Porque é importante ler Philip R Davies

Recebi, dias atrás, o número de abril de 2009 da CBQ – The Catholic Biblical Quarterly. Este é o volume 71, número 2.

Nas páginas 367-368, Megan Bishop Moore, da Wake Forest University, Winston-Salem, NC, resenha o livro de Philip R. Davies, The Origins of Biblical Israel. London: T & T Clark, 2007, x + 197 p. – ISBN 9780567043818 (Hardcover) – publicado em Paperback em 2009.

E diz mais para o final, avaliando o impacto do estudo:
Not surprisingly, the implications of D.’s theories for traditional histories of Israel are large and potentially devastating…

O que, em tradução mais ou menos livre, significa:
Não surpreende que as implicações das teorias de Philip R. Davies para as Histórias de Israel tradicionais sejam grandes e potencialmente devastadoras…

História de Israel 2009: o pouco que sabemos

Este curso de História de Israel compreende 4 horas semanais, com duração de um semestre, o primeiro dos oito semestres do curso de Teologia. Aos alunos são distribuídos um roteiro impresso do curso e um CD com os roteiros de todos as minhas disciplinas do ano em curso. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas da Faculdade e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Discute com o aluno os elementos necessários para uma compreensão global e essencial da história econômica, política e social do povo israelita, como base para um aprofundamento maior da história teológica desse povo. Possibilita ao aluno uma reflexão séria sobre o processo histórico de Israel desde suas origens até o século I d.C.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica vétero-testamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático
1. Noções de geografia do Antigo Oriente Médio

  • O Crescente Fértil
  • A Mesopotâmia
  • A Palestina e o Egito de 3000 a 1700 a.C.
  • A Síria e a Fenícia
  • A Palestina

2. As origens de Israel

  • A teoria da conquista
  • A teoria da instalação pacífica
  • A teoria da revolta
  • A teoria da evolução pacífica e gradual

3. Os governos de Saul, Davi e Salomão

  • Nascimento e morte da monarquia a partir dos textos bíblicos
  • A ruptura do consenso
  • As fontes: seu peso, seu uso
  • Dois exemplos de fontes primárias: as estelas de Tel Dan e de Merneptah
  • A questão teórica: como nasce um Estado antigo?
  • As soluções de Lemche e Finkelstein & Silberman

4. O reino de Israel

  • Israel de Jeroboão I a Jeroboão II
  • A Assíria vem aí: para Israel é o fim
  • As conclusões de Finkelstein & Silberman

5. O reino de Judá

  • Os Reis de Judá
  • A reforma de Ezequias e a invasão de Senaquerib
  • A reforma de Josias e o Deuteronômio
  • Os últimos dias de Judá
  • Por que Judá caiu?

6. A época persa e as conquistas de Alexandre

  • A situação da Grécia e a política macedônia
  • As conquistas de Alexandre Magno (356-323 a.C.)
  • Quem é Alexandre Magno?
  • A anexação da Judeia por Alexandre
  • A situação da Judeia no momento da anexação

7. Os Ptolomeus governam a Palestina

  • Os Diádocos lutam pela herança de Alexandre
  • A situação da Palestina de 323 a 301 a.C.
  • As guerras sírias entre Ptolomeus e Selêucidas
  • Alexandria e os judeus
  • O governo dos Ptolomeus
  • A administração ptolomaica da Palestina

8. Os Selêucidas: a helenização da Palestina

  • O governo de Antíoco III, o Grande
  • Antíoco IV e a proibição do judaísmo
  • As causas da helenização

9. Os Macabeus I: a resistência

  • Matatias e o começo da revolta
  • A luta de Judas Macabeu (166-160 a.C.)
  • Jônatas, o primeiro Sumo Sacerdote Macabeu (160-143 a.C.)

10. Os Macabeus II: a independência

  • Simão consegue a independência da Judéia
  • João Hircano I e as divisões internas dos judeus
  • Aristóbulo I e a reaproximação com o helenismo
  • Alexandre Janeu, o primeiro rei macabeu
  • Salomé Alexandra e o poder dos fariseus
  • Aristóbulo II e a intervenção de Pompeu

11. O domínio romano

  • A “Pax Romana” chega a Jerusalém
  • O sistema socioeconômico da Palestina no século I d.C.
  • A organização político-religiosa da Palestina

IV. Bibliografia
Básica
FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa, 2003, 515 p. – ISBN 8589876187.

LIVERANI, M. Para além da Bíblia: História antiga de Israel. São Paulo: Loyola/Paulus, 2008, 544 p. – ISBN 9788515035557.

PIXLEY, J. A História de Israel a Partir dos Pobres. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2008, 136 p. – ISBN 8532602827.

Complementar
BRIEND, J. (org.) Israel e Judá: textos do Antigo Oriente Médio. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1997, 104 p. – ISBN 8534905908.

CURTIS, A. Oxford Bible Atlas. 4. ed. New York: Oxford University Press, 2007, 224 p. – ISBN 9780191001581.

DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. In: História de Israel e as pesquisas mais recentes. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 43-87 – ISBN 8532628281.

DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 71, p. 62-74, 2001. Acesso em: 03 fevereiro 2009.

DA SILVA, A. J. A história de Israel no debate atual. Acesso em: 03 fevereiro 2009.

DA SILVA, A. J. A origem dos antigos Estados israelitas. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 78, p. 18-31, 2003.

DA SILVA, A. J. Manuscritos do Mar Morto: recursos para estudo. Acesso em: 03 fevereiro 2009.

DA SILVA, A. J. O Pentateuco e a História de Israel. In: Teologia na pós-modernidade. Abordagens epistemológica, sistemática e teórico-prática. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 173-215. – ISBN 853561110X

DA SILVA. A. J. Os essênios: a racionalização da solidariedade. Acesso em: 03 fevereiro 2009.

DA SILVA, A. J. Pode uma ‘história de Israel’ ser escrita? Observando o debate atual sobre a história de Israel. Acesso em: 03 fevereiro 2009.

DAVIES, P. R. In Search of ‘Ancient Israel’. London: T. & T. Clark, [1992] 2005, 166 p. – ISBN 9781850757375.

DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos. 2v. 4. ed. São Leopoldo: Sinodal/Vozes, 2006, 535 p. – ISBN vol. I: 8523304649; ISBN vol. II: 8523304657.

FINKELSTEIN, I.; MAZAR, A. The Quest for the Historical Israel: Debating Archaeology and the History of Early Israel. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2007, 220 p. – ISBN 9781589832770.

FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N. A. David and Solomon: In Search of the Bible’s Sacred Kings and the Roots of the Western Tradition. New York: The Free Press, 2006, 352 p. – ISBN 9780743243629 (Hardcover) – ISBN 9780743243636 (Paperback, 2007).

GARCÍA MARTÍNEZ, F. Textos de Qumran: Edição Fiel e Completa dos Documentos do Mar Morto. Petrópolis: Vozes, 1995, 582 p. – ISBN 8532612830.

GOTTWALD, N. K. As Tribos de Iahweh: Uma Sociologia da Religião de Israel Liberto, 1250-1050 a.C. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004, 939 p. – ISBN 8534922330.

GRABBE, L. L. A History of the Jews and Judaism in the Second Temple Period: Vol 1, A History of the Persian Province of Judah. London: T & T Clark, 2006, 496 p. – ISBN 0567043525.

GRABBE, L. L. A History of the Jews and Judaism in the Second Temple Period: Vol. 2, The Coming of the Greeks, the Early Hellenistic Period 335-175 BCE. London: T & T Clark, 2008, 432 p. – ISBN 9780567033963.

GRABBE, L. L. Ancient Israel: What Do We Know and How Do We Know It? London: T & T Clark, 2007, 328 p. – ISBN 9780567032546.

HORSLEY, R. A. Arqueologia, história e sociedade na Galiléia: o contexto social de Jesus e dos Rabis. São Paulo: Paulus, 2000, 196 p. – ISBN 8534915679.

KIPPENBERG, H. G. Religião e formação de classes na antiga Judéia: estudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução social. São Paulo: Paulus, 1997, 184 p. – ISBN 8505006798. Acesso em: 03 fevereiro 2009.

LEMCHE, N. P. The Israelites in History and Tradition. Louisville: Kentucky, Westminster John Knox, 1998, ix + 246 p. – ISBN 9780664220754.

LIVERANI, M. Antico Oriente. Storia, società, economia. 11. ed. Roma-Bari: Laterza, 2007, x +1031 p. – ISBN 9788842038429.

LONG, V. P. (ed.) Israel’s Past in Present Research: Essays on Ancient Israelite Historiography. Winona Lake, IN: Eisenbrauns, 1999, xx + 612 p. – ISBN 9781575060286.

LOWERY, R. H. Os reis reformadores: culto e sociedade no Judá do Primeiro Templo. São Paulo: Paulinas, 2009, 351 p. – ISBN 8535612912.

MAZAR, A. Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000 – 586 a.C. São Paulo: Paulinas, 2009, 558 p. – ISBN 8535610316.

MOORE, M. Philosophy and Practice in Writing a History of Ancient Israel. London: T &T Clark, 2006, x + 205 p. – ISBN 9780567029812.

MOREGENZTERN, I.; RAGOBERT, T. A Bíblia e seu tempo – um olhar arqueológico sobre o Antigo Testamento. 2 DVDs. Documentário baseado no livro The Bible Unearthed [A Bíblia não tinha razão], de Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman. São Paulo: História Viva – Duetto Editorial, 2007. Acesso em: 03 fevereiro 2009.

PEREGO, G. Atlas bíblico interdisciplinar. São Paulo: Paulus/Santuário, 2001, 124 p. – ISBN 8572007512.

ROAF, M. Mesopotâmia e o Antigo Médio Oriente. 2v. Madrid: Edições del Prado, 1996.

ROGERSON, J. Bíblia: Os caminhos de Deus. 2v. Madrid: Edições del Prado, 1996.

SCHWANTES, M. História de Israel: local e origens. 3. ed. São Leopoldo: Oikos, 2008, 141 p. – ISBN 9788589732963

VAN SETERS, J. Em Busca da História: Historiografia no Mundo Antigo e as Origens da História Bíblica. São Paulo: EDUSP, 2008, 400 p. – ISBN 8531411017.

VV.AA. Recenti tendenze nella ricostruzione della storia antica d’Israele. Roma: Accademia Nazionale dei Lincei, 2005, 202 p. – ISBN 8821809331.

WILLIAMSON, H. G. M. (ed.), Understanding the History of Ancient Israel. Oxford: Oxford University Press, 2007, 452 p. – ISBN 9780197264010. Disponível online. Acesso em: 03 fevereiro 2009.

Leia Mais:
Em busca da competência hermenêutica
O hábito da vigilância hermenêutica: métodos

Entrevista com Finkelstein em Sciences et Avenir

N. T. Wrong, em postagem de hoje em seu blog homônimo, chama a atenção para uma entrevista de Israel Finkelstein publicada na revista Sciences et Avenir, com data de 17 de dezembro de 2008.


Veja a entrevista aqui. Em francês.


Pour Israël Finkelstein, dans Sciences et Avenir de décembre 2008, “les textes sacrés ne sont pas des comptes-rendus historiques”. Découvrez l’interview de Finkelstein dans S & A de décembre dans la suite de cette note (…) Propos recueillis à Megiddo par Bernadette Arnaud – Extrait de la revue Sciences et Avenir : 17 décembre 2008


Finkelstein Interview in Sciences et Avenir, December 2008

As origens de Israel: polêmico artigo de Rainey

O Professor Emérito de Culturas do Antigo Oriente Médio e de Linguística Semítica da Universidade de Tel Aviv, Israel, Anson Rainey, tentou mostrar, em artigo recente na Biblical Archaeology Review (BAR), que os primeiros israelitas são pastores nômades originários da Transjordânia. Ele argumenta que a Bíblia é clara sobre este ponto e que os dados linguísticos lhe dão razão. Para ele toda a pesquisa dos últimos 46 anos, desde Mendenhall, em 1962, que mostra Israel surgindo a partir de Canaã, carece de fundamento e está equivocada.

Levou “cascudos” de tudo quanto foi lado. Merecidos. Incorreu em vários equívocos conhecidos e amplamente debatidos por dezenas de especialistas nesta área.

Vale a pena acompanhar a polêmica que o artigo suscitou. E vale a pena ler mais sobre o assunto em vários textos, em português, que estão em minha página e em meu blog.

O artigo de Anson Rainey:
:: Inside, Outside: Where Did the Early Israelites Come From? – By Anson Rainey – BAR 34:06, Nov/Dec 2008 – Reproduzido em Bibbiablog
Before they settled in the hill country of Canaan, where did the earliest Israelites come from and what was the nature of their society? The Bible is very clear. They were pastoral nomads who came from east of the Jordan. Much of the scholarship of the last part of the 20th century, however, has reached a far different conclusion. One might almost describe it as diametrically opposed to the Biblical account. According to this scholarship, the Israelites were originally Canaanites fleeing from the city-states of the coastal plain west of the hill country.

Algumas reações:
:: Anson Rainey, ‘East of the Jordan’ is not ‘The Rest of the Ancient Near East’ – Posted by ntwrong at October 23, 2008 – Blog N. T. Wrong
Anson Rainey’s article in the latest BAR (34:06, Nov/Dec 2008) is a confused and misleading piece of popular apologetics. The best to be said for it is that, in trying to prove a Transjordanian origin for ‘Israel’, it has managed to undermine its broader thesis (which argues that the biblical account of Israel’s origins are historically true).

:: Rainey’s Selective Use of Evidence For Israelite Origins – Posted by Douglas Mangum at October 25, 2008 – Blog Biblia Hebraica
I’ve only just had the time to read over Anson Rainey’s recent BAR article on Israel’s origins. I have to admit I was baffled by his selective use of evidence and his conflation of archaeological, historical, and biblical material unrelated to his primary claim. He starts off on the wrong foot and continues down the non sequitur path. I’m sure his argument made sense in his own mind, but what he’s presented is a jumble of selectively chosen facts, a false dichotomy of competing theories, and a caricature of the evidence and arguments for Israelites as native Canaanites. There are so many issues with his assumptions and use of evidence that I can’t imagine taking the time to offer a complete critique. Fortunately, I don’t need to do all the work on this one. Several others have pointed out some of the issues with Rainey’s article already.

:: On The Selective Use Of Linguistic Data – Posted by Duane Smith at October 25, 2008 – Blog Abnormal Interests
The other day I accused Anson Rainey of selectively using linguistic data to make a point about the origins of the Hebrew language and the people who spoke it. In an earlier post I listed most, if not all, of Rainey’s examples and gave a couple of counter examples of my own. I decided to do a little experiment. I make no claim of completeness. First, I when through Garr’s table, 206-214, of isoglosses between various North West Semitic languages and noted those where Hebrew agreeds with Phoenician, more or less unambiguously, over against Aramaic. I may have missed one or two but here is I what found.

El, Baal, Asherah e seu parentesco com Iahweh

Leia no G1, na série Ciência da fé, o texto de ontem, dia 20/07/2008, do Reinaldo José Lopes: Deus bíblico pode ser fusão de vários deuses pagãos, dizem especialistas.

Eu também estou por lá…

O texto começa dizendo:

A ideia não é demonstrar que o Deus bíblico não passa de mais um personagem da mitologia. Os pesquisadores querem apenas entender como elementos comuns à cultura do antigo Oriente Próximo, e principalmente da região onde hoje ficam o estado de Israel, os territórios palestinos, o Líbano e a Síria, contribuíram para as idéias que os antigos israelitas tinham sobre os seres divinos. As conclusões ainda são preliminares, mas há bons indícios de que Javé é uma fusão entre um deus idoso e paternal e um jovem deus guerreiro, com pitadas de outras divindades – uma delas do sexo feminino.

O ponto de partida dessas análises é o fundo cultural comum entre o antigo povo de Israel e seus vizinhos e adversários, os cananeus (moradores da terra de Canaã, como era chamada a região entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo em tempos antigos). A Bíblia retrata os israelitas como um povo quase totalmente distinto dos cananeus, mas os dados arqueológicos revelam profundas semelhanças de língua, costumes e cultura material – a língua de Canaã, por exemplo, era só um dialeto um pouco diferente do hebraico bíblico.

Estudos sobre as origens de Israel são reeditados

JAMIESON-DRAKE, D. Scribes and Schools in Monarchic Judah: A Socio-Archaeological Approach. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2010, 240 p. – ISBN 9781906055486.

This highly original study locates the question of scribes and scribal schools in monarchic Judah in a socio-archaeological context. It departs from earlier studies by assigning priority to interpreting archaeological data within a broad interdisciplinary framework before trying to assess biblical and epigraphic sources. The book provides an analysis of data on settlement, public works, and luxury items in order to produce an archaeologically based picture of the development of state level administrative systems in Judah. The study questions the consensus that the Judahite monarchy became a state at some point in the tenth century BCE. The evidence for the increase in population, building, production, centralization and specialization in the eighth century suggests that Judah did not function as a state before the eighth century BCE. This incisive study challenges the assumption of widespread literacy and the traditional picture of the development of the Judahite monarchy. This volume is a reprint of the 1991 edition with a new preface by Robert B. Coote and Keith W. Whitelam setting the work in the context of recent debates on the history of ancient Israel. David Jamieson-Drake is Director of Institutional Research at Duke University, Durham, North Carolina.

 

COOTE, R. B.; WHITELAM, K. W. The Emergence of Early Israel in Historical Perspective. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2010, 220 p. – ISBN 9781906055455.

This highly original study takes a panoramic view of history in order to set the emergence of Israel in the broadest possible perspective. It begins with a study of the nature of historywriting and the increasing problems involved in utilizing the biblical text for historical reconstruction. The authors suggest an alternative approach which assigns priority to interpreting archaeological data within a broad interdisciplinary framework. The book provides a broad overview of settlement patterns and social relations throughout Palestinian history from the middle of the third millennium BCE to the present day in order to illustrate how the emergence of Israel in the early Iron Age fits into the march of time. Archaeological evidence for the appearance of dispersed settlements in the highlands and steppes of Palestine at the beginning of the early Iron Age followed by the rapid centralization of this area suggests that Israel emerged within Palestine in response to the decline in east Mediterranean trade at the end of the Late Bronze Age. The development of an Israelite monarchy is seen as being inextricably linked to the factors involved in Israel’s emergence-as distinct from much previous research which has presented the monarchy as alien to the origins of Israel. This volume is a reprint of the 1987 edition with a new preface by Robert B. Coote and Keith W. Whitelam setting the work in the context of recent debates on the history of ancient Israel. Robert B. Coote is Nathaniel Gray Professor of Hebrew Exegesis and Old Testament at San Francisco Theological Seminary and the Graduate Theological Union. Keith W. Whitelam is Professor of Biblical Studies in the University of Sheffield.

Robert B. Coote e Keith W. Whitelam veem as origens de Israel como parte de um processo de integração milenar entre as regiões das cidades e as regiões das montanhas. Processo que pode ser chamado de ‘realinhamento’ ou ‘transformação’, pois nos períodos de prosperidade as regiões das montanhas providenciavam recursos para as cidades dos vales, enquanto que nos momentos das crises elas absorviam as populações que deixavam tais cidades. No surgimento de Israel o colapso do comércio foi o fator mais significativo, segundo estes autores, pois colocou em crise a sobrevivência das cidades e exigiu dos povoados das montanhas uma forma mais eficaz de colaboração e cooperação para a sobrevivência, levando a um aumento populacional significativo. Com o desenvolvimento destas regiões o comércio foi recuperado, promovendo mais tarde o aparecimento do Estado.

 

HOPKINS, D. C. The Highlands of Canaan: Agricultural Life in the Early Iron Age. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2010, 330 p. – ISBN 9781906055462.

In this masterly survey of the agricultural way of life and material world of late second millennium Canaan and emergent Israel, Hopkins asks, What obstacles did the Early Iron Age settlers of the Highlands face in their struggle for survival? How did they buffer the immense variability of their environment and take advantage of its natural diversity? How crucial were their particular social structures to their continued survival? The author’s researches into the dynamics of agricultural systems attested in ethnographic and anthropological sources constantly undergird the development of his picture. His work has proved to be a mandatory resource for all students of early Israel. Contents: the parameters of agricultural systems (e.g. environment, technology and population); geomorphology; climate and climatic change; natural vegetation and soils; population and settlement patterns; water conservation and control; soil conservation and fertility maintenance; risk spreading and the optimization of labor. This volume is a reprint of the 1985 edition, with a new preface by Keith W. Whitelam setting the work in the context of recent research on agriculture, daily life and the history of ancient Israel. David Hopkins is Professor of Archaeology and Biblical Interpretation, Wesley Theological Seminary, Washington, DC.

David C. Hopkins faz neste livro uma avaliação detalhada da agricultura na região montanhosa da Palestina na Idade do Ferro I (1200-900 a.C.), observando que o desenvolvimento social aconteceu junto com a intensificação do cultivo da terra. Para Hopkins, estas pessoas desenvolveram um sistema de colaboração ao nível de clã e de famílias, o que lhes permitia uma integração de culturas agrícolas com a criação de animais, evitando, deste modo, os desastres comuns a que uma monocultura estava sujeita nestas regiões tão instáveis, especialmente em recursos hídricos. Hopkins valorizou mais o sistema cooperativo baseado no parentesco do que o uso de técnicas como terraços, cisternas e o uso do ferro para explicar o sucesso destes assentamentos agrícolas. Para Hopkins, diferentes unidades clânicas e tribais israelitas devem ter surgido a partir de diferentes atividades agrícolas.

Leia Mais:
A teoria da evolução pacífica e gradual

O Êxodo do Egito: da Bíblia à arqueologia

Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica – Reinaldo José Lopes – Do G1, em São Paulo: 20/04/2008 – 09h00
Escavações e inscrições mostram que povo de Israel se originou dentro da Palestina. História sobre libertação do Egito teria influência de interesses políticos posteriores.

Leia… eu também estou por lá!

 

Leia ainda:
Bíblia abriga duas versões contraditórias da criação do mundo – Reinaldo José Lopes – Do G1, em São Paulo: 06/04/2008 – 09h00 – Atualizado em 07/04/2008 – 10h53

Obs.: Não deixe de ler os comentários feitos pelos leitores: há uma fartura de posições fundamentalistas! Seria até divertido… se não fosse trágico!

 

Em Biblical Studies Carnival XXIX, publicado hoje, 01.05.2008, diz Jim West sobre este post:

“Airton Jose da Silva points to an interesting assertion- that archaeology proves that Moses didn’t exist. Enjoy, if you dare. But be forewarned, archaeology cannot prove a negative”.

Jim alerta que a arqueologia não pode provar uma negativa. Perfeito. Só que o artigo é do Reinaldo José Lopes, do G1, canal de notícias do sistema Globo, e tem por título Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica.

Que não deve ser entendido, obviamente, como archaeology proves that Moses didn’t exist [arqueologia prova que Moisés não existiu], mas archaeology suggests that Moses didn’t exist [arqueologia sugere que Moisés não existiu]. Leia mais aqui.

Pode uma História de Israel ser escrita? Bibliografia atualizada

Nos últimos dias fiz uma revisão e atualização de toda a bibliografia de meu artigo sobre o pensamento de alguns participantes do Seminário Europeu de Metodologia Histórica.

The article proposes to investigate the more important publications of some members of the European Seminar in Historical Methodology, and to define their position in the current research of the “History of Israel”.

Confira: Pode uma ‘História de Israel’ ser escrita? Observando o debate atual sobre a História de Israel. Na Ayrton’s Biblical Page. Além da bibliografia espalhada ao longo do texto, a lista de livros citados pode ser acessada facilmente no final do artigo.

Todas as obras estão com links para editoras e livrarias online. Além disso, coloquei o número de páginas e o ISBN de cada livro. Com o ISBN, o leitor pode facilmente encontrar a obra através do seu identificador exclusivo.

ISBN é a sigla para International Standard Book Number ou Número Padrão Internacional de Livro.

História de Israel 2008: o que sabemos?

Chegou ontem, enviado pela Amazon.com, o meu exemplar do livro de GRABBE, L. L. Ancient Israel: What Do We Know and How Do We Know It? London: T & T Clark, 2007, xx + 306 p. – ISBN 9780567032546.

O Antigo Israel: o que sabemos e como sabemos?

Lester Grabbe chegou bem no momento em que estou para começar o meu curso de História de Israel 2008. Que passo a descrever abaixo. Observo que as novidades em relação ao ano passado estão sobretudo na bibliografia.

Este curso de História de Israel compreende 4 horas semanais, com duração de um semestre, o primeiro dos oito semestres do curso de Teologia. Aos alunos são distribuídos um roteiro impresso do curso e um CD com os roteiros de todos as minhas disciplinas do ano em curso. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas da Faculdade e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Discute com o aluno os elementos necessários para uma compreensão global e essencial da história econômica, política e social do povo israelita, como base para um aprofundamento maior da história teológica desse povo. Possibilita ao aluno uma reflexão séria sobre o processo histórico de Israel desde suas origens até o século I d.C.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica vétero-testamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático

1. Noções de geografia do Antigo Oriente Médio

  • O Crescente Fértil
  • A Mesopotâmia
  • A Palestina e o Egito de 3000 a 1700 a.C.
  • A Síria e a Fenícia
  • A Palestina

2. As origens de Israel

  • A teoria da conquista
  • A teoria da instalação pacífica
  • A teoria da revolta
  • A teoria da evolução pacífica e gradual

3. Os governos de Saul, Davi e Salomão

  • Nascimento e morte da monarquia a partir dos textos bíblicos
  • A ruptura do consenso
  • As fontes: seu peso, seu uso
  • Dois exemplos de fontes primárias: as estelas de Tel Dan e de Merneptah
  • A questão teórica: como nasce um Estado antigo?
  • As soluções de Lemche e Finkelstein & Silberman

4. O reino de Israel

  • Israel de Jeroboão I a Jeroboão II
  • A Assíria vem aí: para Israel é o fim
  • As conclusões de Finkelstein & Silberman

5. O reino de Judá

  • Os Reis de Judá
  • A reforma de Ezequias e a invasão de Senaquerib
  • A reforma de Josias e o Deuteronômio
  • Os últimos dias de Judá
  • Por que Judá caiu?

6. A época persa e as conquistas de Alexandre

  • A situação da Grécia e a política macedônia
  • As conquistas de Alexandre Magno (356-323 a.C.)
  • Quem é Alexandre Magno?
  • A anexação da Judéia por Alexandre
  • A situação da Judéia no momento da anexação

7. Os Ptolomeus governam a Palestina

  • Os Diádocos lutam pela herança de Alexandre
  • A situação da Palestina de 323 a 301 a.C.
  • As guerras sírias entre Ptolomeus e Selêucidas
  • Alexandria e os judeus
  • O governo dos Ptolomeus
  • A administração ptolomaica da Palestina

8. Os Selêucidas: a helenização da Palestina

  • O governo de Antíoco III, o Grande
  • Antíoco IV e a proibição do judaísmo
  • As causas da helenização

9. Os Macabeus I: a resistência

  • Matatias e o começo da revolta
  • A luta de Judas Macabeu (166-160 a.C.)
  • Jônatas, o primeiro Sumo Sacerdote Macabeu (160-143 a.C.)

10. Os Macabeus II: a independência

  • Simão consegue a independência da Judéia
  • João Hircano I e as divisões internas dos judeus
  • Aristóbulo I e a reaproximação com o helenismo
  • Alexandre Janeu, o primeiro rei macabeu
  • Salomé Alexandra e o poder dos fariseus
  • Aristóbulo II e a intervenção de Pompeu

11. O domínio romano

  • A “Pax Romana” chega a Jerusalém
  • O sistema sócio-econômico da Palestina no século I d.C.
  • A organização político-religiosa da Palestina

IV. Bibliografia
Básica
DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. In: História de Israel e as pesquisas mais recentes. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. 181 p. – ISBN 8532628281, p. 43-87.

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Complementar
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