A Pedra de Rosetta está online

Foi a Pedra de Rosetta (196 a.C.) que possibilitou decifrar os hieróglifos egípcios. Proeza conseguida por Jean-François Champollion (1790-1832).

A parte central do site é uma análise linguística integral do texto trilíngue sobre a Pedra de Rosetta. No entanto, ele também procura apresentar informações interessantes para um leitor não acadêmico.

The Rosetta Stone online

Diz o site:
This homepage is the outcome of a hands-on university seminar on the online presentation of the Rosetta Stone. It is a cooperation of the German Excellence Cluster Topoi and the Department of Archaeology of the Humboldt-Universität zu Berlin. For this project, the project leaders and the seminar participants combined their expertise in Egyptology, Ancient Greek Linguistics, General Linguistics, and Computer Sciences. A kernel part of the homepage is a full linguistic analysis of the trilingual text on the Rosetta Stone. However, it also seeks to present interesting information for a non-academic reader. The homepage is still under development.Pedra de Rosetta - 196 a.C.

On the Rosetta Stone, an Ancient Egyptian decree from 196 BCE was inscribed in three versions, in three language varieties and scripts:

  • Ptolemaic Neo-Middle Egyptian in hieroglyphic script (top section),
  • Demotic Egyptian in Demotic script (middle section),
  • Koine Greek language in Greek script (bottom section).

This type of artefact is called a trilingual. The Rosetta Stone played a crucial role in the famous decipherment of the hieroglyphic script by Jean-François Champollion (see the BBC documentary The Mystery of the Rosetta Stone).

A Pedra de Rosetta desempenhou um papel crucial na famosa decifração da escrita hieroglífica por Jean-François Champollion (veja o documentário da BBC, The Mystery of the Rosetta Stone).

Leia também, sobre a Pedra de Rosetta, aqui (em espanhol) e aqui (em português).

Como anda a história antiga de Israel no Brasil?

Um livro interessante que acabei de folhear:

POZZER, K. M. P. et al. (orgs.) Um outro mundo antigo. São Paulo: Annablume, 2013, 338 p. – ISBN 9788539105632.

Recomendo especialmente a leitura de  A História Antiga de Israel e os Novos Horizontes de Pesquisa, capítulo escrito por Josué Berlesi, da Universidade Federal do Pará, e Emanuel Pfoh, da Universidade de Buenos Aires.

Um pequeno trecho:

Os manuais de “História de Israel” têm sido, durante muito tempo, uma paráfrase racionalista do texto bíblico. De fato, grande parte da historiografia sobre essa temática foi conduzida por religiosos (…) Dentro e fora da academia a história dos antigos israelitas era vista como a evolução de um único grupo, ou seja, aceitava-se a sequência: patriarcas, escravidão no Egito, êxodo, conquista da Palestina, confederação das 12 tribos, monarquia davídico-salomônica, divisão entre reino do norte e do sul, exílio e volta para a terra. Acreditava-se que todas essas etapas estavam em conformidade com as evidências arqueológicas e fontes extrabíblicas, de tal modo, houve um razoável consenso sobre a história de Israel até meados da década de 70 do século XX (…) Uma mudança significativa só veio a ocorrer, de fato, a partir da década de 1990, com a criação do Seminário Europeu de Metodologia Histórica. O grupo de pesquisadores que possibilitou o surgimento do referido seminário se uniu em torno das frustrações referentes ao debate sobre o Israel antigo. A partir de então, tem sido conduzida uma profunda revisão deste tema, de modo que os resultados obtidos até o presente momento colocam em xeque o paradigma tradicional da história antiga de Israel. Dentro do mencionado seminário destacou-se um grupo de pesquisadores que ficaram conhecidos como Escola de Copenhague ou minimalistas, os quais, gradativamente, adquiriram notoriedade internacional. Apesar destas significativas mudanças no âmbito historiográfico internacional, os estudos sobre a história de Israel levados a cabo no Brasil se encontram afastados do recente debate referente a essa temática. Isso se deve, sobretudo, ao fato de que em nosso país…

Após explicarem algumas das causas, constatam os autores:

No tocante especificamente ao Brasil, pode-se dizer que o antigo Israel continua sendo interpretado como uma unidade que se forma fora da Palestina e, em fase posterior, a conquista militarmente, evoluindo de uma confederação tribal até uma monarquia e assim por diante. Uma hipótese que explica a preservação desse olhar tradicional sobre a história do Israel antigo reside, possivelmente, no sentimento religioso que dominou a historiografia acerca deste tema, a partir da qual, muitas vezes confundiu-se e ainda confunde-se o relato bíblico com a história de Israel. Essa visão tradicional só passou a ser combatida, com maior energia, há pouco mais de uma década até mesmo nos centros acadêmicos mais avançados.

Este livro está disponível online em Academia.edu.

Saiba mais sobre Josué Berlesi aqui e aqui e sobre Emanuel Pfoh aqui.

Leia Mais:
A história de Israel na pesquisa atual

A história vista a partir de Israel Norte

KAEFER, J. A. A Bíblia, a arqueologia e a história de Israel e Judá. São Paulo: Paulus, 2015, 112 p. – ISBN 9788534941549.

KAEFER, J. A. A Bíblia, a arqueologia e a história de Israel e Judá

Diz a editora:
Nas duas últimas décadas, a arqueologia e as pesquisas literárias da Bíblia têm mudado a compreensão da história de Israel. Tanto que, em nossos dias, não é mais apropriado pensar Israel e sua história como única grande entidade nacional sob um único governo, mas como duas entidades distintas: Israel Norte e Judá. O marco é 722 a.C., quando a Assíria invade a capital Samaria. Só então Judá se torna independente do domínio do norte, se desenvolve e começa a escrever a história, incorporando e assumindo as tradições do norte como suas. Portanto, “desenterrar” a memória de Israel Norte é ainda uma tarefa longa, mas que este livro se propõe a iniciar: a história vista a partir de Israel Norte.

A origem dos antigos Estados israelitas

A origem dos antigos Estados israelitas. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 78, p. 18-31, 2003.

Este artigo pode ser lido aqui. Também foi incorporado à minha História de Israel online, no item Os governos de Saul, Davi, Salomão.

As questões abordadas pelo artigo:
O que teria sido o primeiro ‘Estado Israelita’? Um reino unido, composto pelas tribos de Israel e Judá, dominando todo o território da Palestina e, posteriormente, sendo dividido em reinos do ‘norte’ e do ‘sul’? Ou seria tudo isto mera ficção, não tendo Israel e Judá jamais sido unidos? Existiu um Império davídico/salomônico ou só um pequeno reino sem maior importância? Se por acaso não existiu um grande reino davídico/salomônico, por que a Bíblia Hebraica o descreve? Enfim, o que teria acontecido na região central da Palestina nos séculos X e IX a.C.? Além da Bíblia Hebraica, onde mais podemos buscar respostas?

O esquema do artigo na revista Estudos Bíblicos:
1. Nascimento e morte da monarquia a partir dos textos bíblicos
2. A ruptura do consenso
3. As fontes: seu peso, seu uso
4. Dois exemplos de fontes primárias: as estelas de Tel Dan e de Merneptah
5. A questão teórica: como se forma um estado antigo?
6. Buscando outras soluções: Lemche e Finkelstein
Bibliografia

Leia Mais:
Sobre minhas publicações [links para todos os artigos publicados]

Recent Research in History of Israel

The History of Israel in the Current Research. Journal of Biblical Studies, Riverview, MI, 1:2 (Apr.-Jun. 2001).

Este artigo, publicado em uma revista online norte-americana, traz o mesmo conteúdo de A História de Israel no debate atual. Embora o título esteja em inglês, o artigo foi publicado em português.

This article surveys some perspectives in the current research of the “History of Israel”, the challenges that this poses, and proposes some trajectories for those researching this subject. The scholarly consensus that existed up until the middle seventies of the twentieth century was shattered. The rationalistic paraphrase of the biblical text that constituted the core of the handbooks of the “History of Israel” is no longer acceptable to most scholars. An increasing number of scholars question the use of the biblical text as a source for the “History of Israel”. The implementation of modern literary criticism on the biblical text requires a moving away from issues of historicity, and this allows the “biblical” stories to be evaluated primarily from a literary perspective. The writing of a “History of Israel” using only the archaeological context and non-biblical writings is a controversial undertaking, however, an increasing number of scholars are attempting to do this.  It appears a revisionist “History of Syria/Palestine” will compete against the traditional “History of Israel” as scholars from both sides continue their research.

Este artigo quer traçar um panorama das mudanças pelas quais vem passando a “História de Israel” nos últimos anos, apontar as dificuldades que a crise vem criando e propor algumas pistas de leitura para os interessados no assunto. O consenso existente até meados da década de 70 do século XX foi rompido. A paráfrase racionalista do texto bíblico que constituía a base dos manuais de “História de Israel” não é mais aceita. O uso dos textos bíblicos como fonte para a “História de Israel” é questionado por muitos. O uso de métodos literários sofisticados para explicar os textos bíblicos, afasta-nos cada vez mais do gênero histórico, e as “estórias bíblicas” são abordadas com outros olhares. A construção de uma “História de Israel” feita somente a partir da arqueologia e dos testemunhos escritos extrabíblicos é uma proposta cada vez mais tentadora. Uma “História de Israel e dos Povos Vizinhos”, melhor, uma “História da Síria/Palestina” ou uma “História do Levante” parece ser o programa para os próximos anos.

Leia Mais:
Sobre minhas publicações [links para todos os artigos publicados]

Pode uma História de Israel ser escrita?

Pode uma ‘História de Israel’ ser escrita? Observando o debate atual sobre a História de Israel. Artigo publicado na Ayrton’s Biblical Page em 2001 e atualizado em 2019.

Em julho de 1996 foi realizado em Dublin, Irlanda, o Primeiro Seminário Europeu de Metodologia Histórica, do qual participaram pesquisadores escolhidos.

Diz Lester L. Grabbe no primeiro parágrafo do livro por ele editado – e que traz os resultados do Seminário – Can a ‘History of Israel’ Be Written? [Pode uma ‘História de Israel’ Ser Escrita?]. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997 [London: T. & T. Clark, 2005 – ISBN 0567043207]:

“O grupo surgiu das frustrações que eu, em primeiro lugar, venho sentindo acerca da atual situação do debate sobre como escrever a história de Israel e Judá nos segundo e primeiro milênios AEC e no século I da EC” (p. 11).

E continua:

“Nos últimos anos, um certo número de estudiosos – a maioria deles europeus por origem ou adoção – tem feito um ataque radical sobre o modo como a história de ‘Israel’ tem sido escrita. Mesmo aqueles outrora considerados radicais não escaparam da crítica. Este movimento, a princípio minoritário, causou pouco impacto no debate. Recentemente, porém, ele adquiriu personalidade, mas a resposta foi o surgimento de protestos, incluindo a sugestão de que tais tendências são perigosas, ou que podem ser tranquilamente ignoradas ou – de modo curioso – ambas as coisas ao mesmo tempo” (p. 11).

Lester L. Grabbe está se referindo à controvérsia existente entre a postura maximalista “que defende que tudo nas fontes que não pode ser provado como falso deve ser aceito como histórico” e a postura minimalista “que defende que tudo que não é corroborado por evidências contemporâneas aos eventos a serem reconstruídos deve ser descartado” (E. Knauf, citado por H. Niehr no mesmo livro, na p. 163). Os autores “minimalistas” são também conhecidos como membros da “Escola de Copenhague”.

Retomando Grabbe:

“Isto sugeriu que o tempo estava maduro para algo mais organizado, que abordasse as questões centrais de maneira sistemática e que determinasse quais são as reais posições e problemas (…). A tarefa inicial foi agrupar especialistas europeus que estavam, de maneira geral, convencidos de que existe, de fato, um problema” (p. 11-12).

O artigo apresenta algumas das mais importantes publicações dos participantes do Seminário Europeu de Metodologia Histórica [foram realizados 17 seminários entre 1996 e 2012] e procura explicar suas posições no atual debate sobre a História de Israel.

A invasão de Judá por Senaquerib em 701 a.C.

Estou estudando nestes dias, na Literatura Deuteronomista, com o Segundo Ano de Teologia do CEARP, O Contexto da Obra Histórica Deuteronomista – confira meu artigo de 2005 – e o assunto da última aula foi a invasão de Judá por Senaquerib, da Assíria, em 701 a.C. quando em Jerusalém reinava Ezequias e lá estavam os profetas Isaías e Miqueias.

Andei lendo algumas coisas recentes sobre o tema, entre elas o seguinte livro, muito interessante:

KALIMI, I.; RICHARDSON, S. (eds.) Sennacherib at the Gates of Jerusalem: Story, History and Historiography. Leiden: Brill, 2014, XII + 548 p. – ISBN 9789004265615.

Sumário

The Contributors

1. Sennacherib at the Gates of Jerusalem—Story, History and Historiography: An Introduction  – Isaac Kalimi and Seth Richardson

Part One: I will defend this City to Save It
2. Sennacherib’s Campaign to Judah: The Chronicler’s View Compared with His ‘Biblical’ Sources – Isaac Kalimi
3. Cross-examining the Assyrian Witnesses to Sennacherib’s Third Campaign: Assessing the Limits of Historical Reconstruction – Mordechai Cogan
4. Sennacherib’s Campaign to Judah: The Archaeological Perspective with an Emphasis on Lachish and Jerusalem – David Ussishkin
5.  Beyond the Broken Reed: Kushite Intervention and the Limits of l’histoire événementielle – Jeremy Pope

Part Two: The Weapon of Aššur
6. Family Matters: Psychohistorical Reflections on Sennacherib and His Times  – Eckart Frahm
7. The Road to Judah: 701 b.c.e. in the Context of Sennacherib’s Political-Military Strategy – Frederick Mario Fales
8. Sennacherib’s Invasion of the Levant through the Eyes of Assyrian Intelligence Services – Peter Dubovský

Part Three: After Life
9. Memories of Sennacherib in Aramaic Tradition – Tawny L. Holm
10. Sennacherib’s Campaign and its Reception in the Time of the Second Temple – Gerbern S. Oegema
11. Sennacherib in Midrashic and Related Literature: Inscribing History in Midrash  – Rivka Ulmer
12. The Devil in Person, the Devil in Disguise: Looking for King Sennacherib in Early Christian Literature – Joseph Verheyden
13. The First “World Event”: Sennacherib at Jerusalem – Seth Richardson

Os 12 autores

  • Mordechai Cogan (Ph.D. University of Pennsylvania) is Professor Emeritus of Biblical History in the Department of Jewish History, The Hebrew University of Jerusalem.
  • Peter Dubovský (Ph.D., Harvard University). Since 2008 he has been professor of Old Testament exegesis at the Pontifical Biblical Institute in Rome.
  • Mario Fales (Ph.D., University of Rome) is Full Professor of Ancient Near Eastern History at the University of Udine.
  • Eckart Frahm (Ph.D. Göttingen, Habilitation Heidelberg) is Professor of Assyriology at Yale University, where he has been since 2002.
  • Tawny Holm (Ph.D., The Johns Hopkins University) is Associate Professor of Jewish Studies and Classics & Ancient Mediterranean Studies at The Pennsylvania State University.
  • Isaac Kalimi (Ph.D., The Hebrew University of Jerusalem) is Gutenberg Research Professor in Hebrew Bible and Ancient Israelite History, Seminar für Altes Testment und Biblische Archaeologie, Johannes Gutenberg-Universität Mainz, Germany, and Senior Research Associate with the University of Chicago.
  • Gerbern S. Oegema (Habilitation, University of Tübingen), is professor of biblical studies at the Faculty of Religious Studies of McGill University since 2002.
  • Jeremy Pope (Ph.D., John Hopkins University) is Assistant Professor in the Department of History at the College of William and Mary in Williamsburg, Virginia.
  • Seth Richardson (Ph.D., Columbia University), Assyriologist and historian, was Assistant Professor of Ancient Near Eastern History at the Oriental Institute of the University of Chicago from 2003–2011.
  • Rivka Ulmer (Ph.D., Goethe University of Frankfurt) researches Midrash. She teaches Jewish Studies at Bucknell University (The John D. & Catherine T. MacArthur Chair in Jewish Studies, 2002–2007).
  • David Ussishkin (Ph.D., The Hebrew University of Jerusalem) is Professor Emeritus of Archaeology at Tel Aviv University, Israel.
  • Joseph Verheyden studied Philosophy (M.A.), Religious Studies (M.A.), and Oriental languages-Christian Orient (M.A.), before receiving his Ph.D. in Theology at the Catholic University of Leuven. Currently he is Professor of New Testament at the Catholic University of Leuven.

Um trecho da introdução

The Assyrian siege of Jerusalem in 701 b.c.e. was a “world event,” both historically and historiographically. The encounter drew together the actions of disparate groups whose fate was bound together by Assyria’s empire: Babylonia, Anatolia, Syria, Egypt and Nubia were all affected by it. Just as importantly, the event formed the kernel for later literary traditions both east and west: in the Hebrew Bible, in Aramaic folklore, and in Greek and Roman sources about the East; in medieval Syriac tales, in Arabic antiquarianism; and even in the cultural politics of nineteenth century c.e. Europe and America. Thus the historical event formed the basis for ongoing and divergent interpretation in multiple cultural forms from antiquity to modernity. This rich material is fertile ground for historical scholarship: the event is not only important for biblicists and Assyriologists, but also for studies in ancient literature, diplomacy, folk tradition, imperialism, cult practice, epidemiology, military intelligence and com munication, class and politics, and the role of language in society. What is more, since the “siege” of Jerusalem also ironically has the distinction of being historically amplified from a non-event (no actual fighting, as such, occurred at Jerusalem), it excites philosophical and theological questions about the importance of “the event” as a historical category. The third campaign of Sennacherib to the west—in general, with specific reference to Judah and Jerusalem—has been well researched in historical and literary terms. However, it has not yet been much ­investigated from the point of view of historiography or reception history; the appearance of the subject in so many varied literatures is a phenomenon worthy of study. This volume intends to fill these gaps without covering every possible aspect of “Sennacherib studies” [sublinhado meu].The essays herein offer some novel historical approaches, such as psychohistory, mytho-history, and the integration of text, image, and archaeology, and build a bridge between the historical traditions of the ancient and late-antique worlds. The work also attends throughout to how deeply historiographic issues pervade our interpretations of historical events. When, indeed, does “historiography” begin to be relevant to the interrogation of sources we usually think of as “historical?” (…)

The volume comprises three major sections. The first section (“I Will Defend this City to Save It”) mainly concentrates on early sources— biblical, Assyrian and Egyptian texts and archaeological finds in the Land of Israel—concerning the events of 701 b.c.e. The second section (“The Weapon of Aššur”) focuses on the broader Assyrian political and military history forming the background of the campaign. The third section mainly traces the “after life” (Nachleben) of Sennacherib’s campaign as it was interpreted and transformed in the wide range of postbiblical literature, including Apocrypha and Pseudepigrapha, Aramaic and rabbinic literature, New Testament and the early Christian sources.

Como o livro é bastante caro, recomendo aos interessados consultar alguns capítulos disponíveis aqui. Procure pelos nomes dos autores.

A História de Israel na pesquisa atual

A História de Israel na pesquisa atual. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 71, p. 62-74, 2001.

Este artigo foi publicado, de forma mais ampliada, na Ayrton’s Biblical Page, onde acréscimos ao texto são feitos sempre que surgem novidades. A bibliografia foi atualizada em 2018.

Poucas pessoas no Brasil, na virada do milênio, mesmo entre os especialistas, estavam informadas sobre as novas pesquisas na área da “História de Israel”. E não havia quase nenhum debate sobre o tema. Quando eventualmente este acontecia, causava curiosidade, espanto ou, mais frequentemente, como posso testemunhar, rejeição. Eu mesmo senti este impacto nas primeiras leituras, como disse aqui nesta entrevista:

(…) quando li, em 1998, o livro de Philip R. Davies, In Search of ‘Ancient Israel’ [Em busca do ‘Antigo Israel’], minhas certezas sobre o antigo Israel desabaram. Este livro me deixou muito incomodado. O consenso, que eu ainda pensava existir, fora rompido. Afinal: quem é Israel e como surgiu esta entidade? O antigo Israel, de um dado aparentemente conhecido através dos relatos bíblicos, tornou-se um problema a ser abordado com outros recursos, como a arqueologia, a análise socioantropológica etc (…)  Isto me fez partir para muitas e novas leituras. Infelizmente, a maioria em inglês ou alemão, inacessível para meus alunos ou, como percebi, desinteressante para muitos colegas biblistas ou até mesmo de aparência agressiva, pois desestabilizadora, para os teólogos sistemáticos com os quais eu trabalhava.

Esta, uma das razões porque este número da revista Estudos Bíblicos foi, a pedido da Vozes, ampliado e publicado em livro:

FARIA, J. de Freitas (org.) História de Israel e as pesquisas mais recentes. Petrópolis: Vozes, 2003, 181 p.  – ISBN 8532628281. O meu texto, que aborda as novas pesquisas, está nas p. 43-87.

A primeira edição esgotou-se em 2 meses. Uma segunda edição foi imediatamente lançada, mas também já está esgotada.

Transcrevo aqui trecho da resenha feita pelo exegeta argentino José Severino Croatto:

Escrito por um grupo de cinco biblistas mineiros, esse livro é uma tentativa de situar a História de Israel na pesquisa atual. Jacir de Freitas Faria, organizador, inicia o livro fazendo um apanhado dos “personagens” bíblicos mais notáveis, assim como são apresentados na Bíblia, enfocando em cada caso ou época a problemática da terra (…) As Bíblias servem para reconstruir a história real – não a reconstrução “teológica” – de Israel? Em poucas palavras, Romi Auth explica o problema no capítulo 2. Um ensaio sumamente útil para o leitor é o de Airton José da Silva (cap. 3) sobre “A história de Israel na pesquisa atual” (p. 43-87). Os pontos essenciais da problemática histórica: patriarcas, história javista, diferença entre Canaã e Israel, existência de um império davídico-salomônico ou do exílio babilônico, assim como a questão do “Israel” das origens, são tratados de forma muito sintética, mas clara. É excelente a referência aos mais recentes autores que estão discutindo estes assuntos, e valiosa a bibliografia utilizada, que, aliás, inclui dados informativos. Realmente, uma síntese inteligente do tema, tal como está sendo debatido nos círculos acadêmicos. Uma outra visão, não historiográfica, mas da tradição teológica, é apresentada por Johan Konings no capítulo 4. Neste caso, interessam a forma literária e os temas de cada um dos livros, os quais chamamos “históricos”, em nossa linguagem. Quais elementos historiográficos eles trazem? Que tipo ‘história’ eles representam? (…) Qual é a visão do profeta Amós sobre a historia de Israel? É o que apresenta Jaldemir Vitório no capítulo 5. Esta visão, crítica em termos religiosos, é ressaltada pelo autor como um dado importante neste livro profético. O final do livro está também sob os caprichos da ‘pena’ do seu organizador, Jacir de Freitas Faria (cap. 6), quem nos descreve como a história de Israel é recebida e relida nos Salmos.

Clique aqui para ler o artigo.

Leia Mais:
Sobre minhas publicações [links para todos os artigos publicados]

A História de Israel no debate atual

A História de Israel no Debate Atual. Cadernos de Teologia, Campinas, n. 9, p. 42-64, 2001.

Até meados da década de 70 do século XX, havia um razoável consenso na História de Israel. Entre outras coisas, o consenso dizia que a Bíblia Hebraica era guia confiável para a reconstrução da história do antigo Israel. Dos Patriarcas a Esdras, tudo era histórico. Se algum dado arqueológico não combinava com o texto bíblico, arranjava-se uma interpretação diferente que o acomodasse ao testemunho dos textos, como no caso da destruição das (inexistentes) muralhas de Jericó pelo grupo de Josué

(…)

Mas, a ‘História de Israel’ está mudando. O consenso foi rompido. A paráfrase racionalista do texto bíblico que constituía a base dos manuais de ‘História de Israel’ não é mais aceita. A sequência patriarcas, José do Egito, escravidão, êxodo, conquista da terra, confederação tribal, império davídico-salomônico, divisão entre norte e sul, exílio e volta para a terra está despedaçada.

O uso dos textos bíblicos como fonte para a ‘História de Israel’ é questionado por muitos. A arqueologia ampliou suas perspectivas e falar de ‘arqueologia bíblica’ hoje é proibido: existe uma ‘arqueologia da Palestina’, ou uma ‘arqueologia da Síria/Palestina’ ou mesmo uma ‘arqueologia do Levante’.

O uso de métodos literários sofisticados para explicar os textos bíblicos, afasta-nos cada vez mais do gênero histórico, e as ‘estórias bíblicas’ são abordadas com outros olhares. A ‘tradição’ herdada dos antepassados e transmitida oralmente até à época da escrita dos textos frequentemente não consegue provar sua existência.

A construção de uma ‘História de Israel’ feita somente a partir da arqueologia e dos testemunhos escritos extrabíblicos é uma proposta cada vez mais tentadora. Uma ‘História de Israel’, que dispense o pressuposto teológico de Israel como ‘povo escolhido’ ou ‘povo de Deus’ que sempre a sustentou. Uma ‘História de Israel e dos Povos Vizinhos’, melhor, uma ‘História da Síria/Palestina’ ou uma ‘História do Levante’ parece ser o programa para os próximos anos.

E há pesquisadores de renome na área, como Rolf Rendtorff, exegeta alemão, professor da Universidade de Heidelberg, falecido em 2014, que já em 1993 afirmava em artigo na revista Biblical Interpretation 1, p. 34-53, que os problemas da interpretação do Pentateuco estão intimamente ligados aos problemas mais amplos da reconstrução da história de Israel e da história de sua religião.

Este artigo quer traçar um panorama destas mudanças pelas quais vem passando a ‘História de Israel’ nos últimos trinta e tantos anos, apontar as dificuldades que a crise vem criando e propor algumas pistas de leitura para os interessados no assunto.

Este artigo foi publicado, de forma mais ampliada, na Ayrton’s Biblical Page, onde acréscimos ao texto são feitos sempre que surgem novidades. A bibliografia foi atualizada em 2015. Clique aqui para ler o artigo.

Leia Mais:
Sobre minhas publicações [links para todos os artigos publicados]

Os instrumentos da helenização

Os instrumentos da helenização. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 61, p. 23-37, 1999.

“Verificou-se desse modo, tal ardor de helenismo e tão ampla difusão de costumes estrangeiros (…) que os próprios sacerdotes já não se mostravam interessados nas liturgias do altar” (2Mc 4,13a.14a).

A chegada dos poderosos exércitos macedônios com Alexandre Magno em 332 a.C., mas, principalmente, as várias guerras travadas por seus sucessores na regiões da Síria e da Palestina constituem, sem dúvida, eficaz elemento de helenização das populações locais. A fundação de novas cidades ou a transformação de várias cidades orientais em póleis constituem outro mecanismo fundamental de mudança de mentalidade e estilo de vida. Nas cidades, a língua grega que se difunde sempre mais e a educação aristocrática desenvolvida nos ginásios completam este quadro de transformação social, levando à assimilação de grandes camadas da população à nova realidade.

O assunto deste artigo é este: verificar como os vários mecanismos da sociedade e da cultura grega carreiam para a Palestina os valores do dominador estrangeiro.

Uma versão ampliada deste artigo foi publicada na Ayrton’s Biblical Page. A bibliografia foi atualizada em 2015. Continue a leitura clicando aqui.