Por que o Natal é celebrado em 25 de dezembro?

Há controvérsias. Alguns dados são conhecidos, outros nem tanto.

A leitura de alguns textos pode ajudar. Aqui transcrevo alguns trechos, mas recomendo uma leitura completa dos textos.

 

:: Natal: por que 25 de dezembro? – Guilherme Lieven – IECLB
Nos relatos bíblicos não encontramos nenhuma referência sobre a data do nascimento de Jesus. Naquela época os calendários eram muito confusos. Os antigos calendários romanos tinham, às vezes, semanas de quinze dias e meses de dez dias, de acordo com a vontade do Imperador reinante. O povo em geral não conhecia as datas de nascimento, casamento ou falecimento. Não existem registros históricos a respeito de “Festas de Aniversário” na Antigüidade.

Sobre o nascimento de Jesus sabemos muito pouco. Ele nasceu antes da morte de Herodes Magno (Mt 2.1; Lc 1.5), que faleceu na primavera de 750 da era romana, quer dizer: no ano 4 antes de Cristo. Conforme estudos o ano mais provável do nascimento de Jesus é 7 ou 6 antes da era cristã.

As primeiras comunidades cristãs não comemoravam o nascimento de Jesus. Somente a partir do ano 350 o Natal começou a ser comemorado no dia 25 de dezembro. Em torno da escolha desta data há uma longa história.

Os Celtas, por exemplo, tratavam o Solstício do Inverno, em 25 de dezembro, como um momento extremamente importante em suas vidas. O inverno ia chegar, longas noites de frio, por vezes com poucos gêneros alimentícios e rações para si e para os animais, e não sabiam se ficariam vivos até a próxima estação. Faziam, então, um grande banquete de despedida no dia 25 de dezembro. Seguiam-se 12 dias de festas, terminando no dia 6 de Janeiro.

Em Roma, o Solstício do Inverno também era celebrado muitos séculos antes do nascimento de Jesus. Os Romanos o chamavam de Saturnálias (Férias de Inverno), em homenagem a Saturno, o Deus da Agricultura, que permitia o descanso da terra durante o inverno.

Em 274 o Imperador Aureliano proclamou o dia 25 de dezembro, como “Dies Natalis Invicti Solis” (O Dia do Nascimento do Sol Inconquistável). O Sol passou a ser venerado. Buscava-se o seu calor que ficava no espaço muito acima do frio do inverno na Terra. O início do inverno passou a ser festejado como o dia do Deus Sol.

A comemoração do Natal de Jesus surgiu de um decreto. O Papa Júlio I decretou em 350 que o nascimento de Cristo deveria ser comemorado no dia 25 de Dezembro, substituindo a veneração ao Deus Sol pela adoração ao Salvador Jesus Cristo. O nascimento de Cristo passou a ser comemorado no Solstício do Inverno em substituição às festividades do Dia do Nascimento do Sol Inconquistável.

Outras curiosidades estão relacionadas com este dia 25 de dezembro. O calendário que adotamos hoje é uma forma recente de contar o tempo. Foi o Papa Gregório XIII que decretou o seu uso através da Bula Papal “Inter Gravissimus” assinada em 24 de fevereiro de 1582. A proposta foi formulada por Aloysius Lilius, um físico napolitano, e aprovada no Concílio de Trento (1545/1563). Nesta ocasião foi corrigido um erro na contagem do tempo, desaparecendo 11 dias do calendário. A decisão fez com que ao dia 4 de outubro de 1582 sucedesse imediatamente o dia 15 de outubro do mesmo ano. Os últimos a adotarem este calendário que usamos foram os russos em 1918.

O fato interessante desta correção é que o Solstício do Inverno foi deslocado para outra data. Dependendo do ano o início do inverno se dá entre o dia 21 e o dia 23 de dezembro. A razão fundamental para a comemoração do Nascimento de Jesus no dia 25 de Dezembro se perdeu com essa mudança no calendário. Mesmo assim o Natal continuou a ser comemorado no dia 25 de dezembro.

:: Natal – Wikipédia
Os primeiros indícios da comemoração de uma festa cristã litúrgica do nascimento de Jesus em 25 de dezembro é a partir do Cronógrafo de 354. Essa comemoração começou em Roma, enquanto no cristianismo oriental o nascimento de Jesus já era celebrado em conexão com a Epifania, em 6 de janeiro. A comemoração em 25 de dezembro foi importada para o oriente mais tarde: em Antioquia por João Crisóstomo, no final do século IV, provavelmente, em 388, e em Alexandria somente no século seguinte. Mesmo no ocidente, a celebração da natividade de Jesus em 6 de janeiro parece ter continuado até depois de 380.

Muitos costumes populares associados ao Natal desenvolveram-se de forma independente da comemoração do nascimento de Jesus, com certos elementos de origens em festivais pré-cristãos que eram celebradas em torno do solstício de inverno pelas populações pagãs que foram mais tarde convertidas ao cristianismo.

:: How December 25 Became Christmas – Andrew McGowan – BAR Magazine
How did the Christmas festival originate? How did December 25 come to be associated with Jesus’ birthday?

(…) Celebrations of Jesus’ Nativity are not mentioned in the Gospels or Acts; the date is not given, not even the time of year. The biblical reference to shepherds tending their flocks at night when they hear the news of Jesus’ birth (Luke 2:8) might suggest the spring lambing season; in the cold month of December, on the other hand, sheep might well have been corralled. Yet most scholars would urge caution about extracting such a precise but incidental detail from a narrative whose focus is theological rather than calendrical. The extrabiblical evidence from the first and second century is equally spare: There is no mention of birth celebrations in the writings of early Christian writers such as Irenaeus (c. 130–200) or Tertullian (c. 160–225). Origen of Alexandria (c. 165–264) goes so far as to mock Roman celebrations of birth anniversaries, dismissing them as “pagan” practices—a strong indication that Jesus’ birth was not marked with similar festivities at that place and time. As far as we can tell, Christmas was not celebrated at all at this point.

(…) Finally, in about 200 C.E., a Christian teacher in Egypt makes reference to the date Jesus was born. According to Clement of Alexandria, several different days had been proposed by various Christian groups. Surprising as it may seem, Clement doesn’t mention December 25 at all. Clement writes: “There are those who have determined not only the year of our Lord’s birth, but also the day; and they say that it took place in the 28th year of Augustus, and in the 25th day of [the Egyptian month] Pachon [May 20 in our calendar]…And treating of His Passion, with very great accuracy, some say that it took place in the 16th year of Tiberius, on the 25th of Phamenoth [March 21]; and others on the 25th of Pharmuthi [April 21] and others say that on the 19th of Pharmuthi [April 15] the Savior suffered. Further, others say that He was born on the 24th or 25th of Pharmuthi [April 20 or 21].” Clearly there was great uncertainty, but also a considerable amount of interest, in dating Jesus’ birth in the late second century. By the fourth century, however, we find references to two dates that were widely recognized—and now also celebrated—as Jesus’ birthday: December 25 in the western Roman Empire and January 6 in the East (especially in Egypt and Asia Minor). The modern Armenian church continues to celebrate Christmas on January 6; for most Christians, however, December 25 would prevail, while January 6 eventually came to be known as the Feast of the Epiphany, commemorating the arrival of the magi in Bethlehem. The period between became the holiday season later known as the 12 days of Christmas.

The earliest mention of December 25 as Jesus’ birthday comes from a mid-fourth-century Roman almanac that lists the death dates of various Christian bishops and martyrs. The first date listed, December 25, is marked: natus Christus in Betleem Judeae: “Christ was born in Bethlehem of Judea.” In about 400 C.E., Augustine of Hippo mentions a local dissident Christian group, the Donatists, who apparently kept Christmas festivals on December 25, but refused to celebrate the Epiphany on January 6, regarding it as an innovation. Since the Donatist group only emerged during the persecution under Diocletian in 312 C.E. and then remained stubbornly attached to the practices of that moment in time, they seem to represent an older North African Christian tradition.

In the East, January 6 was at first not associated with the magi alone, but with the Christmas story as a whole.

So, almost 300 years after Jesus was born, we finally find people observing his birth in midwinter. But how had they settled on the dates December 25 and January 6?

There are two theories today: one extremely popular, the other less often heard outside scholarly circles (though far more ancient)…

:: Natal – Observatório Bíblico: 22/12/2010
Dois antropólogos italianos falam sobre nossas festas de dezembro. Marino Niola, da Università degli Studi Suor Orsola Benincasa, Napoli, em artigo publicado no jornal La Repubblica em 20/12/2010. E Augusto S. Cacopardo, da Università di Firenze, que publicou recentemente um livro sobre as festas de inverno no Hindu Kush, entre o Afeganistão e a Caxemira. Para reencontrar as origens do Natal, é preciso ir aos altiplanos do Hindu Kush, entre o Afeganistão e a Caxemira, onde vivem os últimos pagãos. São os orgulhosos Kalasha (foto), ciumentos protetores das suas remotíssimas tradições indo-europeias. Esses homens que sabiam de antiguidade ainda em 330 antes de Cristo, quando Alexandre Magno os encontrou durante a sua marcha para Jalalabad, nos revelam as raízes da nossa história e da nossa religião. O seu grandioso rito solsticial de inverno, 12 dias que iniciam com a descida do deus entre os homens e se concluem com o início do novo ano, é, de fato, a arqueologia viva da natividade. A afirmação é do antropólogo Augusto Cacopardo, em um livro recém publicado pela editora Sellerio. O título, mais do que eloquente, é Natale pagano (Ed. Sellerio, 476 páginas). O tema é a milenar gestação de uma festa que não teria sido inventada pelo cristianismo, mas que começou muito antes.

:: Natal: uma mitologia? – Notícias: IHU On-Line – 23/12/2008
A revista Riforma, n° 49, 19-12-2008, publicação semanal dos evangélicos batistas, metodistas e valdenses italianos, publicou em sua última edição uma carta de um de seus leitores questionando a credibilidade do Natal, que mais parece, segundo sua opinião, uma lenda, um “mito de fundação”. Questionado pelo leitor, Paolo Ricca, colaborador da revista, mais adiante, responde à carta. (…) Como nasceu (tardiamente) o Natal? E por que foi fixado no dia 25 de dezembro? A essas perguntas, responde um livrinho do professor Oscar Cullmann, que apareceu no longínquo 1947, intitulado “Il Natale nella chiesa antica” [O Natal na igreja antiga] e publicado em versão italiana editada pelo pastor Franco Sommani já em 1948. Eis aqui os dados essenciais…

:: Natal: mito de fundação ou manifesto político? – Observatório Bíblico: 23/12/2008
Acaba de sair em português o livro de BORG, M. J.; CROSSAN, J. D. O primeiro Natal: O que podemos aprender com o nascimento de Jesus. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008, 304 p. – ISBN 9788520921470. Para os autores, “o tema comum por trás das narrativas [do nascimento e infância de Jesus] é a rejeição do projeto imperial de Roma, que dominava um quarto da população do planeta na época, em favor de um projeto alternativo para a humanidade, representado por Jesus e seu evangelho. ‘As histórias do primeiro Natal são, em geral, anti-imperiais. Em nosso contexto, isso significa afirmar, seguindo as histórias da natividade, que Jesus é o Filho de Deus (e o imperador não é), que Jesus é o Salvador do mundo (e o imperador não é), que Jesus é o Senhor (e o imperador não é), que Jesus é o caminho para a paz (e o imperador não é)’, escrevem os autores”, explica Reinaldo José Lopes na reportagem Histórias bíblicas de Natal têm viés político, diz pesquisa, publicada no G1 em 22/12/2008 – 09h32.

:: Nascimento de Jesus e visita dos Magos – Observatório Bíblico: 24/12/2006
Está na hora de se ler A Visita dos Magos: Mt 2,1-12, texto que escrevi na Ayrton’s Biblical Page. Entre os temas tratados, com indicação de ampla bibliografia, estão:
. O método de leitura a ser usado
. O sentido de Mt 1-2
. Herodes Magno
. A data do nascimento de Jesus
. Jesus nasceu em Belém ou em Nazaré?
. Quem são os Magos e que papel exercem em Mateus?
. As várias hipóteses sobre a estrela de Belém

:: As Viagens dos Reis Magos – Observatório Bíblico: 02/01/2008
Jadir de Morais PESSOA e Madeleine FÉLIX, As Viagens dos Reis Magos. Goiânia: Ed. da UCG, 2007, 256 p. ISBN: 8571033706. “É bonito e emocionante, sim, ver a diversificação das formas e vozes das folias num grande encontro de companhias, em uma praça ou em um ginásio de esportes. Mas a folia é, na sua essência, o giro, a viagem para Belém, em cada casa por onde ela passa (…) Nasceu daí a vontade de escrever sobre os Reis Magos, tomando-os como viajantes”, escreve Jadir.

:: A Historian’s Take on a Different Kind of “Silent Night”  – James Tabor – Tabor Blog

December 25th as the date of the birth of Jesus can be traced back to the early 3rd century CE although it did not achieve more universal recognition until the late 4th century. It is common to hear the charge that “Christmas is pagan,” based on the popularity of the Roman winter festivals of Saturnalia (Dec 16-24), and Sol Invictus, that marked the Winter Solstice (Dec 21st), or “birth of the sun.” Certainly the celebration of such winter festivals in various cultures where Christianity spread, perpetuated in our day at office parties and social gatherings, have contributed to the seasonal popularity of December 25th, with or without much focus on the birth of Jesus.

However, as far as we can tell the designation of December 25th as the date of the birth of Jesus had nothing to do with pagan customs and practices. Rather it was based upon the detailed chronological calculations of early Christians such as Julius Africanus (c. 200 CE). Africanus who put the conception of Jesus around the Vernal Equinox (March 20th), which gave him his date of December 25th, nine months later, for Jesus’ birth. It is possible that the view common in some Jewish circles that Adam was created in the Spring, at the time of the Equinox, contributed to the idea that Jesus, as a “second Adam,” was incarnated on this day as well.

The New Testament gives us precious little about the chronology of the birth of Jesus. No month or season is explicitly mentioned in either Matthew’s or Luke’s birth stories. Luke does mention three things that chronologists, both ancient and modern, have used to attempt to get a more precise date. He puts the conception of John the Baptist shortly after Zechariah, his father, carried out his priestly duty in Jerusalem as part of a cycle of priests known as the “Abijah” group (Luke 1:5, 8; see 1 Chronicles 24 where these “courses” of priests are listed). He then tells us that Jesus and John are about six months apart in age (Luke 1:26), and he notes that when Jesus is baptized he is “about 30 years old” (Luke 3:23). It is upon this tiny thread of Luke, which most historians would place wholly in the realm of the theological, that any attempts to place the time of the birth of Jesus have hung (see the extensive discussion of Raymond Brown, The Birth of the Messiah, Yale University Press, updated 1999).

According to Josephus each priestly section served for periods of eight days, from noon on one Sabbath to noon on the following Sabbath, twice a year, with everyone serving during the three festivals, Passover, Pentecost, and Tabernacles. The cycle began on Nisan 1st, which was in the Spring, just before Passover, and the “Abijah” group was eighth in line. Scholars have worked this out in various ways and the major proposals are surveyed in Jack Finegan’s A Handbook of Biblical Chronology (Hendrickson, 1998).

Reconstructing the chronology of Luke’s  “thirty-something” Jesus who dies in April, 30 CE, puts the baptism of Jesus by John in the Fall of 26 AD, around the time he turned 30, which would also place his birth date in the Fall (September), rather than the Winter (December). This assumes that the time of the birth of John the Baptist, six months earlier (March), is related to Zechariah’s service in the Temple as part of the Abijah section that finished its duty in June of the previous year. Thus one gets:

Conception of John the Baptist: late June, 6 BC

Conception of Jesus: late December, 6 BC

Birth of John the Baptist: late March, 5 BC

Birth of Jesus: late September, 5 BC

Given such a construction, ironically, Christmas would turns out to be the time of the young teenaged Mary becoming pregnant, with Jesus’ birth in late September, nine months later. The source of that pregnancy is a matter of debate among believers in a literal “virgin birth,” (Jesus had no human father), most academic scholars of early Christianity (his father was Joseph and the virgin birth story theological myth), and a minority view that Miriam became pregnant from an unnamed father in circumstances unknown to us. (see Jane Schaberg, The Illegitimacy of Jesus, Sheffield, 2006).  Subsequently, Joseph took her as his wife, but was not the father of the unborn child.  Part of the profile of Jesus then was that he and his mother faced the scandal and gossip throughout their lives associated with the charge that he was a mamzer–that is illegitimate (John 8:41).

So, if one is imagining this season, and imagining is all we have can do given our scanty sources, one might honor Miriam, the Jewish mother of Jesus, in whose heart were kept secrets to be judged only by her and by God. This would include hard times she must have endured during the ensuing months of her pregnancy through the winter of 6-5 BC when she fled her home-town area of Sepphoris to hide out in the hill country of Judea with her relative Elizabeth (all according to Luke again!) I am thinking here of a different kind of “Silent Night,” but with thoughts and emotions every bit as touching as those of a manger scene.

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