O paradigma bíblico exílio-restauração caducou?

The contents of the volume reflect a shift in Persian-period studies from a paradigm of “exile and restoration” to a paradigm of “empire and colony”. Issues of imperialism and resistance recur constantly, and some esssays make explicit application of postcolonial hermeneutics.

Ou seja:
Os tópicos deste volume refletem uma mudança de paradigma nos estudos sobre a época persa de “exílio e restauração” para “império e colônia”. Questões sobre imperialismo e resistência ocorrem constantemente e alguns ensaios fazem uma aplicação explícita de hermenêutica pós-colonial.

 

Em fevereiro do ano passado chegou meu exemplar da coletânea de ensaios sobre a época persa (538-332 a.C.) e a Bíblia, organizada por Jon L. Berquist:

BERQUIST, J. L. (ed.) Approaching Yehud: New Approaches to the Study of the Persian Period. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2007, ix + 249 p. – ISBN 9781589831452.

Mas só ontem e hoje tive oportunidade de começar a ler algumas coisas sobre ele, como a resenha de Stephen L. Cook publicada na CBQ – The Catholic Biblical Quarterly – Vol. 71, n. 3, July 2009, p. 668-670 e a quem pertence a primeira frase deste texto.

O Dr. Stephen L. Cook, do Virginia Theological Seminary, Alexandria, VA, USA, é um colega biblioblogueiro e anotou em seu Biblische Ausbildung no dia 15 de julho passado a chegada da revista: My Review of _Approaching Yehud_, edited by Jon L. Berquist (eu, morando mais longe, só a recebi em 4 de agosto, terça-feira passada).

Li também as resenhas de Armin Siedlecki e de Ernst Axel Knauf, publicadas em meados de 2008 na RBL – Review of Biblical Literature.

 

De qualquer maneira, o pouco que já li – tenho que ler o livro todo primeiro para falar com mais propriedade – entusiasmou-me bastante.

Especialmente a percepção de que o paradigma exílio-restauração, que sempre dominou os estudos históricos e textuais deste período, está caduco e precisa ser sublinhada a realidade de um Yehud (nome da província judaica na época persa) que passa de um domínio imperial babilônico para uma realidade de colônia da Pérsia…

E esta realidade pode ser percebida, segundo os autores, nos textos bíblicos redigidos na época, como alguns Salmos, trechos do Trito-Isaías, Zc 1-8, recortes de Ezequiel, capítulos de Provérbios etc.

Interessante na resenha de Stephen L. Cook é seu entusiasmo na apresentação do livro – uma obra com ensaios de 13 autores – e sua extrema cautela na avaliação do conjunto, especialmente quando fica preocupado com os métodos utilizados e a perspectiva hermenêutica dominante nos estudos. Ele diz por exemplo: “O’Brien in her ‘Response’ accurately sees this volume as presenting the biblical texts embroiled in human struggle, not theology (p. 210)”.

Ora, pois eu penso exatamente assim: a teologia é um “discurso segundo” que vem dentro – e como consequência – da conflitiva vivência humana em todos os setores da vida…

Neste sentido, a resenha de Armin Siedlecki – Emory University, Atlanta, Georgia, USA – é mais interessante. Depois de introduzir a tendência dos estudos bíblicos na época persa, o resenhista fala dos métodos utilizados nos estudos de maneira positiva:

This collection of essays represents an example of the culmination of a two-decade-long development in biblical studies as well as an overture to new approaches to Persian period studies. In his introduction to this volume, Jon Berquist outlines several important changing assumptions in biblical scholarship (p. 3–5), including the dating of texts and our confidence in reconstructing preexilic history, ideas about the size of deportations from Judah to Mesopotamia in the early sixth century, the ideological and ethnic homogeneity of the postexilic community, the impact of Persian imperial politics, and the significance of economic relationships to understanding the social context of biblical literature. Thus, while the Persian period had been neglected for much of the twentieth century, the study of Persian period texts is no longer a marginal interest among biblical scholars, and the impact of Persian imperial politics on the development of biblical literature in general is increasingly acknowledged as a formative factor. John Kessler is hardly exaggerating when he speaks of a “torrent of scholarly interest in the Persian period over the past twenty years” (p. 139) (….) A common characteristic of the essays in this book is their use and often creative combination of a variety of different approaches (e.g., linguistic, literary, archaeological, social scientific).

E ele acrescenta:
Jon L. Berquist, em seu ensaio nas p. 195-202, adds postcolonial considerations that highlight “the interplay of empire and resistance” (196). His contribution is an apt concluding essay, since the three principles he outlines as central to his postcolonial reading are shared by virtually every essay in this collection: (1) rooting the experience of Yehud within the time after exile; (2) taking into account “the colonized nature of Yehud (as well as the colonized nature of much present scholarship)” (197); and (3) the conviction that all reading must be partial, since all ideologies are incomplete.

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