As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:
Martin Beck and Ulrike Schorn, eds.
Auf dem Weg zur Endgestalt von Genesis bis II Regum: Festschrift Hans-Christoph Schmitt zum 65. Geburtstag
Reviewed by Klaas Spronk
Beate Ego and Helmut Merkel, eds.
Religiöses Lernen in der biblischen, frühjüdischen und früjchristlichen Überlieferung
Reviewed by Wilhelm Pratscher
Eldon Jay Epp
Junia: The First Woman Apostle
Reviewed by Nancy Calvert-Koyzis
Alice Hunt
Missing Priests: The Zadokites in Tradition and History
Reviewed by Lena-Sofia Tiemeyer
Lenka Karfíková, Scott Douglass, and Johannes Zachhuber, eds.
Gregory of Nyssa: Contra Eunomium II: An English Version with Supporting Studies, Proceedings of the 10th International Colloqium on Gregory of Nyssa (Olomouc, September 15-18, 2004)
Reviewed by Mark Weedman
Ivan Shing Chung Kwong
The Word Order of the Gospel of Luke: Its Foregrounded Messages
Reviewed by Steven Runge
Adriane B. Leveen
Memory and Tradition in the Book of Numbers
Reviewed by Thomas B. Dozeman
Morwenna Ludlow
Gregory of Nyssa, Ancient and (Post)modern
Reviewed by Ilaria Ramelli
Reviewed by Kevin D. Hill
Philip L. Mayo
“Those Who Call Themselves Jews”: The Church and Judaism in the Apocalypse of John
Reviewed by Jack T. Sanders
W. David Nelson, ed. and trans.
Mekhilta De-Rabbi Shimon Bar Yohai
Reviewed by Steven D. Sacks
Christoph Nihan
From Priestly Torah to Pentateuch: A Study in the Composition of the Book of Leviticus
Reviewed by Eckart Otto
Armand Puig i Tàrrech, ed.
Imatge de Déu (Catalan)
Reviewed by Philippe Guillaume
William M. Schniedewind and Joel H. Hunt
A Primer on Ugaritic Language, Culture, and Literature
Reviewed by Robert D. Holmstedt
John Howard Schütz
Paul and the Anatomy of Apostolic Authority
Reviewed by Graydon F. Snyder
Tommy Wasserman
The Epistle of Jude: Its Text and Transmission
Reviewed by Stephen D. Patton
Mês: abril 2008
Com que olhar a Teologia olha o mundo?
Três artigos que acabei de ler na revista Estudos Teológicos, da EST, e que valem a pena. Todos tratam da relação da Teologia com a Academia, ou, se preferirmos, do desafio que é fazer Teologia a partir das múltiplas definições que dão do mundo a ciência e a fé. Como diz o Editorial, são artigos que “enfocam o estatuto teórico da teologia no âmbito das demais ciências”.
Os três autores são professores e pesquisadores da Faculdades EST, de São Leopoldo, RS. Os artigos foram publicados no ano passado, 2007, e estão no vol. 47, n. 2 da revista, com texto completo disponível online em formato pdf.
Enio R. Mueller, A teologia e seu estatuto teórico: contribuições para uma discussão atual na universidade brasileira. Estudos Teológicos 2007, vol. 47, n. 2, p. 88-103.
Do artigo:
“Neste momento histórico, a Teologia, depois de ser convidada oficialmente para o grande concerto da academia no Brasil, busca definir seu estatuto teórico. Ou seja, o que exatamente faz com que ela se sinta no direito a ter um lugar como protagonista deste concerto. A impressão geral, no mundo acadêmico, é que a Teologia ainda não mostrou por que ocupa, agora, uma cadeira nesta orquestra. Penso que a própria Teologia é, em parte, responsável por esta situação. A não-necessidade de pensar seu estatuto teórico já é evidência de uma compreensão do mesmo que por tanto tempo, ao lado de outros fatores históricos, tem mantido a Teologia fora da universidade brasileira. Em discussão está o que as ciências vêem. O que cada uma vê ‘que só ela vê’, que é o que justifica a inclusão de uma nova ciência no concerto geral. Em nosso caso, concretamente, o que a Teologia vê ‘que só ela vê'”.
Júlio Paulo Tavares Zabatiero, Do Estatuto Acadêmico da Teologia: pistas para a solução de um problema complexo. Estudos Teológicos 2007, vol. 47, n. 2, p. 67-87.
Como exemplo, um trecho:
“Sua localização no limiar entre experiência de fé e experiência científica implica que a teologia será, também, e inevitavelmente, uma teoria crítica da fé vivida. Teólogas e teólogos não podem aceitar e compactuar com formas de vida cristã que reduzam a fé aos interesses institucionais que regulamentam a vida de seus fiéis, ou aos interesses individualistas de crentes que confundem salvação com a satisfação de seus próprios desejos”.
Rudolf von Sinner, Teologia como Ciência. Estudos Teológicos 2007, vol. 47, n. 2, p. 57-66.
Do artigo, um exemplo:
“Portanto, a teologia é a reflexão metodologicamente responsável sobre o falar de Deus, esta linguagem primária que proclama a boa nova de Deus e se dirige a Ele em louvor e oração. Não é restrita a teólogas e teólogos academicamente formados, mas é de forma especial tarefa destas e destes apresentarem e discutirem argumentos teológicos sobre determinado assunto da fé. É neste sentido que a teologia é ciência: está sempre à procura da verdade, ainda que não a possua nem a possa encontrar de forma absoluta. Apresenta o que dela percebe com argumentos que podem ser criticados e discutidos. A dúvida é um importante motor desta procura, desde que não destrua a fé num ceticismo sem fim. Preserva, contudo, a teologia de cair num dogmatismo auto-reprodutivo. São estes mesmos dois perigos que qualquer ciência enfrenta: cair no ceticismo ou no dogmatismo, ou seja, na negação de uma diferença sustentável entre opinião e conhecimento ou na restrição do conhecimento científico a um tipo muito específico de conhecimento”.
EST outorga titulo a Leonardo Boff
No dia 15 de maio, a Faculdades EST – Escola Superior de Teologia, vinculada à Rede Sinodal de Educação e identificada com a IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil -, com sede em São Leopoldo, RS, outorgará o título de doutor “Honoris Causa” ao teólogo Leonardo Boff.
Além desta homenagem, estão programados outros eventos com a participação de Leonardo Boff na EST a partir do dia 12 de maio de 2008.
Destaco a palestra de Leonardo Boff, O cosmos e a teologia, no dia 14, e o Curso de Extensão Leonardo Boff e a Teologia Protestante, que tem como objetivos evidenciar a importância da reflexão teológica de Leonardo Boff no contexto da teologia protestante e oportunizar o diálogo entre a Teologia Protestante e o pensamento teológico de Leonardo Boff.
Os palestrantes deste curso, que acontece de 12 a 16 de maio, são:
Prof. Dr. Leonardo Boff, Petrópolis – RJ
Prof. Dr. Hermann Brandt, Erlangen – Alemanha
P. Dr. Silfredo Bernardo Dalferth – Alemanha
Prof. Dr. Valério Guilherme Schaper, EST – RS
Prof. Dr. Claus Schwambach, Faculdade Luterana de Teologia, São Bento do Sul – SC
Prof. Dr. Rudolf von Sinner, EST – RS
Prof. Dr. Euler Renato Westphal, Faculdade Luterana de Teologia, São Bento do Sul e Univille – SC
Sobre o evento diz o site da EST:
Estará na Faculdades EST, de 12 a 16 de maio, o Prof. Dr. Leonardo Boff, junto com sua esposa, a educadora e lutadora pelos direitos humanos Márcia Miranda. O Prof. Boff é uma das pessoas mais eminentes neste país e internacionalmente, certamente o teólogo brasileiro mais conhecido e respeitado na contemporaneidade. Tem vasta produção científica e jornalística, traduzida em várias línguas (cf. https://leonardoboff.wordpress.com/). Além do seminário franciscano de Petrópolis (RJ), onde fora professor durante 22 anos, lecionou na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e foi professor visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça), e Heidelberg (Alemanha). Também foi professor convidado na EST para um seminário intensivo, em 1994. Além dos recintos acadêmicos, o Prof. Boff tem conseguido alcançar amplo público no Brasil e mundo afora, nomeadamente ao tratar de questões da espiritualidade, da ecologia, e do entendimento entre os povos. Não apenas pelo discurso, mas pela sua militância junto a movimentos sociais e a comunidades eclesiais de base tem contribuído de forma significativa para o bem-estar do povo brasileiro. Desde seus estudos de doutorado “laboris causa”, em Munique (Alemanha), o Prof. Boff tem estudado amplamente teólogos protestantes como Friedrich Gogarten, Wolfhart Pannenberg e Gerhard von Rad. Em vários escritos, tem ressaltado a importância de Martinho Lutero e da teologia protestante, demonstrando grande abertura para o ecumenismo. Muitos estudos de doutorado, do punho de teólogos protestantes, têm sido escritos sobre a teologia dele, o que propiciou a idéia do seminário abaixo citado, com a participação de boa parte destes teólogos. Com a outorga do título de doutor “honoris causa”, a Faculdades EST estará homenageando a obra desta teólogo tão eminente, no ano em que completará seus 70 anos (…) Será dedicado a ele também o segundo número de 2008 do periódico Estudos Teológicos, publicando as contribuições do seminário na Faculdades EST, bem como a resposta do próprio Prof. Boff.
Estudos sobre as origens de Israel são reeditados
JAMIESON-DRAKE, D. Scribes and Schools in Monarchic Judah: A Socio-Archaeological Approach. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2010, 240 p. – ISBN 9781906055486.
This highly original study locates the question of scribes and scribal schools in monarchic Judah in a socio-archaeological context. It departs from earlier studies by assigning priority to interpreting archaeological data within a broad interdisciplinary framework before trying to assess biblical and epigraphic sources. The book provides an analysis of data on settlement, public works, and luxury items in order to produce an archaeologically based picture of the development of state level administrative systems in Judah. The study questions the consensus that the Judahite monarchy became a state at some point in the tenth century BCE. The evidence for the increase in population, building, production, centralization and specialization in the eighth century suggests that Judah did not function as a state before the eighth century BCE. This incisive study challenges the assumption of widespread literacy and the traditional picture of the development of the Judahite monarchy. This volume is a reprint of the 1991 edition with a new preface by Robert B. Coote and Keith W. Whitelam setting the work in the context of recent debates on the history of ancient Israel. David Jamieson-Drake is Director of Institutional Research at Duke University, Durham, North Carolina.
COOTE, R. B.; WHITELAM, K. W. The Emergence of Early Israel in Historical Perspective. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2010, 220 p. – ISBN 9781906055455.
This highly original study takes a panoramic view of history in order to set the emergence of Israel in the broadest possible perspective. It begins with a study of the nature of historywriting and the increasing problems involved in utilizing the biblical text for historical reconstruction. The authors suggest an alternative approach which assigns priority to interpreting archaeological data within a broad interdisciplinary framework. The book provides a broad overview of settlement patterns and social relations throughout Palestinian history from the middle of the third millennium BCE to the present day in order to illustrate how the emergence of Israel in the early Iron Age fits into the march of time. Archaeological evidence for the appearance of dispersed settlements in the highlands and steppes of Palestine at the beginning of the early Iron Age followed by the rapid centralization of this area suggests that Israel emerged within Palestine in response to the decline in east Mediterranean trade at the end of the Late Bronze Age. The development of an Israelite monarchy is seen as being inextricably linked to the factors involved in Israel’s emergence-as distinct from much previous research which has presented the monarchy as alien to the origins of Israel. This volume is a reprint of the 1987 edition with a new preface by Robert B. Coote and Keith W. Whitelam setting the work in the context of recent debates on the history of ancient Israel. Robert B. Coote is Nathaniel Gray Professor of Hebrew Exegesis and Old Testament at San Francisco Theological Seminary and the Graduate Theological Union. Keith W. Whitelam is Professor of Biblical Studies in the University of Sheffield.
Robert B. Coote e Keith W. Whitelam veem as origens de Israel como parte de um processo de integração milenar entre as regiões das cidades e as regiões das montanhas. Processo que pode ser chamado de ‘realinhamento’ ou ‘transformação’, pois nos períodos de prosperidade as regiões das montanhas providenciavam recursos para as cidades dos vales, enquanto que nos momentos das crises elas absorviam as populações que deixavam tais cidades. No surgimento de Israel o colapso do comércio foi o fator mais significativo, segundo estes autores, pois colocou em crise a sobrevivência das cidades e exigiu dos povoados das montanhas uma forma mais eficaz de colaboração e cooperação para a sobrevivência, levando a um aumento populacional significativo. Com o desenvolvimento destas regiões o comércio foi recuperado, promovendo mais tarde o aparecimento do Estado.
HOPKINS, D. C. The Highlands of Canaan: Agricultural Life in the Early Iron Age. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2010, 330 p. – ISBN 9781906055462.
In this masterly survey of the agricultural way of life and material world of late second millennium Canaan and emergent Israel, Hopkins asks, What obstacles did the Early Iron Age settlers of the Highlands face in their struggle for survival? How did they buffer the immense variability of their environment and take advantage of its natural diversity? How crucial were their particular social structures to their continued survival? The author’s researches into the dynamics of agricultural systems attested in ethnographic and anthropological sources constantly undergird the development of his picture. His work has proved to be a mandatory resource for all students of early Israel. Contents: the parameters of agricultural systems (e.g. environment, technology and population); geomorphology; climate and climatic change; natural vegetation and soils; population and settlement patterns; water conservation and control; soil conservation and fertility maintenance; risk spreading and the optimization of labor. This volume is a reprint of the 1985 edition, with a new preface by Keith W. Whitelam setting the work in the context of recent research on agriculture, daily life and the history of ancient Israel. David Hopkins is Professor of Archaeology and Biblical Interpretation, Wesley Theological Seminary, Washington, DC.
David C. Hopkins faz neste livro uma avaliação detalhada da agricultura na região montanhosa da Palestina na Idade do Ferro I (1200-900 a.C.), observando que o desenvolvimento social aconteceu junto com a intensificação do cultivo da terra. Para Hopkins, estas pessoas desenvolveram um sistema de colaboração ao nível de clã e de famílias, o que lhes permitia uma integração de culturas agrícolas com a criação de animais, evitando, deste modo, os desastres comuns a que uma monocultura estava sujeita nestas regiões tão instáveis, especialmente em recursos hídricos. Hopkins valorizou mais o sistema cooperativo baseado no parentesco do que o uso de técnicas como terraços, cisternas e o uso do ferro para explicar o sucesso destes assentamentos agrícolas. Para Hopkins, diferentes unidades clânicas e tribais israelitas devem ter surgido a partir de diferentes atividades agrícolas.
Leia Mais:
A teoria da evolução pacífica e gradual
Resenhas na RBL: 23.04.2008
As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:
Herbert W. Bateman IV, ed.
Four Views on the Warning Passages in Hebrews
Reviewed by Felix H. Cortez
Dianne Bergant
Israel’s Story: Part Two
Reviewed by A. Joseph Everson
Martin Brändl
Der Agon bei Paulus: Herkunft und Profil paulinischer Agonmetaphoik
Reviewed by Christoph Stenschke
Keith Augustus Burton
The Blessing of Africa: The Bible and African Christianity
Reviewed by J. N. K Mugambi
Joseph A. Fitzmyer
The One Who Is to Come
Reviewed by Jeffrey L. Staley
Kathy L. Gaca and L. L. Welborn, eds.
Early Patristic Readings of Romans
Reviewed by David A. Creech
Ilze Kezbere
Umstrittener Monotheismus: Wahre und falsche Apotheose im lukanischen Doppelwerk
Reviewed by Knut Backhaus
David Milson
Art and Architecture of the Synagogue in Late Antique Palestine: In the Shadow of the Church
Reviewed by Jonathan L. Reed
George T. Montague
Understanding the Bible: A Basic Introduction to Biblical Interpretation
Reviewed by Gosnell Yorke
Hillary Rodrigues and Thomas A. Robinson
World Religions: A Guide to the Essentials
Reviewed by Joseph Matos
Marion Ann Taylor and Heather E. Weir, eds.
Let Her Speak for Herself: Nineteenth-Century Women Writing on Women in Genesis
Reviewed by Frances Klopper
Valerie M. Warrior
Roman Religion
Reviewed by Edmund P. Cueva
Claus Wilcke
Early Ancient Near Eastern Law: A History of Its Beginnings: The Early Dynastic and Sargonic Periods
Reviewed by Michael S. Moore
Por que você quer estudar Teologia?
Um caminho de acesso a Deus. Entrevista especial com Vitor Galdino Feller
“O risco possível de desacato à experiência religiosa é fazer da profissão de teólogo apenas um meio de subsistência, sem relações e compromissos com a fé da comunidade a que se serve, um pedestal que o afasta da vida concreta de seus irmãos de fé.” Essa é a constatação do teólogo Vitor Galdino Feller sobre a profissionalização e reconhecimento dos teólogos pelo Estado brasileiro. Em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, Feller falou sobre a presença e o papel da teologia e a religião na sociedade contemporânea e sobre o projeto que tramita no Congresso Nacional e como ele influencia a teologia atual. Doutor em Teologia, pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, Vitor Galdino Feller é, atualmente, diretor e professor no Instituto Teológico de Santa Catarina, em Florianópolis.
Confira a entrevista completa em Notícias do Dia – IHU On-Line: 26/04/2008
Destaco quatro trechos:
IHU On-Line – Como essas mudanças propostas pelo MEC e pelo Congresso Nacional afetam a teologia praticada e ensinada hoje?
Vitor Galdino Feller – A possibilidade dada pelo MEC para o reconhecimento de cursos de Teologia provoca os estudiosos da área a buscarem um perfil sempre mais acadêmico e científico para a teologia. Mesmo que toda teologia seja confessional, porque é ciência da fé, dentro uma determinada igreja ou religião, ela tem também uma dimensão racional. Ela deve explicitar a racionalidade e a razoabilidade da fé, com vistas a evitar expressões fundamentalistas, fanáticas, proselitistas, que são contrárias à liberdade religiosa e, portanto, desumanas. Já os projetos de profissionalização do teólogo em tramitação no Congresso Nacional não batem com a realidade atual, nem com a tradição da ciência teológica. Se aprovados assim como estão, levarão ao descrédito a condição e a pretendida profissão do teólogo [sublinhado meu]. Não se pode pretender que sejam teólogos as pessoas que realizam liturgias, celebrações, cultos e ritos, que dirigem e administram comunidades, que formam pessoas segundo preceitos religiosos das diferentes tradições, que orientam e aconselham pessoas, que realizam ação social na comunidade, que praticam vida contemplativa e meditativa e que preservam a tradição de sua religião. Na Igreja Católica, por exemplo, há uma infinidade de catequistas, ministros, missionários, sacristães, secretários paroquiais, conselheiros, coordenadores de pastorais as mais diversas etc., que nem sequer estudaram teologia. A profissão dessas pessoas poderia ser outra: agentes religiosos. Não se pode considerá-los como teólogos. Além disso, não tiram seu sustento desse serviço, que exercem na forma de voluntariado e gratuitamente. É exigência da Igreja Católica que todos os candidatos ao sacerdócio estudem teologia. Nem por isso os padres são considerados teólogos. Não há que se esquecer, ainda, que, se todas as pessoas que exercem essas atividades se tornarem profissionalmente teólogos, poderão passar a exigir direitos salariais como profissionais. Além de perder-se a dimensão da gratuidade do serviço religioso, todas as igrejas deveriam tornar-se empresas, com uma série infinda de funcionários, o que tornaria inviável o exercício da fé e da evangelização e, portanto, a existência das igrejas e religiões. Teólogos devem ser os que vivem e se sustentam do trabalho no ensino e no estudo, na pesquisa e na produção teológica. Para isso, devem ter feito, pelo menos, o curso de graduação em Teologia. A exigência de um curso de pós-graduação seria ainda mais conveniente [sublinhado meu]. Em comparação com os que concluem o curso de direito e devem fazer o exame da OAB para serem considerados e poderem exercer a profissão de advogados, também o concluinte de uma graduação em Teologia, para exercer a profissão de teólogo, deve qualificar-se academicamente para isso. A própria palavra “teólogo” traz em si, etimologicamente, a exigência do estudo, da ciência, do pensamento [sublinhado meu].
IHU On-Line – Os proponentes desse projeto que está tramitando no Congresso Nacional têm trajetórias profissionais como pastores de denominações religiosas que historicamente veem a teologia com suspeita, como ressaltou o professor Ricardo Willy Rieth. Esses proponentes têm ainda rejeitado a formação acadêmica superior em Teologia. Como o senhor analisa esse fato?
Vitor Galdino Feller – Esses projetos desrespeitam a história da teologia e, portanto, de muitíssimos cientistas que se deram ao trabalho de estudar, ensinar, pesquisar e publicar produções científicas sobre a fé e os fenômenos religiosos. Esses projetos deixam a impressão de que tudo está começando agora. Além disso, esquecem que toda religião tem uma dimensão racional, que precisa ser explicitada, sob pena de ficar no emocionalismo, no devocionismo, ou de levar ao fanatismo, ao exclusivismo. Desvios perigosos para a fé, a religião e a sociedade. Fé sem razão é tão perigosa para o ser humano e a comunidade humana quanto a exacerbação da razão, na forma de racionalismo fechado ao mistério [sublinhado meu].
IHU On-Line – Como o senhor analisa o ensino da Teologia no Brasil, hoje?
Vitor Galdino Feller – Há um aumento considerável de cursos de Teologia no Brasil. Quanto mais cursos de Teologia houver, quanto mais pessoas, sobretudo lideranças leigas, fizerem teologia, mais a teologia deixará de ser eurocêntrica, clerical, androcêntrica. Ao mesmo tempo, mais as nossas igrejas e religiões poderão contribuir – para além de sua própria renovação e refundação – para a construção da ética, da solidariedade, da cidadania, do senso e da prática da justiça. Isso é comprovado pelo histórico da teologia da libertação e, agora, dos estudos sobre o pluralismo religioso tão marcante no país.
IHU On-Line – Pensar a teologia como profissão pode vir a ser um desacato à experiência religiosa pressuposta no fazer teológico?
Vitor Galdino Feller – Não creio. Afinal, na prática, a profissão de teólogo já existe. Não é oficializada pelo estado brasileiro, como o é em alguns países da Europa. Mas existe na realidade da Igreja Católica e das igrejas protestantes históricas. Nessas igrejas, a teologia já é uma profissão. Nos dois sentidos da palavra: ocupação, ofício, emprego, que requer conhecimentos especiais; e declaração ou confissão pública da fé, na medida em que se ensina e se publicam textos sobre ela. O risco possível de desacato à experiência religiosa é fazer da profissão de teólogo apenas um meio de subsistência, sem relações e compromissos com a fé da comunidade a que se serve, um pedestal que o afasta da vida concreta de seus irmãos de fé [sublinhado meu].
Leia Mais:
Para onde vai a Teologia no Brasil?
A Teologia e seu papel na sociedade brasileira
Teologia e academia no Brasil
Audaciosamente indo onde ninguém jamais esteve
Space: the final frontier. These are the voyages of the starship Enterprise. Its five-year mission: to explore strange new worlds, to seek out new life and new civilizations, to boldly go where no man has gone before (Star Trek: The Original Series).
Stephen Hawking apela ao espírito de Colombo para conquistar o Universo
Há 50 anos, o presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, estampou sua assinatura num documento oficial que criava a Agência Nacional da Aeronáutica e do Espaço, a NASA, como é conhecida. Pode ser que o espaço não seja mais algo que está nas manchetes, mas há cientistas que estão se esforçando para fazer ver que as grandes missões ainda estão por vir, escreve David Alandete, em reportagem para o El País, 23-04-2008. A tradução é do Cepat. Entre esses cientistas está o astrofísico, intelectual e profeta do espaço Stephen Hawking. “Vivemos uma situação como a da Europa antes de 1492”, disse ontem em Washington, num ato de comemoração do meio século da agência espacial na Universidade George Washington. “As pessoas devem ter pensado que era perda de dinheiro enviar Colombo a algo comparável com caçar patos selvagens. Mas o descobrimento mudou o velho mundo…
Leia o texto em Notícias do Dia – IHU On-Line: 26/04/2008
Hawking: “Si la raza humana sigue otro millón de años, tendremos que ir donde nadie ha ido jamás”
El prestigioso astrofísico inglés insta a conquistar el espacio con el mismo espíritu que Colón a finales del siglo XV
El astrofísico inglés Stephen Hawking, conocido por sus prestigiosos estudios sobre el universo y la gravedad, ha abogado hoy en Washington por que el hombre se lance a la conquista del espacio con el mismo espíritu y ambición con que Cristóbal Colón partió a la exploración del Nuevo Mundo en 1492.
“Si la raza humana va a continuar otro millón de años, tendremos que ir donde nadie ha ido jamás”, ha recalcado el científico, de 66 años, en una conferencia en la Universidad de Georgetown, para celebrar los 50 años de la NASA.
“Nos encontramos en la misma situación que Europa en 1492. Es posible que hayan argumentado que era una pérdida de tiempo enviar a Colón a buscar algo que no existía. Pero el descubrimiento de América ha cambiado profundamente la antigüedad. Pensad: no tendríamos el Big Mac”, ha declarado.
Para Hawking, la exploración espacial debería incluir la creación de una base permanente en la Luna en el curso de los próximos 30 años, así como el desarrollo de un nuevo sistema de propulsión para llevar al hombre más allá del sistema solar.
Hawking, quien sufre esclerosis lateral amiotrópica y tiene que utilizar un sintetizador de voz, ha destacado que “partir a la conquista del espacio tendrá un efecto todavía más grande. Va a cambiar completamente el futuro de la raza humana, e incluso podría determinar si tenemos un futuro”, ha destacado.
Los viajes espaciales “nos permitirán tener una mejor perspectiva sobre esos problemas, y ojalá nos unan para enfrentarnos a un desafío común”, ha añadido.
¿Estamos solos? “Probablemente, no”
A la gran pregunta de si estamos solos en el universo, el astrofísico británico responde que “probablemente no”.
Si existe vida, “¿por qué no hemos detectado señales alienígenas en el espacio, algo así como concursos televisivos extraterrestres?”, se pregunta el científico, quien cree que una de las opciones es que no haya más vida. Según Hawking, si existe algo o alguien lo suficientemente inteligente para enviar señales al espacio, lo es también para fabricar armas nucleares.
“La vida primitiva es muy común y la vida inteligente es más bien rara (…). Algunos dirían que aún no existe en la Tierra”, ha señalado, para después señalar con humor: “Tened cuidado si os topáis con un extraterrestre porque podríais contraer una enfermedad para la que no tendréis defensas”.
Fonte: El País / Agencias – Madrid/Washington – 22/04/2008
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Astronomy Picture of the Day
Livros de [e sobre] Stephen Hawking
Hans Küng comemora 80 anos de vida
Teologia e academia no Brasil
Entre a cidadania teológica e a esquizofrenia acadêmica. Entrevista especial com Ricardo Willy Rieth
Com a possibilidade aberta pelo MEC para autorização e reconhecimento de cursos de bacharelado, a partir de 1999, a Teologia alcançou uma espécie de “cidadania” acadêmica”, afirmou Ricardo Willy Rieth em entrevista à IHU On-Line realizada por e-mail. Rieth analisa o percurso da teologia no Brasil, dos projetos encaminhados ao Senado e à Câmara Federal e fala sobre o ensino da teologia no país. Trabalhando com docentes e pesquisadores de diversas áreas, Rieth se diz impressionado com a ignorância teológica presente nas academias. “Mesmo aqueles que professam alguma crença, sofrem de uma “esquizofrenia acadêmica”, ou seja, são incapazes de estabelecer relações entre o saber de sua área específica e o saber religioso”, disse. Ricardo Willy Rieth é teólogo e sociólogo. É doutor em teologia pela Universidade de Leipzig, na Alemanha, onde também obteve o título de pós-doutor. Atualmente, é professor da Universidade Luterana do Brasil – Ulbra e da Escola Superior de Teologia – EST.
Da entrevista, destaco três trechos. Leia a entrevista completa em Notícias do Dia – IHU On-Line: 24/04/2008
IHU On-Line – Como o senhor analisa o ensino da Teologia no Brasil, hoje?
Ricardo Willy Rieth – É notável a expansão de cursos de Teologia em todas as regiões do Brasil. Muitos, inclusive, buscando autorização oficial. As denominações que historicamente mantinham compromisso com uma formação teológica consistente, como a Igreja Católica Apostólica Romana e as igrejas protestantes históricas, seguem nesta linha. Denominações que, no passado, negligenciavam uma formação teológica em nível superior, como algumas igrejas pentecostais, grupos de espiritismo kardecista e cultos afro-brasileiros, estão gradativamente mudando sua postura. Por outro lado, se tal expansão traz consigo um aprofundamento da qualidade do ensino e da formação é algo difícil de avaliar. Tenho percebido que estudantes de Teologia têm agido da mesma forma que universitários em geral nos últimos tempos, ou seja, optando pelo pragmatismo da formação rápida e voltada ao pronto ingresso no mercado de trabalho, em detrimento de uma formação mais pautada pela reflexão crítica acerca dos conteúdos e práticas associados à Teologia. Infelizmente, as instituições de ensino superior têm atendido, ou têm sido levadas a atender a essa demanda de seus “clientes” [sublinhado meu].
IHU On-Line – A possibilidade de criação de um Conselho Nacional de Teólogos muda, de que forma, a relação entre a Igreja e o Estado?
Ricardo Willy Rieth – Penso que não mudaria. As denominações religiosas, cristãs ou não, seguirão determinando os critérios de seleção e designação dos membros do seu clero, independente das normas propostas por um suposto conselho nacional. Eventualmente, as condições do exercício da profissão de teólogo (a) na esfera pública – capelanias militares, por exemplo – poderiam ser afetadas.
IHU On-Line – Alguém que exerça a atividade de teólogo mesmo sem ser diplomado pode ser reconhecido pelo Estado, caso esse conselho seja aprovado. Qual sua opinião sobre isso?
Ricardo Willy Rieth – Para muitos, dentre os quais me incluo, a não-exigência de diploma oficialmente reconhecido colocaria este conselho de antemão em descrédito. Aliás, os teólogos precisam esforçar-se para que seu título, “teólogo”, cujo significado, de fato, é desconhecido para amplos setores da população brasileira, seja digno de crédito e visto de forma positiva. Isso porque muitos, infelizmente, têm associado títulos mais conhecidos, como “pastor”, por exemplo, a vigarista e “picareta”, e “padre”, a pedófilo, muitas vezes com conteúdos tendenciosos apresentados pelos meios de comunicação.
Tyndale: mapas e fotos para estudos bíblicos
É uma bela coleção de links para mapas e fotos úteis para os estudos bíblicos: Mapas interativos e Google Earth – Mapas tradicionais e em PowerPoint – Fotos da região e de sítios arqueológicos. No Tyndale Tech, por David Instone-Brewer – Tyndale House, Cambridge, Reino Unido.
Interactive maps & GoogleEarth – Traditional maps & powerpoint maps – Photos of places & archaeology. By David Instone-Brewer, Tyndale House, Cambridge, UK.