou a decidir sobre as futuras demarcações. Isso cria um problema e agora precisamos trabalhar para superar esse problema criado pelo STF.

IHU On-Line – Quais são os próximos passos para a retirada dos arrozeiros e domínio completo dos povos indígenas a partir de agora?

Saulo Feitosa – Como a decisão do STF foi unânime em relação ao fato de que a retirada dos não-índios tem de se dar imediatamente, eu espero que assim aconteça e que a paz volte a reinar naquela região. O governo federal já exercitou o seu limite de tolerância quando, depois da homologação, estipulou um prazo para que os não-índios fossem retirados. Quando o prazo venceu, eles se recusaram a sair e demandaram essa discussão judicial, que resultou numa decisão do ministro Ayres Britos para a suspensão da retirada dessas pessoas. Agora, finalmente, com a conclusão do mérito da ação, os não-índios precisam sair imediatamente. Não há mais nada que justifique a permanência na área.

IHU On-Line – A decisão pode afetar outras questões pendentes para os povos indígenas?

Saulo Feitosa – Sim. A decisão, como está posta, pode sim. Entendemos que o STF foi além do pedido e passou a definir que as terras que já foram demarcadas não podem ser mais revisadas nem discutidas. Isso, para nós, é um problema sério, porque há muita terra que foi demarcada antes de 1988. Em geral, as terras marcadas antes desse ano não obedeciam ao critério 231 estabelecido pela Constituição, que se refere àquelas de ocupação tradicional. Então, em decorrência disso, temos povos indígenas que ocupam espaços muito pequenos, como o povo Sucuru de Pernambuco, que ocupa apenas seis hectares, quando a terra deles deveria ser de 27 hectares. No país afora, há muitas demarcações que precisam ser revisadas. Se o STF decide que não podem ser revistas as terras demarcadas de forma errada, significa que temos um grave problema e consequências sérias para as populações que estão vivendo confinadas, como, por exemplo, o povo Guarani-Kaiowá, que vive no Mato Grosso do Sul.

IHU On-Line – Como o senhor vê essa participação que estados e municípios terão sobre a decisão em relação à demarcação de terras indígenas?

Saulo Feitosa – Em tese, já era segurada às unidades federativas a participação no processo demarcatório. O decreto 1775/96 foi editado justamente com a argumentação de que garantiria este fato, ou seja, garantia um período de contestação. Estados e municípios que querem discutir a demarcação de terras, tão logo seja publicado isso nos diários oficiais, têm um prazo para se manifestar. Essa inovação que o STF traz no julgamento de Raposa Serra do Sol, para nós, é bastante complicada. Isso porque uma coisa é o Estado e os municípios discutirem a demarcação depois que o grupo técnico apresentarem o relatório, e outra coisa é você querer inserir funcionários dos governos estaduais e municipais dentro do grupo técnico. Isso significa tumultuar o processo, porque, em geral, essas unidades da federação criticam contra as terras indígenas. Então, se há essa disputa já dentro do grupo de trabalho, tal caminho inviabiliza a demarcação. Você terá aí um conflito para dentro do grupo de trabalho, o que pode tornar não mais possível os processos demarcatórios. Isso não tem cabimento, porque os grupos de trabalho devem ser formados por técnicos indicados pela Funai. Isso tumultuaria o processo.

IHU On-Line – E qual sua opinião sobre as 19 condições dadas durante o processo?

Saulo Feitosa – Muitas daquelas condições apenas repetem o texto constitucional e não trazem novidades, mas algumas são bastante preocupantes, como, por exemplo, a questão 17. Ela torna impossível, como falei antes, a revisão das demarcações erradas feitas antes de 1988. Essa condicionante é muito complicada. A condicionante 19, que coloca a questão dos estados e municípios, como também falamos antes, é complicada também. Além destas, há uma condicionante que limita a autonomia dos índios em seu território, submetendo a vontade e a circulação dos índios dentro de suas terras quando há uma gestão do Instituto Chico Mendes. Isso significa usurpar a autonomia dos povos indígenas sobre seus territórios tradicionais, o que não tem cabimento, pois afeta a convenção 169 da OIT [1]. Eu diria que esses são as três condicionantes que mais nos preocupam.

IHU On-Line – Mas e de que forma essas decisões influenciam o cotidiano dos povos indígenas que vivem em Raposa Serra do Sol?

Saulo Feitosa – Primeiramente, influenciam na restrição de direitos dos povos indígenas e desrespeita os seus usos e tradições. Eles podem ser impedidos ou serem controlados no seu ambiente de integração. Isso é uma limitação dos direitos, da sua autonomia, de praticar seus rituais. Outra questão que terá um efeito imediato está relacionada à execução de programas governamentais dentro das terras indígenas. Mais uma limitação: quando se trata das operações das Forças Armadas e da Polícia Federal. Como está posto no voto de vários ministros do STF, as Forças Armadas e a Polícia Federal teriam total autonomia para circular em terras indígenas sem autorização prévia, o que pode causar apreensões. Isso complica, pois são áreas que já vivem permanentemente em tensão.

IHU On-Line – Qual é o novo foco agora de tensão entre índios e fazendeiros?

Saulo Feitosa – Infelizmente, há muitos focos, não apenas um. Hoje, temos tensões permanentes no Mato Grosso do Sul, no Mato Grosso, no sul da Bahia, em Santa Catarina. Em vários pontos do Brasil existem focos de tensão evidenciada. Com essa decisão do governo, a partir das repercussões da mídia, já percebemos a repercussão dos indígenas e dos invasores de terras indígenas. O resultado sobre Raposa Serra do Sol está sendo usado pelos inimigos dos povos indígenas para tencionar ainda mais algumas situações.

IHU On-Line – Como os índios estão nesse momento? Qual a expectativa deles após a sessão da semana passada, no STF?

Saulo Feitosa – Neste último final de semana, foi realizada, aqui em Brasília, a Assembleia dos povos indígenas do Brasil. No primeiro dia, foi realizada uma análise de conjuntura onde os indígenas externar muitas preocupação. Eles acham que agora devem discutir mais com suas comunidades e estão descobrindo formas de reagir a essa situação, para garantir seus direitos constitucionais. Eu diria que os índios estão contentes com a decisão sobre Raposa Serra do Sol, mas preocupados com as condicionantes impostas pelo STF.

Notas:
[1] A Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovada em 1989, durante sua 76ª Conferência, é o instrumento internacional vinculante mais antigo que trata especificamente dos direitos dos povos indígenas e tribais no mundo.

 

Raposa Serra do Sol: “A terra não representa simplesmente uma questão de sobrevivência econômica”. Entrevista especial com Joênia Batista de Carvalho – IHU: 29 agosto 2008

O Brasil vive um momento muito relevante para a sua história. O país acompanha a decisão sobre a demarcação contínua das terras de Raposa Serra do Sol, em Roraima, de forma apreensiva e dividida. Políticos e ruralistas do estado defendem que ilhas sejam criadas dentro da reserva para que os índios possam ali viver, ou seja, trata-se de mais uma invasão da cultura dos não-índios. Enquanto isso, os índios e a sociedade que os apóia travam essa batalha desigual, protegendo a cultura que está intimamente ligada àquela terra. Na primeira sessão do julgamento, que aconteceu nesta última quarta-feira, dia 27-08-2008, o ministro-relator Carlos Ayres Britto fez um discurso veemente em favor da causa indígena. Depois do seu voto, foi feito um pedido de vista ao processo pelo ministro Carlos Alberto Direito.

Antes de Ayres de Britto proferir seu voto, a índia Joênia Batista de Carvalho, conhecida como Joênia Wapichana, a primeira índia a graduar-se em Direito no Brasil, defendeu oralmente a causa dos índios de Raposa Serra do Sol, onde nasceu e se criou, na tribuna do Supremo Tribunal Federal. Caso a entidade aprovar a revisão da homologação do território de Roraima, todas as outras terras indígenas demarcadas no Brasil poderão ser também revistas. Em entrevista, realizada por telefone, à IHU On-Line, Joênia avaliou esta primeira parte do julgamento como uma grande alegria, pois, para ela, o ministro-relator conseguiu, com suas palavras, esclarecer diversos pontos em relação a este processo. “Eu fiquei bastante comovida com a forma como ele traduziu toda a importância dos povos indígenas para o Brasil, a importância de manter a nossa terra de forma integral. Foi brilhante, iluminado. O ministro conseguiu escrever tudo isso que nós vínhamos falando, reclamando”, disse ela.

Joênia Batista de Carvalho graduou-se em Direito, pela Universidade Federal de Roraima, e hoje é advogada do Conselho Indigenista de Roraima.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Que significado teve para a comunidade indígena essa parte do julgamento que aconteceu sobre a demarcação de Raposa Serra do Sol?

Joênia Batista de Carvalho – Para nós, foi uma grande alegria porque conseguir o voto do ministro-relator esclareceu uma série de questões que foram abordadas esse tempo todo em documentos da ação popular, pelo próprio estado de Roraima e pelos arrozeiros. Para nós, então, foi muito bom e brilhante o levantamento fundamentado, embasado e esclarecedor do ministro Ayres de Britto. Não restam dúvidas de que não há ilegalidades no decreto presidencial que considera a demarcação de terra de Raposa Serra do Sol de forma contínua. Isso nos deixa com a segurança de que os ministros têm esclarecimento sobre o assunto. A importância das terras indígenas precisa ser interpretada de forma que se possa atender as necessidades dos povos de Raposa Serra do Sol, contemplando todos os valores, os aspectos culturais, antropológicos, econômicos, ambientais, assuntos que muitas vezes foram, e ainda são, negados pelo governo de Roraima. Esses aspectos foram brilhantemente esclarecidos pelo ministro-relator. Tais fatos não deveriam gerar polêmicas, uma vez que a legislação brasileira ampara a função das Forças Armadas e da Polícia Federal e considera conciliável a presença de indígenas na faixa de fronteira. Esperamos que, na próxima sessão, os ministros possam comparar e fazer um aprofundamento da ação, tomando, assim, ciência da situação, além de comprovarem o que o ministro-relator colocou em seu relatório.

IHU On-Line – O que representa para vocês esse pedido de vista em relação ao julgamento?

Joênia Batista de Carvalho – Para mim, foi muito marcante, emocionante. Claro que existia um peso grande da responsabilidade também, porque ser a única voz indígena ali naquela plenária, sendo escutada atentamente por índios e não-índios, é algo muito marcante e representativo. Marcou porque eu vi meus avós, voltei alguns anos no tempo, digamos assim. Afinal, eles se colocavam numa posição submissa, de não poderem falar por si. Enfim, as pessoas puderam ouvir uma voz indígena dentro desse processo, o que foi importante para nós todos. Ninguém precisa falar pelos índios, ao contrário do que diz o senador Augusto Botelho, que diz que fala pelos índios. Nós mesmos vamos lá e falamos quais são nossos interesses. Eu sou da tribo wapichana, um dos povos de Raposa Serra do Sol, e posso dizer que os povos de lá estão unidos, isto é, não estão só interessados na demarcação contínua. Eu representei todas as comunidades de lá e estamos juntos para conseguir a nossa terra de forma contínua.

IHU On-Line – O que significaram para você as palavras do ministro Ayres de Britto?

Joênia Batista de Carvalho – Eu fiquei bastante comovida com a forma como ele traduziu toda a importância dos povos indígenas para o Brasil, com a importância de manter a nossa terra de forma integral. Foi brilhante, iluminado. O ministro conseguiu escrever tudo isso que nós vinhamos falando, reclamando, mas não estava sendo considerado e precisava de interpretação do que a própria Constituição de 1988 conseguiu escrever em nossa Carta Magna. Fiquei muito alegre. Em suas linhas técnicas incontestáveis, ele conseguiu expressar brilhantemente o seu voto. E isso foi muito importante para nós nesse momento.

IHU On-Line – Joênia, você foi a primeira índia a se formar em Direito. Para você, que viveu a vida toda em Raposa Serra do Sol, como essa discussão em torno da identidade indígena aconteceu?

Joênia Batista de Carvalho – Enquanto não tinha ainda saído de Roraima, eu não sabia que era a primeira advogada índia mulher. Quando comecei a participar de reuniões fora do estado, me dei conta de que existiam poucos profissionais indígenas e de que eu era a primeira mulher índia que tinha se formado em Direito no Brasil. Nós temos necessidade de formar os indígenas, mas é diferente do que alguns políticos de Roraima e do Estado colocam em seu discurso, dizendo que queremos ficar segregados, ou seja, queremos isolamento e separação. Estamos buscando conhecimentos universais para justamente requerer a nossa participação na sociedade brasileira como é de direito. Se formar e ter o conhecimento das leis brasileira e do merecedor respeito dos povos indígenas foi fundamental para mim como profissional indígena, como advogada das nossas comunidades em Roraima. Isso é um avanço muito grande do protagonismo dos povos indígenas, que estão mostrando a sua capacidade de falar por si só, de entender o contexto que está em jogo. Além disso, ter um curso superior, estudo, ou entender as tecnologias, não mostra que deixamos nossa cultura de lado. Pelo contrário, estamos reforçando ainda mais nossa cultura e nossa identidade indígena.

Muitas vezes, as pessoas não compreendem, pensando que o indígena deve ser domesticado. Com isso, existe a idéia de que, a partir do momento que ele passa a ter conhecimento, não é mais índio. Esse pensamento é inadmissível. A diversidade étnica no país deve ser respeitada. Eu posso ter mestrado, doutorado, compreensão da lei do branco e nunca vou deixar de ser indígena. É uma condição que ninguém vai tirar de mim, ou seja, jamais vão conseguir tirar de mim a cultura dos índios. Estamos apenas agregando conhecimento. Somos discriminados porque temos laptop, celular, falamos português. O próprio estado de Roraima diz que não há mais índios lá só porque estamos falando por nós mesmos, reclamando nossos direitos e exigindo respeito. Eles acham que os índios devem ficar calados, na sua comunidade, que não podem vestir roupa. A partir do momento que nos tornamos protagonistas, eles acham que não somos mais índios. Depois de 1500 anos de colonização, a gente ainda resiste e não é diferente, pois também fazemos parte do povo brasileiro.

IHU On-Line – Raposa Serra do Sol vive ainda, além da invasão dos arrozeiros, a disputa de religiões dentro do seu território. Como você vê essa questão?

Joênia Batista de Carvalho – Essa questão de religião foi um argumento que os políticos de Roraima tentam fazer aparecer na mídia como se houvesse uma briga de religiões. Esse argumento é totalmente falso. Falam que de um lado está a Igreja Católica e do outro lado a Igreja Evangélica. Cada um tem o direito de escolher a sua religião. Apesar de haver a presença dessas igrejas diferentes, a religião indígena pesa mais alto. Muitas comunidades indígenas que participam do conselho são evangélicas. Ficam tentando travar uma batalha de religiões que não existe. Aqui os índios se respeitam. Muitas vezes essa batalha é fomentada para tentar gerar uma divisão entre as próprias comunidades. Isso é crueldade.

IHU On-Line – Como se sentem os índios com essa grande pressão sobre eles em relação à sua cultura e às suas terras?

Joênia Batista de Carvalho – Estamos há mais de 30 anos buscando regularizar a terra indígena de forma legal. Nesse período que passou, muitas coisas aconteceram, muitas mortes, muita violência. A sensação que as comunidades têm em relação a tudo isso, em relação aos impactos na sua vida e na sua cultura, é que precisam de justiça para resolver esse problema. Estamos esperando até agora que as autoridades brasileiras e a sociedade abram sua cabeça e vejam o que está acontecendo com os índios. Essa é uma questão de ameaça à nossa cultura e à nossa espiritualidade. Nós entendemos que todos devem compartilhar essa responsabilidade, pois se trata de uma diversidade cultural, de uma riqueza que nem todo mundo conhece. Se se conhecesse a nossa realidade, se conversassem conosco, talvez não houvesse tanta pressão sobre os povos indígenas, porque nossa relação com a terra é cultural. Sem a terra não existem valores nem cultura. Queremos mostrar que a terra não representa simplesmente uma questão de sobrevivência econômica, mas sim a própria vida cultural dos indígenas. O que o ministro colocou em seu voto é muito sério. Às vezes, as pessoas não percebem que a questão da terra tem muita importância para nós. O desenvolvimento tem outro sentido para nós. Não pensamos nele de forma econômica, capitalista, mas na relação com a natureza. Precisamos mostrar mais isso para a sociedade, para que todos dêem importância para a terra nesse mesmo sentido.

IHU On-Line – O que podemos esperar para o próximo julgamento em relação à homologação de Raposa Serra do Sol?

Joênia Batista de Carvalho – Nós vamos esperar que seja agendado um novo julgamento. Estaremos aqui esperando. Vamos continuar explicando para quem quiser ouvir qual é a importância dessa terra, porque é necessário manter uma área contínua na Raposa Serra do Sol. Vamos insistir para que os dez ministros que ainda não votaram possam seguir o voto do ministro-relator.

Guerra diverte – o demo acha, diz Guimarães Rosa

Guerra? Veja porque o diabo gosta!

Cerca de 300 mil soldados dos EUA sofrem de sequelas mentais

Cerca de 300 mil soldados americanos estão sofrendo de sequelas mentais e depressão profunda por servirem nas guerras do Iraque e Afeganistão, e 320 mil tiveram danos cerebrais, segundo estimativas de estudo recente da Rand Corporation, organização especializada em pesquisas militares. Apenas a metade deles recebeu tratamento, aponta o estudo divulgado nesta terça-feira pelo instituto. “Os homens e mulheres que serviram nossa nação estão enfrentando sérios problemas de saúde”, disse Terri Tanielian, pesquisador da Rand. “Ao menos que recebam tratamento apropriado e efetivo para os danos que estão sofrendo, haverá consequências de longo prazo para eles e para a nação”, acrescentou Terri em entrevista à Associated Press. O estudo de 500 páginas é o primeiro feito em larga escala e inclui uma pesquisa com 1.965 soldados de várias regiões do país e de todas as divisões das forças armadas, incluindo militares ainda em atividade e veteranos aposentados…

Leia o texto completo.

Fonte: Folha Online: 17/04/2008 – 16h02 (da Associated Press, em Washington)

Loyola no Google Book Search

Edições Loyola é a maior parceira do Google Book Search no Brasil

Edições Loyola é a editora brasileira que ofereceu a maior quantidade de títulos para inclusão no Google Book Search, ferramenta de pesquisa on-line que possibilita a descoberta do conhecimento armazenado nos livros. Do total de 3,5 mil títulos do catálogo de Edições Loyola, 2.700 já estarão disponíveis neste formato ainda no primeiro semestre de 2008, número que pode chegar a 3.200. Comemorando 50 anos de existência em 2008, Edições Loyola é uma das dez maiores editoras do Brasil e conta com um catálogo diversificado, com publicações nas áreas de Filosofia, Teologia, Educação, Pedagogia, Psicologia, Comunicação, Sociologia e Política, História, Artes, Ética e Bioética. A cada mês, cerca de 12 novos títulos e 15 reimpressões se juntam a este universo, totalizando dois milhões de livros impressos por ano. Foi também a primeira editora católica do país a aderir ao novo formato de pesquisas de livros. Para o diretor de Edições Loyola, Pe. Danilo Mondoni, o acordo firmado com o Google abre um novo canal para divulgar o conhecimento armazenado no catálogo da editora. Fundada por jesuítas, Edições Loyola procura dar continuidade à contribuição da Companhia de Jesus à formação e ao fortalecimento da cultura brasileira e à sua missão de promover o enriquecimento cultural e espiritual de seus leitores…



Leia a notícia completa, publicada na página da Loyola em 10 de março de 2008.

Gramatica do Grego do Novo Testamento

A Loyola está anunciando para breve o lançamento do segundo volume da Coleção Ferramentas Bíblicas: uma Gramática do Grego do Novo Testamento.

SANTOS, A.-A. G. Gramática do grego do Novo Testamento. São Paulo: Loyola, 2008, 344 p. – ISBN 9788515035311.

Lembro ao leitor que esta coleção teve início com o excelente livro do Cássio Murilo Dias da Silva, Leia a Bíblia como literatura.

Meus alunos do Primeiro Ano de Teologia do CEARP estão utilizando este livro na disciplina de Introdução à S. Escritura. E sua avaliação é positiva.

Um estudante chamou minha atenção para as comparações feitas pelo Cássio de alguns textos das Bíblias em português e me disse que esta é uma ferramenta que tem sido de muita utilidade em sua atividade pastoral. A diversidade de traduções frequentemente confunde as pessoas, que ficam se perguntando qual é a melhor Bíblia, qual seria a melhor tradução, qual é a mais confiável… O livro do Cássio ajuda a compreender isso.