O cerco de Jerusalém por Senaquerib em 701 a.C.

Senaquerib governou a Assíria durante 24 anos, de 705 a 681 a.C. No quarto ano de seu reinado, em 701 a.C., ele partiu para a Fenícia e a Palestina em sua terceira campanha militar. Seus alvos foram Lulî, rei de Sidon; Ṣidqâ, da cidade de Ascalon; os nobres e os habitantes da cidade de Ekron e seus aliados egípcios e etíopes; Ezequias, rei de Judá em Jerusalém.

Em meu artigo sobre O contexto da Obra Histórica Deuteronomista escrevi:

Em 701 a.C. Senaquerib começou por Tiro, vencendo-a. Logo os reis de Biblos, Arvad, Ashdod, Moab, Edom e Amon se entregaram e pagaram tributo a Senaquerib. Somente Ascalon e Ekron, juntamente com Judá, resistiram. Senaquerib tomou primeiro Ascalon. Os egípcios tentaram socorrer Ekron e foram derrotados. E foi a vez de Judá. Senaquerib tomou 46 cidades fortificadas em Judá e cercou Jerusalém.

Testemunhos arqueológicos da devastação foram encontrados em várias escavações por todo o território. Especialmente significativos são a representação assíria daSenaquerib, rei da Assíria de 705 a 681 a.C. tomada de Laquis encontrada no palácio de Senaquerib em Nínive – hoje está no British Museum – e a escavação, feita pelos britânicos na década de 30 e por David Ussishkin, da Universidade de Tel Aviv, na década de 70 do século XX, da poderosa fortaleza, esta que era a segunda mais importante cidade do reino e protegia a entrada de Judá.

Entretanto, por motivos ainda hoje desconhecidos, talvez uma peste, Senaquerib levantou o cerco de Jerusalém e retornou à Assíria. A cidade voltou a respirar, no último minuto, mas teve que pagar forte tributo aos assírios. Não se sabe porque Jerusalém se salvou. 2Rs 19,35-37 diz que o Anjo de Iahweh atacou o acampamento assírio. Existe uma notícia de Heródoto, História II,141, segundo a qual num confronto com os egípcios os exércitos de Senaquerib foram ataca­dos por ratos (peste bubônica?). Talvez Senaquerib tenha partido por causa de alguma rebelião na Mesopotâmia. Ou ainda: há autores que pensam que Jerusalém nem precisou ser sitiada para ser vencida. Nos Anais de Senaquerib se diz o seguinte: “Quanto a Ezequias do país de Judá, que não se tinha submetido ao meu jugo, sitiei e conquistei 46 cidades que lhe pertenciam (…) Quanto a ele, encerrei-o em Jerusalém, sua cidade real, como um pássaro na gaiola…”.

 

ELAYI, J. Sennacherib, King of Assyria. Atlanta: SBL, 2018, p. 76-81 diz:

O cerco de Jerusalém por Senaquerib em 701 a.C. é uma questão difícil, principalmente por causa das contradições entre as fontes assírias e bíblicas.

Muitos autores pensam que não houve um cerco de Jerusalém, mas somente um bloqueio da capital que ficou isolada do resto do país. Como dão a entender os Anais de Senaquerib que dizem: Quanto a ele (Ezequias), eu o confinei (e-sir-šu) dentro da cidade de Jerusalém, sua cidade real, como um pássaro em uma gaiola. Montei bloqueios (ḫal-ṣu.MEŠ) contra ele e o fiz ter pavor de sair pela porta da cidade.

Um bloqueio de Jerusalém cortaria suprimentos e deixaria a cidade sem qualquer socorro externo. O objetivo era fazer Ezequias se render. Enquanto isso o exército assírio poderia continuar a conquista do território.

Teria Senaquerib sido incapaz de tomar Jerusalém? Seriam as técnicas de cerco assírias não tão avançadas como se alardeava? Ou seria Jerusalém muito bem fortificada? Mas se Senaquerib conquistou Laquis, por que não poderia fazer o mesmo com Jerusalém? Além do que, técnicas de bloqueio já tinham sido usadas por Tiglat-Pileser III, avô de Senaquerib, contra o rei Rezin de Damasco.

Por outro lado, os textos bíblicos em 2Rs 18,13-19,37; Is 36-37; 2Cr 32 trazem várias informações que não estão nas textos assírios de que dispomos. Ezequias se prepara militarmente, melhora suas defesas, negocia com emissários assírios, embora tal negociação pareça, pela linguagem usada, ser coisa mais dos redatores dos textos bíblicos do que um fato histórico.

Como consequência do bloqueio, Judá perdeu territórios para os filisteus, segundo os textos assírios. E isto é plausível, pois a prática assíria de tirar partes do território de vassalos rebeldes e entregá-las a reis leais é conhecida.

O resultado do bloqueio é a submissão de Ezequias a Senaquerib e o pagamento de pesado tributo, um dos maiores de todos os citados nas várias campanhas militares de Senaquerib.

Uma questão continua sendo debatida: por que Ezequias envia o tributo após a volta de Senaquerib para Nínive, como narram as fontes assírias?

Alguns acham que, por Ezequias aceitar pagar o tributo, Senaquerib pode voltar ao seu país, pois o pagamento estava, nas circunstâncias, garantido. Outros acham que Ezequias quer, com o envio do tributo, evitar outro ataque de Senaquerib.

Mas, pode-se também entender a coisa toda na dinâmica das guerras da época: Senaquerib volta a Nínive com a cavalaria e sua guarda pessoal, antes da infantaria de seu exército que se move mais lentamente, com os produtos do saque em carros de boi e os prisioneiros de guerra em lentas montarias ou a pé.

Entretanto é mais provável que os assírios tenham deixado tropas no território, que poderiam retaliar caso Ezequias não demonstrasse submissão pagando o tributo.

E agora a questão principal: por que Senaquerib deixa Jerusalém sem destruí-la?

Os textos assírios não o dizem, mas os relatos bíblicos sim.

O debate acadêmico tem trabalhado 4 aspectos dos relatos bíblicos:

1. 2Rs 18,13-16 – o pagamento do tributo teria levado ao recuo de Senaquerib. Mas se o tributo foi pago posteriormente em Nínive, não teria sido isso que levou ao recuo do rei assírio
2. 2Rs 19,7 – a profecia de Isaías, mas isto é teologia, não história
3. 2Rs 19, 8-9 – uma intervenção egípcia, mas mesmo que isso tivesse acontecido, por que Senaquerib se retiraria do território?
4. 2Rs 19,35-36 – a ação do Anjo de Iahweh, que pode ser uma versão teológica da praga de ratos relatada por Heródoto – mas a autora considera o argumento circular, pois Heródoto é usado para explicar o relato bíblico e vice-versa.

Ou seja: nenhum aspecto dos relatos bíblicos explica realmente o que aconteceu.

Os textos assírios e bíblicos nos deixam ver duas ideologias em confronto: do ponto de vista assírio, Senaquerib é o poderoso rei que nunca sofre uma derrota; do ponto de vista bíblico, Ezequias é o rei fiel a Iahweh que é por ele socorrido.

E se a política assíria tivesse como objetivo apenas quebrar a força da rebelião na região, como fazia rotineiramente em outras situações, e não destruir tudo?

O que para Judá pode ter parecido um grande evento militar, era coisa corriqueira para a Assíria, tal a diferença de forças em jogo.

Mas e Laquis? Laquis pode ter sido destruída para servir de exemplo de como resistir era inútil.

Com a perda do território da Sefelá, Judá ficou sem o controle da rota comercial para o Egito. Ficou arrasado economicamente. Mas um Judá submisso ainda preenchia, junto com as cidades filisteias, a função de estado tampão com o Egito.

E a ameaça babilônica, neutralizada na campanha seguinte, em 700 a.C. poderia ser a que realmente preocupava Senaquerib.

 

Dizem os Anais de Senaquerib:

The Chicago/Taylor Prism

(iii 18) Moreover, (as for) Hezekiah of the land Judah, who had not submitted to my yoke, I surrounded (and) conquered forty-six of his fortified cities, (iii 20) fortresses, and small(er) settlements in their environs, which were without number, by having ramps trodden down and battering rams brought up, the assault of foot soldiers, sapping, breaching, and siege engines. I brought out of them 200,150 people, young (and) old, male and female, (iii 25) horses, mules, donkeys, camels, oxen, and sheep and goats, which were without number, and I counted (them) as booty.

(iii 27b) As for him (Hezekiah), I confined him inside the city Jerusalem, his royal city, like a bird in a cage. I set up blockades against him and (iii 30) made him dread exiting his city gate. I detached from his land the cities of his that I had plundered and I gave (them) to Mitinti, the king of the city Ashdod, Padî, the king of the city Ekron, and Ṣilli-Bēl, the king of the city Gaza, and (thereby) made his land smaller. (iii 35) To the former tribute, their annual giving, I added the payment (of) gifts (in recognition) of my overlordship and imposed (it) upon them (text: “him”).

(iii 37b) As for him, Hezekiah, fear of my lordly brilliance overwhelmed him and, after my (departure), he had the auxiliary forces and his elite troops whom (iii 40) he had brought inside to strengthen the city Jerusalem, his royal city, thereby gaining reinforcements, along with 30 talents of gold, 800 talents of silver, choice antimony, large blocks of …, ivory beds, armchairs of ivory, elephant hide(s), elephant ivory, (iii 45) ebony, boxwood, every kind of valuable treasure, as well as his daughters, his palace women, male singers, (and) female singers brought into Nineveh, my capital city, and he sent a mounted messenger of his to me to deliver (this) payment and to do obeisance.

The Jerusalem Prism

(iii 18) Moreover, (as for) Hezekiah of the land Judah, who had not submitted to my yoke, I surrounded (and) conquered forty-six of his fortified cities, (iii 20) fortresses, and small(er) settlements in their environs, which were without number, by having ramps trodden down and battering rams brought up, the assault of foot soldiers, sapping, breaching, and siege engines. I brought out of them 200,150 people, young (and) old, male and female, (iii 25) horses, mules, donkeys, camels, oxen, and sheep and goats, which were without number, and I counted (them) as booty.

(iii 27b) As for him (Hezekiah), I confined him inside the city Jerusalem, his royal city, like a bird in a cage. I set up blockades against him and (iii 30) made him dread exiting his city gate. I detached from his land the cities of his that I had plundered and I gave (them) to Mitinti, the king of the city Ashdod, Padî, the king of the city Ekron, and Ṣilli-Bēl, the king of the city Gaza, and (thereby) made his land smaller. (iii 35) To the former tribute, their annual giving, I added the payment (of) gifts (in recognition) of my overlordship and imposed (it) upon them (text: “him”).

(iii 37b) As for him, Hezekiah, fear of my lordly brilliance overwhelmed him and, after my (departure), he had the auxiliary forces and his elite troops whom (iii 40) he had brought inside to strengthen the city Jerusalem, his royal city, thereby gaining reinforcements, along with 30 talents of gold, 800 talents of silver, choice antimony, large blocks of …, ivory beds, armchairs of ivory, elephant hide(s), elephant ivory, (iii 45) ebony, boxwood, every kind of valuable treasure, as well as his daughters, his palace women, male singers, (and) female singers brought into Nineveh, my capital city, and he sent a mounted messenger of his to me to deliver (this) payment and to do obeisance.

Rassam Cylinder

(49) (As for) Hezekiah of the land Judah, I surrounded (and) conquered forty-six of his fortified walled cities and small(er) settlements in their environs, which were without number, (50) by having ramps trodden down and battering rams brought up, the assault of foot soldiers, sapping, breaching, and siege engines. I brought out of them 200,150 people, young (and) old, male and female, horses, mules, donkeys, camels, oxen, and sheep and goats, which were without number, and I counted (them) as booty.

(52) As for him (Hezekiah), I confined him inside the city Jerusalem, his royal city, like a bird in a cage. I set up blockades against him and made him dread exiting his city gate. I detached from his land the cities of his that I had plundered and I gave (them) to Mitinti, the king of the city Ashdod, and Padî, the king of the city Ekron, (and) Ṣilli-Bēl, the king of the land Gaza, (and thereby) made his land smaller. To the former tribute, their annual giving, I added the payment (of) gifts (in recognition) of my overlordship and imposed (it) upon them.

(55) As for him, Hezekiah, fear of my lordly brilliance overwhelmed him and, after my (departure), he had the auxiliary forces (and) his elite troops whom he had brought inside to strengthen the city Jerusalem, his royal city, thereby gaining reinforcements, (along with) 30 talents of gold, 800 talents of silver, choice antimony, large blocks of …, ivory beds, armchairs of ivory, elephant hide(s), elephant ivory, ebony, boxwood, garments with multi-colored trim, linen garments, blue-purple wool, red-purple wool, utensils of bronze, iron, copper, tin, (and) iron, chariots, shields, lances, armor, iron belt-daggers, bows and uṣṣu-arrows, equipment, (and) implements of war, (all of) which were without number, together with his daughters, his palace women, male singers, (and) female singers brought into Nineveh, my capital city, and he sent a mounted messenger of his to me to deliver (this) payment and to do obeisance.

 

Vídeos sobre Nínive, o palácio de Senaquerib em Nínive e a tomada de Laquis:Palácio de Senaquerib em Nínive - Archaeology Illustrated

3D Digital Art Ancient Nineveh – Ashurbanipal, Assyria – 3D by Kais Jacob – 18 de março de 2016

Flyover of the ancient citadel at Nineveh – Learning Sites – 28 de novembro de 2017

Southwest Palace, Nineveh, flyover and flythrough showing Carlos Museum fragments in context – Learning Sites – 2 de maio de 2019

The Lachish Reliefs – Megalim Institute – 2 de dezembro de 2013

As inscrições reais do período neoassírio

Fontes neoassírias? Os textos estão disponíveis no Projeto RINAP, da Universidade da Pensilvânia.

The Royal Inscriptions of the Neo-Assyrian Period (RINAP)

Numerous royally commissioned texts were composed between 744 BC and 609 BC, a period during which Assyria became the dominant power in southwestern Asia. Eight hundred and fifty to nine hundred such inscriptions are known today. The Royal Inscriptions of the Neo-Assyrian Period (RINAP) Project, under the direction of Professor Grant Frame of the University of Pennsylvania, will publish in print and online all of the known royal inscriptions that were composed during the reigns of the Assyrian kings Tiglath-pileser III (744–727 BC), Shalmaneser V (726–722 BC), Sargon II (721–705 BC), Sennacherib (704–681 BC), Esarhaddon (680–669 BC), The Taylor Prism - Library of Ashurbanipal - Date: 691BC - British MuseumAshurbanipal (668–ca. 631 BC), Aššur-etel-ilāni (ca. 631–627/626 BC), Sîn-šumu-līšir (627/626 BC), Sîn-šarra-iškun (627/626–612 BC), and Aššur-uballiṭ II (611–609 BC), rulers whose deeds were also recorded in the Bible and in some classical sources. The individual texts range from short one-line labels to lengthy, detailed inscriptions with over 1200 lines (4000 words) of text.

These Neo-Assyrian royal inscriptions (744–609 BC) represent only a small, but important part of the vast Neo-Assyrian text corpus. They are written in the Standard Babylonian dialect of Akkadian and provide valuable insight into royal exploits, both on the battlefield and at home, royal ideology, and Assyrian religion. Most of our understanding of the political history of Assyria, and to some extent of Babylonia, comes from these sources. Because this large corpus of texts has not previously been published in one place, the RINAP Project will provide up-to-date editions (with English translations) of Assyrian royal inscriptions from the reign of Tiglath-pileser III (744–727 BC) to the reign of Aššur-uballiṭ II (611–609 BC) in seven print volumes and online, in a fully lemmatized and indexed format. The aim of the project is to make this vast text corpus easily accessible to scholars, students, and the general public. RINAP Online will allow those interested in Assyrian culture, history, language, religion, and texts to efficiently search Akkadian and Sumerian words appearing in the inscriptions and English words used in the translations. Project data will be fully integrated into the Cuneiform Digital Library Initiative (CDLI) and the Open Richly Annotated Cuneiform Corpus (Oracc).

 

Sobre os Anais de Senaquerib, confira:

A. Kirk Grayson & Jamie Novotny, ‘Survey of the Inscribed Objects Included in Part 1‘, RINAP 3: Sennacherib, The RINAP 3 sub-project of the RINAP Project, 2019.

 

Um exemplo de como ler as inscrições:

Precisa conferir os Anais de Senaquerib sobre a invasão de Judá em 701 a.C. durante o reinado de Ezequias?

O texto cuneiforme original transliterado e em tradução para o inglês está aqui. Uma opção é: clique em Sennacherib [261] > Sennacherib 022 – Chicago/Taylor Prism, leia a partir de (iii 18).

Lembrando, porém, que há outros textos, no mesmo endereço, que tratam da invasão de Judá em 701 a.C., como o Jerusalem Prism e o Rassam Cylinder.

O jeito assírio de organizar um império

Curso online gratuito sobre o império assírio:

Organising an Empire: The Assyrian Way – By Karen Radner

Discover the mighty kingdom of Assyria, which came to be the world’s first great empire three thousand years ago. From the 9th to the 7th centuries BC, during the imperial phase of Assyria’s long history, modern day northern Iraq was the central region of a state reaching from the Mediterranean Sea to the Persian Gulf, and incorporating what is now Iraq, Syria, and Lebanon, as well as half of Israel, and wide parts of south-eastern Turkey, and Western Iran.

In its geographical extent, this state was unprecedentedly large, and the distinct geography of the Middle East, with deserts and high mountain ranges, posed challenges to communication and cohesion. What were the mechanisms that kept the Empire running? This course explores the methods the Assyrian government employed to ensure unity and maintain loyalty across vast distances, using traditional as well as innovative strategies. Some of these imperial techniques have marked parallels in the ways modern multi-national corporations are operating, others will strike you as profoundly alien.

This course focusses on how the Assyrians organised their empire by analysing key aspects, namely:Karen Radner

· The CEO – the king, a religious, political and military leader, who is charged to govern by his master, the god Assur;

· Home Office – the royal palace in the central region and the royal court that form the administrative centre of the state;

· The Regional Managers – the governors and client-rulers to whom local power is delegated;

· Human Resources – the Empire’s people are its most precious assets, its consumers and its key product, as the goal of the imperial project was to create “Assyrians”; an approach with lasting repercussions that still reverberate in the Middle East today; and finally

· The Fruits of Empire – it takes a lot of effort, so what are the rewards?

When we explore these topics we will contextualise them with information about the lives led by ordinary Assyrian families.

Taking this course will provide you with an overview of the political, social, religious, and military history of the world’s first superpower. It will give you insight into the geography and climatic conditions of the Middle East and contribute to your understanding of the opportunities and challenges of that region. It will present you with a vision of the Middle East at a time when its political and religious structures were very different from today.

Karen Radner (1972) é uma assirióloga austríaca. Professora de História do Antigo Oriente Médio na Ludwig-Maximilians-Universität München, Alemanha.

A invasão de Judá por Senaquerib: as fontes

ELAYI, J. Sennacherib, King of Assyria. Atlanta: SBL, 2018, p. 69-70 diz:

Há uma notável variedade de fontes: as inscrições de Senaquerib registrando o episódio várias vezes com várias variantes, relatos bíblicos (2Rs 18,13-19,37; Is 36-37; 2Cr 32), representações em relevos assírios, descobertas arqueológicas, fontes egípcias e gregas e fontes problemáticas.

A principal dificuldade para o historiador é o fato de existirem várias contradições entre essas fontes e nenhuma delas ser totalmente confiável. No entanto, alguns autores parecem acreditar que as fontes relacionadas ao seu campo de pesquisa são as melhores; outros, estudando a história de Israel e Judá, consideram as inscrições reais assírias como fontes confiáveis ​​de informações históricas sobre os eventos dessa região. Como é sabido, as inscrições reais assírias são caracterizadas por intenções ideológicas e propagandísticas, que devem ser detectadas usando uma abordagem crítica. Os relatos bíblicos são ainda mais problemáticos porque o texto passou por uma elaborada história de redação e edição. As fontes assírias engrandecem a honra de Senaquerib, enquanto os relatos bíblicos sublinham a honra de Javé.

O melhor método seria considerar cada uma das fontes com uma abordagem crítica rigorosa e combiná-las todas para alcançar o melhor entendimento possível da fase judaica da terceira campanha de Senaquerib, mesmo que alguns autores tenham escrito que reconciliar todas as fontes é inaceitável ou impossível.

O número de monografias e artigos dedicados a esse assunto desde o século XIX até o presente é tão grande que nem todos podem ser considerados e analisados. As principais pesquisas úteis desta bibliografia são as de Brevard S. Childs, Lester L. Grabbe, William R. Gallagher e Nazek Khalid Matty.

 

Bibliografia em língua inglesa

:: Inscrições de Senaquerib
GRAYSON, A. K. ; NOVOTNY, J. The Royal Inscriptions of Sennacherib, King of Assyria (704–681 BC). 2 vols. RINAP 3.1–2. Winona Lake, IN: Eisenbrauns, 2012–2014. Online aqui. Cf. o texto sobre a invasão de Judá por Senaquerib aqui [clique em Sennacherib [261] > Sennacherib 022 – Chicago/Taylor Prism, leia a partir de (iii 18)].
LAATO, A. Assyrian Propaganda and the Falsification of History in the Royal Inscriptions of Sennacherib. VT 45, p. 198–226, 1995.

:: Relevos assírios
RUSSELL, J. M. Sennacherib’s Palace without Rival at Nineveh. Chicago: University of Chicago Press, 1991.
MATTY, N. K. Sennacherib’s Campaign against Judah and Jerusalem in 701 B.C.: A Historical Reconstruction. Berlin: de Gruyter, 2016.

:: Descobertas arqueológicas
GRABBE, L. L. (ed.) ‘Like a Bird in a Cage’: The Invasion of Sennacherib in 701 BCE. Sheffield: Sheffield Academic Press, 2003.

:: Fontes problemáticas
GALLAGHER, W. R. Sennacherib’s Campaign to Judah: New Studies. Leiden: Brill, 1999, p. 9-21.

:: Fontes bíblicas
BOSTOCK, D. A Portrayal of Trust: The Theme of Faith in the Hezekiah Narratives. Milton Keynes, UK: Paternoster, 2006.

Para saber onde consultar fontes assírias, clique aqui. Algumas dessas obras podem ser encontradas aqui.

 

Bibliografia consultada pela autora
CHILDS, B. S. Isaiah and the Assyrian Crisis. London: SCM, 1967.
GALLAGHER, W. R. Sennacherib’s Campaign to Judah: New Studies. Leiden: Brill, 1999.
GRABBE, L. L. (ed.) ‘Like a Bird in a Cage’: The Invasion of Sennacherib in 701 BCE. Sheffield: Sheffield Academic Press, 2003.
MATTY, N. K. Sennacherib’s Campaign against Judah and Jerusalem in 701 B.C.: A Historical Reconstruction. Berlin: de Gruyter, 2016.

ELAYI, J. Sennacherib, King of Assyria. Atlanta: SBL, 2018

There are a remarkable variety of sources: Sennacherib’s inscriptions recording the episode several times with a number of variants, biblical accounts (2 Kgs 18:13–19:37; Isa 36–37; 2 Chr 32), representations on Assyrian reliefs, archaeological discoveries, Egyptian and Greek sources, and problematic sources. The main difficulty for the historian is the fact that several contradictions exist between these sources and that none of them is entirely reliable. However, some authors seem to believe that the sources related to their field of research are the best; others, studying the history of Israel and Judah, consider the Assyrian royal inscriptions as reliable sources of historical information concerning the events of this region. As is well known, the Assyrian royal inscriptions are characterized by ideological and propagandistic intentions, which have to be detected using a critical approach. The biblical accounts are still more problematic because the text has gone through an elaborate history of writing and editing. The Assyrian sources were intended to enhance the honor of Sennacherib, while the biblical accounts seek to enhance the honor of Yahweh. The best method would be to consider each of the sources with an adapted critical approach and to combine them all in order to reach the best possible understanding of the Judean phase of Sennacherib’s third campaign, even if some authors have written that reconciling all the sources is unacceptable or impossible. The number of monographs and articles dedicated to this subject from the nineteenth century up to the present is so large that they cannot all be considered and analyzed. The main useful surveys of this bibliography are those of Brevard S. Childs, Lester L. Grabbe, William R. Gallagher, and Nazek Khalid Matty.

Os relatos mesopotâmicos do dilúvio

WASSERMAN, N. The Flood: The Akkadian Sources. A New Edition, Commentary, and a Literary Discussion. Leuven: Peeters, 2020, 187 p. – ISBN 9789042941731.

A história do dilúvio que exterminou toda a vida na terra, exceto uma família, é encontrada em diferentes textos da antiga Mesopotâmia, de onde chegou às tradições literárias bíblicas e clássicas. Este livro recolhe sistematicamente os primeiros testemunhos do mito do dilúvio, a saber, todas as fontes acádicas em escrita cuneiforme desde a antiga Babilônia até os períodos neoassírio e neobabilônico, incluindo a tabuinha XI da Epopeia de Gilgámesh. O livro os apresenta em nova edição sinótica com tradução em inglês, acompanhados de um comentário filológico detalhado e uma extensa discussão literária. O livro inclui também um glossário completo das fontes WASSERMAN, N. The Flood: The Akkadian Sources. A New Edition, Commentary, and a Literary Discussion. Leuven: Peeters, 2020acádicas.

The story of the primeval cataclysmic flood which wiped out all life on earth, save for one family, is found in different ancient Mesopotamian texts whence it reached the Biblical and Classical literary traditions. The present book systematically collects the earliest attestations of the myth of the Flood, namely all the cuneiform-written Akkadian sources – from the Old Babylonian to the Neo-Assyrian and Neo-Babylonian periods, including Tablet XI of the Epic of Gilgamesh –, presenting them in a new synoptic edition and English translation which are accompanied by a detailed philological commentary and an extensive literary discussion. The book also includes a complete glossary of the Akkadian sources.

Nathan Wasserman (Jerusalem, b. 1962) is a professor of Assyriology at the Institute of Archaeology of The Hebrew University of Jerusalem (PhD, 1993). His main fields of research are Early Akkadian literary and magical texts, as well as the history of the Old Babylonian period.

Faça o download gratuito do livro em ZORA – Zurich Open Repository and Archive.

Senaquerib, rei da Assíria

Estou estudando nestes dias, na Literatura Deuteronomista, com o Segundo Ano de Teologia do CEARP, O contexto da Obra Histórica Deuteronomista. Um dos assuntos tratados é a invasão de Judá por Senaquerib, da Assíria, em 701 a.C. quando em Jerusalém reinava Ezequias e lá estavam os profetas Isaías e Miqueias.

Andei lendo algumas coisas recentes sobre o tema. Este livro, gratuito no projeto ICI da SBL, é interessante:ELAYI, J. Sennacherib, King of Assyria. Atlanta: SBL, 2018

ELAYI, J. Sennacherib, King of Assyria. Atlanta: SBL, 2018, 256 p. – ISBN 9780884143178.

A autora trata da invasão de Judá por Senaquerib a partir da p. 52. Ela começa assim:

A terceira campanha de Senaquerib, logo após a campanha de Zagros em 701, foi a campanha para o oeste. A data de 701 é confirmada pela comparação do Cilindro Bellino, datado do epônimo de Nabû-lêʾi (702), que não menciona esta campanha, e o Cilindro Rassam, datado do epônimo de Metunu (700), que o menciona. De fato, esta campanha compreendeu três fases: contra a Fenícia, contra a Filisteia e contra Judá. No entanto, as operações militares contra Judá, também registradas na Bíblia, são as mais conhecidas e as mais discutidas. Embora as publicações relacionadas a Judá sejam exageradas e as relacionadas à Fenícia e à Filisteia sejam bastante escassas, uma abordagem histórica séria deve ser adotada, levando em consideração igualmente as três fases da terceira campanha, especialmente porque elas são parcialmente inter-relacionadas. Para Senaquerib, a terceira campanha provavelmente não foi muito diferente das duas campanhas anteriores de seu reinado, e ele não fez distinção entre as três regiões levantes, todas elas no Hatti: “Na minha terceira campanha, avancei contra o Hatti”. A campanha de 701 é geralmente interpretada como uma reação assíria à retenção do tributo imposto às cidades rebeldes fenícias, filisteias e palestinas. Vindo do norte, Senaquerib seguiu uma rota geográfica lógica e seguiu sucessivamente para a Fenícia, para a Filisteia, rumo sul, e para Judá, no leste.

 

Sennacherib’s third campaign, following on immediately from the Zagros campaign in 701, was the campaign to the west. The date of 701 is confirmed by comparing theJosette Elayi Bellino Cylinder, dated from the eponymate of Nabû-lêʾi (702), which does not mention this campaign, and the Rassam Cylinder, dated from the eponymate of Metunu (700), which does mention it. As a matter of fact, this campaign comprised three phases: against Phoenicia, against Philistia, and against Judah. However, the military operations against Judah, also recorded in the Bible, are the best known and the most discussed. Even though the publications related to Judah are overabundant and those related to Phoenicia and Philistia rather scarce, a serious historical approach must be adopted, hence giving equal consideration to the three phases of the third campaign, especially as they are partly interrelated. For Sennacherib, the third campaign was probably not very different from the two previous campaigns of his reign, and he did not distinguish between the three Levantine regions, all of them being in the Hatti: “In my third campaign, I went against the Hatti.” 47 The campaign of 701 is generally interpreted as an Assyrian reaction to the withholding of the tribute imposed on the rebellious Phoenician, Philistian, and Palestinian cities. Coming from the north, Sennacherib followed a logical geographical route, and successively proceeded to Phoenicia, to Philistia southward, and to Judah eastward (p. 52-53).

ELAYI, J. Sargon II, King of Assyria. Atlanta: SBL Press, 2017
Veja também, da mesma autora, no projeto ICI da SBL:

ELAYI, J. Sargon II, King of Assyria. Atlanta: SBL Press, 2017, 298 p. – ISBN 9781628371772.

 

Josette Elayi est une historienne française de l’Antiquité, chercheur honoraire au CNRS, née le 29 mars 1943. Elle est l’auteur de nombreux livres d’archéologie et d’histoire.

Profetas de Israel e livros proféticos da Bíblia

Ler os textos proféticos não é a mesma coisa que ouvir os profetas de carne e osso.

Entre as tendências recentes mais importantes no estudo da profecia israelita antiga está o reconhecimento de que o fenômeno social do profetismo deve ser entendido como algo bastante distinto dos textos literários dos quais coletamos nossos dados sobre as atividades proféticas. Ou, para afirmar o problema em seus termos mais básicos: os textos não são profetas. Estudar um texto é uma tarefa literária e não é o equivalente de um trabalho de campo antropológico no qual o sujeito humano pode ser observado em primeira mão.

Além disso, parece altamente provável que textos que contenham referências às atividades de figuras proféticas não tenham sido eles próprios escritos pelos profetasNEUJAHR, M. Predicting the Past in the Ancient Near East: Mantic Historiography in Ancient Mesopotamia, Judah, and the Mediterranean World. Atlanta: SBL, 2012 cujas palavras pretendem conter. Portanto, ao tratar textos que pretendem relacionar casos de atividade profética ou práticas mânticas de maneira mais ampla, é imperativo manter pelo menos um olho nos processos pelos quais a atividade mântica foi registrada em forma literária, bem como as motivações para fazê-lo. Ou seja, os processos de escrita devem ser considerados ao se estudar esses textos. Oráculos proféticos podem ter sido compostos e proferidos por figuras proféticas, mas os textos proféticos são obra dos escribas.

 

Among the more important recent trends in the study of ancient prophecy is the recognition that the social phenomenon of prophetism must be understood as something quite distinct from the literary remains from which we cull our data concerning prophetic activities. Or, to state the problem in its most basic terms: texts are not prophets. To study a text is a literary endeavor and is not the equivalent of anthropological fieldwork in which the human subject can be observed first hand. Furthermore, it seems highly likely that texts which contain references to the activities of prophetic figures were not themselves written by the prophets whose words they purport to contain. Therefore, in treating texts that purport to relate instances of prophetic activity, or mantic practices more broadly, it is imperative to keep at least one eye on the processes by which mantic activity was recorded in literary form, as well as the motivations for doing so. That is to say, the processes of scribalization must be considered when studying such texts. Prophetic oracles may have been composed and delivered by prophetic figures, but prophetic texts are the work of scribes.

 

Referência

NEUJAHR, M. Predicting the Past in the Ancient Near East: Mantic Historiography in Ancient Mesopotamia, Judah, and the Mediterranean World. Atlanta: SBL, 2012, p. 3-4.

Matthew Neujahr is a Resident Scholar at Marquette University, Milwaukee, WI, USA.

História de Israel II 2020

Este curso de História de Israel II compreende 2 horas semanais, com duração de um semestre, o segundo dos oito semestres do curso de Teologia. Os alunos recebem os roteiros de todas as minhas disciplinas do ano em curso nos formatos pdf e html. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas da Faculdade e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Discute com o aluno os elementos necessários para uma compreensão global e essencial da história econômica, política e social do povo israelita, como base para um aprofundamento maior da história teológica desse povo. Possibilita ao aluno uma reflexão séria sobre o processo histórico de Israel do exílio babilônico ao domínio romano.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica veterotestamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático
1. O exílio babilônico

2. O judaísmo pós-exílico

2.1. O domínio persa

2.2. O domínio grego

2.3. O domínio romano

IV. Bibliografia

Básica
FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia desenterrada: a nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados. Petrópolis: Vozes, 2018.

LIVERANI, M. Para além da Bíblia: história antiga de Israel. São Paulo: Loyola/Paulus, 2008.

MAZZINGHI, L. História de Israel das origens ao período romano. Petrópolis: Vozes, 2017.

Complementar
DA SILVA, A. J. História de Israel. Disponível na Ayrton’s Biblical Page. Última atualização: 14.12.2019.

GERSTENBERGER, E. S. Israel no tempo dos persas: séculos V e IV antes de Cristo. São Paulo: Loyola, 2014.

HORSLEY, R. A. Arqueologia, história e sociedade na Galileia: o contexto social de Jesus e dos Rabis. São Paulo: Paulus, 2000 [2a. reimpressão: 2017].

KIPPENBERG, H. G. Religião e formação de classes na antiga Judeia: estudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução social. São Paulo: Paulus, 1997. Resumo disponível no Observatório Bíblico.

STEGEMANN, W. Jesus e seu tempo. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2013.

História de Israel I 2020

Este curso de História de Israel I compreende 2 horas semanais, com duração de um semestre, o primeiro dos oito semestres do curso de Teologia. Os alunos recebem os roteiros de todas as minhas disciplinas do ano em curso nos formatos pdf e html. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas da Faculdade e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Discute com o aluno os elementos necessários para uma compreensão global e essencial da história econômica, política e social do povo israelita, como base para um aprofundamento maior da história teológica desse povo. Possibilita ao aluno uma reflexão séria sobre o processo histórico de Israel desde suas origens até o exílio babilônico.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica veterotestamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático
1. Noções de geografia do Antigo Oriente Médio

2. As origens de Israel

3. A monarquia tributária israelita

3.1. Os governos de Saul, Davi e Salomão

3.2. O reino de Israel

3.3. O reino de Judá

IV. Bibliografia
Básica
FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia desenterrada: a nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados. Petrópolis: Vozes, 2018.

LIVERANI, M. Para além da Bíblia: história antiga de Israel. São Paulo: Loyola/Paulus, 2008.

MAZZINGHI, L. História de Israel das origens ao período romano. Petrópolis: Vozes, 2017.

Complementar
DA SILVA, A. J. História de Israel. Disponível na Ayrton’s Biblical Page. Última atualização: 14.12.2019.

DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos. 2v. 7. ed. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2017.

FINKELSTEIN, I. O reino esquecido: arqueologia e história de Israel Norte. São Paulo: Paulus, 2015.

GOTTWALD, N. K. As tribos de Iahweh: uma sociologia da religião de Israel liberto, 1250-1050 a.C. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004.

KAEFER, J. A. A Bíblia, a arqueologia e a história de Israel e Judá. São Paulo: Paulus, 2015 [1. reimpressão: 2018].

O Gilgámesh hitita

BECKMAN, G. The Hittite Gilgamesh. Atlanta, GA: Lockwood Press, 2019, 112 p. – ISBN 9781948488068

A tradição de Gilgámesh foi importada para Hattusa, no império hitita, para uso na instrução dos escribas, e tem sido de particular importância para os estudiosos modernos na reconstrução da epopeia e na análise de seu desenvolvimento. Além dos textos na língua hitita que narram as aventuras de Gilgámesh, duas versões em acádico e fragmentos em hurrita foram encontrados na capital hitita Hattusa. Este livro oferece uma edição completa dos manuscritos de Hattusa em hitita, acádico e hurrita.

 

O autor explica na introdução do livro:

From the late third millennium BCE on, the adventures of Gilgamesh were well known throughout Babylonia and Assyria, and the discovery of fragmentary Akkadian-language fragments of versions of his tale at Boğazköy (edited here), Ugarit (Arnaud 2007: 130–38; George 2007), Emar (Arnaud 1985: 328; 1987: 383–84 n. 781), and Megiddo in Palestine (Goetze and Levy 1959) demonstrates that tales of the hero’s exploits had reached the periphery of the cuneiform world already in the Late Bronze Age.

In addition to the manuscripts in the Hittite language recounting Gilgamesh’s adventures, two Akkadian versions and fragmentary Hurrian renderings have turned up at the Hittite capital Hattusa. But there is absolutely no evidence that the hero of Uruk was familiar to the Hittite in the street. No representations of Gilgamesh are to be found in the corpus of Hittite art, nor are there allusions to him or his exploits in texts outside of the literary products just listed.

It seems, therefore, that the Gilgamesh tradition was imported to Hattusa solely for use in scribal instruction, although it cannot absolutely be excluded that the Hittite-language text was read aloud at court for the entertainment of the king and his associates. Nonetheless, as has long been recognized, the material from Boğazköy has been of particular importance to modern scholars in reconstructing the epic and analyzing its development, since it documents a period in the history of the narrative’s progressive restructuring and elaboration for which very few textual witnesses have yet been recovered from Mesopotamia itself. And it is this very Middle Babylonian or Kassite period to which scholarly consensus assigns the composition of the final, “canonical,” version of the epic.

Gary Beckman is George C. Cameron Professor of Ancient Near Eastern Languages and Cultures in the Department of Middle East Studies at the University of Michigan.