Religião e formação de classes na antiga Judeia 8

8. Estabelecimento da antiga relação de classes na Judeia

8.1. A conclusão a que se chegou até aqui é a de que sob o controle romano a base do domínio não era mais a tradição, mas o direito abstrato. Como aprofundar esta conclusão? Pesquisando a alteração das instituições sociais nesta época romana. Documentos: documentos de Murabba’at (encontrados no deserto de Judá e que foram levados para lá pelos partidários da revolta de Bar Kosiba entre 132-135 d.C.), NT e tradição tanaíta (os Tannaim são os rabinos que escreveram a Mishnah no séc. II d.C.).

:: Da fiança ao arremate da propriedade
8.2. O direito de hipoteca se baseava na regra da penhora (= ‘ârab): o devedor insolvente tem que trabalhar para seu credor (= escravidão por dívida – 6 anos) ou entregar seus bens para pagar a dívida: isto funcionava no tempo de Neemias. Qumran ainda conhece este direito: 1Q22 III 4-6; 11QMelquisedec e 4QOrdb 513.

8.3. A literatura rabínica (Mishna Shebî`it 10) e o NT (Mt 5,25-26/Lc 12,58) mostram outra norma: não é mais o credor, mas é o juiz que é considerado o responsável em cobrar a dívida contra o devedor. Se o devedor não pode pagar, fica preso até que algum familiar o faça.

8.4. Há também o caso, documentado na literatura rabínica, do prozbol: caso houvesse execução da dívida, as terras do devedor passavam definitivamente para a posse do credor (e não por um tempo determinado como era antigamente a lei israelita). Esta regra está documentada em Murabba’at. “Esta concessão pertence à tradição jurídica greco-romana [prosbolê, em grego] e representa novidade no direito judaico de penhora, novidade esta que possibilitava contratos de dívida entre judeus e estrangeiros” (p. 130). Também o ano de perdão caiu, segundo Mur 18. E os juros aparecem também em Lc 16,6-7 (ver nota a da Bíblia de Jerusalém (2002) a Lc 16,8). E o caso da casamento onde a ketubbâ substituiu o mohar (= dote).

:: As consequências da insolvência
8.5. Prisão por dívida fiscal já era conhecida antes da era helenística (Esd 7,26), mas agora há prisão por dívida particular como testemunha a parábola do servo cruel (Mt 18,23-25). O Estado agora protegia os contratos particulares, porque o credor não era mais o pequeno camponês vizinho (e parente, dentro do clã), mas o daneistês, o profissional de empréstimos ou o administrador de grandes propriedades. Antigamente, o vizinho credor aceitava como pagamento o trabalho do devedor (= escravidão por dívida); agora, não se aceita mais o trabalho, porque a mão de obra era abundante [consequência do tipo de cultivo e da tomada da terra pelos grandes investidores] e o credor queria era dinheiro ou terras

8.6. A conclusão é que há duas diferenças entre o pré-exílio e a época romana:
. o empréstimo antes do exílio era assegurado pela mão de obra (= escravidão por dívida); no pós-exílio (época persa/grega), o empréstimo era garantido pelo terreno e pela mão de obra; agora (época romana) o empréstimo é garantido pelo fator de produção terra e dinheiro, porque este é o interesse dos credores

. não se emprestavam somente víveres para plantação e consumo (como no pré-exílio), mas emprestava-se dinheiro. E o credor podia declarar a terra do devedor insolvente como sua propriedade particular, para compensar o empréstimo.

. “Os dois momentos apontam para uma sociedade na qual terra e trabalho tornaram-se meios abstratos da produção de valores, e na qual também o empréstimo servirá a este fim” (p. 133) [Beide Momente verweisen auf eine Gesellschaft, in der Land und Arbeit zum abstrakten Mittel der Produktion von Werten geworden waren und in der auch das Darlehen diesem Zweck diente]

:: Do patrimônio à propriedade particular
8.7. Os contratos de venda encontrados entre os documentos de Murabba’at e os evangelhos (Mt 13,44;Lc 14,18) mostram que a limitação da venda da terra pela prerrogativa agnática não vale mais. Acaba-se também o direito de herança agnática.

:: Relações de produção
8.8. Nesta época na Palestina havia: o pequeno agricultor [Kleinbauerntum], o arrendatário (colono) [Pachtverhältnis – Kolonat] e a oikos (trabalhada por escravos ou operários) [Sklaverei und Lohnarbeit basierenden Oikos]. Na literatura rabínica há três formas de arrendamento:
. o sôker, que arrenda a terra por uma quantia de dinheiro
. o hôker, que arrenda a terra por uma quantidade de mantimentos
. o ‘arîs, que é arrendador parcial.

8.9. O arrendamento parcial…

8.10. A oikos…

8.11. O arrendamento por uma quantia de dinheiro ou mantimentos…

8.12. Bar Kosiba arrendou as terras (que ele confiscou de Roma)…

8.13. O que se nota, nesta época, é a decadência do pequeno agricultor, porque o sistema de arrendamento tomou conta. Como as famílias não conseguiam pagar a parte da colheita devida ao Estado, suas terras eram desapropriadas. A economia familiar tradicional era imprópria para a produção de excedentes lucrativos para os novos senhores e a nova ordem econômica. “É na racionalidade deste economia que se funda a razão de os grupos familiares não terem mais grande importância no tempo dos romanos” (p. 141) [In dieser ökonomischen Rationalität ist es begründet, daß die Familienbetriebe in der römischen Zeit keine allzu große Bedeuteng mehr hatten].

:: Nova racionalidade econômica nas parábolas evangélicas
8.14. As parábolas usam, como símbolos, elementos da ordem social da Galileia: Mc 12,1-11; Mt 20,1-15; Mt 25,14-28; Lc 12,57-59. A colheita era tempo de alegria no AT: agora em o NT não o é mais: Mt 25,24; Jo 4,37; Mt 13,30; Jo, 4,36.

. “A relação trabalho/produto cedeu à mediação que simboliza a situação escatológica: a relação do homem com suas necessidades é transmitida através do poder” (p. 142).

. “A interpretação da relação de Deus como não recíproca, recorre ao tipo de senhorio prebendal de terras” (p. 142). Isto é uma consequência teológica (indireta) das relações sociais…

8.15. As fontes histórico-sociais da época romana testemunham:
. a submissão dos agricultores livres ao sistema de apropriação do excedente
. a perda da força das instituições antigas, que protegiam a sociedade judaica da formação de classes
. que o novo proprietário da terra hipotecada pode dispor livremente dela e que os parentes agnatos perdem seus direitos de herança, enquanto o devedor insolvente vai para a cadeia
. o progresso social realizou-se contra as antigas tradições da solidariedade [Die Ausrichtung der Ökonomie auf Rentabilität war möglich nur als Widerspruch zu den egalitären religiösen Traditionen – p. 155 da edição de 1978]. O complexo tradicional rural-sacerdotal, sancionado por Neemias, como resistência à formação de classes, perdeu definitivamente sua força.

 

Leia em seguida:

Capítulo 9: Oposição da religião à política – Opposition der Religion gegen die Politik

Bibliografia – Literatur

Golpistas!

Plano dos EUA antecipou ação dos militares
Na série de documentos sobre o envolvimento dos EUA no golpe militar de 1964 no Brasil, que o governo norte-americano vem liberando nos últimos tempos [sublinhado meu] e transformando em arquivo eletrônico em respeito a uma lei de liberdade de informação, há um plano que mereceu apenas citação e só pode ser consultado fisicamente, depois de um processo trabalhoso. Chama-se “A Contingency Plan for Brazil” (um plano de contingência para o Brasil). É de 11 de dezembro de 1963 e foi escrito por Lincoln Gordon, então embaixador dos EUA no país, e Benjamin H. Head (1905-1993), então secretário-executivo do Departamento de Estado. Nele, diplomatas elencam desfechos possíveis para a crise institucional e política do Brasil e sugerem possíveis ações do governo americano. Uma delas chama a atenção por ser quase uma proposta de ação para os militares revoltosos… Leia o texto completo de Sérgio Dávila na Folha Online de 15/07/2007 – 12h19.

Veja também:
Leia a íntegra do documento “Um plano de contingência para o Brasil” – Folha Online: 14/07/2007 – 17h30

UFMG: The Bible and its Translations

I Colóquio Internacional “A Bíblia e suas Traduções”

1st International Colloquium “The Bible and its Translations”

Data: 22 a 24 de agosto de 2007

Local: Faculdade de Letras, UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Organizadores: Prof. Dr. Carlos Alberto Gohn (FALE/UFMG) e Profa. Dra. Lyslei Nascimento (FALE/UFMG)

Tema: A ‘tradução’ da Bíblia a partir da perspectiva de Roman Jakobson, ou seja, da interpretação dos signos verbais de uma determinada língua por meio de outra: a tradução interlingual; a reformulação ou interpretação dos signos verbais por outros signos da mesma língua: a tradução semiótica; a interpretação dos signos verbais por meio de sistemas não-verbais, como o cinema, a pintura ou a música: a tradução intersemiótica; e, na perspectiva de Walter Benjamin, “a tradução para exprimir a relação mais íntima e invisível entre as línguas”; ou, ainda, a tradução como jogo intertextual da diferença, como queria Paul Valery, Jorge Luis Borges e Haroldo de Campos

Público-alvo: Professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação e graduação.

Participações confirmadas: Joel Robertson (EUA); Steven Eagren (Canadá); Aléxia Duchowny (Brasil); Berta Walman (Brasil); Carlos Gohn (Brasil); Daisy Wajnberg (Brasil); Elcio Cornelsen (Brasil); Enrique Mandelbaum (Brasil); Jacynto Lins Brandão (Brasil); Julio Jeha (Brasil); Luiz Nazario (Brasil); Lyslei Nascimento (Brasil); Mariângela Paraizo (Brasil); Nancy Rozenchan (Brasil); Renato Pucci (Brasil); Suzana Chwartz (Brasil); Thereza Virgínia (Brasil)

Patrocínio: FALE (Faculdade de Letras da UFMG) – PAIE (Programa de Apoio a Eventos da UFMG) / CENEX (Centro de Extensão da FALE/UFMG) / POSLIT (Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários da FALE/UFMG)

Promoção: Núcleo de Estudos Judaicos da UFMG

Período de inscrição: 15/07 a 10/08

Informações e Inscrições: Núcleo de Estudos Judaicos da UFMG ou Lyslei Nascimento.

1st International Colloquium “The Bible and its Translations”

Date: 22-24 August, 2007

Venue: Faculdade de Letras – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Pampulha Campus

Coordinators: Prof. Carlos Alberto Gohn e Profa. Lyslei Nascimento

Topic: ‘Translation’ is here understood in the perspective of Roman Jaboson – as interpreting verbal symbols from one language by means of using signs of some other one: interlingual translation; as re-formulating or interpreting verbal symbols by means of using symbols of the same language: semiotic intralingual translation; as interpreting verbal symbols by means of non-verbal systems, such as cinema, painting or music: intersemiotic translation; and also in the perspective of Walter Benjamin, when this author postulates that “translation has as its primary aim the expression of the most intimate and invisible relationship between languages”; or still, translation in the perspective of those, like Paul Valey, Jorge Luis Borges and Haroldo de Campos, who aimed at the erasure of the notion of the ‘unique text’ and favored translation as intertextual play of differences

Public: The Colloquium will be open for teachers, researchers and graduate students who want to present papers and for undergraduate students who want to present posters

Already confirmed participants include: Joel Robertson (USA), Steven Engler (Canada), Aléxia Duchowny (Newton Paiva, Brasil); Berta Waldman (USP, Brasil); Elcio Cornelsen (UFMG, Brasil); Enrique Mandelbaum (USP, Brasil); Lyslei Nascimento (UFMG, Brasil); Jacynto Lins Brandão (UFMG, Brasil); Luiz Nazario (UFMG, Brasil); Mariângela Paraizo (UFMG, Brasil); Nancy Rozenchan (USP, Brasil); Renato Pucci (Tuitui/PR, Brasil); Thereza Virgínia Barbosa (UFMG, Brasil).

Resenhas na RBL – 18.07.2007

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Daniel Berrigan
Genesis: Fair Beginnings, Then Foul
Reviewed by Dan W. Clanton Jr.

Michelle Brown, ed.
In the Beginning: Bibles Before the Year 1000
Reviewed by Michael W. Holmes

William G. Dever
Did God Have a Wife?: Archaeology and Folk Religion in Ancient Israel
Reviewed by Patrick D. Miller

Alessandro Falcetta, ed.
James Rendel Harris: New Testament Autographs and Other Essays
Reviewed by Christopher Tuckett

Jennifer A. Glancy
Slavery in Early Christianity
Reviewed by Fabian E. Udoh

Melanie Johnson-DeBaufre
Jesus among Her Children: Q, Eschatology, and the Construction of Christian Origins
Reviewed by Harry T. Fleddermann

Tim Meadowcroft
Haggai
Reviewed by Henning Graf Reventlow

Piotr Michalowski and Niek Veldhuis, eds.
Approaches to Sumerian Literature: Studies in Honour of Stip (H. L. J. Vanstiphout)
Reviewed by Antoine Cavigneaux

Ute Neumann-Gorsolke
Herrschen in den Grenzen der Schöpfung: Ein Beitrag zur alttestamentlichen Anthropologie am Beispiel von Psalm 8, Genesis 1 und verwandten Texten
Reviewed by Thomas Krueger

Stanley E. Porter, ed.
Paul and His Theology
Reviewed by M. Eugene Boring

Paul A Rainbow
The Way of Salvation: The Role of Christian Obedience in Justification
Reviewed by Timothy Gombis

Horst Simonsen
Leonhard Goppelt (1911-1973)-Eine theologische Biographie: Exegese in theologischer und kirchlicher Verantwortung
Reviewed by Jim West

Anthony C. Thiselton
Thiselton on Hermeneutics: Collected Works with New Essays
Reviewed by Stanley E. Porter

Johan C. Thom
Cleanthes’ Hymn to Zeus: Text, Translation, and Commentary
Reviewed by Troels Engberg-Pedersen

Martin Wallraff, ed.
Julius Africanus und die Christliche Weltchronistik
Reviewed by Jutta Tloka

Outros ossuários com o nome “Jesus”

Antonio Lombatti, em seu blog, tem um post de hoje com o título More ossuaries with the name “Jesus”.

Que trata de vários ossuários da mesma região onde Simcha Jacobovici diz ter encontrado O Sepulcro Esquecido de Jesus

Há muitos sepulcros “encontrados” de Jesus! Vários ossuários trazem o nome “Jesus”…

Leia o post, que está em italiano, e veja as as fotos de ossuários e inscrições!

O Sepulcro Esquecido de Jesus: de novo

Para quem perdeu a coisa toda em março deste ano, o filme – com pose de documentário – O Sepulcro Esquecido de Jesus estará novamente no Discovery Channel nestes dias, aqui no Brasil, nos seguintes horários:

  • domingo, dia 22: 20h00
  • segunda, dia 23: 00h00, 03h00, 06h00 e 14h00

Religião e formação de classes na antiga Judeia 7

7. A evolução de um domínio sem tradições na Judeia e a revolta crescente contra ele (142 a. C.- 135 d. C.)

:: Dominadores Asmoneus e seus adversários (142-63 a. C.)
7.1. A ordem política na Judeia após a vitória dos Macabeus nos é transmitida em 1Mc 14,27-47. As instituições que compõem a assembleia deliberativa no tempo de Simão (140 a.C.) são:
. os sacerdotes
. o povo (laós)
. os arcontes da nação (a gerousia de Jerusalém, que se distingue da aristocracia do país)
. os anciãos da terra

7.2. A junção dos poderes de sumo sacerdote, estratego (poder militar) e etnarca (poder político) em uma única pessoa fundamentou novo controle do poder e uniu a motivação religiosa à expansão político-militar.

7.3. O Estado asmoneu não durou por causa dos romanos e por causa das divisões internas. Os acordos com Roma eram feitos (com o Senado) pelo sumo sacerdote e povo judeu (demos). A transformação, por Alexandre Janeu, do sumo sacerdócio em reinado (segundo Flávio Josefo foi Aristóbulo quem introduziu o reinado em 105 a.C.) era uma violação das normas judaicas (libertando a máquina estatal dos cidadãos) e causou a oposição da velha aristocracia que exigiu o afastamento do reinado, o que, de fato, os romanos fizeram.

:: Arrendamento do Estado republicano e secularização do poder (63-43 a. C.)
7.4. Por que Pompeu interferiu no Oriente? Interesses também financeiros: houve revolta, na Ásia, contra o pagamento de impostos a Roma, recolhidos pelos publicanos (ordo publicanorum) e Pompeu veio restabelecer os interesses dos publicanos.

7.5. Submeteu Jerusalém e seu território (a Judeia) a tributo (juridicamente, stipendium): era prêmio pela vitória e castigo pela guerra. Entre os anos 63 e 44 a.C., uma sociedade de publicanos, sediada em Sídon, tinha adquirido o direito, do Estado romano, de recolher, como tributo dos produtores, uma quarto da colheita.

7.6. Os agricultores firmavam um pacto diretamente com a societas: isto excluía a intermediação da aristocracia local. Tanto a supervisão das colheitas como a troca dos produtos ficava a cargo da Sociedade dos Publicanos. O arrendamento do estipêndio valia por um turno de 5 anos, podendo ser suspenso por Roma.

7.7. Como a revolta contra Roma era intensa, especialmente no meio rural (muitos judeus apoiavam Aristóbulo), o governador Gabínio (57-55 a.C.) tomou várias medidas de amplas consequências:
. mandou reconstruir as cidades helenistas
. separou o cargo de sumo sacerdote da administração política, em Jerusalém
. separou o santuário da politéia
. regulamentou aristocraticamente a constituição
. dividiu o povo em cinco partes, ficando cada uma delas submetida a uma cidade dirigida por um sinédrio: Jerusalém, Gadara, Amato, Jericó e Séforis. Além da justiça local, estas cidades tinham função na arrecadação de impostos aduaneiros (portoria)
. protegia as cidades contra a pressão dos publicanos para atrair a aristocracia local para o seu lado

7.8. O idumeu Antípater era epimeletés, era comandante militar e não estava, de fato, submetido ao poder executivo do sumo sacerdote. No ano 47 a.C. César o nomeou epítropos (procurador) da Judeia: isto aumentou seu poder militar e seu poder de comando sobre a quota dos impostos. Quando em 44 a. C. terminou o contrato com a sociedade dos publicanos, o arrendamento dos impostos lhe foi entregue totalmente.

7.9. Já a aplicação da justiça era da competência do Sinédrio de Jerusalém.

7.10. A administração dos tributos sob Antípater: a Judeia devia pagar 700 talentos de prata (cada talento = 26 kg; 26 x 700 = 18200 kg!) a Roma. Quando as cidades de Gofna, Emaús, Lida e Tamna não puderam pagar o devido, o magistrado e toda a população foram vendidos como escravos. E suas terras e propriedades confiscadas.

> A Judeia foi dividida, sob Antípater, em onze toparquias e a aristocracia local (os dynatoí) eram quem arrendava o direito de recolher o tributo.

7.11. Uma toparquia tinha a seguinte organização:
. ela é controlada por um stratêgós
. tem um escrivão dos contratos de compra, dívida e arrendamento: o komogrammateús
. e tem o parnas, que vem do grego prónoos, chefe e administrador de escalão inferior
. os tribunais judeus (synédrion, boulê) pertenciam à organização política dos subúrbios das toparquias

:: Herodes cria um poderio livre das tradições (42-4 a. C.)
7.12. No confronto entre Herodes e Antígono podemos observar:
. os partidários de Antígono viviam especialmente na Judeia e na Galileia e são relacionados por Flávio Josefo com o “banditismo galileu” que vivia em espeluncas, estava organizado e atacava sobretudo estrangeiros. Este banditismo surgiu da impossibilidade dos camponeses pagarem tributo e queria reconstruir a antiga ordem
. os partidários de Herodes viviam na Samaria, na Idumeia e partes da Galileia e eram membros de uma aristocracia economicamente bem situada, etnicamente indiferente. Havia entre eles ricos latifundiários.

7.13. Herodes não tinha legitimidade judaica, pois descendia de idumeus e sua mãe era descendente de árabe! Foi legitimado por um essênio, como uma escolha divina. Assim, Herodes, por ser estrangeiro, não tinha para com os judeus nenhuma relação de reciprocidade e sua legitimidade se fundava na própria estrutura do poder exercido.

7.14. Quando venceu os seguidores de Antígono, Herodes construiu uma estrutura de poder independente da tradição judaica:
. nomeava o sumo sacerdote do Templo: destituiu os Asmoneus e nomeou um sacerdote da família sacerdotal babilônica e, mais tarde, da alexandrina
. exigia de seus súditos um juramento que obrigava a pessoa a obedecer às suas ordens em oposição às normas patriarcais (se uma pessoa recusasse o juramento, era perseguida, com exceção dos fariseus e dos essênios)
. interferiu na justiça do Sinédrio
. mandava vender os assaltantes (também revolucionários políticos) como escravos no exterior (e sem direito a resgate!)
. a venda à escravidão e a execução pessoal (a morte) tornaram-se normas comuns do arrendamento estatal

7.15. Mas, se ele violava assim a tradição, como conseguia legitimidade?
. A estrutura de poder do Estado sob Herodes era bem diferente da estrutura da época do Asmoneus:
– o rei era legitimado como pessoa e não por descendência
– o poderio não se orientava pela tradição, mas pela aplicação do direito pelo senhor
– o direito à terra era transmitido pela distribuição: o dominador a dava ao usuário, era a assignatio
– a base filosófica helenística é que legitima o poder do rei, quando diz que o rei é a “lei viva”(émpsychos nómos), em oposição à lei codificada, ou seja: o rei é a fonte da lei, porque ele é regido pelo nous. O rei é a imagem de Deus que ordena e conserva o cosmos pelo nous: o rei tem função salvadora e, por isso, dá aos seus súditos uma ordem racional, através das normas do Estado. O rei em pessoa é a continuação do seu reino e o salvador de seus súditos
– o poder militar de Herodes se baseava nos mercenários estrangeiros que ficavam em fortalezas, ou em terras (cleruquias) dadas aos mercenários por ele (terras no vale de Jezrael), e nas cidades não-judaicas por ele fundadas, a cujos cidadãos ele tinha dado como posse o território que as rodeava, com os camponeses dentro!

:: “Leiturgía” ou serviço público no tempo de César e a formação da revolução
7.16. Quando Arquelau foi deposto, no ano 6 d.C., a Judéia tornou-se província romana, governada por uma procurador (prefeito) que tinha o imperium em suas mãos:
– poder total de administrador [Verwaltung] – juiz [Rechtsprechung] – defensor [Verteidigung]

. Duas medidas foram tomadas: a venda dos domínios reais (de Arquelau) e um recenseamento:
– as propriedades reais foram declaradas ager publicus e vendidas. Assim os domínios reais do vale de Jezrael (antigamente do sumo sacerdote Hircano) e da Galileia foram vendidos a estranhos, que nada tinham a ver com as tradições judaicas
– o recenseamento servia para registrar pessoas e bens, em vista do pagamento do tributum solis et capitis

. o tributum capitis, cobrado em dinheiro, somava-se aos tributos sobre os produtos da terra e aos impostos indiretos e alfandegários. Pesava muito, por isso, sobre quem não tinha propriedades. Foi este o objeto da pergunta feita a Jesus sobre o “imposto a César”. Era de 1 centésimo na Síria, mas era mais pesado na Judéia, por causa das revoltas (no mínimo 1 denário)

. o tributum solis era cobrado em víveres e dinheiro.
– os responsáveis pelo recolhimento destes impostos eram os magistrados das toparquias e os aristocratas locais: este sistema de assegurar dívidas coletivas de impostos pela riqueza dos escolhidos para a magistratura era chamado de leiturgía e era característico da época dos césares

7.17. O direito de nomear o sumo sacerdote e de controlar a guarda das vestes sacerdotais ficou com Herodes de Cálcis e, em seguida, com Agripa II. A jurisdição foi transmitida ao procurador e este a confiou ao Sinédrio. A pena capital era, entretanto, direito intransferível do procurador.

:: As facções revoltosas e seus motivos
7.18. A revolta dos judeus contra Roma tinha três metas:
. suspensão do pagamento dos tributos
. suspensão dos sacrifícios pelo povo romano e seu César
. ereção da soberania política

7.19. A guerra dos anos 66-73 d.C. tinha três centros:
– o Templo
– a Judeia
– a Galileia

. Nos conflitos internos entre as várias tendências, observamos que:
– o conflito entre os grupos galileus era caracterizado pela oposição entre princípios aristocráticos e democráticos. O grupo proletário atualizou a tradição judaica do qahal (ekklesía), assembleia, contra a aristocracia que tendia a transformá-la em associação normativa da cidade. “O tradicionalismo radical democrata da população das cidades da Galileia foi provavelmente o meio político que Jesus pressupôs”(p. 120). Nota 111, p. 120: “As parábolas evangélicas, que se referem às situações sociais e políticas da zona rural da Galileia, apresentam um mundo de duas classes: a dos ricos e a dos pobres, a dos latifundiários e a do pequeno e endividado agricultor. Uma camada política, a dos funcionários urbanos (estrategos e arcontes) não tem graduação digna de nota”.
– O movimento zelota era formado pelos sacerdotes em Jerusalém (ano 66 d.C.) – o movimento zelota é atestado sob este nome somente no ano 66 d.C. Mas é provável que suas origens estejam ligadas à resistência de Judas, o Galileu e do fariseu Sadoc por ocasião do recenseamento de Quirino, no ano 6 d.C.; enquanto os sicários representavam o movimento rural revolucionário da Judeia, dirigido por Judas, o Galileu, e seus sucessores (nem todos os sicários eram galileus, mas estavam ligados à Galileia através de seus líderes – só a Judeia fora atingida pela nova ordem no ano 6 d.C., a Galileia não). Zelotas e sicários entraram em choque em Jerusalém: os sicários executaram o sumo sacerdote Ananias – pai de Eleazar, chefe dos zelotas; os zelotas mataram Menaém, filho de Judas, o Galileu. Então os sicários se retiraram para Massada.

7.20. O autor apresenta, no resumo das pp. 123-125, 4 teses sobre o cerne do conflito:
> os judeus relacionaram, e com razão, tributos e escravidão. Dois momentos fundamentais explicitam este processo: em 142 a.C. a suspensão dos tributos selêucidas foi saudada como libertação e em 6 d.C. a imposição de registro dos bens particulares (censo) em vista de impostos foi vista como prelúdio da escravidão aberta

> havia um conflito entre a antiga aristocracia, formada pelos antigos moradores, a gerousia e o sinédrio, e a nova aristocracia do dinheiro e do exército, engajada no arrendamento estatal. Os donos tradicionais das terras (a velha aristocracia) tinham interesse em possuir grande número de dependentes (para mobilização em caso de conflitos), enquanto a nova aristocracia prefere os donativos em víveres e dinheiro (preferindo vender o devedor, em caso de insolvência, a estrangeiros, do que fazê-lo escravo por dívida)

> a tradição religiosa judaica da aliança Iahweh-Israel limitava o crescimento das diferenças sociais e da estratificação de classes. Daí o apelo às normas religiosas serem fundamentais para os grupos de resistência judaica… normas desativadas pelo sistema jurídico do dominador que foi, pouco a pouco, sendo implantado

> a guerra contra Roma nos anos 66-73 d.C. não foi da classe baixa contra o latifúndio (leitura de KREISSIG), pois ela seria impossível sem a participação ativa da aristocracia nativa pertencente ao Sinédrio. Esta aristocracia, que não se beneficiava do arrendamento estatal, tinha bons motivos para participar do levante… Todos lutavam (apesar das diferenças) por uma ordem na qual a tradição religiosa garantisse a legitimidade da ordem social!

 

Leia em seguida:

Capítulo 8: Estabelecimento da antiga relação de classes na Judeia – Die Etablierung der antiken Klassenverhältnisse in Judäa

Capítulo 9: Oposição da religião à política – Opposition der Religion gegen die Politik

Bibliografia – Literatur

Religião e formação de classes na antiga Judeia 6

6. Apresentação de sociedades asiáticas em etnografia helenística

Obs.: o capítulo 6 não está todo resumido…

A questão tratada é: qual é a “interpretatio graeca” das estruturas da sociedade asiática?

:: Helenismo como conceito histórico-filosófico
6.1. J. G. DROYSEN (Geschichte des Hellenismus, 1836) acredita que a intenção de Alexandre seria a fusão da essência ocidental e oriental, meta que conseguiu, mas que correu risco após sua morte.
. DROYSEN caracteriza o helenismo como “mistura” do grego macedônio com a vida étnica local. Por detrás disso está o princípio filosófico da mediação do particular (etnias orientais) com o geral (o helenismo).
. DROYSEN compara o sucesso do helenismo com o da burguesia do séc. XIX.

:: Sociedades sem a institucionalizada procura do lucro
6.2. A etnografia de Heródoto (485-424 a.C.)…

6.3. As obras literárias gregas dos séc. IV-III a.C.

6.4. Comparando Diodoro Sículo (que se apoia em Hecateu de Abdera) com Heródoto…

6.5. Evêmeros…

6.6. Jâmbulo…

6.7. Conclusão…

:: A harmoniosa sociedade de Moisés
6.8. Hecateu de Abdera escreveu sobre os judeus…

6.9. A Carta de Aristéias a Filócrates (entre 145 e 100 a.C.)…

6.10. Conclusão: são dois os princípios que determinaram a exposição dos aspectos políticos do judaísmo antigo:
. as tradições judaicas são formuladas em forma de nómoi (leis) gregas
. a sociedade judaica é apresentada como protótipo da pólis, onde os cidadãos são iguais.

6.11. Resumo: a finalidade da exposição: corrigir uma ideia de helenismo como algo sem contradição, que é a ideia de DROYSEN. A etnografia grega, ao escrever sobre as sociedades orientais e ao mostrá-las como sociedades harmônicas (idealizando-as), está denunciando o helenismo como sociedade de classes.

 

Leia em seguida:

Capítulo 7: A evolução de um domínio sem tradições na Judeia e a revolta crescente contra ele – Die Progression einer traditionsfreien Herrschaft in Judäa und des Widerstandes gegen sie

Capítulo 8: Estabelecimento da antiga relação de classes na Judeia – Die Etablierung der antiken Klassenverhältnisse in Judäa

Capítulo 9: Oposição da religião à política – Opposition der Religion gegen die Politik

Bibliografia – Literatur

Religião e formação de classes na antiga Judeia 5

5. Arrendamento estatal grego e luta dos Macabeus pela liberdade (332-142 a.C.)

:: Arrendamento do Estado e mobilização dos excedentes
5.1. A pólis grega não tinha uma burocracia estatal profissional. Quanto às finanças públicas, a pólis arrendava a particulares o recolhimento os impostos, por tempo limitado.

> A administração ptolomaica somou este arrendamento à estrutura oriental de controle do Estado sobre o cálculo e a arrecadação dos impostos: as aristocracias orientais participaram, assim da exploração econômica e tiveram influência no Estado.

5.2. Dois decretos de Ptolomeu II Filadelfo, de 261/260 a.C., sobre a administração da província siro-fenícia, mostram que havia em um distrito um ecônomo que controlava as finanças e toda uma hierarquia de funcionários inferiores. Todos os camponeses palestinos pagavam tributo: cada um pagava ao arrendatário de sua aldeia.

5.3. No fim do século III a.C. José Tobias assumiu o controle sobre a arrecadação tributária da província siro-fenícia. Flávio Josefo diz que ele levou aos judeus a prosperidade. E foi de dois modos: fez diminuir o número de bocas para comer através da escravidão (rendendo assim mais excedentes) e estimulou culturas mais rentáveis (olivais no lugar de cereais).

:: A aristocracia se emancipa da hierocracia
5.4. A teoria grega do Estado admitia a pólis e o éthnos. Sob Antíoco III, a Judeia é considerada como éthnos (pode ser que o fosse também sob os Ptolomeus). O decreto de Antíoco III, de 198 a.C., é ilustrativo, especialmente porque nos permite ver os primeiros passos da emancipação da aristocracia (a gerousia) da hierocracia. A autonomia étnica trouxe aos aristocratas das cidades novas possibilidades: a lei baseava-se no poder do conquistador, proprietário nominal da terra conquistada, que cedia a quem ele bem quisesse a sua exploração. Isto estava em contradição com a base jurídica da posse (e não propriedade da terra, segundo a tradição judaica (a terra é de Iahweh). Estava aberto o caminho para a ruptura da aristocracia com a tradição antiga.

5.5. Esta ordem política foi confirmada pelos Selêucidas sucessores de Antíoco III, como o testemunham documentos macabeus e romanos.

:: Motivos da luta dos Macabeus pela liberdade
5.6. O problema do comércio, aos sábados, em Jerusalém, permanecia. E isso era insuportável aos ricos. Aí vem Jasão.

5.7. Há um texto em Estrabão que foi identificado como um manifesto antiasmoneu originário dos círculos helenizantes. E eles justificam suas atitudes dizendo que as prescrições judaicas tradicionais violam as normas mosaicas. Jerusalém fora fundada por Moisés como pólis e devia se adequar a isso.

5.8. A resistência dos Macabeus é contra a intromissão estatal no direito sagrado: os Macabeus são sacerdotes – os revolucionários fazem valer os antigos mandamentos: 1Mc 2,34;2,46 etc; os seus adversários seguem as ordens do rei: 1Mc 2,19-20;6,21-23 etc. Baseiam-se na antiga solidariedade de descendência (chamada por Kippenberg de solidariedade segmentária – segmentärer Solidarität) contra o domínio político do Estado helenizante.

5.9. E os motivos da luta são também econômicos, gerados pelo arrendamento estatal. Quando, em 142 a.C., o rei Demétrio II concedeu aos judeus isenção das contribuições, isto foi festejado como libertação da escravidão e começo de uma nova era (1Mc13,41-42).

> É que, com o desaparecimento do arrendamento, a aristocracia não era mais identificada com o Estado, dando aos camponeses maior folga em relação aos senhores da terra. A desigualdade permaneceu a mesma, mas os camponeses conseguiram controle sobre o excedente.

5.10. Já no ano 152 a.C., Demétrio I fizera uma promessa de isenção, o que nos dá ideia do montante dos tributos. É 1Mc 10,29-31 que narra a isenção dos três tipos de tributos:
. todo o povo (e não só a gerousia e parte dos sacerdotes, como no decreto de Antíoco III) é libertado dos impostos individuais
. é suspenso um tributo que corresponde a um terço da colheita e a metade dos frutos das árvores
. é assegurada a isenção dos impostos (= 2,5% sobre a circulação de mercadorias) e do dízimo (= antigo imposto sobre os produtos da terra). Eles agora são receitas do Estado macabeu, recolhidos junto aos judeus

5.11. Concluindo: o sistema de arrendamento estatal grego a aristocratas abastados é que levou, em boa parte, ao conflito. Como direito de conquista da terra, os dominadores exigiam tributos, e os aristocratas os recolhiam dos camponeses e os repassavam, violando as normas étnicas internas do povo judeu.
. A lógica (grega) deste arrendamento era: reduzir o direito de cidadania a pequena faixa aristocrática, mantendo os produtores como simples moradores, objeto de conquista, sem direito de cidadania.
. E esta lógica estava funcionando, até que, em Jerusalém, uma camada aristocrática forçou a helenização e entrou em choque com o direito sagrado tradicional do povo judeu. Aí veio o conflito com os Macabeus. Que não teve objetivos religiosos. O que se queria era uma reforma da constituição da Judeia.

 

Leia em seguida:

Capítulo 6: Apresentação de sociedades asiáticas em etnografia helenística – Zur Interpretation asiatischer Gesellschaften in hellenistischer Ethnographie

Capítulo 7: A evolução de um domínio sem tradições na Judeia e a revolta crescente contra ele – Die Progression einer traditionsfreien Herrschaft in Judäa und des Widerstandes gegen sie

Capítulo 8: Estabelecimento da antiga relação de classes na Judeia – Die Etablierung der antiken Klassenverhältnisse in Judäa

Capítulo 9: Oposição da religião à política – Opposition der Religion gegen die Politik

Bibliografia – Literatur

Livros para download em Servicios Koinonía

Você já conhece, certamente, os Servicios Koinonía: un punto de encuentro con la Teología y la Espiritualidad de la Liberación Latinoamericanas.

Pois se quiser fazer o download de vários e valiosos livros de Bíblia, Teologia, Pastoral… ou de autores como Casaldáliga, Mesters, Schwantes, Pixley, Carlos Bravo, Caravias, Cardenas Pallares, Gruen, Nolan, José Luis Sicre, Pablo Richard e tantos outros… clique, na coluna da esquerda, em Biblioteca.

Você conhece os Livros Digitais Koinonia? Em italiano, inglês, espanhol, português… Vamos ler, gente!

Você ainda não conhece RELaT – Revista Electrónica Latinoamericana de Teología? Ora, não sabe o que está perdendo! Textos online, gratuitos, free, de muitos autores que precisam ser lidos para se compreender a Teologia Latino-americana.

A gente vê tanta desinformação por aí…