Israel quer de volta a Inscrição de Siloé

Israel está reclamando da Turquia a devolução da Inscrição de Siloé, que se encontra no Museu de Istambul.

A Inscrição de Siloé, em hebraico arcaico, do século VIII a.C., tem seis linhas. Foi descoberta em 1880 e, alguns anos depois, removida para o Museu de Istambul. Confira foto, texto, tradução, explicação, bibliografia e links em K. C. Hanson Siloam Inscription e também em BiblePlaces.com Hezekiah’s Tunnel.

O que é a Inscrição de Siloé?

No século VIII a.C., quando reinava na Assíria Tiglat-Pileser III, o rei Acaz de Judá pediu sua proteção contra uma invasão de vizinhos, mas perdeu sua independência, acabando vassalo da Assíria. A esperança para Judá renasceu com o rei Ezequias, filho e sucessor de Acaz. Associado ao trono desde criança, em 728/7 a.C., ao ser coroado em 716/15 a.C. este rei começou uma reforma no país para tentar debelar a crise.

Um dos alvos da reforma teria sido a ruptura com práticas cultuais não-javistas dos agricultores. Entre outras coisas, teria abolido os lugares altos (bâmôt), quebrado as estelas (matsêbôt), cortado o poste sagrado (‘asherâh). Até mesmo do Templo de Jerusalém Ezequias teria retirado símbolos dos cultos da fertilidade, como uma serpente de bronze. É o que nos conta 2Rs 18,4, embora aqui a Obra Histórica Deuteronomista tente apresentar uma justificativa para a presença desta serpente de bronze no Templo (“que Moisés havia feito, pois os israelitas até então ofereciam-lhe incenso” – cf. Nm 21,8-9).

Entretanto, há autores, como Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman (A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa, 2003, p. 318) e Mario Liverani (Oltre la Bibbia: storia antica di Israele. 6 ed. Roma-Bari: Laterza, 2007, p. 173), que apresentam uma perspectiva um pouco diferente: a “reforma” de Ezequias não teria sido a restauração de uma estrutura desmantelada ao longo do tempo, mas uma inovação. A idolatria dos judaítas não foi um abandono de seu anterior monoteísmo, pois esta era a forma como a população de Judá tinha praticado seu culto por centenas de anos. A reforma sinaliza na direção da transformação de Iahweh de Deus nacional, convivendo com os deuses regionais, em Deus exclusivo.

A destruição de Samaria em 722 a.C. levou refugiados de Israel para Jerusalém, pois novas estruturas foram construídas, como bairros novos, ampliação de muralhas e o túnel que levava as águas da fonte Gihon para o reservatório de Siloé. Sobre este último feito testemunham 2Rs 20,20 e a Inscrição de Siloé, que celebra o encontro das duas turmas de escavadores.

O fato é que Jerusalém superou seu antigo isolamento e, ancorada na política assíria, cresceu de 5 para 60 hectares e de cerca de 1000 para algo em torno de 15 mil habitantes. E em Judá, no final do século VIII a.C., podem ser contados cerca de 300 assentamentos e uma população de uns 120 mil habitantes. A fortaleza de Laquis, na Shefelá, se desenvolveu extraordinariamente. Outros fortalezas foram construídas na mesma região. Surge portanto, só agora, uma elite judaíta e se formam as estruturas de um verdadeiro Estado. Todas estas mudanças trazem consigo o fenômeno do profetismo, bem mais antigo no reino de Israel, mas só a partir deste momento tomando forma bem definida em Jerusalém, com Isaías (Is 1-39) e Miqueias, duas vozes formidáveis em defesa do javismo.

Enquanto isso, na Assíria, Senaquerib subiu ao trono em 705 a.C. e imediatamente teve que enfrentar nova revolta na Babilônia. Todas as províncias do oeste então se levantaram. Acreditavam ter chegado o momento da libertação. O Egito prometeu ajuda, mais uma vez. A coalizão integrava Tiro, com outras cidades fenícias; Ascalon e Ekron, com algumas cidades filisteias; Moab, Edom e Amon; e Ezequias, de Judá, entrou como um dos líderes da revolta. Fortificou suas defesas e se preparou cuidadosamente para esperar a Assíria. Senaquerib não se fez de rogado e já em 701 a.C. ele começou por Tiro, vencendo-a. Logo os reis de Biblos, Arvad, Ashdod, Moab, Edom e Amon se entregaram e pagaram tributo a Senaquerib. Somente Ascalon e Ekron, juntamente com Judá, resistiram. Senaquerib tomou primeiro Ascalon. Os egípcios tentaram socorrer Ekron e foram derrotados. E foi a vez de Judá. Senaquerib tomou 46 cidades fortificadas em Judá e cercou Jerusalém.

Testemunhos arqueológicos da devastação foram encontrados em várias escavações por todo o território. Especialmente significativos são a representação assíria da tomada de Laquis encontrada no palácio de Senaquerib em Nínive – hoje está no British Museum – e a escavação, feita pelos britânicos na década de 30 e por David Ussishkin, da Universidade de Tel Aviv, na década de 70 do século XX, da poderosa fortaleza, esta que era a segunda mais importante cidade do reino e protegia a entrada de Judá.

Entretanto, por motivos ainda hoje desconhecidos, talvez uma peste, Senaquerib levantou o cerco de Jerusalém e retornou à Assíria. A cidade voltou a respirar, no último minuto, mas teve que pagar forte tributo aos assírios. Não se sabe porque Jerusalém se salvou. 2Rs 19,35-37 diz que o Anjo de Iahweh atacou o acampamento assírio. Existe uma notícia de Heródoto, História II,141, segundo a qual num confronto com os egípcios os exércitos de Senaquerib foram atacados por ratos (peste bubônica?). Talvez Senaquerib tenha partido por causa de alguma rebelião na Mesopotâmia. Ou ainda: há autores que pensam que Jerusalém nem precisou ser sitiada para ser vencida. Nos Anais de Senaquerib se diz o seguinte: “Quanto a Ezequias do país de Judá, que não se tinha submetido ao meu jugo, sitiei e conquistei 46 cidades que lhe pertenciam (…) Quanto a ele, encerrei-o em Jerusalém, sua cidade real, como um pássaro na gaiola…”. Pode-se ler sobre isto em GRABBE, L. L. (ed.) ‘Like a Bird in a Cage’: The Invasion of Sennacherib in 701 BCE. Sheffield: Sheffield Academic Press, 2003, 352 p. ISBN 0826462154.

Outra questão é se teria havido uma segunda campanha de Senaquerib na Palestina. De qualquer maneira, segundo os Anais de Senaquerib, o tributo pago por Ezequias ao rei assírio foi significativo: “Quanto a ele, Ezequias, meu esplendor terrível de soberano o confundiu e ele enviou atrás de mim, em Nínive, minha cidade senhorial, os irregulares e os soldados de elite que ele tinha como tropa auxiliar, com 30 talentos de ouro, 800 talentos de prata, antimônio escolhido, grandes blocos de cornalina, leitos de marfim, poltronas de marfim, peles de elefante, marfim, ébano, buxo, toda sorte de coisas, um pesado tesouro, e suas filhas, mulheres de seu palácio, cantores, cantoras; e despachou um mensageiro seu a cavalo para entregar o tributo e fazer ato de submissão“. Uso aqui a tradução que está em BRIEND, J. (org.) Israel e Judá: Textos do Antigo Oriente Médio. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1997, p. 76.

Informação que concorda, em termos gerais, com a de 2Rs 18,13-16: “No décimo quarto ano do rei Ezequias, Senaquerib, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá e apoderou-se delas. Então Ezequias, rei de Judá, mandou esta mensagem ao rei da Assíria, em Laquis: ‘Cometi um erro! Retira-te de mim e aceitarei as condições que me impuseres’. O rei da Assíria exigiu de Ezequias, rei de Judá, trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro, e Ezequias entregou toda a prata que se achava no Templo de Iahweh e nos tesouros do palácio real. Então Ezequias mandou retirar o revestimento dos batentes e dos umbrais das portas do santuário de Iahweh, que… rei de Judá, havia revestido de metal, e o entregou ao rei da Assíria” (tradução da Bíblia de Jerusalém, 2002).

Estas informações podem se lidas em DA SILVA, A. J. O contexto da Obra Histórica Deuteronomista. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 88, p. 11-27, 2005.

Nabu-sharrussu-ukin, eunuco chefe

Sobre a tabuinha cuneiforme do Museu Britânico, decifrada e publicada nestes dias, e que cita Nabu-sharrussu-ukin, um personagem babilônico, supostamente também citado em Jr 39,3, leia o post abaixo de John Hobbins.

Como qualquer descoberta arqueológica que encontra possível correspondência em texto bíblico, também esta causa polêmica. Observo agora mesmo no blogroll do Google Reader que (hoje) multiplicam-se os posts sobre o assunto!

 

Jeremiah 39:3 and History: A New Find Clarifies a Mess of a Text – John Hobbins – Ancient Hebrew Poetry: July 13, 2007

News of an exciting find has been making the rounds of the media and biblioblogdom. It seems to me that what has been missing so far in treatments of the find is sufficient background in Assyriology to understand, not the tablet, but some of the ins and outs of the biblical text it supposedly confirms (according to some), or is more or less irrelevant to (according to others). I have read the posts by Chris Heard, Claude Mariottini, Jim West, Doug Chaplin, and Peter Kirk. This post takes its own way. I trust it will be found helpful.

This is the first post in a series. For later installments go here, here, and here.

Jeremiah 39:3 is rife with textual difficulties. The correct interpretation of the names and titles contained in it has eluded biblical scholars in the past because the obvious place to go to clarify its problems, the corpus of texts studied by Assyriologists, is little studied by them.

Assyriology is a field of study the advances of which have had a very uneven impact on the study of the Bible and translations thereof. Jeremiah 39:3 is a case in point, but it is by no means the only one. It is truly a case of: the harvest is bountiful, but the workers are few.

In light of all we know about personal names and official titles of the Neo-Babylonian era, three names and three titles are discernible in the garbled text Jer 39:3 contains.[1] With names and titles given according to the pronunciation they would have had at the time, Jer 39:3 is to be understood as follows:

All of the officers of the king of Babylon made their entry, and occupied the middle gate – Nergal-šarri-uṣur governor of Sinmagir, Nabu-šarrussu-ukin the Rab-ša-rēši, Nergal-šarri-uṣur the Rab-mugi, and all the other officers of the king of Babylon.

The personal name Nergal-šarri-uṣur, the name of both the first and third official, is known from neo-Babylonian sources. Nergal-šarri-uṣur son-in-law of Nabu-kudurri-uṣur (= the Nebuchadrezzar of Jer 39:1) ruled Babylonia from 560 to 556 bce. It is possible that the Nergal-šarri-uṣur who served as governor of Sinmagir for Nabu-kudurri-uṣur (605-562 bce) according to this text in the eleventh year of King Zedekiah (Jer 39:2: 586 bce), and said son-in-law of said Nabu-kudurri-uṣur who later ruled in his stead, are one and the same person. Nergal-šarri-uṣur governor of Sinmagir also appears in a prism fragment preserved in Istanbul. The prism dates to Nabu-kudurri-uṣur’s seventh year. A fine discussion of the text of the prism fragment is provided by David Vanderhooft, The Neo-Babylonian Empire and Babylon in the Latter Prophets (HSS 59; Atlanta: Scholars Press, 1999) 92-97.

The best way to construe Sinmagir or Simmagir when used in reference to high officials in Akkadian is disputed. As Kevin Edgecomb pointed out in offline correspondence, Sinmagir appears as the name of a king in the famous Sumerian King List. The best explanation I have heard so far – and it is Kevin’s – is that ‘of Sinmagir’ is short for ‘governor of (the house of) Sinmagir.’ The phrase attested elsewhere, šanû ša sinmagir, would then mean ‘the deputy of the governor of Sinmagir.’

The personal name Nabu-šarrussu-ukin follows a well-attested pattern and was attested before the discovery by Michael Jursa of a tablet including the name. As David Vanderhooft remarked, “A certain Nabû-šarrūssu-ukīn held the office of rēš šarri under Amel-Marduk in 561 B.C.E.” (The Neo-Babylonian Empire and Babylon in the Latter Prophets [HSS 59; Atlanta: Scholars Press, 1999] 151). It is possible that this is the same individual named as present in Jerusalem 25 years earlier according to Jeremiah 39:3. For details of Jursa’s tablet discovery among the many that have yet to be collated and published in the mass in possession of the British Museum, go here.

The tablet includes both the name and the title “Nabu-šarrussu-ukin the Rab-rēši [short for rab-ša-rēši],” is dated to the tenth year of Nabu-kudurri-uṣur, and is, in all probability, the very same person referred to in Jer 39:3. Rab-ša-rēši (rab-sārîs, a loanword, in Hebrew) is a well-attested title for a royal official, and is often translated “chief eunuch.” Said translation, however, is considered misleading by some scholars. Discussion of the issue is not possible here.

The title of the last person to be mentioned, another Nergal-šarri-uṣur, is ‘Rab-mugi,’ another high official of some sort. The title is well-attested in Neo-Assyrian and Neo-Babylonian documents. See CDA, p. 215.

It does not matter what translation of the Bible you have (I checked NRSV, NIV, REB, NJB, NAB, and NJPSV): they all contain misinterpretations of one or more names and/or titles contained in Jer 39:3. Still, it must be observed: anyone with training in Assyriology could have come to the same, basically irresistible conclusions outlined above, which I came to. If I am the first to do so, I would be surprised.

Until now, the one missing piece of the puzzle was the exact name underlying –nebu Sarsechim in MT Jer 39:3 and Nabousachar in LXX Jer 46:3. Theoretically, an Assyriologist steeped in onomastica might have come up with the correct interpretation before Jursa’s discovery of the name Nabu-šarrussu-ukin on a tablet of the British Museum. [UPDATE: David Vanderhooft, cited above, did come to this conclusion in the 1990’s. For details go here.]

Bible scholars knowledgeable in Assyriology are rare birds. The reverse is also true.

In all probability, as said before, the ‘Nabu-šarrussu-ukin the chief eunuch’ of Jer 39:3 and the ‘Nabu-šarrussu-ukin the chief eunuch’ of Jursa’s tablet are one and the same person. For an identical conclusion, see Kevin Edgecomb’s comment to Chris Heard’s post. To suggest otherwise is a function of pre-understandings brought to bear on the text.

On the one hand, it is sensible to expect that in a case like Jeremiah 39, names and titles may have become garbled in the course of the textual transmission. In fact they have, big time. On the other hand, it is reasonable to expect that said names and titles nevertheless go back to reliable sources, oral or written. Jeremiah 39 is a pretty straightforward narrative, with theological and nationalistic biases by all means. But there are no imaginable theological or nationalistic reasons why an author would have invented names and titles for the high officials of Nebuchadnezzar’s army who presided over Jerusalem’s destruction.

Jursa’s tablet clarifies a mess of a text in the Hebrew Bible. For an identical conclusion, see Kevin Edgecomb’s comment to Chris Heard’s post. To suggest instead that it clarifies nothing at all, or that there was nothing to be clarified in the first place, just “confirmed” or “proven right,” misses the boat.

UPDATE: see now Chris Heard’s new post, which aligns nicely with the above, and Peter Kirk’s second comment here. SECOND UPDATE: Charles Halton’s comment below and another post by Chris Heard. THIRD UPDATE: Kevin Edgecomb’s post, which includes a helpful review of an excellent book by John H. Walton. FOURTH UPDATE: offline, Kevin Edgecomb has convinced me that ‘of Sinmagir’ is to be understood as ‘governor of Sinmagir.’ I have modified my post accordingly. Here is a summary of his argument.

Bibliography: CDA = A Concise Dictionary of Akkadian (ed. Jeremy Black, Andrew George, and Nicholas Postgate; SANTAG 5; Wiesbaden: Harrassowitz, 2000).

Os recentes documentos vaticanos nos biblioblogs

Vaticano

:: Litterae Apostolicae Motu Proprio Datae Benedictus XVI Summorum Pontificum (7 de julho de 2007) – Disponível em latim.

:: Carta do Santo Padre Bento XVI aos Bispos que acompanha a Carta Apostólica «Motu Proprio» Summorum Pontificum sobre o uso da Liturgia Romana anterior à reforma realizada em 1970 (7 de julho de 2007). Disponível em English, French, German, Italian, Portuguese, Spanish.

:: Congregação Para a Doutrina da Fé: Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja (29 de junho de 2007). Disponível em English, French, German, Italian, Latin, Polish, Portuguese, Spanish.

 

Nota do CONIC

:: Nota do CONIC [Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil] referente aos esclarecimentos sobre a “Dominus Iesus” apresentados pela Congregação Para a Doutrina da Fé no dia 10 de julho de 2007

O Vaticano divulgou nesta terça-feira, dia 10 de julho, um documento, datado de 29 de junho último, que esclarece questões doutrinais internas da Igreja Católica Apostólica Romana. Este texto reafirma de modo claro que a Igreja Católica reúne todos os requisitos da Igreja cristã fundada originalmente por Jesus Cristo e seus apóstolos e esclarece o que já foi afirmado no documento “Dominus Iesus”, divulgado no ano 2000.

Estes esclarecimentos, apesar de tratarem de um assunto polêmico, não trazem em si nenhum elemento novo que atinja a causa da unidade dos cristãos, pois são todos assuntos já postos na mesa dos diálogos ecumênicos. O texto é obra da Congregação para a Doutrina da Fé, tendo sido previamente aprovado pelo Papa Bento XVI para publicação, em forma literária de perguntas e respostas, sem maior desenvolvimento das questões. O atual Prefeito da Congregação, cardeal William Levada, e seu Secretário, monsenhor Angelo Amato, assinam o documento.

As “respostas” mostram que Bento XVI continua firme em suas convicções de defender o Cristianismo contra o relativismo contemporâneo e para isto ele aponta para a Igreja Católica como a única que, através de sua continuidade histórica, é capaz de manter uma referência moral e religiosa da herança cristã. Ao afirmar isto, o Papa indica que apenas na Igreja Católica estes valores podem ser encontrados de forma plena, pois nela subsistem os valores imutáveis do Cristianismo originário. Nas outras comunidades eclesiais cristãs, de acordo com o documento, estes valores estão presentes, mas com uma certa deficiência, tendo em vista que as mesmas não possuem a plenitude dos elementos da única Igreja de Cristo, segundo a auto-consciência da Igreja Católica.

Estes esclarecimentos são considerados salutares para a caminhada ecumênica, pois reafirmam a identidade da Igreja Católica e, conseqüentemente, chamam às demais Igrejas cristãs a refletirem sobre a sua eclesiologia e identidade. Isto permitirá continuar num diálogo franco e aberto. Bento XVI, em sua recente visita ao Brasil, reafirmou o compromisso da Igreja Católica para com o ecumenismo, apontando para o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) como canal de diálogo com outras denominações cristãs. A palavra chave aqui, reafirmada no documento de ontem, é “diálogo”. O subsecretário da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, Pe. Agostinho di Noia, afirma que o documento visa esclarecer a identidade da Igreja Católica, mas não altera o compromisso da mesma com o diálogo ecumênico.

Apesar de toda a repercussão na mídia, lembrando o sucedido no ano 2000 com a “Dominus Iesus”, convidamos a todas as Igrejas cristãs a continuarem refletindo e orando intensamente pela perfeita recomposição da plena unidade de todos os cristãos, cada uma dentro de sua própria identidade, mas sempre abertos ao diálogo e à partilha da fé. Devemos cada um fazer um exame de consciência diante do Senhor, pelo fato da unidade ainda não ter sido alcançada por conta de nossas falhas. O Espírito Santo continua agindo no mundo ecumênico, apesar de nós. O diálogo entre as Igrejas é uma resposta positiva ao apelo à unidade feito por Cristo.

Certamente, no caminho da unidade, existem ainda sérias dificuldades a serem superadas, sejam por razões históricas ou teológicas. Por isso mesmo devemos estar afeitos à oração, abertos ao diálogo, conscientes de nossa identidade, de nossa história e do compromisso de todos na busca da plena comunhão eclesial. Esta é a nossa esperança para que o mundo creia.

Brasília, 11 de julho de 2007.

 

Alguns biblioblogs

:: Can it be true? The Pope declares Catholic Church the Only True Church – The Forbidden Gospels Blog – Posted by April DeConick, July 10, 2007

:: Corrections to Earlier Post on Catholic Declaration – The Forbidden Gospels Blog – Posted by April DeConick, July 10, 2007

:: Papa Ratzinger is on a Roll – Ancient Hebrew Poetry – Posted by John F. Hobbins on July 10, 2007

:: Pope Declares: Other Christians Are Not the True Church – Dr. Claude Mariottini – Professor of Old Testament – Posted by Dr. Claude Mariottini @ 7/10/2007

:: Five lessons about Normation – The Forbidden Gospels Blog – Posted by April DeConick, July 11, 2007

:: Not True Churches? – Dr. Platypus – Posted by Darrell Pursiful on July 11, 2007

:: Some Remarks about the Catholic revival of the Latin Mass – The Forbidden Gospels Blog – Posted by April DeConick, July 11, 2007

:: Sans le latin, la messe nous em…. (Georges Brassens) – Le Pharisien Libéré – 11 juillet 2007

:: ‘That would be an ecumenical matter’ – Chrisendom – Posted by Chris Tilling on July 12, 2007

 

Observo que esta é apenas uma amostra. Biblioblogs tratam, prioritariamente, de questões bíblicas, não teológicas, como é o caso em questão. O volume maior de notícias sobre o tema está, é claro, nos jornais do mundo inteiro. Mas há muita notícia e pouca análise. Supostamente, deveria ser nos Teoblogs, os blogs de teologia, que poderíamos encontrar mais análise online, especialmente nestes primeiros dias.

Jogos Pan-Americanos

Jogos Pan-Americanos – Rio 2007

Os Jogos Pan-Americanos de 2007, oficialmente denominados XV Jogos Pan-Americanos, foram um evento multiesportivo realizado em julho na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Durante os dezessete dias de competições, 5633 atletas de 42 países competiram em 332 eventos de 47 modalidades.d

Dois estudos sobre o profeta Jeremias

Pois é. Continuo querendo aprender mais sobre o “veio Jeré”, como costumo brincar, à moda caipira, quando falo, com meus alunos, de minha predileção pela profecia de Jeremias.

Por isso, acrescentei ontem mais dois livros sobre o grande profeta à bibliografia selecionada e comentada de minha página.

Um é o conhecido comentário, reeditado no ano passado, de um grande exegeta falecido em 2000, Robert P. Carroll. Obra em dois volumes. Robert P. Carroll foi professor de Bíblia Hebraica e Estudos Semíticos na Universidade de Glasgow, Escócia.

Outro é um estudo, também publicado em 2006, de um apaixonado estudioso do Antigo Testamento e da profecia de Jeremias, Walter Brueggemann, Professor Emérito de Antigo Testamento do Columbia Theological Seminary, Decatur, Georgia, Estados Unidos.

CARROLL, R. P. Jeremiah. 2 vols. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2006. vol. I: 512 p. vol II: 384 p. ISBN 9781905048632

BRUEGGEMANN, W. Like Fire in the Bones: Listening for the Prophetic Word in Jeremiah. Minneapolis: Fortress, 2006, 272 p. ISBN 9780800635619

Um triunfo de marketing turístico meio bobo

:: A Unesco afirma que a lista é muito limitada. A sua própria relação de patrimônios mundiais inclui 660 pontos culturais e 166 naturais.

:: Unesco argues that the list is very limited. Its own World Heritage List numbers sites including 660 cultural and 166 natural.

 

Cristo está entre as sete maravilhas do mundo

BBC Brasil – 07/07/2007

O Cristo Redentor, um dos símbolos do Rio de Janeiro, é oficialmente uma das novas sete maravilhas do mundo, de acordo com o anúncio feito diante de mais de 40 mil pessoas em uma cerimônia no Estádio da Luz, em Lisboa, neste sábado.

Numa votação, realizada pela internet e por mensagens de celular, a estátua do Corcovado ficou junto com alguns dos mais importantes monumentos do mundo, como a Muralha da China e Petra, na Jordânia.

A lista representa os votos de mais de 100 milhões de pessoas. Inicialmente, qualquer local podia ser indicado como um das novas sete maravilhas.

No fim de 2005, a lista que contava com 200 monumentos foi reduzida aos 77 mais votados.

A partir daí, um grupo de arquitetos, sob a coordenação do ex-diretor geral da Unesco Federico Mayor, escolheu os 19 finalistas, com base nos critérios de beleza, complexidade, valor histórico, relevância cultural e significado arquitetônico.

Os votos definitivos passaram a ser computados a partir de janeiro deste ano. Na última contagem, divulgada há três semanas, o Cristo Redentor estava entre os dez mais votados – mas o número de votos de cada monumento não foi divulgado.

Os dois países que mais se envolveram na campanha foram o Brasil e a Índia. No Brasil, a campanha foi bancada pelo grupo Bradesco e incluiu mensagens de várias personalidades da política, do futebol e dos espetáculos, incluindo o presidente.

‘Vote Cristo’

Tudo sob o lema “Vote Cristo”. Na avaliação do Ministério do Turismo, a eleição para as sete maravilhas pode gerar até 250 mil empregos no setor do turismo, para atender um possível aumento no fluxo de visitantes ao Brasil.

Na Índia, a votação pelo Taj Mahal movimentou a indústria cinematográfica do país, conhecida como Bollywood. A Índia é o país que mais produz filmes anualmente no mundo, com mais de 650 produções.

Um dos países em que foi registrada menor participação foram os Estados Unidos. Acredita-se que por isso mesmo, a Estátua da Liberdade tenha ficado entre os menos votados.

A votação das sete maravilhas foi uma ideia do milionário suíço Bernard Weber. Segundo a assessoria dele, em 1999 uma amiga professora dava aulas sobre as sete maravilhas da Antiguidade e comentou o fato com ele.

No entanto, das sete maravilhas antigas, apenas as pirâmides de Gizé ainda existem.

Antiguidade

As sete maravilhas da Antiguidade, uma lista elaborada por Filon de Bizâncio em 200 antes de Cristo, incluíam os Jardins Suspensos da Babilônia, a Estátua de Zeus, o Templo de Ártemis, o Mausoléu de Helicarnassus, o Colosso de Rodes, o Farol de Alexandria, além das Pirâmides de Gizé.

Do valor total arrecadado, metade deverá ser utilizada na recuperação de monumentos. O primeiro monumento a ser reconstruído será o Buda de Bamian, no Afganistão, destruído em 1999 por partidários do governo Talebã.

O resto da verba deverá ser utilizado pela fundação New7Wonders, dirigida por Weber.

A votação das sete maravilhas esteve envolvida em várias polêmicas. A primeira foi com as autoridades egípcias, que se recusaram a autorizar a inclusão das pirâmides de Gizé na votação – já que sempre foram uma das maravilhas da humanidade. Até então, as pirâmides eram as mais votadas.

A Unesco também se recusou apoiar o projeto, apesar de ter sido convidada várias vezes.

Critérios científicos

A explicação da Unesco é que o seu programa proteção do patrimônio mundial baseia-se em critérios históricos e científicos, incluindo o estabelecimento de um quadro legal para a preservação dos monumentos, o que inclui um trabalho permanente sobre o seu estado de conservação.

A Unesco considera ainda que a votação não tem um critério científico e apenas reflete a opinião das pessoas que têm acesso a um computador.

O anúncio do resultado da votação das sete maravilhas foi numa cerimônia gigantesca. Realizada no Estádio da Luz, sede do Benfica, teve 40 mil bilhetes vendido, e até o Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, esteve presente.

A superprodução teve mais de 2 mil participantes e custou 12 milhões de euros. Os monumentos escolhidos foram anunciados entre apresentações do soprano José Carreras e da cantora Jennifer Lopez – que teria cobrado US$ 1,5 milhão para cantar duas canções, segundo o semanário português Sol.

A cerimônia contou também com a presença do ex-secretário-geral das Nações Unidas Koffi Annan e dos atores Ben Kingsley e Hillary Swank.

Na mesma cerimônia, foram apresentadas as sete maravilhas de Portugal, uma promoção local, que incluiu a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos.

 

Unesco critica concurso das ‘Novas Sete Maravilhas’

BBC Brasil – 06/07/2007

A Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) criticou o New7Wonders, concurso internacional que está escolhendo a lista das “Sete Novas Maravilhas” do mundo.

A Unesco já tem a sua própria lista de patrimônios históricos. Segundo a entidade, houve uma confusão nos últimos dias, com alguns veículos noticiando erradamente que a Unesco estaria apoiando o concurso.

“O New7Wonders é mais direcionado para motivos comerciais do que para conservação de um patrimônio”, disse Sue Williams, porta-voz da Unesco, à BBC.

A porta-voz afirma que existe um custo para as pessoas que votam pelo telefone e que alguns sites de internet oferecem certificados e até agendam viagens para as “maravilhas” listadas. Além disso, a divulgação dos vencedores no sábado vai gerar renda.

“As novas sete maravilhas não parecem ter um compromisso com conservação, e não parecem incluir os tipos de coisas que nós incluímos, como o compromisso com nossos integrantes de educar e trabalhar com a mídia e com o turismo, por exemplo”, disse Williams.

Ela disse que a Unesco tentou abordar a campanha diversas vezes para tentar dar algum tipo de apoio, mas a entidade sentiu que não estava “escrevendo na mesma página” que os organizadores do New7Wonders.

A Unesco afirma que a lista é muito limitada. A sua própria relação de patrimônios mundiais inclui 660 pontos culturais e 166 naturais.

“Você não pode apenas focar em monumentos excelentes”, diz Williams. “Há algumas partes do mundo que simplesmente não têm uma herança cultura monumental.”

Doação

A fundação New7Wonders, que organiza o concurso, argumenta que está empenhada em conservar e prometeu doar metade do dinheiro que sobrar dos custos do evento para restaurar e preservar sítios culturais.

Até agora a fundação diz não ter recebido nenhum dinheiro.

“Na verdade, ainda não ganhamos nenhum dinheiro. Nós investimos mais de 10 milhões de euros até agora na campanha e ainda estamos na fase de investimento”, afirmou à BBC a porta-voz da fundação Tia Viering.

No final do ano, a organização pretende lançar uma campanha para escolher as sete maravilhas naturais do mundo. Há projetos para escolher também os grandes avanços tecnológicos e os maiores símbolos da paz.

A New7Wonders é uma fundação sem fins lucrativos e foi criada por Bernard Weber, um suíço que já trabalhou como produtor cinematográfico e curador de museus.

Segundo Weber, poucas pessoas lembram das sete antigas maravilhas do mundo, escolhidas por pensadores gregos há mais de 2 mil anos, e apenas uma das maravilhas ainda existe hoje.

A estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, é um dos candidatos do concurso “Sete Novas Maravilhas” do mundo. A lista com o nome das escolhidas será anunciada neste sábado.

As sete maravilhas do mundo antigo são as Pirâmides de Gizé, os Jardins Suspensos da Babilônia, a Estátua de Zeus, o Templo de Ártemis, o Mausoléu de Helicarnassus, o Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria.