Gás de xisto no Brasil

Além da possibilidade de contaminação do Aquífero Guarani, críticos do fracking afirmam que essa opção é um “tiro no pé” da economia brasileira

Após leilão, cresce oposição à produção de gás de xisto no Brasil – Maurício Thuswohl: Carta Maior 03/12/2013

(…) a produção de gás de xisto [ou, no termo em inglês, shale gas] (…) ainda precisará vencer resistências na sociedade civil antes de se tornar uma opção energética viável no país. A produção, considerada altamente arriscada para o meio ambiente e com conseqüências sociais e econômicas nefastas que só agora começam a ser mensuradas em países como Estados Unidos, Argentina e França, sofre no Brasil a oposição de entidades representativas dos setores sindical, socioambiental e sanitário (…) A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes) questiona, sobretudo, o arriscado método de produção do gás de xisto, conhecido como fraturamento do solo ou, no termo em inglês, fracking: “O problema são as técnicas utilizadas para a extração do gás, é a metodologia que requer a fratura da rocha. Após explodir a rocha, é utilizada uma enorme quantidade de água com milhares de produtos químicos para liberar o gás. Não se conhece ainda ao certo o risco trazido pela injeção dessa água misturada no subsolo, o risco de se contaminar aquíferos freáticos. É isso o que a gente quer discutir, e que entende que deveria ter sido discutido antes do processo do leilão. Senão, acontece como na França: você começa, depois vê que tem impacto e proíbe. Para que isso?”, questiona Pauli.

Os métodos de extração do gás de xisto também são condenados pelos petroleiros: “A produção do gás e do petróleo de xisto é bastante perigosa, e o processo de fraturamento das rochas não é seguro. Injeta-se produtos químicos que podem contaminar os nossos rios e lagos, ameaçar a fauna e a flora. Nós temos o exemplo, na Argentina e no Texas (EUA), de mortandade de animais, de água da torneira pegando fogo”, enumera Emanuel Cancela (…) O  ex-secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Liszt Vieira (…), alerta que a exploração do gás de xisto pode jogar por terra parte do prestígio acumulado pelo Brasil nos últimos anos na seara ambiental. Uma das ameaças que teria impacto internacional, ressalta Liszt, seria a contaminação do Aquífero Guarani, já que 16 áreas arrematadas para exploração de gás de xisto estão situadas na Bacia do Paraná, exatamente em cima do aquífero.

“A contaminação do Aquífero Guarani, considerado o maior do mundo, é um risco concreto, e seria sem dúvida uma catástrofe ecológica de impacto internacional. A ANP autorizou o fraturamento do Folhelho Irati, no Paraná, mas essa rocha está situada a apenas centenas de metros abaixo do aquífero. Nós sabemos que pelo menos metade da água injetada no subsolo à grande pressão acaba retornando à superfície, carregada de metais pesados e centenas de aditivos químicos. Trata-se de um desastre anunciado”.

Leia o texto completo.

Observo que a minha região, Patos de Minas, pode estar ameaçada, pois estão pesquisando o gás de xisto por lá… Bem próximo do Rio Paranaíba, que pertence à Bacia do Paraná… Confira aqui.

A população desconhece os riscos, enquanto, por outro lado, os donos do poder e do dinheiro estão eufóricos…

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Os riscos da exploração do gás de xisto

Evangelii Gaudium: o anúncio do Evangelho no mundo atual

A Exortação sobre a alegria do Evangelho, do Papa Francisco, é uma verdadeira apostila missionária com imperativos e convites, dicas metodológicas e pedagógicas interligadas para fazer avançar a “nova evangelização”. Procurei agrupar os múltiplos temas em torno de sete núcleos de radiação. Alguns desses núcleos já fazem parte do set pastoral latino-americano, outros pertencem à tradição da Igreja universal e ainda outros são “bergoglianos”. Em seu conjunto podem servir para as comunidades aprofundarem a relevância do Vaticano II e do Documento de Aparecida para os dias de hoje em função de uma pastoral missionária em estado de conversão permanente.

Exortação apostólica do Papa Francisco – Um vade-mécum sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual – Paulo Suess: Adital 06/12/2013

Depois de uma longa fase depressiva do tempo pós-conciliar da Igreja católica, com a Exortação Apostólica “A alegria do Evangelho” (Evangelii gaudium, 24.11.2013) do Papa Francisco voltou a reflexão sobre a “alegria” como desejo de reforma, pressuposto de conversão e autocrítica (cf. EG 14), como convite não somente a “todos os que invocam o nome de Cristo”, mas, segundo a Constituição Pastoral “Gaudium et spes”, a toda a humanidade (cf. GS 2). Parecia que a ponte entre o Concílio Vaticano II e a Igreja de hoje não suportava mais os caminhões pesados da realidade contemporânea. Novos caminhos desatualizaram os mapas de motoristas experientes.

Em sua Exortação, o Papa Francisco se dirige aos motoristas desses caminhões. Sem muitos rodeios, procura lhes dizer que o perigo não está no caminho ou na ponte, mas nos motoristas desabilitados. Estes percorrem as paisagens pastorais com excesso de velocidade ou com lentidão sem rumo. Francisco pergunta a cada um de seus agentes de pastoral: Com sua carteira de motorista vencida, seu exame de vista caducado e o mapa de estradas desatualizado –como você pode passar a ponte para o mundo de hoje? Com “A alegria do Evangelho”, Francisco oferece a todos nós um manual de motorista atualizado– um vade-mécum pastoral em chave missionária sobre mudanças necessárias e possíveis. Contudo, nem todas as estradas novas constam nesse mapa. Uma vez que Francisco não tem o poder de um príncipe renascentista, nem tudo que seria necessário mudar ele vai poder transformar. A gerontocracia eclesial, por exemplo, é uma questão cultural e a transformação de cristalizações culturais são transformações que levam muito tempo. Enfaticamente, o Papa Francisco afirma: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação” (EG 27). O sonho antecipa realidades possíveis. Acontece que muitos dos próprios irmãos do Papa sonhador, que têm medo dessa nova realidade na qual o poder lhes será tirado, já pensam em como livrar-se do sonhador e buscam a cisterna mais próxima (cf. Gn 37).

Depois de uma contextualização concisa do documento, procuro através de sete núcleos interligados sistematizar a apostila missionária de Francisco. Ela nos dá os contornos pastorais de seu pontificado em forma de uma Exortação, às vezes, elementar e revolucionária outras vezes prolixa e tradicional, contudo sempre oferecendo algo do frescor da nossa alma latino-americana ao mundo.

Após a introdução acima, este é o esquema do artigo de Paulo Suess:
1. Contextualização
2. Núcleos estruturantes
2.1. A misericórdia
2.2.Os pobres
2.3. A atração
2.4. O anúncio
2.5. A inculturação
2.6. As estruturas
2.7. O diálogo
Notas

 

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