CNBB Travessia: passo a passo, o caminho se faz – Ex 15,22-18,27. Brasília: CNBB, 2011, 88 p. – ISBN 9788579720864
Por Ferdinando Henrique Pavan Rubio
Este livro apresenta, de maneira introdutória, subsídios para estudo, reflexão, oração e prática para o mês da Bíblia de 2011. A “Travessia”, como sugere o tema, segue o roteiro apresentado em Ex 15,22-18,27 e a escolha se justifica, pois o êxodo e a caminhada são realidades vividas no dia a dia do povo de Deus.
O objetivo da reflexão sobre a caminhada do povo de Deus no deserto é animar as comunidades cristãs de hoje. Tratando disso, dedicaremos mais atenção às etapas da marcha no deserto depois da libertação do Egito, fato que antecede a experiência de Deus e a revelação do Sinai.
O lema escolhido “Aproximai-vos do Senhor” (Ex 16,9) é um convite a renunciar aos ídolos mudos e retomar a caminhada, fiéis ao Senhor.
Finalmente, este livro foi escrito a três mãos. A primeira parte, “Êxodo e caminhada”, que contextualiza a travessia no êxodo, foi elaborada por Frei Vicente Artuso. A segunda parte, “As etapas da caminhada”, com os roteiros para estudo e reflexão, foi desenvolvida por Frei Ildo Perondi (Ex 15,22-17,16) e por Valmor da Silva (Ex 18).
A primeira parte do livro logo nos apresenta que êxodo significa saída, é caminhada em marcha, enfrentando dificuldades, vencendo etapas e também celebrando conquistas passo a passo; a esperança final da caminhada é a entrada na terra prometida.
O tema do êxodo possui profundo sentido teológico, pois revela que o Senhor é o personagem central da história. Ele está presente nos acontecimentos como libertador que supera o poderoso concorrente, o faraó do Egito.
É provável que a época histórica do êxodo do Egito ocorreu por volta de 1250 a.C., durante o domínio do poderoso faraó Ramsés II que reinou por 67 anos e que grande parte dos livros de Êxodo e Números foi formada a partir do cativeiro de Babilônia (587-538 a.C.). O Pentateuco, por sua vez, só ficou pronto por volta de 400-350 a.C.
Aliás, partida (êxodo), caminhada (deserto), parada (sinais), chegada (Moab) são etapas na realização do projeto do Êxodo bem costuradas nos cinco livros do Pentateuco.
Na segunda parte dessa obra, seguem-se os passos da travessia pelo deserto, a caminhada após a passagem do mar, até a chegada ao monte Sinai. Vejamo-los:
Primeiro roteiro, Ex 15,22-27: O povo de Deus no deserto – Neste trecho o povo já saiu do Egito e a caminhada em busca da Terra Prometida agora começa a entrar pelo deserto. Mas após três dias de viagem o estoque de água acabou. Veio a sede e a primeira fonte encontrada em Mara, era de água amarga. Por isso o povo começou a murmurar, mas Moisés agirá em nome do povo para resolver o problema da sede. Esta passagem bíblica termina indicando que, quando partiu de Mara, o povo caminhou mais um longo trecho e chegou até Elim. Desta vez não houve mais murmurações e então o povo encontrou a abundância: doze fontes de água, setenta palmeiras e o lugar para o descanso! (cf. Ex 15,27).
Segundo roteiro, Ex 16,1-36: O povo de Deus diante da fome – Depois da sede em Mara, surgiu outro problema na caminhada do povo: a fome. Então o povo voltou a murmurar! Deus, porém, escutou o clamor de seu povo e, usando o maná e as codornizes, solucionou o flagelo da fome.
Terceiro roteiro, Ex 17,1-7: A sede leva seu povo a tentar seu Deus – Faltou água e o povo “murmurou” contra Moisés outra vez. Ele já não sabia mais o que fazer, pois até corria o risco de ser apedrejado. A solução para o problema veio, outra vez, do meio do povo, quando Deus mandou que Moisés escolhesse os “anciãos” para ajudá-lo e que levasse consigo a vara. Assim, Moisés golpeou a rocha e dela saiu água! Novamente o problema foi resolvido.
Quarto roteiro, Ex 17,8-16: A oração e a luta vencem o inimigo – O novo conflito surgiu com os amalecitas, que atacaram o povo de Deus que rumava à Terra Prometida. Josué foi o responsável pela organização do povo para a defesa e realização do combate com os inimigos. Enquanto isso, Moisés, junto com seus dois ajudantes, subiu à montanha para interceder e pedir ajuda. Aqui, a intervenção divina foi o que desequilibrou o combate, trazendo a vitória ao povo de Deus.
Quinto roteiro, Ex 18,1-12: Famílias se encontram para um projeto comum – Antes de acampar ao pé do monte Sinai, em pleno deserto, um novo episódio marca o fim dessa caminhada. Chega Jetro, com a filha e os netos, para encontrar o genro. O assunto entre Moisés e o sogro girou em torno dos feitos do Senhor em favor de Israel, algo que causou grande alegria a Jetro, a ponto de louvar e professar a fé no Deus Javé.
Sexto roteiro, Ex 18,13-27: O caminho da participação passa pela descentralização – A palavra de Jetro impulsiona nova organização com maior descentralização do poder, ao sugerir escolher do meio do povo homens capazes, tementes a Deus, seguros, incorruptíveis, e organizá-los como chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez. juntamente com Moisés, eles serão juízes permanentes e dividirão a carga, de maneira proporcional.
Adquiri o livro. Li e gostei. O sroteiros bem elaborados, em linguagem simples e ao mesmo tempo bem fundamentados. Parabéns à CNBB por ter confiado o mês da Bíblia de 2011 a estes 3 ioblistas que muito bem elaboraram os roteiros!
Claudio Barbosa