A mercantilização neurótica do sagrado

A mercantilização do sagrado é um fenômeno corriqueiro na contemporaneidade…

Veja, por exemplo, o que aconteceu com os lugares sagrados de Jerusalém. Aquilo virou uma Disneylândia de Jesus…

Imagino que, dentro de alguns anos, teremos atores fracassados do Terceiro Mundo vestidos de Judas-Patetas, Maria-Branca de Neve, Tio Pôncio-Patinhas, Pedro-Duck e, é claro, Mickey-Jesus-Mouse…

Ateus são fichinha em comparação à histeria religiosa como argumento contra a viabilidade de um Deus bom e generoso. Nesse caso, a náusea faz de você um ateu…

Aliás, estou seguro de que, em breve, Jesus será “made in China”…

Deus virou batata chips de free shop…

Tive o desprazer de ver Jerusalém virar uma cidade devastada pela horda de tarados com máquinas digitais e filmadoras chinesas…

Um Hopi Hari de Jesus com seu ruído de famílias de classe média em excursões místicas…

Ou, dito de outra forma, o inferno é um lugar onde tem muita gente em surto místico…

Depois da destruição de Jerusalém pelos romanos por volta do ano 70 d.C., vemos agora a infestação da cidade santa pelos histéricos pentecostais e seus berros em nome do Espírito Santo…

Além do que… a população secular de Jerusalém é cada vez mais oprimida pelos homens de preto da ortodoxia judaica…

 

Disneylândia de Jesus – Luiz Felipe Pondé

O mundo acabou. Não viaje. Assista a filmes em casa ou vá para cidades sem graça do interior. O mundo foi tomado por um tipo de praga que não tem solução: os gafanhotos do sucesso da indústria do turismo.

O horror começa nos aeroportos, que, graças ao terrorismo fundamentalista islâmico, ficaram ainda piores com seus sistemas de segurança infernais. Esse mesmo terrorismo fundamentalista que faz as “cheerleaders” dos movimentos sociais sentirem “frisson” de prazer na espinha.

Uma grande figura do mercado de análise de comportamento me disse recentemente que, em poucos anos, só os pobres (de espírito?) viajarão.

Tenho mais certeza disso do que da aritmética de 2 + 2 = 4. Aeroportos serão o último lugar onde você vai querer ser visto. Gostar de viajar hoje pode ser um forte indício de que você não tem muita imaginação ou opção na vida.

Veja, por exemplo, o que aconteceu com os lugares sagrados de Jerusalém. Aquilo virou uma Disneylândia de Jesus. Imagino que, dentro de alguns anos, teremos atores fracassados do Terceiro Mundo vestidos de Judas-Patetas, Maria-Branca de Neve, Tio Pôncio-Patinhas, Pedro-Duck e, é claro, Mickey-Jesus-Mouse.

Locais religiosos sempre atraíram todo tipo de histeria. A proximidade com ela pode fazer você duvidar da existência de Deus.

Ateus são fichinha em comparação à histeria religiosa como argumento contra a viabilidade de um Deus bom e generoso. Nesse caso, a náusea faz de você um ateu.

Às vezes, tristemente, a diferença entre visitas belas a locais sagrados parece ser apenas o número maior ou menor de nossos semelhantes crentes em Deus.

Ou, dito de outra forma, o inferno é um lugar onde tem muita gente em surto místico.

Jesus deve ter uma paciência de Jó, com seus fiéis cheios de máquinas digitais e filmadoras chinesas querendo devassar a intimidade de sua mãe e de seus discípulos mortos já há tantos séculos.

Aliás, estou seguro de que, em breve, Jesus será “made in China”, “at last”. Se assim acontecer, terão razão aqueles que afirmavam ter sido ele um Messias “fake”?

Pessoalmente, torço para que Jesus sobreviva a essa “nova paixão”, por obra da qual ressuscitar deverá ser algo como um show de efeitos especiais feitos por computação gráfica barata. Os fiéis pós-modernos deram um novo significado à expressão nietzschiana “Deus está morto”. Nesse caso, Deus virou batata chips de free shop.

No início dos anos 90, ainda era possível ir à catedral de Córdoba, na Espanha, e experimentar sua beleza moura. Já em meados dos anos 2000, ela era um terreno baldio para as invasões de gafanhotos.

Hoje, estive (escrevo dias antes de você ler esta coluna) na igreja da Agonia, em Jerusalém, conhecida também como igreja de Gethsêmani, local onde Jesus teria suado sangue antes de ser preso. Um belíssimo local.

Em seguida, alguns passos descendo a ladeira do monte das Oliveiras (onde fica Gethsêmani), fui a outro local, maravilhoso, que não vou dizer qual é porque espero que ninguém fique sabendo; assim, quem sabe, esse lugar ainda durará algum tempo antes de virar mais um Hopi Hari de Jesus com seu ruído de famílias de classe média em excursões místicas.

É importante dizer que já fui a esses locais inúmeras vezes e que, portanto, tive o desprazer de ver Jerusalém virar uma cidade devastada pela horda de tarados com máquinas digitais e filmadoras chinesas. Além de suas camisetas com slogans pela paz mundial.

Depois da destruição de Jerusalém pelos romanos por volta do ano 70 d.C., vemos agora a infestação da cidade santa pelos histéricos pentecostais e seus berros em nome do Espírito Santo.

Além, é claro, dos judeus ortodoxos obsessivos mal-educados e dos muçulmanos fanáticos com seu grito bárbaro “Allah Akbar” (Deus é grande). A população secular de Jerusalém é cada vez mais oprimida pelos homens de preto da ortodoxia judaica.

Alguns desses são mesmo contra o Estado de Israel, porque só o Messias pode reconstruir o “verdadeiro Estado judeu”. Acho que deveriam ser todos despachados para o Irã. Enfim, um filme de horror estrelado por fanáticos, batatas e patetas.

Fonte: O artigo Disneylândia de Jesus foi publicado pela Folha de S. Paulo em 31/10/2011, e reproduzido por IHU On-Line na mesma data.

Luiz Felipe Pondé, pernambucano, é escritor, filósofo e ensaísta. Doutor em filosofia pela USP, é professor da PUC, da FAAP e da Universidade Federal de SP.

Crise da Igreja Católica no Brasil?

Ou crise do mundo todo, inclusive das Igrejas? “A ordem neoliberal tornou-se uma usina de desordem global“, alerta Carta Maior.

Leia o texto, que foi publicado por Notícias: IHU On-Line em 17/10/2011.

Mais abaixo, parte do original italiano do site Vatican Insider, que traz o texto também em inglês e espanhol. O texto é assinado por Giacomo Galeazzi.

Alerta no Vaticano pela crise da Igreja no Brasil

Trinta anos atrás, mais de 90% dos brasileiros se definiam como católicos. Agora, o número caiu para 68%, o valor mais baixo desde 1872. O alerta foi acionado porque, no maior país católico do mundo (140 milhões de fiéis), cada vez mais pessoas rompem seus laços com Roma. Além da América do Sul como terra de esperança para o catolicismo mundial, os dados dizem outra coisa. De acordo com os dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas, na última década, por causa da secularização e do boom das seitas evangélicas, diminuem continuamente os católicos brasileiros, enquanto aumentam enormemente as dezenas de denominações evangélicas. Uma pesquisa realizada pelo principal instituto de pesquisa do Brasil com base em 200 mil entrevistas fotografa um progressivo afastamento da Igreja especialmente das novas gerações. E, significativamente, a Santa Sé escolheu justamente o Rio de Janeiro como a próxima sede para a Jornada Mundial da Juventude, para impulsionar a pastoral da juventude na América do Sul. Durante a última década, milhões de brasileiros deixaram a comunidade católica mais numerosa do planeta para entrar nas congregações pentecostais. O ano de 2010 foi o pior ano da Igreja Católica no Brasil. O número de jovens com menos de 20 anos que declaram não seguir nenhuma religião subiu três vezes mais rapidamente do que o de pessoas com mais de 50 anos. Cerca de 9% dos jovens brasileiros não têm nenhuma filiação religiosa. Uma tendência semelhante à dos abandonos da Igreja. A adesão ao catolicismo na população brasileira caiu para o seu nível mais baixo desde 1872: 68% em comparação aos 72,5% de 2003. A hemorragia de fiéis afeta principalmente a classe média. Ao mesmo tempo, os grupos pentecostais subiram para 12,8% da população. A secularização morde a participação religiosa, e a concorrência das seitas evangélicas está cada vez mais aguerrida. Roma tem que acertar as contas com uma difícil convivência entre a Igreja Católica e as chamadas seitas de matriz cristã (a maioria pentecostais) que reúnem cada vez mais prosélitos, especialmente entre as camadas mais baixas da população. Em maio de 2007, o primeiro encontro de Bento XVI com os jovens evidenciou as dificuldades pelas quais a Igreja Católica do Brasil atravessa: os organizadores esperavam 70 mil jovens (40 mil no estádio e 30 mil do lado de fora). Na realidade, os números foram certamente inferiores: no estádio, permaneceram diversos espaços e lugares vazios, enquanto do lado de fora os jovens eram poucos. Ao todo, portanto, os participantes foram 35 mil segundo os dados fornecidos pelos próprios organizadores: não muitos, se lembrarmos que São Paulo tem 11 milhões de habitantes. As Igrejas pentecostais estão atraindo um número cada vez mais crescente de fiéis arrancados da Igreja Católica (nos últimos 30 anos, o percentual dos católicos brasileiros do total da população diminuiu de 91,7% para 73,8% e agora para 65%, enquanto as Igrejas protestantes evangélicas aumentaram de 5,2% para 17,9%). Os cristãos de base atribuem a João Paulo II e ao seu guardião da ortodoxia, Joseph Ratzinger, o fato de terem “normalizado”, nos anos 1980 e 1990, o clero e o episcopado sul-americano e de os terem preenchido com o Opus Dei e os Legionários de Cristo, colocando à margem aqueles teólogos da libertação que haviam deslocado muito para a esquerda o centro de gravidade da Igreja, dialogando com aquele comunismo que, ao contrário, o Vaticano estava combatendo no Leste Europeu. E a atual e dramática hemorragia de fiéis em favor das seitas evangélicas também seria o fruto da marginalização dos padres mais estreitamente em contato com as camadas populares e com as massas das favelas. Ao mesmo tempo, a preocupação da Santa Sé se concentrou sobre a crise da disciplina eclesiástica, o crescimento das Igrejas evangélicas e da influência da teologia da libertação entre os jovens religiosos. Os documentos do WikiLeaks revelam que o Vaticano estava preocupado com a conduta dos sacerdotes brasileiros com relação ao celibato. E assim se reabre uma questão de extrema delicadeza para a Santa Sé, em particular por causa do espinhoso tema do clero brasileiro (e sul-americano) próximo da teologia da libertação e das tensões com Roma, das quais uma prova gritante é o “caso Recife”, ou seja, a controvérsia sobre o aborto da menina-mãe. Segundo os documentos revelados pelo Wikileaks…

Leia o texto completo.

O texto em italiano, no site Vatican Insider – que pertence ao jornal La Stampa, Itália -, foi publicado no dia 16/10/2011.

Allarme in Vaticano per la crisi della chiesa in Brasile

Trent’anni fa oltre il 90% dei brasiliani si definiva cattolico, adesso la soglia è scesa al 68%, il dato più basso dal 1872. L’allarme è scattato in perchè nel più grande paese cattolico del mondo (140 milioni di fedeli) sempre più persone recidono i legami con Roma. Altro che Sud-America terra di speranza per il cattolicesimo mondiale. I dati dicono altro. Secondo quelli resi noti dalla fondazione «Getulio Vargas», nell’ultimo decennio, a causa della secolarizzazione e del boom delle sette evangeliche, diminuiscono continuamente i cattolici brasiliani mentre aumentano a dismisura le decine di denominazioni evangeliche. Una ricerca condotta dal principale istituto di ricerca del Brasile sulla base di 200mila interviste fotografa un progressivo allontanamento dalla Chiesa soprattutto delle nuove generazioni. E significativamente la Santa Sede ha scelto proprio Rio de Janeiro come prossima sede della Gm, per rilanciare la pastorale giovanile in Sud America. Negli ultimi dieci anni, milioni di brasiliani hanno lasciato la comunità cattolica più numerosa del pianeta per entrare nelle congregazioni pentecostali. Il 2010 è stato l’anno nero della Chiesa cattolica in Brasile. Il numero di «under 20» che dichiarano di non seguire alcuna religione è salito tre volte più velocemente di quello delle persone con più di 50 anni. Il 9% dei giovani brasiliani è privo di appartenenza religiosa. Una tendenza simile a quella degli abbandoni della Chiesa. L’adesione al cattolicesimo nella popolazione brasiliana è scesa al più basso livello dal 1872: 68% rispetto al 72,5% del 2003. L’emorragia di credenti colpisce soprattutto la classe media. Contemporaneamente i gruppi pentecostali sono saliti al 12,8% della popolazione. La secolarizzazione morde la partecipazione religiosa e la concorrenza delle sette evangeliche è sempre più agguerrita. Roma si trova a dover fare i conti con una difficile convivenza tra la chiesa cattolica e le cosiddette sette di matrice cristiana (in maggioranza pentecostali) che raccolgono sempre più proseliti, soprattutto tra gli strati più bassi della popolazione. Nel maggio 2007 il primo incontro di Benedetto XVI con i giovani ha reso evidente le difficoltà che attraversa la chiesa cattolica del Brasile: gli organizzatori attendevano 70 mila giovani (40 mila nello stadio e 30 mila all’esterno). In realtà i numeri sono stati certamente inferiori: nello stadio sono rimasti diversi spazi e posti vuoti mentre fuori i giovani erano pochi. In tutto quindi i partecipanti sono stati 35 mila secondo i dati forniti dagli stessi organizzatori: non molti se si tiene presente che San Paolo conta 11 milioni di abitanti. Le Chiese pentecostali stanno attirando un numero sempre crescente di fedeli strappati alla Chiesa cattolica (negli ultimi trent’anni la percentuale dei cattolici brasiliani sul totale della popolazione è scesa dal 91,7% al 73,8% e ora al 65%, mentre le Chiese protestanti evangeliche solo salite dal 5,2 % al 17,9%). I cristiani di base attribuiscono a Giovanni Paolo II e al suo custode dell’ortodossia Joseph Ratzinger di aver «normalizzato» negli anni Ottanta e Novanta il clero e l’episcopato sudamericano e di averlo riempito di esponenti dell’Opus Dei e dei Legionari di Cristo, mettendo ai margini quei teologi della liberazioni che avevano spostato troppo a sinistra il baricentro della chiesa, dialogando con quel comunismo che invece il Vaticano stava combattendo nell’Europa dell’Est. E l’attuale, drammatica emorragia di fedeli a favore delle sette evangeliche sarebbe il frutto anche della marginalizzazione dei preti a più stretto contatto con i ceti popolari e con le masse delle favelas. Al tempo stesso la preoccupazione della Santa Sede è concentrata sulla crisi della disciplina ecclesiastica, la crescita delle Chiese evangeliche e l’influenza della teologia della liberazione tra i giovani religiosi. I documenti di Wikileaks svelano che il Vaticano era preoccupato per la condotta dei sacerdoti brasiliani sul celibato. E così si riapre una questione di estrema delicatezza per la Santa Sede, soprattutto in ragione dello spinoso tema del clero brasiliano (e sudamericano) vicini alla teologia della liberazione e delle tensioni con Roma di cui è una prova clamorosa il «caso Racife», cioè la controversia sull’aborto della madre-bambina. Secondo i documenti rivelati da Wikileaks…

Leia Mais:
Ecumenismo hoje: uma reflexão teoecológica
A espiritualidade da prosperidade e o neoliberalismo
A Teologia do Pluralismo Religioso e seus desafios
O pluralismo religioso é a democratização do campo religioso
Pluralismo Religioso: irrevogável e irredutível
Alguns livros e artigos sobre o Vaticano II

Crer sem pertencer a uma Igreja?

Believing without belonging – Crer sem pertencer

Os casos de “religiosos genéricos”, que não se prendem a uma denominação, estão aumentando no Brasil. Um bom indício do fenômeno surge nos dados sobre religião da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% – um salto de mais de 4 milhões de pessoas.

De acordo com o professor Ricardo Mariano, da PUC-RS, parte dos evangélicos adota o “Believing without belonging” (crer sem pertencer), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental…

Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a pesquisa levanta é se este “evangélico genérico” tem semelhanças com o católico não praticante. Para ela, “ambos usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir”…

Diana Lima, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos, levanta outra hipótese: “Minha suspeita é que as distinções denominacionais talvez não façam para a população o mesmo sentido que fazem para religiosos e cientistas sociais. Tendo um Jesus Cristo ali para iluminar o ambiente, está tudo certo”…

Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, o que está ocorrendo é um processo de democratização religiosa, “com todos os problemas da democracia”…

Publicado na Folha de S. Paulo hoje, 15 de agosto de 2011, e reproduzido no IHU On-Line, o artigo

Cresce o número de evangélicos sem ligação com igrejas

merece ser lido.

Parte do artigo está disponível na Folha online. O título é: Sobe total de evangélicos sem vínculos com igrejas.

Leia também: Queda em números de católicos atinge todas as classes – Folha.com: 24/08/2011 – 08h06

Acrescento que Clodovis Boff, em Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, II parte, cap. III, explica que:

:: A Salvação é a apreensão do real de Deus na e pela prática do Ágape. Isto porque a resposta do homem à Salvação se apresenta sob duas formas: uma religiosa, por exemplo, uma fé determinada, e outra ética, por exemplo, as práticas humanas executadas. A Ordem da Ética é dominante sobre a Ordem da Religião, pois a Salvação se decide, em última instância, pela prática do Ágape. Uma fé determinada (cristã, muçulmana etc) sem Ágape é morta, mas o Ágape sem uma fé específica ainda tem sentido. A Salvação pode existir independente da Consciência, mas não da prática do Ágape, pois este é a própria Salvação em seu corpo histórico

:: A é a apreensão consciente de Deus na e pela Religião. A Fé é o fenômeno da Salvação no nível de sua Consciência individual

:: A Religião é o estatuto humano e social da Fé, é o seu lugar de identificação social, é a Fé-se-dizendo. A religião é o fenômeno da Fé no nível de sua Consciência social.

Joseph Moingt: o presente e o futuro do catolicismo

Joseph Moingt : un sage dans l’Église

Le P. Joseph Moingt a beau avoir 95 ans, il ne s’arrête pas de penser à son Église, l’Église catholique romaine. Découvrez les bonnes feuilles de son dernier livre Croire quand même, libre entretien sur le présent et le futur du catholicisme. L’homme qui venait de Dieu et Dieu qui vient à l’homme, publiés dans la prestigieuse collection « Cogitatio fidei » des éditions du Cerf, ont fait de Joseph Moingt un des grands théologiens catholiques du XXe siècle et une référence pour les catholiques d’ouverture. Dans un livre d’entretien mené par Karim Mahmoud-Vintam, Croire quand même (Temps présent), le penseur jésuite, aujourd’hui âgé de 95 ans, prend le temps de développer sa vision apaisée d’un catholicisme actuel. Spécialiste de christologie, qu’il enseigna longtemps dans les facultés jésuites, il a acquis la conviction que si l’on ne tourne par son regard sur l’homme, tout rapport au Christ est vain. “Le chrétien doit garder sa foi, non pour sauver la religion ou l’institution qui lui est liée mais pour sauver une certaine idée de l’homme dont l’idée de Dieu est le garant.” Dans un texte très lisible, Joseph Moingt s’applique à dédramatiser ce qui tourmente aujourd’hui nombre de fidèles: divisions internes, maladresses de l’institution. Il appelle à dissocier la foi des concepts de croyance et de religion. À ceux qui “trouvent les traditions dogmatiques de l’Église incompréhensibles”, cet éternel chercheur conseille “de ne pas s’en encombrer et de se contenter de lire et d’étudier les Évangiles, qui présentent aussi des difficultés, mais d’une autre nature”. Au soir d’une vie bien remplie, un sage nous offre de découvrir un catholicisme serein et déculpabilisant…

Extraits…

Par Philippe Clanché – Témoignage Chrétien: 2 décembre 2010

 

Joseph Moingt: um sábio na Igreja

Mesmo tendo 95 anos, o padre Joseph Moingt não para de pensar na sua Igreja, a Igreja Católica Romana. Descubra as belas páginas do seu último livro Croire quand même : Libres entretiens sur le présent et le futur du catholicisme (Crer apesar de tudo: conversa livre sobre o presente e o futuro do catolicismo). L’homme qui venait de Dieu (O homem que vinha de Deus) e Dieu qui vient à l’homme (Deus que vem ao homem), publicados na prestigiada coleção “Cogitatio fidei” das Éditions du Cerf [foram publicados no Brasil pela Loyola], fizeram de Joseph Moingt um dos grandes teólogos católicos do século XX e uma referência para os católicos abertos. Em um livro-entrevista de Karim Mahmoud-Vintam, Croire quand même (Ed. Temps Présent), o pensador jesuíta, hoje com 95 anos, desenvolve com calma a sua visão reconfortante de um catolicismo atual. Especialista em cristologia, tendo lecionado por muito tempo nas faculdades jesuítas, ele adquiriu a convicção de que se não voltarmos o olhar ao homem, toda relação com Cristo é vã. “O cristão deve conservar a sua fé, não para salvar a religião ou a instituição que lhe é relacionada, mas para salvar uma certa ideia do homem da qual a ideia de Deus é garantia”. Em um texto muito acessível, Joseph Moingt busca desdramatizar aquilo que atormenta hoje muitos fiéis: divisões internas, equívocos da instituição. Ele convida a dissociar a fé dos conceitos de crença e de religião. Àqueles que consideram “as tradições dogmáticas da Igreja incompreensíveis”, esse incansável pesquisador aconselha a “não carregar esse peso e a se contentar em ler e em estudar os Evangelhos, que também apresentam dificuldades, mas de outra natureza”. Ao entardecer de uma vida plena, esse ensaio nos oferece a possibilidade de descobrir um catolicismo sereno e desculpabilizante.

Eis alguns trechos do livro…

Fonte: Notícias: IHU On-Line: 17/07/2011

Joseph Moingt, jésuite, est né en 1915 à Salbris (Loir-et-Cher). Après les études habituelles de philosophie et de théologie à la Compagnie de Jésus, il a suivi l’École Pratique des Hautes Études et a soutenu une thèse de théologie à l’Institut Catholique de Paris. Il a enseigné la théologie successivement à la Faculté jésuite de Lyon-Fourvière, à l’Institut Catholique de Paris et aux Facultés de Philosophie et de Théologie de la Compagnie de Jésus à Paris (Centre Sèvres). Il a dirigé la revue Recherches de Science religieuse de 1968 à 1997. Livres de l’Auteur

Joseph Moingt: nascido em 1915, foi sucessivamente professor de teologia na Faculdade Jesuíta de Lyon-Fourvière, no Institut Catholique de Paris e nas Faculdades de Filosofia e Teologia da Companhia de Jesus em Paris (Centre Sèvres). Dirigiu a revista Recherches de Science Religieuse de 1968 a 1997.

MOINGT, J. Croire quand même: Libres entretiens sur le présent et le futur du catholicisme. Paris: Temps Présent, 2010, 243 p. – ISBN 9782916842103.

Présentation de l’éditeur
Fuite des fidèles, dissensions internes, tarissement du clergé, conflits d’autorité, méfiance envers la science théologique et biblique, remises en ordre et mesures de restauration, rapports distendus entre Rome, les Eglises locales et les communautés de fidèles, etc. Telles sont, en vrac et en gros, les questions vitales qui me furent posées et qui seront agitées dans ce livre. Questions périlleuses, parce qu’elles mettent en cause des structures organiques, questions surtout troublantes pour la foi de notre temps. j’ai accepté néanmoins d’en traiter parce qu’elles me sont familières et me hantent. Beaucoup de fidèles hésitent à rester dans l’Eglise ou à la quitter, comme tant d’autres l’ont déjà fait, ce qui revient souvent, pour eux, à se demander s’ils vont lutter pour garder une fiai vivante ou la laisser s’en aller par fidélité à leurs propres exigences de vérité. Le titre donné à ces entretiens, Croire quand même, exprime le message, de compréhension et d’encouragement, que ce livre voudrait porter à ses lecteurs.

Protestantismo e catolicismo no Brasil: Paul Freston

Em entrevista à IHU On-Line, publicada em 16/04/2011, o cientista social Paul Charles Freston fala sobre

Protestantismo e catolicismo na América Latina: desafios da democracia e do pluralismo religioso

“Pesquisas recentes indicam o crescimento do pentecostalismo no Brasil. Há, portanto, e isso é inegável, uma mudança no status religioso nacional. Segundo o sociólogo Paul Freston, o motivo deste declínio da Igreja Católica se dá porque o pluralismo e a democracia se apresentam como os grandes desafios para a religião. ‘É difícil manter a hegemonia na sociedade civil porque ela é cada vez mais independente, autônoma e plural. Assim, as ditaduras, mesmo aquelas que perseguiram a Igreja, eram situações mais favoráveis para a manutenção da posição social da Igreja’, explicou durante a entrevista que concedeu à IHU On-Line, por telefone. Paul Charles Freston nasceu na Inglaterra e é brasileiro naturalizado. Graduou-se em História e Antropologia Social pela University of Cambridge (Inglaterra) e fez mestrado em Latin American Studies pela University of Liverpool. Também é mestre em Christian Studies pela Regent College. Já no Brasil, fez doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Recebeu o título de pós-doutor pela University of Oxford. Atualmente, é pesquisador sênior da Baylor University (EUA) e professor na Universidade Federal de São Carlos (SP)”.

Um trecho:

[No contexto atual] o que ocorre é uma mudança no status público da Igreja Católica, mas também de uma transição protestante que é o fato de que muito dificilmente o protestantismo vai chegar a ser maioria em algum país latino-americano. Certamente, no Brasil a perspectiva não é essa. Prevejo que nas próximas décadas o crescimento protestante vai estabilizar, vai chegar num patamar e se estabilizar. Ficaremos entre 20 e 35%. Quando estabilizar aí tudo muda. Essa é a questão. Teremos um quadro religioso totalmente transformado nesse país; teremos um protestantismo que já não cresce como hoje. Não vai haver o mesmo triunfalismo e o mesmo jeito aguerrido. Vão ser produzidos outros tipos de líderes, outras relações entre as diferentes religiões e com a política. Vai ser muito diferente do que é hoje. Ao mesmo tempo, a Igreja Católica vai estabilizar. Porém, de uma forma diferente do que sempre foi. Pode até ser minoria; é possível que o censo do ano passado já dê uma minoria católica no estado do Rio de Janeiro, não no país todo. E quando estabilizar os “fiéis” da Igreja serão descritos como mais praticantes, identificados, compromissados. As relações entre católicos e protestantes serão bem diferentes e, além disso, teremos um setor razoavelmente grande de pessoas adeptas a outras religiões ou “sem religião”. Essa situação pluralista vai ser mais difusa e não vai haver uma protestantização.

Leia a entrevista.

Resenhas na RBL: 30.12.2010

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Alejandro F. Botta and Pablo R. Andiñach, eds.
The Bible and the Hermeneutics of Liberation
Reviewed by Jeremy Punt

François Bovon
New Testament and Christian Apocrypha: Collected Studies II
Reviewed by Christopher R. Matthews

Athalya Brenner, Archie Chi Chung Lee, and Gale A. Yee, eds.
Genesis
Reviewed by John Anderson

Gregg Gardner and Kevin L. Osterloh, eds.
Antiquity in Antiquity: Jewish and Christian Pasts in the Greco-Roman World
Reviewed by Matthew W. Mitchell

E. Grypeou and H. Spurling, eds.
The Exegetical Encounter between Jews and Christians in Late Antiquity
Reviewed by Judith M. Lieu

Olav Hammer, ed.
Alternative Christs
httReviewed by Brent Landau

Thomas Holsinger-Friesen
Irenaeus and Genesis: A Study of Competition in Early Christian Hermeneutics
Reviewed by Ludger Schwienhorst-Schönberger

Aren M. Maeir and Pierre de Miroschedji, eds.
“I Will Speak the Riddles of Ancient Times”: Archaeological and Historical Studies in Honor of Amihai Mazar on the Occasion of His Sixtieth Birthday
Reviewed by Gilbert Lozano

Hilary Marlow
Biblical Prophets and Contemporary Environmental Ethics
Reviewed by Norman Habel

Steven L. McKenzie
Introduction to the Historical Books: Strategies for Reading
Reviewed by Patrick Russell

Juha Pakkala and Martti Nissinen, eds.
Houses Full of All Good Things: Essays in Memory of Timo Veijola
Reviewed by Carly Crouch

Lorenzo Scornaienchi
Sarx und Soma bei Paulus: Der Mensch zwischen Destruktivität und Konstruktivität
Reviewed by Christof Landmesser

Mark S. Smith
God in Translation: Deities in Cross-Cultural Discourse in the Biblical World
Reviewed by Christopher B. Hays

Peter S. Williamson
Ephesians
Reviewed by Markus Lang

Joel Willitts
Matthew’s Messianic Shepherd-King: In Search of ‘The Lost Sheep of the House of Israel’
Reviewed by Don Garlington

>> Visite: Review of Biblical Literature Blog

A espiritualidade da prosperidade e o neoliberalismo

Os ideais socialistas casavam muito bem com a teologia da libertação, assim como com a luta das comunidades eclesiais de base nas suas reivindicações fundamentais. Sem transformar-se em ideologia socialista, a espiritualidade da libertação alimentava e alimenta até hoje as pessoas que se envolvem com as práticas transformadoras da realidade na linha da emancipação e promoção dos pobres. E agora, que espiritualidade está a responder ao triunfo do neoliberalismo? Onde ele busca apoio espiritual para preencher o vazio que o puro consumismo e o materialismo deixam atrás de si? Muitas igrejas pentecostais e neopentecostais têm elaborado a espiritualidade da prosperidade e com isso mantido as pessoas nas redes do neoliberalismo, respaldadas por uma visão religiosa da realidade. Em que consiste tal espiritualidade? pergunta o teólogo João Batista Libanio em Adital de 04/06/2010, no artigo Espiritualidade de Prosperidade.

Evangélicos protestam contra a Teologia da Prosperidade

Evangélicos fazem protesto contra “igrejas capitalistas”
Com bandeiras e camisetas que diziam “Marcha pela ética evangélica brasileira. O $HOW tem que parar”, cerca de 20 pessoas realizaram um protesto contra lideranças evangélicas durante a Marcha para Jesus. O alvo dos manifestantes era a teologia da prosperidade, professada por algumas das principais lideranças evangélicas do país, dentre elas a Renascer em Cristo. “O que estamos vendo é a proclamação de um evangelho monetário. E a Bíblia não é um veículo de lucro”, disse Paulo Siqueira, idealizador do protesto. Teólogo e membro da Igreja do Evangelho Quadrangular, ele afirma que a maior parte das igrejas evangélicas no Brasil virou capitalista. “Não há lugares para os pobres dentro da igreja. A igreja se tornou um veículo de elitização. Falam de prosperidade, de troca monetária. Se você é pobre, oferte, dizime, e, enquanto isso, muitos pobres padecem no país”, diz ele.

Fonte: Fernando Gallo, de São Paulo – Folha.com: 04/06/2010 – 09h47

Leia Mais:
A conservadora teologia da prosperidade

Pentecostalismo no Brasil: tema de capa da IHU

Pentecostalismo no Brasil. Cem anos: este é o tema de capa da edição 329 da revista IHU On-Line, publicada hoje, 17 de maio de 2010.

Diz o editorial:
“Surgido no ano de 1901, nos Estados Unidos, o pentecostalismo começou a se manifestar no Brasil, a partir de 1910, com a Igreja Congregação Cristã no Brasil. A IHU On-Line desta semana analisa esta história centenária e debate a trajetória, as marcas e os rumos das igrejas pentecostais e neopentecostais. Contribuem, neste debate, o historiador e doutor em História da Igreja, Alderi Souza de Matos, a professora da UERJ, Cecília Mariz, o sociólogo e presbítero da Assembleia de Deus Betesda, Gedeon Freire de Alencar, o jesuíta e professor da Unisinos, Inácio Spohr, o jornalista Marcos Sá Correa, a professora da Escola de Serviço Social da UFRJ, Maria das Dores Campos Machado, o professor da Umesp, Leonildo Silveira Campos, e o sociólogo Ricardo Mariano”.

As 8 entrevistas:
:: Ricardo Mariano: O pentecostalismo no Brasil, cem anos depois. Uma religião dos pobres
:: Alderi Souza de Matos: Pentecostalismo: traços históricos
:: Cecília Mariz: Mais-valia: O pentecostalismo e a emancipação das mulheres
:: Gedeon Freire de Alencar: “A Teologia da Prosperidade e o neoliberalismo são irmãos siameses’’
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Hans Küng e a crítica à Igreja

”Não se pode condenar os padres e a Igreja como um todo”, afirma Hans Küng

O teólogo crítico do Vaticano Hans Küng alertou contra condenações da Igreja e de seus padres “como um todo” na atual tempestade das acusações de abusos sexuais. “Seria uma péssima generalização colocar todo o clero e toda a Igreja Católica sob suspeita”, disse o padre católico em entrevista à revista The European, de Berlim, publicada no dia 27 de abril. A reportagem é do sítio da revista Insights, da Uniting Church in Australia, 04/05/2010…

Fonte: Notícias – IHU On-Line: 07.05.2010

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