Quem eram os filisteus?

Quem eram os filisteus? – 3 de março de 2021

Um vídeo no canal Patheos do YouTube, onde Andrew Mark Henry explica quem eram os filisteus.

Este episódio faz parte de uma série chamada Excavating the History of the Bible: What Archeology Can Teach Us About the Biblical WorldEscavando a história da Bíblia: o que a arqueologia pode nos ensinar sobre o mundo bíblico. A série começou em 17 de fevereiro de 2021.

O episódio analisa testemunhos arqueológicos egípcios sobre os filisteus, bem como apresenta evidências que demonstram que eles eram migrantes em Canaã, viajando pelo Mediterrâneo a partir do mundo do Egeu. A seção final examina algumas das dificuldades que os estudiosos encontram ao tentar comparar a narrativa bíblica com o registro arqueológico.

 

Who Were the Philistines? March 3, 2021

This episode examines another arch-rival of the Israelites: The Philistines. The episode explores our earliest evidence of the Philistines from Egypt as well as lays out the evidence demonstrating that they were migrants to Canaan, traveling over the Mediterranean from the Aegean world. The final section examines some of the difficulties scholars encounter trying to compare the biblical narrative with the archaeological record.

O quebra-cabeças das origens de Israel

1962

MENDENHALL, G. The Hebrew Conquest of Palestine, The Biblical Archaeologist 25, 1962, p. 66.

Não existe problema da história bíblica que seja mais difícil do que a reconstrução do processo histórico pelo qual as Doze Tribos do antigo Israel se estabeleceram naGeorge Emery Mendenhall: August 13, 1916 - August 5, 2016 Palestina e norte da Transjordânia.

De fato, a narrativa bíblica enfatiza os poderosos atos de Iahweh que liberta o povo do Egito, o conduz pelo deserto e lhe dá a terra, informando-nos, deste modo, sobre a visão e os objetivos teológicos dos narradores de séculos depois, mas ocultando-nos as circunstâncias econômicas, sociais e políticas em que se deu o surgimento de Israel.

 

There is no problem of biblical history which is more difficult than that of reconstructing the historical process by which the Twelve Tribes of ancient Israel became established in Palestine and northern Transjordan.

The historical traditions in the Bible emphasize the religious significance of narrated events to the virtual exclusion of the kinds of information which the modern historian looks for and utilizes in his reconstruction of the past. This biblical emphasis upon the “acts of God” seems to modern man the very antithesis of history, for it is within the framework of economic, sociological and political organization that we of today seek understanding of ourselves and consequently of ancient man.

 

1995

DAVIES, P. R. In Search of ‘Ancient Israel’. Sheffield: Sheffield Academic Press [1992], 1995, p. 47-48, 51 e 56.

Philip R. Davies (1945-2018)Para quem se empenha numa pesquisa histórica, o Israel bíblico é um problema e não um dado (p. 47-48).

Nós não podemos transferir automaticamente nenhuma das características do ‘Israel’ bíblico para as páginas da história da Palestina (…) Nós temos que extrair nossa definição do povo da Palestina de suas próprias relíquias. Isto significa excluir a literatura bíblica (p. 51).

É simplesmente impossível pretender que a literatura bíblica ofereça um retrato suficientemente claro do que é o seu ‘Israel’, de modo a justificar uma interpretação e aplicação históricas. Desta forma, o historiador precisa investigar a história real independentemente do conceito bíblico (p. 56).

 

The biblical Israel is a problem and not a datum, when on engages in historical research.

We cannot automatically transfer any of the characteristics of the biblical ‘Israel’ onto the pages of Palestine’s history (…) We shall have to draw our definition of the people of Palestine from their own relics. That means excluding the biblical literature.

It is impossible to pretend that the biblical literature provides a clear enough portrait of what its ‘Israel’ is so as to justify an historical interpretation and application. The historian thus needs to investigate the real history independently of the biblical concept

 

2001

FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N. A. The Bible Unearthed: Archaeology’s New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts. New York: The Free Press, 2001, p. 118.

O processo que nós descrevemos aqui é, na verdade, o oposto daquele que temos na Bíblia: a emergência do Israel primitivo foi uma consequência do colapso da culturaIsrael Finkelstein (1949-) e Neil Asher Silberman (1950-) cananeia, não a sua causa. E a maior parte dos israelitas não veio de fora de Canaã – eles emergiram de dentro desta terra. Não ocorreu um êxodo em massa do Egito. Não houve uma conquista violenta de Canaã. A maior parte das pessoas que formaram o primitivo Israel eram moradores locais – as mesmas pessoas que vemos nas montanhas nas Idades do Bronze e do Ferro. Os israelitas primitivos eram – ironia das ironias – eles mesmos originariamente cananeus!

 

The process that we describe here is, in fact, the opposite of what we have in the Bible: the emergence of early Israel was an outcome of the collapse of the Canaanite culture, not its cause. And most of the ‘Israelites did not come from outside Canaan-they emerged from within it. There was no mass Exodus from Egypt. There was no violent conquest of Canaan. Most of the people who formed early Israel were local people-the same people whom we see in the highlands throughout the Bronze and Iron Ages. The early Israelites were- irony of ironies-themselves originally Canaanites!

Sobre as origens de Israel, leia mais aqui e aqui.

Descobrindo Babilônia

THELLE, R. Discovering Babylon. Abingdon: Routledge, 2019, 208 p. – ISBN 978-0367496753.THELLE, R. Discovering Babylon. Abingdon: Routledge, 2019

Este livro trata da Babilônia como ela foi representada pela cultura ocidental: por meio da Bíblia, de textos clássicos, de relatos de viagens medievais e de representações do tema da torre [de Babel] na arte. Em seguida, detalha a descoberta dos vestígios da cultura material da Babilônia desde meados do século XIX e através da grande escavação de 1899-1917, e enfoca o encontro entre a Babilônia da tradição e a Babilônia desenterrada pelos arqueólogos.

Este livro é único em sua abordagem multidisciplinar, combinando experiência em estudos bíblicos e assiriologia com perspectivas sobre história, história da arte, história intelectual, estudos de recepção e questões contemporâneas.

Diz a autora no prefácio:

Três visitas à região no início do século XXI foram o ponto de partida para minha descoberta da Babilônia. Mesmo antes dessas viagens, porém, eu já tinha certas expectativas sobre o que encontraria ao embarcar em minha “Grande Jornada Mesopotâmica”. Vários fatores levaram a essa expectativa. Há muito eu acompanhava os relatórios arqueológicos sobre a Babilônia, ficando fascinada pelas várias apropriações culturais da “Babilônia” ao longo dos séculos e impressionada com a forma como a política moderna do Oriente Médio refletia o passado. Devo confessar que os romances de Agatha Christie também contribuíram para a mística que criei sobre a Babilônia.

Este livro é baseado em meu livro em norueguês de 2014, Oppdagelsen av Babylon (A descoberta da Babilônia), publicado pela Spartacus. A editora Nina Castracane Selvik gentilmente me cedeu os direitos para retrabalhar o livro para uma versão em inglês. Para este livro, removi material voltado especificamente para o público norueguês. Também adicionei referências à literatura e traduções que estão disponíveis em inglês e fiz um esforço para encontrar material de referência acessível ao leitor em geral. A partir dessas fontes mais gerais, os leitores podem prosseguir com os tópicos sobre os quais estão particularmente interessados. Mais trabalhos acadêmicos foram citados, embora eu não tenha tentado incluir todos os estudos técnicos. Eu incorporei alguma literatura que apareceu desde 2014, mas não de uma forma abrangente.

Rannfrid Thelle

Veja uma apresentação do livro no vídeo Discovering Babylon – Prof. Rannfrid Thelle: Judaic Studies University of Arizona – 6 de nov. de 2018.

 

This volume presents Babylon as it has been passed down through Western culture: through the Bible, classical texts, in Medieval travel accounts, and through depictions of the Tower motif in art. It then details the discovery of the material culture remains of Babylon from the middle of the 19th century and through the great excavation of 1899-1917, and focuses on the encounter between the Babylon of tradition and the Babylon unearthed by the archaeologists. This book is unique in its multi-disciplinary approach, combining expertise in biblical studies and Assyriology with perspectives on history, art history, intellectual history, reception studies and contemporary issues.

Rannfrid Thelle is Assistant Professor in the Department of Women’s Studies and Religion at Wichita State University in Wichita, Kansas, USA.

História de Israel II 2021

Este curso de História de Israel II compreende 2 horas semanais, com duração de um semestre, o segundo dos oito semestres do curso de Teologia. Os alunos recebem os roteiros de todas as minhas disciplinas do ano em curso nos formatos pdf e html. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas da Faculdade e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Discute com o aluno os elementos necessários para uma compreensão global e essencial da história econômica, política e social do povo israelita, como base para um aprofundamento maior da história teológica desse povo. Possibilita ao aluno uma reflexão séria sobre o processo histórico de Israel do exílio babilônico ao domínio romano.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica veterotestamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático
1. O exílio babilônico

2. O judaísmo pós-exílico

2.1. O domínio persa

2.2. O domínio grego

2.3. O domínio romano

IV. Bibliografia

Básica
FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia desenterrada: a nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados. Petrópolis: Vozes, 2018.

LIVERANI, M. Para além da Bíblia: história antiga de Israel. São Paulo: Loyola/Paulus, 2008.

MAZZINGHI, L. História de Israel das origens ao período romano. Petrópolis: Vozes, 2017.

Complementar
DA SILVA, A. J. História de Israel. Disponível na Ayrton’s Biblical Page. Última atualização: 05.10.2020.

GERSTENBERGER, E. S. Israel no tempo dos persas: séculos V e IV antes de Cristo. São Paulo: Loyola, 2014.

HORSLEY, R. A. Arqueologia, história e sociedade na Galileia: o contexto social de Jesus e dos Rabis. São Paulo: Paulus, 2000 [2a. reimpressão: 2017].

KIPPENBERG, H. G. Religião e formação de classes na antiga Judeia: estudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução social. São Paulo: Paulus, 1997. Resumo publicado em Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 120, p. 413-434, 2013 e disponível na Ayrton’s Biblical Page. Última atualização: 03.12.2020.

STEGEMANN, W. Jesus e seu tempo. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2013.

História de Israel I 2021

Este curso de História de Israel I compreende 2 horas semanais, com duração de um semestre, o primeiro dos oito semestres do curso de Teologia. Os alunos recebem os roteiros de todas as minhas disciplinas do ano em curso nos formatos pdf e html. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas da Faculdade e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Discute com o aluno os elementos necessários para uma compreensão global e essencial da história econômica, política e social do povo israelita, como base para um aprofundamento maior da história teológica desse povo. Possibilita ao aluno uma reflexão séria sobre o processo histórico de Israel desde suas origens até o exílio babilônico.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica veterotestamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático
1. Noções de geografia do Antigo Oriente Médio

2. As origens de Israel

3. A monarquia tributária israelita

3.1. Os governos de Saul, Davi e Salomão

3.2. O reino de Israel

3.3. O reino de Judá

IV. Bibliografia
Básica
FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia desenterrada: a nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados. Petrópolis: Vozes, 2018.

LIVERANI, M. Para além da Bíblia: história antiga de Israel. São Paulo: Loyola/Paulus, 2008.

MAZZINGHI, L. História de Israel das origens ao período romano. Petrópolis: Vozes, 2017.

Complementar
DA SILVA, A. J. História de Israel. Disponível na Ayrton’s Biblical Page. Última atualização: 05.10.2020.

DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos. 2v. 7. ed. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2017.

FINKELSTEIN, I. O reino esquecido: arqueologia e história de Israel Norte. São Paulo: Paulus, 2015.

GOTTWALD, N. K. As tribos de Iahweh: uma sociologia da religião de Israel liberto, 1250-1050 a.C. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004.

KAEFER, J. A. A Bíblia, a arqueologia e a história de Israel e Judá. São Paulo: Paulus, 2015 [1. reimpressão: 2018].

Classe e poder na Palestina romana

KEDDIE, A. Class and Power in Roman Palestine: The Socioeconomic Setting of Judaism and Christian Origins. Cambridge: Cambridge University Press, 2019, 374 p. – ISBN 9781108493949.KEDDIE, A. Class and Power in Roman Palestine: The Socioeconomic Setting of Judaism and Christian Origins. Cambridge: Cambridge University Press, 2019

Em Classe e poder na Palestina romana, Anthony Keddie investiga a mudança nas relações socioeconômicas na Palestina do começo da época romana, entre 63 a.C. e 70 d.C. É uma síntese atualizada de evidências arqueológicas e literárias das mudanças socioeconômicas ocorridas neste contexto e serve como um recurso valioso para estudiosos do judaísmo antigo e das origens cristãs.

 

Anthony Keddie investigates the changing dynamics of class and power at a critical place and time in the history of Judaism and Christianity – Palestine during its earliest phases of incorporation into the Roman Empire (63 BCE–70 CE). He identifies institutions pertaining to civic administration, taxation, agricultural tenancy, and the Jerusalem Temple as sources of an unequal distribution of economic, political, and ideological power. Through careful analysis of a wide range of literary, documentary, epigraphic, and archaeological evidence, including the most recent discoveries, Keddie complicates conventional understandings of class relations as either antagonistic or harmonious. He demonstrates how elites facilitated institutional changes that repositioned non-elites within new, and sometimes more precarious, relations with privileged classes, but did not typically worsen their economic conditions. These socioeconomic shifts did, however, instigate changing class dispositions. Judaean elites and non-elites increasingly distinguished themselves from the other, through material culture such as tableware, clothing, and tombs.

Uma história de Moab

Moab está situado na Transjordânia, entre os vales do Zered e do Arnon, porém levava frequentemente sua fronteira ao norte do Arnon. Seu território principal está situado em um planalto de 1200 metros de altitude.

As cidades do ano 3000 a.C. foram destruídas e abandonadas. Aí por volta de 1300 a.C. o país foi novamente ocupado por semitas nômades e pastores.Território de Moab. Desenhado por Hilary Hatcher

Sua capital era Kir-hareseth (Kir, Kir-heres), a moderna Kerak. Outras cidades: Aroer, Dibon, Medeba e Heshbon. Cerca de oito km a oeste de Medeba está o monte Nebo ou Pisgah, segundo textos bíblicos.

No século I d.C., a sudoeste do monte Nebo estava a fortaleza de Maqueronte, onde Herodes Antipas mandou matar João Batista, segundo relatos dos evangelhos. Moab e Israel eram rivais. Antes de Israel adotar a monarquia como forma de governo, Moab já o fizera. Seu deus principal era Kemosh. Sua língua se assemelha bastante ao hebraico.

Um artigo

Ancient Moab: from the Ninth to First Centuries BCE – By Burton MacDonald

The Bible and Interpretation – June 2020

Os antigos moabitas eram constituídos por vários grupos. Eles eram provavelmente descendentes, pelo menos em parte, dos Shûtu/Sutu e/ou Shasu. Os mais antigos aparecem nas Cartas de Tell el-Amarna, datadas do século XIV a.C., como “sem lei” e “tramando rebelião”. Às vezes, porém, os egípcios os usavam como mercenários. Os textos os retratam como pastores na região do sul da Jordânia (possivelmente mais ao norte e até mesmo na Cisjordânia) a quem os egípcios permitiram levar seus rebanhos para pastar no leste do delta do Nilo. Os egípcios tentaram sedentarizá-los, mas aparentemente não tiveram sucesso. O termo acádico Shûtu/Sutu pode ser uma contrapartida do termo egípcio Shasu, que significa “andar a pé”, “vagar”. O termo Shasu aparece nos textos egípcios da Décima Nona Dinastia (de 1292 a 1189 a.C.). Refere-se a nômades e seminômades que vivem em tendas e pastoreiam rebanhos na região do sul da Transjordânia. Eles não constituíam um grupo étnico. Em vez disso, são retratados como pastores que os egípcios tinham que manter sob controle para proteger suas distantes fronteiras orientais. Em relação ao Shasu, W. G. Dever, Beyond the Texts: An Archaeological Portrait of Ancient Israel and Judah. Atlanta: SBL, 2017, p. 102, menciona a frase “o Shasu de yah“. Essa poderia ser a mais antiga menção a Iahweh.

A number of groups constituted ancient Moab. They were most likely descendants, at least in part, of the Shûtu/Sutu and/or Shasu. The former appear in the Amarna Letters, dated to the 14th century BCE, as “lawless” and “plotting rebellion.” Sometimes, however, the Egyptians co-opted them as mercenaries. The texts portray them as pastoralists in the region of southern Jordan (possibly farther north and even in Cisjordan) whom the Egyptians allowed to graze their flocks in the eastern Nile Delta. The Egyptians attempted to sedentarize them, but apparently were unsuccessful. The Akkadian term Shûtu/Sutu may be a counterpart of the Egyptian term Shasu, meaning “to move on foot,” “to wander.” The term Shasu appears in Nineteenth Dynasty (lasting from 1292 to 1189 BCE) Egyptian texts. It refers to nomadic and semi-nomadic people, living in tents and herding flocks, in the region of southern Transjordan. They did not constitute an ethnic group. Rather, they are portrayed as pastoralists whom the Egyptians had to keep in check in order to guard their remote eastern borders. Relative to the Shasu, Dever (2017: 102) mentions the phrase “the Shasu of yah.” MACDONALD, B. A History of Ancient Moab from the Ninth to First Centuries BCE. Atlanta: SBL Press, 2020Such could be the earliest mention of Yahweh.

 

Um livro

MACDONALD, B. A History of Ancient Moab from the Ninth to First Centuries BCE. Atlanta: SBL Press, 2020, 304 p. – ISBN 9781628372687

Este livro sobre Moab apresenta dados arqueológicos, epigráficos, bíblicos e pós-bíblicos para construir um panorama da história dos moabitas que habitavam na Transjordânia. A análise das descobertas arqueológicas mostra que, embora seu território não fosse rico em recursos, sua aliança com os assírios os fez prosperar.

A History of Ancient Moab from the Ninth to First Centuries BCE incorporates archaeological, epigraphic, biblical, and postbiblical evidence to construct a picture of Moabite history beginning with their origin in the Transjordan through their emergence on the international stage. Analysis of inscriptional and archaeological discoveries shows that, although their territory was not rich in resources, their service to the Assyrian Empire made them prosperous.

Sobre Wilfred George Lambert

Em 2017 “fui morar” por muitos meses na antiga Mesopotâmia para escrever um texto sobre Histórias de criação e dilúvio na antiga Mesopotâmia. E então conheci alguns textos do extraordinário assiriólogo britânico Wilfred George Lambert (1926-2011). Entre eles o atual texto acadêmico padrão do Enuma Elish: LAMBERT, W. G. Babylonian Creation Myths. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2013.

E também conheci textos de seu ex-aluno Andrew R. George, assiriólogo da Universidade de Londres e autor do texto acadêmico padrão da Epopeia de Gilgámesh: GEORGE, A. R. The Babylonian Gilgamesh Epic: Introduction, Critical Edition and Cuneiform Texts. 2 vols. Oxford: Oxford University Press, 2003.

Andrew George publicou em 2015 uma fascinante memória biográfica de Wilfred George Lambert para a British Academy. O texto está disponível online.Wilfred George Lambert (1926-2011)

GEORGE, A. R. Wilfred George Lambert 1926-2011. Biographical Memoirs of Fellows of the British Academy, XIV, 337–359, 2015.

Vou transcrever alguns trechos aqui.

Depois de traçar o perfil intelectual de Lambert ao longo de 20 páginas, A. R. George, diz nas páginas 356-359:

Nestes parágrafos finais tentarei dar uma rápida ideia do caráter de um homem que será sempre lembrado como o mais brilhante assiriólogo britânico de sua época. Após a morte de seus pais, o único parente próximo de Lambert foi sua irmã mais velha, Muriel, que era quatro anos mais velha do que ele. Ambos permaneceram solteiros e sem filhos. Parece que a deusa Ishtar falhou em capturar suas emoções. Sua vida social foi dividida entre a Universidade de Birmingham e a Igreja Cristadelfiana da cidade. Na universidade ele frequentava regularmente as reuniões e estava sempre disposto a prolongar a noite em um restaurante indiano. Para as congregações cristadelfianas ele dava palestras sobre a Bíblia a partir da perspectiva do Antigo Oriente Médio.

Lambert era movido por uma enorme sede de conhecimento e se media com seus contemporâneos a partir disso. Só eloquência não o impressionava. Certa vez ele comentou sobre uma palestra de um arqueólogo: “Ele fala muito bem, mas não tenho certeza de que ele tenha realmente dito alguma coisa”. Para ele, a pergunta mais importante, que ele fazia para qualquer texto ou palestra acadêmica, era: “Isso me ensina algo que eu não sabia antes”? Os julgamentos feitos em resposta a essa pergunta às vezes combinavam com sua particular incapacidade de evitar uma opinião franca e direta. Isso o levava a conquistar inimigos sem querer. Embora sociável até certo ponto, ele não era um indivíduo muito falante. Possivelmente sua formação o excluía de estar à vontade na companhia de contemporâneos que ele achava que eram mais favorecidos pelo nascimento. Ele zombava dos sobrenomes alemães prefixados com ‘von’, não apenas por rivalidade com seu adversário de Münster, Wolfram von Soden, mas também porque o cristadelfianismo havia incutido nele uma antipatia pela hierarquia social.

Parece ter sido um solitário por opção. Daí que ele não tinha pessoas próximas a ele para desabafar e para o consolar quando sofria injustiças. Ele desabafava escrevendo cartas de reclamação. Ele sempre mantinha cópias em carbono. Em sua mesa, por ocasião de sua morte, havia uma correspondência com um operador ferroviário por causa de seu mau serviço, e outra com uma empresa de alimentos sobre a quantidade de grãos integrais realmente existentes em um pãozinho descrito como integral na embalagem. Mais revelador foi um dossiê de cartas de e para colegas acadêmicos, no qual ele usava linguagem franca e direta, denegrindo amargamente terceiros que ele achava que o haviam prejudicado.

Quando seu orgulho profissional não corria perigo, ele era muito mais agradável. Em seu serviço de ação de graças, Anthony Watkins, um amigo cristadelfiano, fez um discurso que se inspirava nas lembranças de muitos cristadelfianos que conheceram Lambert. Eles observaram as qualidades que estavam em evidência em sua carreira acadêmica, incluindo ‘clareza de pensamento e exposição’, ‘pensamento claro e instinto aparentemente infalível para o que era certo’. Eles também se lembraram de um homem ‘quieto e reservado’ que era ‘infalivelmente encantador, modesto e simples’ e que ‘nunca exibia suas habilidades’. Muitos colegas acadêmicos também conheciam esse lado dele. De fato, a modéstia pessoal foi o atributo mais destacado no caráter de Lambert. Muitas pessoas com muito menos importância causavam um furor maior, mas ele rejeitava a autopromoção e a vaidade onde quer que as encontrasse.

Até a doença de seus últimos anos, sua saúde era excelente. Mesmo no início dos anos oitenta, ele andava mais rápido e ia mais longe do que muitas pessoas muito mais jovens. Suas costas desenvolveram uma protuberância, mas isso não pareceu incomodá-lo. Um colega alemão escreveu cartas insistindo que havia um tratamento simples e eficaz. Lambert manteve as cartas, mas não parece ter seguido o conselho. Provavelmente ele não teve tempo para tal. Quando um câncer finalmente começou a afetar sua vitalidade, ele se queixou impaciente a vários correspondentes da mobilidade reduzida que estava sofrendo. A doença era difícil de suportar, não apenas porque era estranha para ele, mas também porque atrapalhava seu trabalho.

Ele não saía de férias, mas geralmente participava do Rencontre Assyriologique Internationale (RAI), o congresso internacional anual de assiriologia. Assim, ele encontrava boa parte do mundo acadêmico de sua área. Ele se orgulhava de escrever anotações para suas palestras em pequenos pedaços de papel enquanto viajava para o local. Suas apresentações tinham precisão, clareza e humor e sempre atraíam grandes audiências. Ás vezes seu fino humor aparecia também em suas publicações.

A frugalidade de Lambert era bem conhecida. Sua vida doméstica era espartana. Ele foi vegetariano durante toda a vida e achava desnecessária uma cozinha bem aparelhada. Ele não possuía carro ou televisão. Ele também não ouvia o rádio que sua irmã lhe deu, escondendo-o atrás de um guarda-roupa. Ele lia as notícias do Daily Telegraph. Nos anos 90 ele tentou substituir sua velha máquina de escrever manual por um computador pessoal, mas, ao comprá-lo, não encontrou ninguém que pudesse lhe explicar em vocabulário não técnico como usá-lo. A experiência confirmou sua aversão por aparelhos eletrônicos e recursos tecnológicos.

Andrew R. George (1955)Seus passatempos consistiam em tocar piano, manter sua biblioteca acadêmica atualizada e colecionar selos cilíndricos do Antigo Oriente Médio. Ele falava com orgulho que sua coleção de selos era, de certa forma, superior em qualidade à do Museu Britânico. Antes de sua morte, ele providenciou a transferência da coleção para o Museu Britânico. Assim, ele aprimorou as coleções do museu por meio de um ato de generosidade incomum, além das décadas de notável pesquisa que ali fez. Foi o seu momento mais nobre.

W. G. Lambert morreu no Hospital Queen Elizabeth, em Birmingham, em 9 de novembro de 2011. Foi cremado em 25 de novembro no Lodge Hill Cemetery, após um serviço de ação de graças no West Birmingham Christadelphian Hall, em Quinton. Ele deixou a maior parte de sua biblioteca acadêmica para sua alma mater, Christ’s College, em Cambridge. Os livros agora estão na Biblioteca Haddon do Departamento de Arqueologia e Antropologia da Universidade. Ele deixou seus bens para as Casas Cristadelfianas de Assistência, uma instituição de caridade que cuidou de sua irmã e de muitos de seus amigos na velhice.

 

A few last paragraphs will attempt to give a rounded impression of the character of a man who will always be recalled as the most brilliant British Assyriologist of his era. After the death of his parents Lambert’s only close relative was his elder sister, Muriel, who was four years older than him. Both remained unmarried and childless. It seems the goddess Ishtar failed to capture his emotions, just as she thwarted his ambitions in Tablet IV of the god-list An = Anum. His social life was divided between the University of Birmingham and the city’s Christadelphian Ecclesiae, first Birmingham Central and later West Birmingham. At the university he was a regular in the senior common room and always ready after visitors’ lectures to prolong the evening in the Indian restaurants of Selly Oak. To ­ Christadelphian congregations he gave talks on the Bible from ancient Near Eastern perspectives.

Lambert was driven by a thirst for knowledge and measured himself against his contemporaries accordingly. Eloquence alone left him un­impressed. He once remarked LAMBERT, W. G. Babylonian Creation Myths. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2013after a conference address delivered by an archaeologist, ‘He speaks well enough, but I am not sure that he actually said anything.’ For him the key question that he brought to any piece of academic writing or lecture was, ‘Does this teach me anything I did not know before?’ Judgements made in response to this question sometimes combined with his distinctive inability to suppress forthright opinion. This could colour social relations with fellow academics; he made enemies unwittingly. Though sociable to a point, he was not a clubbable individual. Possibly his background excluded him from being at ease in the company of contemporaries whom he felt had been better favoured by birth. He made fun of German surnames prefixed with ‘von’, not only out of rivalry with his adversary in Münster but also because Christadelphianism had instilled in him an antipathy to social hierarchy.

It seems he was solitary by choice; in consequence he lacked people close to him who might have listened to his grievances and tempered his outrage when his sense of injustice was violated. He could accuse others of spite where none existed, even in print. He let off steam by writing letters of complaint. He always kept carbon copies. On his desk at the time of his death was a correspondence with a railway operator over its poor service, and another with a grocery company over the amount of whole grain actually in a bread roll described as wholegrain on the packaging. More telling was a dossier of letters to and from fellow academics, in which he used frank language and not a little vitriol to denigrate third parties whom he thought had wronged him.

When his professional pride was not in danger of hurt, he was much more congenial. At his service of thanksgiving Anthony Watkins, a Christadelphian friend, gave an address that drew on the recollections of many Christadelphians who had known Lambert. They remarked on qualities that were much in evidence in his academic career, including ‘clarity of thought and exposition’, ‘clear thinking and seemingly unerring instinct for what was right’. They also recalled a ‘quiet and undemonstrative’ man who was ‘unfailingly charming, modest and self-effacing’ and ‘never paraded his abilities’. Many academic colleagues knew this side of him too. Indeed, personal modesty was the most salient attribute in Lambert’s character. Many people of much less distinction have made a bigger splash, but self-promotion and vanity repelled him wherever he found them.

Until the illness of his last few years, his physical health was excellent. Even in his early eighties he walked faster and further than many much younger people. His back developed a hump, but it did not seem to ­trouble him. A German colleague wrote letters insisting that there was simple and effective treatment. Lambert kept the letters but does not seem to have taken the advice. Probably he had no time to spare. When a cancer finally began to affect his vitality, he complained impatiently to several correspondents of the reduced mobility that he was suffering. Ill health was difficult to endure, not only because it was strange to him but also because it stood between him and his work.

He did not go on holiday, but usually attended the annual Rencontre Assyriologique Internationale, the peripatetic international conference for Assyriology. Thus he saw a good deal of the world and its universities. He took pride in writing notes for his conference papers on small pieces of paper while travelling to the venue. The results were delivered extempore with precision, clarity and humour, and always drew large audiences. More rarely his wit was expressed in print. In an early essay on ‘Morals in Ancient Mesopotamia’ he cited a passage of Gilgamesh XII which promises better treatment in the netherworld for those who had large families while living. ‘The family allowances of the ancients,’ he observed, ‘were apparently not paid until death.’

GEORGE, A. R. The Babylonian Gilgamesh Epic: Introduction, Critical Edition and Cuneiform Texts. 2 vols. Oxford: Oxford University Press, 2003Lambert’s frugality was well known. He was not above picking up a penny in the street. His home life was spartan. He was a lifelong vegetarian and found modern kitchen equipment unnecessary. He did not own a car or a television. Nor did he listen to the radio that his sister gave him, placing it out of sight at the back of a wardrobe. He got his news from the Daily Telegraph. In the 1990s he attempted to replace his old manual typewriter with a personal computer, but having bought one could find nobody who could explain to him in non-technical vocabulary how to use it. The experience confirmed his aversion to electrical gadgets and technological aids.

His pastimes were playing the piano, keeping his academic library up to date and collecting ancient Near Eastern cylinder seals. He maintained with pride that his collection of seals was by some distance superior in quality to that of the British Museum. Before his death he arranged for its transfer to the British Museum as a bequest. Thus he enhanced the ­ useum’s collections through an act of unusual generosity as well as through decades of remarkable scholarship. It was his noblest moment.

W. G. Lambert died at the Queen Elizabeth Hospital in Birmingham on 9 November 2011. He was cremated on 25 November at Lodge Hill Cemetery after a service of thanksgiving at West Birmingham Christadelphian Hall in Quinton. He left most of his academic library to his alma mater, Christ’s College, Cambridge. The books are now housed in the Haddon Library of the University’s Department of Archaeology and Anthropology. The residue of his estate he bequeathed to the Christadelphian Care Homes, a charity that had cared for his sister and many of his friends in their old age.

A tomada de Laquis por Senaquerib em 701 a.C. – 3

KALIMI, I. ; RICHARDSON, S. (eds.) Sennacherib at the Gates of Jerusalem: Story, History and Historiography. Leiden: Brill, 2014Estou lendo trechos do livro de KALIMI, I. ; RICHARDSON, S. (eds.) Sennacherib at the Gates of Jerusalem: Story, History and Historiography. Leiden: Brill, 2014, XII + 548 p. – ISBN 9789004265615.

Resumi os pontos principais do capítulo 4 sobre a tomada de Laquis.

1. Laquis na época da campanha de Senaquerib
2. O ataque assírio a Laquis

 

Nas páginas 85-89, diz David Ussishkin:

Os relevos de Laquis

Alguns anos após o controle de Judá, Senaquerib construiu seu palácio real em Nínive, hoje conhecido como Palácio do Sudoeste. Esse edifício está registrado em detalhesPalácio de Senaquerib em Nínive nas inscrições de Senaquerib, que o chama de Palácio sem Rival. O palácio foi amplamente escavado na metade do século XIX pelo arqueólogo inglês Austen Henry Layard em nome do Museu Britânico em Londres. Ele fez uma planta do edifício e descobriu um grande número de relevos feitos de placas de alabastro que adornavam as paredes.

As placas de alabastro que representam em relevo a conquista de Laquis foram dispostas nas paredes de uma sala especial localizada na parte de trás de uma suíte cerimonial central do palácio. Parece que toda a sala, e talvez também toda a suíte, pretendia comemorar a conquista de Judá e a vitória em Laquis. De acordo com a reconstrução de David Ussishkin, a “sala de Laquis”, rotulada por Layard “sala XXXVI”, tinha 11,5 metros de largura e 5 metros de comprimento. Suas paredes provavelmente estavam inteiramente cobertas pelos relevos de Laquis. Os relevos no lado esquerdo da sala foram deixados por Layard no local e foram perdidos, enquanto o restante da série, composto por doze placas, foi transferido por ele para o Museu Britânico em Londres e atualmente é exibido lá. O comprimento da série preservada é de cerca de 19 metros. Parece que a parte que faltava da série tinha cerca de 8 metros de comprimento. Consequentemente, a série original que descreve a conquista de Laquis deve ter cerca de 27 metros de comprimento. Esta é a série mais longa e detalhada de relevos assírios, representando o assalto e a conquista de uma única cidade fortaleza.

Os relevos ausentes não foram documentados, e a única dica sobre o seu conteúdo é a observação de Layard de que “consistiam de grandes formações de cavaleiros e quadrigários”. Mais adiante, da esquerda para a direita, são mostradas a infantaria, o assalto à cidade, a transferência do espólio, a punição de cativos, as famílias exiladas, Senaquerib sentado em seu trono, a tenda real e a carruagem e, finalmente, o acampamento assírio. Significativamente, a cena principal que retratava o assalto à cidade foi colocada exatamente no centro da parede do fundo da sala, em frente à entrada monumental. Dadas as boas condições de iluminação, qualquer um que passasse pela entrada podia ver o ataque de Laquis à sua frente quando entrasse na sala.

Os relevos de Laquis no British Museum, LondresA porta da cidade é mostrada no centro da cena, retratando o assalto à cidade, sendo atacada por uma máquina de cerco. Refugiados são mostrados carregando seus pertences e saindo da cidade através da porta. Nos dois lados da cidade sitiada estão representadas as muralhas da cidade. Os soldados judaítas estão nas muralhas e balcões no topo da guarita e atiram nos assírios atacantes. A rampa de assédio é mostrada à direita da guarita. Como mencionado, sete máquinas de cerco, apoiadas por arqueiros e atiradores com fundas, estão atacando as muralhas – cinco no topo do rampa de assédio e duas na porta da cidade, possivelmente colocadas em uma rampa de assédio adicional construída contra a guarita. Relevos assírios geralmente retratam uma e, em alguns casos, duas máquinas de cerco atacando as muralhas de uma cidade sitiada. O relevo que representa o cerco de Laquis é único ao mostrar nada menos que sete máquinas de cerco participando ativamente da batalha.

Mais à direita, são mostrados soldados assírios carregando o saque e prisioneiros, provavelmente oficiais de Ezequias, sendo severamente punidos, e os habitantes de Laquis deixando a cidade destruída. Os deportados levam seus pertences com eles, uma imagem trágica de famílias inteiras forçadas a sair de suas casas. A família mostrada aqui é composta por duas mulheres, seguidas por duas meninas e um homem que conduz um carro puxado por dois bois. O carro está carregado de utensílios domésticos e trouxas amarradas, nas quais duas crianças pequenas, um menino e uma menina, estão sentadas. As costelas dos bois aparecem destacadas, possivelmente para indicar que sofrem de desnutrição.

Os deportados se distinguem por sua aparência e vestuário, que provavelmente eram típicos do povo de Judá naquele período. As mulheres usam uma roupa longa e simples. Um longo xale cobre a cabeça, os ombros e as costas, chegando até a parte inferior do vestido. Os homens têm barba curta e suas cabeças estão enroladas em lenços com extremidades em franja. A roupa deles tem uma borla franjada pendurada entre as pernas. Homens e mulheres estão descalços.

A procissão dos soldados assírios carregando espólio, e a dos habitantes deportados, passa diante do rei assírio sentado em seu trono. A inscrição cuneiforme, gravada noHabitantes de Laquis deixam a cidade destruída pelos assírios em 701 a. C. fundo do relevo, identifica a cidade atacada como Laquis. O belo trono é ricamente ornamentado e é mencionado especificamente na inscrição. Quase certamente foi trazido da Assíria para Laquis para o uso de Senaquerib. O trono tem pernas muito altas, permitindo que o monarca sentado olhe de cima para as pessoas que estão à sua frente. Os pés do rei repousam sobre um escabelo alto. O trono e o escabelo eram decorados com marfim lindamente esculpido. Diante do rei está um alto oficial, possivelmente o comandante do exército (Tartan / turtanu). Ele é acompanhado por comandantes de menor patente, e dois eunucos segurando leques estão atrás do trono. Mais à direita, é mostrada a tenda real, identificada como a tenda de Senaquerib por uma curta inscrição cuneiforme, a carruagem cerimonial de Senaquerib, cavaleiros desmontados, o carro de batalha do rei e, finalmente, o acampamento fortificado assírio.

Laquis nos oferece uma oportunidade única de comparar um relevo assírio esculpido em pedra, que descreve detalhadamente uma cidade antiga, com o local da mesma cidade cuja topografia e fortificações são bem conhecidas por nós. Embora muitas cidades inimigas sejam mostradas nos relevos encontrados em vários palácios reais da Assíria, apenas um punhado delas pode ser identificado pelo nome. No caso de Laquis, no entanto, não apenas conhecemos bem o cenário topográfico, como também identificamos o estrato arqueológico da cidade que foi destruída pelos assírios e descobrimos os restos do ataque a essa cidade.

Nos relevos, as várias características da cidade são retratadas de acordo com as convenções rígidas e esquemáticas usuais dos artistas assírios, mas são mostradas em uma certa perspectiva, mantendo aproximadamente as proporções e relações dos vários elementos, como pareceriam para um artista observando os acontecimentos a partir de um ponto específico. Na opinião de David Ussishkin o ponto de vista a partir do qual Laquis é mostrado nos relevos está localizado a sudoeste do monte, em frente ao local presumido do acampamento assírio, entre ele e a cidade, e de frente para o principal ponto de ataque. Creio que este é o local exato em que Senaquerib, o comandante supremo, sentou-se em seu belo trono, conduziu a batalha e depois inspecionou os carregadores do saque e os deportados. Consequentemente, acredito que os relevos de Laquis apresentam a cidade sitiada como pode ser vista através dos olhos do próprio Senaquerib no seu posto de comando.

 

The Lachish Reliefs

A few years after the campaign in the Levant and the subjugation of Judah, Sennacherib constructed his royal palace in Nineveh, known today as the Southwest Palace. This extravagant edifice, its construction, size, magnificence and beauty are recorded in detail in Sennacherib’s inscriptions; he proudly called it the “Palace Without Rival.” The palace was largely excavated in 1850 c.e. by Sir Austen Henry Layard on behalf of the British Museum in London. He prepared a plan of the building and uncovered a large number of reliefs cut on alabaster slabs which adorned the walls.

O rei assírio Senaquerib em Laquis em 701 a. C.The stone slabs depicting in relief the conquest of Lachish were erected in a special room located at the back of a central ceremonial suite in the palace. It seems that the whole room—and perhaps also the entire suite— was intended to commemorate the conquest of Judah and the victory at Lachish. According to our reconstruction, the “Lachish room” (labeled by Layard “Room XXXVI”) was 11.5m (35ft) wide and 5m (15ft) long. Its walls were probably entirely covered by the Lachish reliefs. The stone reliefs on the left side of the room were left by Layard on the site and were thus lost, while the rest of the series, comprising twelve slabs, were transferred by him to the British Museum in London and are currently exhibited there. The length of the preserved series is about 19m (57ft). It seems that the missing part of the series was about 8m (24ft) long. Accordingly, the original series depicting the conquest of Lachish must have been about 27m (81ft) long. This is the longest and most detailed series of Assyrian reliefs depicting the storming and conquest of a single fortress city.

The missing relief slabs were not documented, and the only hint as to their content is Layard’s remark that “the reserve consisted of large bodies of horsemen and charioteers.” Further along, in consecutive order from left to right, are shown the attacking infantry, the storming of the city, the transfer of booty, punishment of captives, families going into exile, Sennacherib sitting on his throne, the royal tent and chariot, and finally the Assyrian military camp. Significantly, the main scene portraying the storming of the city was placed exactly in the center of the rear wall of the room, opposite the monumental entrance. Given good lighting conditions, anyone who passed through the entrance could see the storming of Lachish facing him as he entered the room.

The city-gate is shown in the center of the scene portraying the assault on the city, being attacked by a siege-machine. Refugees are shown carrying their belongings and leaving the city through the gate. On both sides of the besieged city are depicted the city-walls. Judahite warriors stand on the walls and on the “balcony” on the roof of the gatehouse and shoot at the attacking Assyrians. The siege-ramp is shown to the right of the gatehouse. As mentioned above, seven siege-machines, supported by archers and slingers, are attacking the walls—five on top of the siegeramp, and two attacking the city-gate, possibly placed on an additional siege-ramp built against the gatehouse. The royal Assyrian relief series usually portray one, and in a few cases two siege-machines attacking the walls of a besieged city. The relief portraying the siege of Lachish is unique in showing no fewer than seven siege-machines taking active part in the battle.

Further to the right are shown Assyrian soldiers carrying booty and captives—probably Hezekiah’s officials, being severely punished—and the inhabitants of Lachish Prisioneiros judaítas de Laquis levados ao rei Senaquerib em 701 a. C.leaving the destroyed city. The deported Lachishites take their belongings with them, a tragic picture of entire families forced out of their homes. The family shown here consists of two women, followed by two girls and a man leading a cart harnessed totwo oxen. The cart is laden with household goods and tied-up bundles on which two small children, a boy and a girl, are sitting. The ribs of the oxen are emphasized, possibly to point out that they suffer from malnutrition.

The deportees are distinguishable by their appearance and dress, which were probably typical to the people of Judah at that period. The women wear a long, simple garment. A long shawl covers their head, shoulders and back, reaching to the bottom of the dress. The men have a short beard and their heads are wound with scarves whose fringed ends hang down. Their garment has a fringed tassel hanging between the legs. Both men and women are barefoot.

The procession of the Assyrian soldiers carrying booty, and that of the deported inhabitants, face the Assyrian king sitting on his throne. The cuneiform inscription, carved in the background of the relief, identifies the assaulted city as Lachish. The beautiful throne is richly ornamented and is specifically mentioned in the inscription; it was almost certainly brought from Assyria to Lachish for the use of Sennacherib. The throne has very high legs, enabling the sitting monarch to look down from above at the people standing in front of him. The feet of the king rest on a high footstool. Both the throne and the stool were decorated with beautifully carved ivories. Facing the king stands a high official, possibly the commander of the army (Tartan/turtanu). He is followed by commanders of lesser rank, and two eunuchs holding fans stand behind the throne. Further to the right are shown the royal tent, identified as Sennacherib’s tent by a short cuneiform inscription, the ceremonial chariot of Sennacherib, dismounted cavalrymen, the king’s battle chariot and finally the Assyrian fortified camp, depicted in the schematic Assyrian style as described above.

Lachish provides us with a unique opportunity of comparing an Assyrian stone relief depicting in detail an ancient city with the site of the same city whose topography and fortifications are well known to us. Although many enemy cities are shown in the reliefs found in various Assyrian royal palaces, only a handful of them can be identified by name, and even fewer can be associated with places of known location and nature. In the case of Lachish, however, not only are we well acquainted with the topographical setting, but we have identified the city level that was destroyed by the Assyrians and uncovered the remains of the attack on that city.

It seems to me, in following the initial study of Richard Barnett, that the Lachish relief series portrays the city from one particular spot. In the relief, the various features of the city are depicted according to the usual rigid and schematic conventions of the Assyrian artists, but they are shown in a certain perspective, roughly maintaining the proportions and relationships of the various elements as they would appear to an onlooker standing at one specific point. In my view the particular vantage point from which Lachish is shown in the relief is located southwest of the mound, just in front of the presumed site of the Assyrian camp, between it and the city, and facing the main point of attack. I believe that this is the very spot where Sennacherib, the supreme commander, sat on his beautiful throne, conducted the battle, and later reviewed the booty bearers and the deportees. Consequently, I believe that the Lachish reliefs present the besieged city as seen through the eyes of Sennacherib himself at his command post.

A tomada de Laquis por Senaquerib em 701 a.C. – 2

Estou lendo trechos do livro de KALIMI, I. ; RICHARDSON, S. (eds.) Sennacherib at the Gates of Jerusalem: Story, History and Historiography. Leiden: Brill, 2014, XII + 548 p. – ISBN 9789004265615.

Resumi os pontos principais do capítulo 4 sobre a tomada de Laquis.KALIMI, I. ; RICHARDSON, S. (eds.) Sennacherib at the Gates of Jerusalem: Story, History and Historiography. Leiden: Brill, 2014

1. Laquis na época da campanha de Senaquerib
3. Os relevos de Laquis

 

Nas páginas 79-85, diz David Ussishkin:

O ataque assírio a Laquis

Quando Senaquerib chegou a Laquis no comando de seu exército, ele não teve que deliberar muito sobre onde dirigir o seu ataque à cidade fortificada. A resposta óbvia foi ditada pela topografia do local e pelo terreno circundante. A cidade estava cercada por vales profundos de quase todos os lados, e somente no ângulo sudoeste havia uma ligação, através de uma depressão, com a colina vizinha. As fortificações neste lado eram especialmente reforçadas, mas o ângulo sudoeste e a porta da cidade, que ficava nas vizinhanças, eram os pontos mais vulneráveis e lógicos a serem atacados. Por isso, é bastante natural que o lado sudoeste tenha sofrido o impacto do ataque assírio.

Ao chegar a Laquis, o exército deve ter acampado, como era usual nas campanhas assírias. Deve ter sido um acampamento espaçoso, fornecendo instalações para a força expedicionária e acomodando o séquito e o quartel-general do rei. Os acampamentos militares assírios são frequentemente retratados em relevos. Eles eram geralmente redondos ou elípticos e cercados por uma paliçada ou por um muro. O acampamento construído em Laquis é retratado de maneira semelhante nos “Relevos de Laquis”, uma série de gravuras retratando o evento da tomada da cidade, descobertas no palácio de Senaquerib em Nínive.

O cerco de Laquis por Senaquerib em 701 a. C.Parece que o local do acampamento assírio pode ser determinado com certa segurança. Considerações estratégicas sugerem (a) que o acampamento assírio deveria estar localizado não muito longe do local onde seria lançado o principal ataque às muralhas da cidade; (b) que deveria estar perto da cidade, mas fora do alcance das chamas das muralhas da cidade; (c) que não deveria ter sido topograficamente inferior ou dominado taticamente pelas muralhas da cidade; e (d) que o local do acampamento deveria ser relativamente plano e espaçoso, suficientemente grande para acomodar a força expedicionária e o quartel-general do rei. Os critérios acima se encaixam na colina a sudoeste do monte, onde agora está o povoado israelense de Moshav Lachish. Como esta colina está conectada ao monte por uma depressão, a abordagem à cidade foi bastante fácil, e o acampamento estava localizado em frente ao local onde o ataque principal deveria ocorrer. Esta colina é relativamente alta e seu cume é amplo e plano, sendo quase tão alto quanto as muralhas da cidade do lado sudoeste. Infelizmente, a reconstrução do acampamento assírio neste local não pode ser fundamentada arqueologicamente. Quaisquer restos desse acampamento, se ainda preservados, agora estão sob as casas e fazendas de Moshav Lachish.

As escavações neste lado sudoeste foram iniciadas em 1932, quando Starkey descobriu e limpou o revestimento externo ao redor de todo o monte. Grandes quantidades de pedras foram descobertas neste local, e as escavações se estenderam pela encosta à medida que mais pedras foram removidas. A área da depressão no sopé do canto sudoeste e a estrada que levava à porta da cidade foram desobstruídas de muitos milhares de toneladas de alvenaria caída. Starkey acreditava que essas pedras caíram de cima, das muralhas destruídas durante o ataque assírio. David Ussishkin retomou a escavação deste lado sudoeste em 1983. Logo se tornou evidente que as pedras encontradas por Starkey estavam irregularmente amontoadas na encosta do monte, em vez de caírem de cima, e, portanto, ficou claro que elas formam os restos da rampa do cerco assírio. Estas escavações possibilitaram, em boa medida, a reconstrução do ataque assírio. Embora parcialmente removida por Starkey, a rampa de cerco colocada no fundo da encosta ainda podia ser estudada e reconstruída. Na sua parte inferior a rampa de cerco inclinada deve ter cerca de 70 metros de largura e 50 metros de comprimento. O centro da rampa de cerco era feito inteiramente de grandes pedras amontoadas que devem ter sido coletadas nos campos ao redor. Calcula-se que o total das pedras empregadas na construção da rampa devessem pesar de 13 a 19 mil toneladas.

As pedras da camada superior da rampa de cerco estavam ligadas por dura argamassa. Essa camada era a cobertura da rampa, adicionada por cima das pedras soltas, aO ataque assírio a Laquis em 701 a. C. fim de criar uma superfície compacta que permitisse aos soldados atacantes e suas máquinas de cerco se movimentarem em terreno sólido. O topo da rampa de cerco ao pé da muralha da cidade era coroado por uma plataforma horizontal feita de terra vermelha e suficientemente larga, fornecendo terreno uniforme para as máquinas de cerco assírias. É preciso enfatizar que a rampa de cerco de Laquis é, primeiro, a mais antiga rampa de cerco descoberta até hoje em escavações arqueológicas e, segundo, a única rampa de cerco assíria até agora conhecida.

Acima da rampa de cerco foram descobertas as fortificações do lado sudoeste, que eram especialmente maciças e fortes neste ponto vulnerável. A muralha externa tinha aqui uma torre construída com tijolos de barro sobre fundações de pedra, com cerca de 6 metros de altura, preservada quase em sua altura original. A torre era encimada por um balcão protegido por um parapeito, sobre o qual os defensores podiam ficar de pé e lutar. A principal muralha da cidade se estendia atrás e acima dessa torre. Foi preservada nesse ponto quase em sua altura original, cerca de 5 metros.

Quando os defensores da cidade viram que os assírios estavam construindo uma rampa de cerco como preparação para tomar as muralhas da cidade, começaram a construir uma contrarrampa dentro da muralha principal da cidade. Despejaram ali grandes quantidades de detritos do monte, retirados dos níveis anteriores da cidade, que trouxeram da parte nordeste, e construíram uma grande rampa, mais alta que a muralha principal da cidade, o que lhes proporcionou uma segunda nova linha interna de defesa.

Como resultado da construção da contrarrampa, o canto sudoeste tornou-se a parte mais alta do monte. A contrarrampa, sem dúvida, era uma muralha muito impressionante, seu ápice subindo cerca de 3 metros acima do topo da principal muralha da cidade. Alguma cerca ou muro improvisado, talvez feito de madeira, deve ter coroado a muralha, mas seus restos não foram preservados. As sondagens no centro da contrarrampa revelaram acúmulo de detritos montanhosos contendo cerâmica muito anterior, bem como lascas de calcário, que foram despejadas em camadas diagonais. Quando os assírios alcançaram os muros e superaram a defesa, estenderam a rampa de cerco sobre a muralha da cidade em ruínas para permitir o ataque à recém-formada linha de defesa mais alta da contrarrampa.

Falando das armas e munições usadas na batalha, vale mencionar primeiro a máquina de cerco, a formidável arma usada pelos assírios para destruir a linha de defesa nas muralhas. Nada menos do que sete máquinas de cerco dispostas para a batalha no topo da rampa de cerco e perto da porta da cidade são retratadas nos relevos de Laquis. O aríete era feito de uma viga de madeira reforçada com uma ponta afiada de metal. Como demonstrado no relevo, os defensores judaítas de pé na muralha lançavam tochas flamejantes nas máquinas de cerco. Como contramedida, os soldados assírios despejavam água de longas conchas nas máquinas para impedir que pegassem fogo, pois eram feitas de madeira e couro.

Mais duas descobertas únicas estão associadas às tentativas dos defensores de destruir as máquinas de cerco. O primeiro inclui doze pedras perfuradas que foramTropas assírias de Senaquerib atacam Laquis, em Judá, em 701 a. C. descobertas ao pé das duas muralhas da cidade. São grandes blocos de pedra perfurada, com uma parte superior plana, lados retos e um fundo irregular. Cada um deles tem quase 60 cm de diâmetro e pesa cerca de 100 a 200 kg. Restos de cordas queimadas e relativamente finas foram encontrados nos buracos de duas pedras.

Conforme indicado pelos restos das cordas, parece que as pedras perfuradas foram amarradas e baixadas pelos defensores da muralha da cidade. Pode-se supor que essas pedras tenham sido baixadas de alguma instalação improvisada, como uma grossa viga de madeira que se projetava da linha da muralha. Os defensores provavelmente usaram as pedras na tentativa de danificar as máquinas de cerco e impedir que os aríetes batessem na muralha. Eles devem ter descido as pedras sobre as máquinas de cerco e as movido de um lado para o outro como um pêndulo.

A segunda descoberta é um fragmento de uma corrente de ferro contendo quatro elos longos e estreitos, que foram descobertos nos restos de tijolos de barro queimados em frente ao revestimento externo. Os defensores provavelmente usaram a corrente de ferro para desequilibrar as máquinas de cerco. Devem ter lançado a corrente abaixo do ponto de impulso do aríete para prender seu eixo quando atingiu a muralha e depois puxaram a corrente.

Algumas das munições usadas na batalha também foram encontradas. Os relevos de Laquis exibem soldados assírios com fundas atirando nos defensores das muralhas, bem como defensores judaítas atirando pedras contra os atacantes, e muitas pedras atiradas foram de fato encontradas nas escavações. São bolas de sílex ou calcário bem moldadas, semelhantes a bolas de tênis, e pesando cerca de 250 gramas ou mais.

Os relevos de Laquis exibem arqueiros assírios que apoiavam o ataque às muralhas e, de fato, cerca de mil pontas de flechas foram descobertas nas escavações no canto sudoeste. As pontas de flechas não são uniformes em tamanho ou forma, e são de tipos diferentes. Quase todos eram feitas de ferro, e algumas eram de bronze ou esculpidas em osso. A maioria das pontas de flecha foi descoberta nos destroços de tijolos de barro queimados em frente às muralhas da cidade. Aparentemente, essas flechas foram disparadas por arqueiros assírios contra os soldados judaítas que estavam nos balcões no topo das muralhas. A descoberta de tantas pontas de flecha em uma área tão pequena indica a concentração do poder de fogo assírio. Muitas pontas de flecha foram encontradas dobradas, uma indicação de que foram atiradas muito de perto contra as muralhas com arcos poderosos.

Infelizmente, os dados arqueológicos são insuficientes para responder a três perguntas básicas:
. Qual era o tamanho da população da cidade na época do cerco?
. Qual era o tamanho da força assíria?
. Quanto tempo durou o cerco?

Em relação ao número de habitantes e defensores, só podemos fazer uma estimativa aproximada. O método costumeiro para calcular o tamanho da população em umSoldados assírios em combate assentamento antigo é multiplicando a área estabelecida por um coeficiente de densidade. Adotando o coeficiente de 100 pessoas por acre, já usado por especialistas para esta época, conclui-se que pelo menos duas mil pessoas viviam em Laquis na época da invasão de Senaquerib. No entanto, esse método serve para calcular a população em um assentamento regular, enquanto Laquis era principalmente um centro militar fortificado. Além disso, é possível que o número de pessoas em Laquis tenha mudado às vésperas do cerco, seja porque as pessoas da região circundante se refugiaram ali ou devido a mudanças que foram feitas no destacamento do exército judaíta.

Quanto ao tamanho do exército assírio acampado em Laquis, ou ao tamanho da força que participou do ataque à cidade, não há dados disponíveis. Quanto à questão de quanto tempo durou o cerco da cidade, aparentemente foi um cerco breve, pois toda a campanha assíria durou apenas parte de um ano. Durante esse período, o exército assírio marchou da Assíria para Judá, subjugou a Fenícia e a Filisteia, lutou contra a força expedicionária egípcia, conquistou parte de Judá e voltou para casa. Parece que a maior parte do tempo necessário para o ataque a Laquis foi gasto na construção da rampa de cerco, enquanto o ataque às muralhas da cidade foi relativamente breve. Ephʿal tentou calcular o tempo necessário para a instalação da rampa de assédio e sugeriu que tenha demorado vinte e poucos dias. No entanto, todos os dados básicos necessários para os cálculos, como a quantidade de pedras despejadas na rampa de cerco, a distância de onde foram levadas, o número de carregadores empregados para transportá-las e os atrasos causados ​​pela oposição dos defensores, só podem ser supostos.

 

The Assyrian Attack on Lachish

When Sennacherib arrived at the head of his army at Lachish, he did not have to deliberate at length on where to direct the main thrust of his onslaught on the fortified city. The obvious answer was dictated by the topography of the site and the surrounding terrain. The city was enveloped by deep valleys on nearly all sides, and only at the southwest corner did a topographical saddle connect the mound with the neighboring hillock. The fortifications at this corner were specially strengthened, but nevertheless the southwest corner and the nearby city-gate were the most vulnerable and the most logical points to assault. Hence it is quite natural that the southwest corner bore the brunt of the Assyrian attack.

Upon arrival at Lachish, the Assyrian army must have pitched its camp, as was the common practice in Assyrian campaigns. It must have been a large camp, providing Prisioneiros judaítas sendo esfolados pelos assírios em Laquis em 701 a. C.facilities for the expeditionary force and accommodating the king’s retinue and headquarters (cf. 2 Chronicles 32:9). Assyrian military camps are often portrayed schematically in Assyrian reliefs; they were generally round or elliptical in plan and surrounded by a fence or a wall. In some portrayals a central track is shown extending across the camp, and in others it is divided into four parts by two bisecting tracks. The camp constructed at Lachish is portrayed in a similar fashion in the “Lachish reliefs” to be discussed below.

It seems that the site of the Assyrian camp can be fixed with much certainty. Strategic considerations suggest (a) that the Assyrian camp should have been located not far from the place where the main attack on the city-walls was to be launched; (b) that it should have been near the city but beyond the range of fire from the city-walls; (c) that it should not have been topographically lower than, or tactically dominated by, the city-walls; and (d) that the site of the camp should have been relatively flat and spacious, sufficiently large to accommodate the expeditionary force and the king’s headquarters. The above criteria fit the hillock to the southwest of the mound, where the Israeli village Moshav Lachish is now located. Since this hillock is connected to the mound by the saddle described above, the approach to the city was fairly easy, and the camp was located opposite the place where the main attack was to take place. This hillock is relatively high and its summit broad and flat, rising nearly as high as the city-walls in the southwest corner. Unfortunately, the reconstruction of the Assyrian camp at this place cannot be archaeologically substantiated. Any remains of such a camp, if still preserved, are now obscured by the houses and farms of Moshav Lachish.

The excavations in the southwest corner were started in 1932, when Starkey cleared the face of the outer revetment around the entire mound. Large amounts of stones were uncovered at this spot, and the digging extended down the slope as more stones were removed. As the excavations developed, the saddle area at the foot of the southwest corner and the roadway leading up to the city-gate were cleared of many thousand tons of fallen masonry. Starkey believed that these stones collapsed from above, from the strong fortifications of the southwest corner destroyed during the Assyrian attack. We resumed the excavation of the southwest corner in 1983. It soon became apparent that the stones encountered by Starkey were irregularly heaped against the slope of the mound rather than fallen from above, and hence it became clear that they form the remains of the Assyrian siege-ramp. The excavations at our trench enabled us to reconstruct the Assyrian attack to a large degree. Although partly removed by Starkey, the siege-ramp laid at the bottom of the slope could still be studied and reconstructed. At its bottom, the sloping siege-ramp must have been about 70m (210ft) wide, and about 50m (150ft) long. The core of the siege-ramp was made entirely of heaped large stones which must have been collected in the fields around. We estimated that the stones invested in the construction of the ramp weighed 13,000 to 19,000 tons.

The stones of the upper layer of the siege-ramp were found stuck together by hard mortar. This layer was the mantle of the ramp, added on top of the loose boulders in order to create a compact surface which enabled the attacking soldiers and their siege-machines to move on solid ground. The top of the siege-ramp at the foot of the city-wall was crowned by a horizontal platform; it was made of red soil and was sufficiently wide, thus providing even ground for the Assyrian siege-machines to stand upon.To end the discussion of the siege-ramp, it has to be emphasized that the siege-ramp of Lachish is, first, the earliest siege-ramp so far uncovered in archaeological excavations, and second, the only Assyrian siege-ramp which is known today.

Above the siege-ramp were uncovered the fortifications of the southwest corner which were especially massive and strong at this vulnerable point. The outer revetment formed here a kind of tower; it was built of mud-brick on stone foundations and stood about 6m (18ft) high, preserved nearly to its original height. The tower was topped by a kind of “balcony,” protected by a mud-brick parapet, on which the defenders could stand and fight. The main city-wall extended behind and above this tower. It was preserved at this point nearly to its original height—almost 5m (15ft).

Once the defenders of the city saw that the Assyrians were constructing a siege-ramp in preparation for storming the city-walls, they started to lay down a counter-ramp inside the main city-wall. They dumped here large amounts of mound debris taken from earlier city-levels which they brought from the northeast part of the mound, and constructed a large ramp, higher than the main city-wall, which provided them with a second, new inner line of defense.

As a result of the construction of the counter-ramp, the southwest corner became the highest part of the mound. The counter-ramp undoubtedly was a very impressive rampart, its apex rising about 3m (10ft) above the top of the main city-wall. Some makeshift fence or wall, perhaps made of wood, must have crowned the rampart, but its remains were not preserved. Our soundings in the core of the counter-ramp revealed accumulation of mound debris containing much earlier pottery, as well as limestone chips, which was dumped in diagonal layers. Significantly, once the Assyrians reached the walls and overcame the defense, they extended the siege-ramp over the ruined city-wall—we called it the “second stage” of the siege-ramp—to enable the attack on the newly-formed, higher defense line on the counter-ramp.

Prisioneiros judaítas empalados pelos assírios em Laquis em 701 a. C.Turning to weapons and ammunition used in the battle, I shall first mention the siege-machine, the formidable weapon used by the Assyrians to destroy the defense line on the walls. No fewer than seven siege-machines arrayed for battle on top of the siege-ramp and near the city-gate are portrayed in the Lachish reliefs. The siege-machine moved on four wheels, partly protected by its body, which was made in six or more separate sections for easy dismantling and reassembling. The ram, made of a wooden beam reinforced with a sharp metal point, was probably suspended from one or more ropes, like a pendulum, and several crouching soldiers must have moved it backwards and forwards. As shown in the relief, the Judahite defenders standing on the wall were throwing flaming torches on the siege-machines. As a counter-measure, Assyrian soldiers standing on the roof of the siege-machines were pouring water from long ladles on the façade of the machines to prevent them from catching fire. The relief emphasizes the fact that the fighting between the two sides took place at close quarters, something very difficult for us to imagine at the present time when long-range guns and missiles form the main weapons.

Two more unique finds are apparently associated with the attempts of the defenders to destroy the siege-machines. The first one includes twelve perforated stones which were discovered at the foot of both city-walls. These are large perforated stone blocks, with a flat top, straight sides, and an irregular bottom. Each of them is nearly 60cm (2ft) in diameter and weighs about 100 to 200kg. Remains of burnt, relatively thin ropes were found in the holes of two stones.

As indicated by the remains of the ropes, it seems that the perforated stones were tied to ropes and lowered by the defenders from the city-wall. I assume that these stones were lowered from some makeshift installation, such as a thick wooden beam projecting from the line of the wall. The defenders probably used the stones in an attempt to damage the siege-machines and prevent the rams from hitting the wall; they must have dropped the stones on the siege-machines and swung them to and fro like a pendulum.

The second find is a fragment of an iron chain containing four long, narrow links, which was uncovered in the burnt mud-brick debris in front of the outer revetment. The defenders probably used the iron chain in order to unbalance the siege-machines. We assume that they lowered the chain below the point of thrust of the ram in order to catch its shaft when it reached the wall, and then raised the chain.

Some of the ammunition used in the battle was also found. The Lachish reliefs display Assyrian slingers shooting at the walls as well as Judahite defenders shooting sling stones at the attackers, and many sling stones were indeed found in the excavations. These are well-shaped balls of flint or limestone, resembling tennis balls, and weighing about 250 grams or more.

The Lachish reliefs display Assyrian archers supporting the attack on the walls, and indeed close to one thousand arrowheads were discovered in the excavation of the southwest corner. The arrowheads are not uniform in size or shape, and different types are represented. Almost all of them were made of iron, and a few were cast of bronze or carved of bone. In some cases ashes, the remains of the wooden shafts of the arrows, could still be discerned when exposed in the excavation. Most of the arrowheads were uncovered in the burnt mud-brick debris in front of the city-walls. Apparently these arrows were shot by Assyrian archers at the Judahite warriors standing on the “balconies” on top of the walls. The discovery of so many arrowheads in such a small area indicates how concentrated the Assyrian firepower was. Many arrowheads were found bent—an indication that they were shot at the walls with powerful bows from close range.

Laquis em 701 a. C.Unfortunately, the archaeological data are insufficient to answer three basic questions: what was the size of the city’s population at the time of the siege; what was the size of the Assyrian force; and how long did the siege last? Regarding the number of inhabitants and defenders, we can only make a rough estimate. The accepted method for estimating the size of the population in an ancient settlement is by multiplying the settled area by a density coefficient. Adopting the coefficient of 100 people per acre used by Broshi and Finkelstein in their study of the Iron II period it follows that fewer than 2000 people lived at Lachish at that time. However, this method is meant to estimate the population in a regular settlement, while Lachish was mainly a military, fortified center. Moreover, it is possible that the number of people in Lachish changed on the eve of the siege, either because people from the surrounding region took refuge here, or due to changes being made in the deployment of the Judahite army.

As to the size of the Assyrian army encamped at Lachish, or the size of the force which took part in the attack on the city, no data are available. As to the question of how long the siege of the city lasted, it apparently was a brief siege, as the entire Assyrian campaign lasted for only part of one year. During that period of time, the Assyrian army marched from Assyria to Judah, subjugated Phoenicia and Philistia, fought the Egyptian expeditionary force, conquered part of Judah, and returned home. It seems that most of the time needed for the attack on Lachish was spent in laying the siege-ramp, while the attack on the city-walls was relatively brief. Ephʿal tried to calculate the time needed for laying the siege-ramp, and suggested that it took twenty-three days.8 However, all the basic data needed for the calculations, such as the quantity of stones dumped in the siege-ramp, the distance from where they were taken, the number of porters employed in carrying them, and the delays caused by opposition of the defenders, can only be surmised.