Dicionário Semântico do Hebraico Bíblico

Dicionário Semântico do Hebraico Bíblico (DSHB) é a versão e adaptação para o português do Semantic Dictionary of Biblical Hebrew (SDBH). O projeto SDBH teve início em 2002, sob os auspícios da United Bible Societies, visando a produção de um dicionário completo do hebraico bíblico organizado a partir de uma perspectiva semântica.

O dicionário deve ser produzido concomitantemente em várias línguas modernas [está em inglês, francês, espanhol e português]. Tanto o SDBH como o DSHB foram projetados como dicionários eletrônicos para publicação na internet.

The Semantic Dictionary of Biblical Hebrew (SDBH) project is carried out under the auspices of the United Bible Societies. Its aim is to build a new dictionary of biblical Hebrew that is based on semantic domains.

O Curso de Grego foi convertido para Unicode

Foram duas semanas de estudo, mas acho que consegui. Meu Curso de Grego, na Ayrton’s Biblical Page, criado por volta do ano 2000, usava a fonte SPIonic, muito bonita e competente, mas era uma fonte não Unicode [O que é o Unicode?].

Nunca tive problemas com ela [outros, porém, tiveram em 2001 e em 2005, pelo visto], até a chegada do Internet Explorer 8. A escrita ficou toda desconfigurada, criando espaços após os acentos. E, olhe, grego tem acento que não acaba mais!

O problema não existe em outros navegadores muito utilizados, como o Firefox ou o Chrome.

Aprendi muitas coisas, entre elas algumas sobre o Modo de Exibição de Compatibilidade do IE8 com a sua versão anterior [o que não resolveu o problema do grego!] e sobre a compatibilidade de um site com vários navegadores, em testes online. Quem quiser ver algo sobre isso, os seguintes links podem ser úteis:
:: Browsershots – Uma das mais interessantes ferramentas de teste online de compatibilidade de navegadores
:: W3C – The World Wide Web Consortium (veja o menu W3C A to Z)

Sobre o uso de fontes Unicode, especialmente com grego e hebraico, li alguns textos. Recomendo os links que estão em:
:: Convertendo hebraico e grego para Unicode – Observatório Bíblico: 27 de setembro de 2009

E os links que eles recomendam. Há aí várias informações sobre o conversor que utilizei, o GreekTranscoder, sobre a fonte Unicode que mais gostei e foi a que usei, a Cardo

Faça, antes de qualquer escolha, um teste com as fontes gratuitas disponíveis, especialmente as Unicode, no site do TLG – Thesaurus Linguae Graecae – e tenha uma noção de como andam as coisas nesta área.

Mas, sem dúvida, se você quiser aprender como fazer as coisas certas, precisa ler, pelo menos, três fontes na web:
:: Biblical Studies and Technological Tools – Blog de Mark Vitalis Hoffman
:: Tyndale Tech – Blog de David Instone-Brewer
:: SBL Biblical Fonts FAQ – no site da SBL, em Biblical Fonts

Anoto que a maioria dos endereços indicados está em inglês. Mas quem trabalha com estudos bíblicos em nível acadêmico precisa mesmo ler inglês, francês, alemão… E, aproveitando, dê uma olhada como ficou o curso de grego!

Transliteração do hebraico para brasileiros

Telmo Figueiredo, que está fazendo doutorado na USP, enviou e-mail aos amigos recomendando o seguinte livro:

KIRSCHBAUM, S. et al. Transliteração do Hebraico para Leitores Brasileiros. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009, 24 p. – ISBN 9788574804255

Diz a Ateliê Editorial:
O idioma hebraico – como o russo, o árabe, o armênio – é grafado por meio de um conjunto próprio de caracteres, diferente do conjunto de caracteres utilizado no português. Em vista disso, a ocorrência de nomes próprios hebraicos, expressões etc., em literatura traduzida, em notícias de imprensa, requer que os caracteres hebraicos sejam transliterados, ou seja, representados por meio de caracteres latinos para que possam ser pronunciados da forma mais próxima possível da língua em questão por leitores brasileiros. Até agora eram utilizados, no Brasil, padrões de transliteração adequados a leitores do alemão, do inglês, do espanhol, idiomas que também fazem uso dos caracteres latinos, mas não adequados ao leitor do português, uma vez que não há correspondência plena entre os valores fonéticos dos caracteres latinos nesses idiomas. Respondendo a essa necessidade, foi constituída uma comissão em torno do Centro de Estudos Judaicos e do Programa de Pós-Graduação em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas da FFLCH/USP, com o propósito de elaborar um padrão de transliteração do hebraico adequado ao leitor brasileiro, especialista ou não, evitando importar modelos estrangeiros. Esta publicação é o resultado do trabalho da comissão, e constitui uma primeira proposta; ou seja, espera-se que o padrão proposto seja utilizado durante certo tempo, e depois revisado, incorporando-se as sugestões e críticas que tiverem surgido em decorrência dessa primeira fase de utilização.

 

Ainda não conheço o sistema utilizado. Mas fica aí o alerta para os interessados: examinem o pequeno livro, apenas 24 páginas, verifiquem se vale a pena… Confiram antes o comentário: para quem este sistema é recomendado?

A transliteração é necessária em muitas circunstâncias. Transliteração é uma ferramenta auxiliar para iniciantes e, eventualmente, precisa ser usada em publicações voltadas para o grande público sem capacitação em línguas bíblicas. Ou mesmo nas aulas de graduação em Teologia, especialmente no primeiro ano. Em meu curso de hebraico bíblico para principiantes escrevi o seguinte: A transliteração é algo trabalhoso e parece desnecessária, mas o estudante de hebraico tem que se acostumar com a ideia de que o som da língua nada, ou quase nada, tem a ver com o português! O hebraico tem suas próprias características. E a transliteração o ajuda a perceber isso.

Contudo, um alerta: para o estudante de hebraico a transliteração jamais deve substituir de maneira permanente o uso dos caracteres próprios da língua – e o dito aqui vale para o grego e outros idiomas – pois deste modo ela se tornaria uma ferramenta de não aprendizagem da língua por pura acomodação…

Qual sistema de transliteração uso em meu curso de hebraico? Aquele com o qual me acostumei na Europa quando estudante, com várias adaptações para o português quando comecei a lecionar hebraico na graduação de Teologia, primeiro em Ribeirão Preto, depois em Campinas, SP.

A primeira gramática que usei no Mestrado, com o professor Eduardo Zurro, no PIB, foi a de WEINGREEN, J. A Practical Grammar for Classical Hebrew. 2. ed. Oxford: Oxford University Press, 1959 [reprinted 1972], 316 p. Em seguida, as gramáticas de Auvray, Joüon, Gesenius etc.

Depois, como professor de hebraico aqui, utilizei, por vários anos, o sistema de transliteração que está na gramática de MENDES, P. Noções de Hebraico Bíblico. Texto Programado. 2. ed., São Paulo: Vida Nova, 2011, 192 p. – ISBN 9788527504584.

Recursos para estudo do hebraico e aramaico

Acabei de ver o post de John F. Hobbins, Little Known Online Resources for Students of Hebrew and Aramaic, em seu blog Ancient Hebrew Poetry:

Para um estudo introdutório de aramaico, vá para Introductory Lessons in Aramaic, curso escrito por Eric Reymond, da Universidade de Michigan, Ann Arbor, MI, USA.

E já que está na área, aproveite e leia sobre fontes Unicode para o grego, apontadas por Mark Vitalis Hoffman no post SBL Greek Unicode Font Released em seu blog Biblical Studies and Technological Tools.

Quem lê Hebraico ou outra língua semítica?

John Hobbins, do Ancient Hebrew Poetry, fez uma lista de alguns estudiosos que leem hebraico e aramaico antigos e, possivelmente, alguma outra língua semítica do noroeste. São pessoas que lidam com a Bíblia Hebraica, Línguas do ANE e áreas afins e que têm uma presença online, geralmente através de blogs.

Ele diz:
The corpus of ancient Hebrew and Aramaic literature found in the Bible, the epigraphic finds, Ben Sira, the Dead Sea scrolls, and the cognate Northwest Semitic literatures hold a special attraction for Jews, Christians, and those with abnormal interests alike. Below the fold, I provide a nice long list of people who belong to the online community of those who read ancient Hebrew, Aramaic, and possibly other NW Semitic languages, with fire in their belly.

Os biblioblogueiros do NT não foram incluídos, mas John Hobbins lhes manda um recado:
I know I am forgetting others. I just don’t know which ones. For example, there are NT bloggers who, one must assume, read their Hebrew Bible without difficulty, just like divas of their field with names like Joachim Jeremias and Martin Hengel. But you know, assumptions are dangerous. If you want to be added to this list of online community members, let me know.

Nas enquetes que mantenho em minha página, o hebraico está em primeiro lugar, quando pergunto, oferecendo 10 opções em cada caso:

  • Qual língua antiga você conhece melhor? Hebraico – Hebrew: 44.16 %
  • Das línguas antigas, eu gostaria de aprender, em primeiro lugar, o: Hebraico – Hebrew: 41.13 %

É interessante verificar igualmente a votação em outras duas enquetes, onde os primeiros lugares, em 10 opções, pertencem às seguintes perguntas:

  • Na sua opinião, quantos idiomas deveria um biblista dominar? 10 ou mais – 26.67 %
  • Quantos idiomas você lê? 3 – 22.89 %

Os biblioblogs e a hegemonia do inglês

O meu post Top Bible Blogs? He was only joking! do dia 23 deste mês, provocou alguma repercussão. Veja o post, com data de 25/08/2008, de Douglas Mangum, em seu blog Biblia Hebraica: Top Foreign Language Bible Blogs?

De modo geral, Douglas Mangum tem razão. Para quem é falante nativo da língua inglesa, especialmente para os americanos (dos EUA), deve parecer tremenda perda de tempo ficar “lutando” para aprender outra língua moderna, já que (quase) todas as obras são traduzidas para o inglês e boa parte é produzida diretamente em inglês. Sem dúvida, é a língua franca de nossos dias.

Brincamos por aqui que, mesmo quando queremos falar mal do domínio do idioma inglês, somos obrigados a falar em inglês para sermos compreendidos… Mas ainda consideramos que a principal língua bíblica é o alemão (Deutsch)! Nesta ordem: Alemão, Hebraico, Grego, Aramaico…

Em meu post eu quis brincar, mas também provocar, como já fiz outras vezes. É só ler, por exemplo, o que escrevi, em 18 de setembro de 2007: Biblical Studies Carnival: considere 10 linguas! A experiência do pluralismo lingüístico europeu talvez nos faça ver o mundo com outros olhos.

Por outro lado, em 29 de setembro de 2006 publiquei um post com o seguinte título: Por que os links da Ayrton’s Biblical Page apontam, em grande parte, para páginas em inglês? Isto aconteceu quando tomei conhecimento, via El País, de que a Internet no habla español. Vale reler o post: naquele momento, apenas 4,6% das páginas da Internet eram em espanhol, enquanto que 45% eram em inglês, segundo o articulista. E o texto diz, em determinado ponto: “Si se divide el número de usuarios por el número de páginas del mismo idioma, el inglés tiene el ratio más elevado con un 1,47, después se coloca el francés con un 1,25 y el alemán con un 1,23. El de España, con un 0,58”.

O que ainda dá razão a Douglas Mangum, embora só contemple, neste caso, uma língua, o espanhol.

Mas existe o outro lado: o livro de Mario Liverani, Oltre la Bibbia: Storia Antica di Israele. 6a. ed. Roma-Bari: Laterza, [2003] 2007, 526 p. – ISBN 9788842070603, só provocou repercussão na comunidade biblioblogueira quando foi traduzido do original italiano de 2003 para o inglês e publicado no final de 2005 como Israel’s History and the History of Israel. [London: Equinox Publishing. Paperback em 2007: ISBN 9781845533410].

Neste caso, enquanto o mundo de língua inglesa, em boa parte, apenas ouvia falar do livro de Liverani e aguardava sua tradução, eu já o utilizava em italiano desde o início de 2004… É só ver os posts da época nos biblioblogs e o alvoroço que causou a publicação da obra em língua inglesa, sinal de que muitos biblistas o consideravam inacessível em italiano!

Mas um caso é apenas um caso. Não se pode generalizar.

Top Bible Blogs? He was only joking!

Os mais importantes biblioblogs?

Só se forem eliminadas as outras quase 7 mil línguas existentes no mundo e estabelecido o inglês como língua única…

Sei que um dos que gostam de contar esta piada (joke) é o dinamarquês Niels Peter Lemche:

– Quem fala muitas línguas é?
Poliglota
– Quem fala três línguas é?
Triglota ou trilíngue
– Quem fala duas línguas é?
Bilíngue
– Quem fala uma só língua é?
Norte-americano

Ou:

Question: If you say a person that speaks two languages is bilingual, and person that speaks three languages is trilingual, and many languages is a polyglot … what do you call a person who speaks only one language?
Answer: An American.

Pergunta: Se uma pessoa que fala dois idiomas é bilíngue, e uma que fala três idiomas é trilíngue, e muitos idiomas é poliglota… como se chama a pessoa que fala somente um idioma?
Resposta: um Americano.

Claro que há, entre os biblioblogueiros norte-americanos, honrosas exceções, como os poliglotas John Hobbins, Jim West e uma meia dúzia de outros!

Dica vista em John Hobbins, que me levou a Douglas Mangum e que me fez lembrar de Niels Peter Lemche em ANE-2 de 17 de dezembro de 2006.