Crise da Igreja Católica no Brasil?

Ou crise do mundo todo, inclusive das Igrejas? “A ordem neoliberal tornou-se uma usina de desordem global“, alerta Carta Maior.

Leia o texto, que foi publicado por Notícias: IHU On-Line em 17/10/2011.

Mais abaixo, parte do original italiano do site Vatican Insider, que traz o texto também em inglês e espanhol. O texto é assinado por Giacomo Galeazzi.

Alerta no Vaticano pela crise da Igreja no Brasil

Trinta anos atrás, mais de 90% dos brasileiros se definiam como católicos. Agora, o número caiu para 68%, o valor mais baixo desde 1872. O alerta foi acionado porque, no maior país católico do mundo (140 milhões de fiéis), cada vez mais pessoas rompem seus laços com Roma. Além da América do Sul como terra de esperança para o catolicismo mundial, os dados dizem outra coisa. De acordo com os dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas, na última década, por causa da secularização e do boom das seitas evangélicas, diminuem continuamente os católicos brasileiros, enquanto aumentam enormemente as dezenas de denominações evangélicas. Uma pesquisa realizada pelo principal instituto de pesquisa do Brasil com base em 200 mil entrevistas fotografa um progressivo afastamento da Igreja especialmente das novas gerações. E, significativamente, a Santa Sé escolheu justamente o Rio de Janeiro como a próxima sede para a Jornada Mundial da Juventude, para impulsionar a pastoral da juventude na América do Sul. Durante a última década, milhões de brasileiros deixaram a comunidade católica mais numerosa do planeta para entrar nas congregações pentecostais. O ano de 2010 foi o pior ano da Igreja Católica no Brasil. O número de jovens com menos de 20 anos que declaram não seguir nenhuma religião subiu três vezes mais rapidamente do que o de pessoas com mais de 50 anos. Cerca de 9% dos jovens brasileiros não têm nenhuma filiação religiosa. Uma tendência semelhante à dos abandonos da Igreja. A adesão ao catolicismo na população brasileira caiu para o seu nível mais baixo desde 1872: 68% em comparação aos 72,5% de 2003. A hemorragia de fiéis afeta principalmente a classe média. Ao mesmo tempo, os grupos pentecostais subiram para 12,8% da população. A secularização morde a participação religiosa, e a concorrência das seitas evangélicas está cada vez mais aguerrida. Roma tem que acertar as contas com uma difícil convivência entre a Igreja Católica e as chamadas seitas de matriz cristã (a maioria pentecostais) que reúnem cada vez mais prosélitos, especialmente entre as camadas mais baixas da população. Em maio de 2007, o primeiro encontro de Bento XVI com os jovens evidenciou as dificuldades pelas quais a Igreja Católica do Brasil atravessa: os organizadores esperavam 70 mil jovens (40 mil no estádio e 30 mil do lado de fora). Na realidade, os números foram certamente inferiores: no estádio, permaneceram diversos espaços e lugares vazios, enquanto do lado de fora os jovens eram poucos. Ao todo, portanto, os participantes foram 35 mil segundo os dados fornecidos pelos próprios organizadores: não muitos, se lembrarmos que São Paulo tem 11 milhões de habitantes. As Igrejas pentecostais estão atraindo um número cada vez mais crescente de fiéis arrancados da Igreja Católica (nos últimos 30 anos, o percentual dos católicos brasileiros do total da população diminuiu de 91,7% para 73,8% e agora para 65%, enquanto as Igrejas protestantes evangélicas aumentaram de 5,2% para 17,9%). Os cristãos de base atribuem a João Paulo II e ao seu guardião da ortodoxia, Joseph Ratzinger, o fato de terem “normalizado”, nos anos 1980 e 1990, o clero e o episcopado sul-americano e de os terem preenchido com o Opus Dei e os Legionários de Cristo, colocando à margem aqueles teólogos da libertação que haviam deslocado muito para a esquerda o centro de gravidade da Igreja, dialogando com aquele comunismo que, ao contrário, o Vaticano estava combatendo no Leste Europeu. E a atual e dramática hemorragia de fiéis em favor das seitas evangélicas também seria o fruto da marginalização dos padres mais estreitamente em contato com as camadas populares e com as massas das favelas. Ao mesmo tempo, a preocupação da Santa Sé se concentrou sobre a crise da disciplina eclesiástica, o crescimento das Igrejas evangélicas e da influência da teologia da libertação entre os jovens religiosos. Os documentos do WikiLeaks revelam que o Vaticano estava preocupado com a conduta dos sacerdotes brasileiros com relação ao celibato. E assim se reabre uma questão de extrema delicadeza para a Santa Sé, em particular por causa do espinhoso tema do clero brasileiro (e sul-americano) próximo da teologia da libertação e das tensões com Roma, das quais uma prova gritante é o “caso Recife”, ou seja, a controvérsia sobre o aborto da menina-mãe. Segundo os documentos revelados pelo Wikileaks…

Leia o texto completo.

O texto em italiano, no site Vatican Insider – que pertence ao jornal La Stampa, Itália -, foi publicado no dia 16/10/2011.

Allarme in Vaticano per la crisi della chiesa in Brasile

Trent’anni fa oltre il 90% dei brasiliani si definiva cattolico, adesso la soglia è scesa al 68%, il dato più basso dal 1872. L’allarme è scattato in perchè nel più grande paese cattolico del mondo (140 milioni di fedeli) sempre più persone recidono i legami con Roma. Altro che Sud-America terra di speranza per il cattolicesimo mondiale. I dati dicono altro. Secondo quelli resi noti dalla fondazione «Getulio Vargas», nell’ultimo decennio, a causa della secolarizzazione e del boom delle sette evangeliche, diminuiscono continuamente i cattolici brasiliani mentre aumentano a dismisura le decine di denominazioni evangeliche. Una ricerca condotta dal principale istituto di ricerca del Brasile sulla base di 200mila interviste fotografa un progressivo allontanamento dalla Chiesa soprattutto delle nuove generazioni. E significativamente la Santa Sede ha scelto proprio Rio de Janeiro come prossima sede della Gm, per rilanciare la pastorale giovanile in Sud America. Negli ultimi dieci anni, milioni di brasiliani hanno lasciato la comunità cattolica più numerosa del pianeta per entrare nelle congregazioni pentecostali. Il 2010 è stato l’anno nero della Chiesa cattolica in Brasile. Il numero di «under 20» che dichiarano di non seguire alcuna religione è salito tre volte più velocemente di quello delle persone con più di 50 anni. Il 9% dei giovani brasiliani è privo di appartenenza religiosa. Una tendenza simile a quella degli abbandoni della Chiesa. L’adesione al cattolicesimo nella popolazione brasiliana è scesa al più basso livello dal 1872: 68% rispetto al 72,5% del 2003. L’emorragia di credenti colpisce soprattutto la classe media. Contemporaneamente i gruppi pentecostali sono saliti al 12,8% della popolazione. La secolarizzazione morde la partecipazione religiosa e la concorrenza delle sette evangeliche è sempre più agguerrita. Roma si trova a dover fare i conti con una difficile convivenza tra la chiesa cattolica e le cosiddette sette di matrice cristiana (in maggioranza pentecostali) che raccolgono sempre più proseliti, soprattutto tra gli strati più bassi della popolazione. Nel maggio 2007 il primo incontro di Benedetto XVI con i giovani ha reso evidente le difficoltà che attraversa la chiesa cattolica del Brasile: gli organizzatori attendevano 70 mila giovani (40 mila nello stadio e 30 mila all’esterno). In realtà i numeri sono stati certamente inferiori: nello stadio sono rimasti diversi spazi e posti vuoti mentre fuori i giovani erano pochi. In tutto quindi i partecipanti sono stati 35 mila secondo i dati forniti dagli stessi organizzatori: non molti se si tiene presente che San Paolo conta 11 milioni di abitanti. Le Chiese pentecostali stanno attirando un numero sempre crescente di fedeli strappati alla Chiesa cattolica (negli ultimi trent’anni la percentuale dei cattolici brasiliani sul totale della popolazione è scesa dal 91,7% al 73,8% e ora al 65%, mentre le Chiese protestanti evangeliche solo salite dal 5,2 % al 17,9%). I cristiani di base attribuiscono a Giovanni Paolo II e al suo custode dell’ortodossia Joseph Ratzinger di aver «normalizzato» negli anni Ottanta e Novanta il clero e l’episcopato sudamericano e di averlo riempito di esponenti dell’Opus Dei e dei Legionari di Cristo, mettendo ai margini quei teologi della liberazioni che avevano spostato troppo a sinistra il baricentro della chiesa, dialogando con quel comunismo che invece il Vaticano stava combattendo nell’Europa dell’Est. E l’attuale, drammatica emorragia di fedeli a favore delle sette evangeliche sarebbe il frutto anche della marginalizzazione dei preti a più stretto contatto con i ceti popolari e con le masse delle favelas. Al tempo stesso la preoccupazione della Santa Sede è concentrata sulla crisi della disciplina ecclesiastica, la crescita delle Chiese evangeliche e l’influenza della teologia della liberazione tra i giovani religiosi. I documenti di Wikileaks svelano che il Vaticano era preoccupato per la condotta dei sacerdoti brasiliani sul celibato. E così si riapre una questione di estrema delicatezza per la Santa Sede, soprattutto in ragione dello spinoso tema del clero brasiliano (e sudamericano) vicini alla teologia della liberazione e delle tensioni con Roma di cui è una prova clamorosa il «caso Racife», cioè la controversia sull’aborto della madre-bambina. Secondo i documenti rivelati da Wikileaks…

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