História de Israel: das origens ao domínio romano da Palestina

Este curso de História de Israel compreende 4 horas semanais, com duração de um semestre, o primeiro dos oito semestres do curso de Teologia. Aos alunos são distribuídos um roteiro impresso do curso – não uma apostila! – e um CD com os roteiros de todos as minhas disciplinas do ano em curso. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas das Faculdades e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Discute com o aluno os elementos necessários para uma compreensão global e essencial da história econômica, política e social do povo israelita, como base para um aprofundamento maior da história teológica desse povo. Possibilita ao aluno uma reflexão séria sobre o processo histórico de Israel desde suas origens até o século I d.C.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica vétero-testamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático

1.Noções de geografia do Antigo Oriente Médio

  • O Crescente Fértil
  • A Mesopotâmia
  • A Palestina e o Egito de 3000 a 1700 A.C.
  • A Síria e a Fenícia
  • A Palestina

2. As origens de Israel

  • A teoria da conquista
  • A teoria da instalação pacífica
  • A teoria da revolta
  • A teoria da evolução pacífica e gradual

3. Os governos de Saul, Davi e Salomão

  • Nascimento e morte da monarquia a partir dos textos bíblicos
  • A ruptura do consenso
  • As fontes: seu peso, seu uso
  • Dois exemplos de fontes primárias: as estelas de Tel Dan e de Merneptah
  • A questão teórica: como nasce um Estado antigo?
  • As soluções de Lemche e Finkelstein & Silberman

4. O reino de Israel

  • A rebelião explode e divide Israel
  • Israel de Jeroboão I a Jeroboão II
  • A Assíria vem aí: para Israel é o fim
  • As conclusões de Finkelstein & Silberman

5. O reino de Judá

  • Os Reis de Judá
  • A reforma de Ezequias e a invasão de Senaquerib
  • A reforma de Josias e o Deuteronômio
  • Os últimos dias de Judá
  • Por que Judá caiu?

6. A época persa e as conquistas de Alexandre

  • A situação da Grécia e a política macedônia
  • As conquistas de Alexandre Magno (356-323 a.C.)
  • Quem é Alexandre Magno?
  • A anexação da Judeia por Alexandre
  • A situação da Judeia no momento da anexação

7. Os Ptolomeus governam a Palestina

  • Os Diádocos lutam pela herança de Alexandre
  • A situação da Palestina de 323 a 301 a.C.
  • As guerras sírias entre Ptolomeus e Selêucidas
  • Alexandria e os judeus
  • O governo dos Ptolomeus
  • A administração ptolomaica da Palestina

8. Os Selêucidas: a helenização da Palestina

  • O governo de Antíoco III, o Grande
  • Antíoco IV e a proibição do judaísmo
  • As causas da helenização

9. Os Macabeus I: a resistência

  • Matatias e o começo da revolta
  • A luta de Judas Macabeu (166-160 a.C.)
  • Jônatas, o primeiro Sumo Sacerdote Macabeu (160-143 a.C.)

10. Os Macabeus II: a independência

  • Simão consegue a independência da Judeia
  • João Hircano I e as divisões internas dos judeus
  • Aristóbulo I e a reaproximação com o helenismo
  • Alexandre Janeu, o primeiro rei macabeu
  • Salomé Alexandra e o poder dos fariseus
  • Aristóbulo II e a intervenção de Pompeu

11. O domínio romano

  • A “Pax Romana” chega a Jerusalém
  • O sistema socioeconômico da Palestina no século I d.C.
  • A organização político-religiosa da Palestina

IV. Bibliografia
Básica
DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. In: História de Israel e as pesquisas mais recentes. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 43-87.

DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos 2v. 3. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2004.

FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N. A. The Bible Unearthed: Archaeology’s New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts. New York: The Free Press, 2001 (paperback: 2002). Em português: A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa, 2003.

KIPPENBERG, H. G. Religião e formação de classes na antiga Judeia: estudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução social. São Paulo: Paulus, 1997. Resumo no Observatório Bíblico.

LIVERANI, M. Oltre la Bibbia: storia antica di Israele. 4. ed. Roma-Bari: Laterza, 2005 (em espanhol: Más allá de la Biblia: historia antigua de Israel. Barcelona: Editorial Crítica, 2005).

PEREGO, G. Atlas bíblico interdisciplinar. São Paulo: Paulus/Santuário, 2001.

PIXLEY, J. A história de Israel a partir dos pobres. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

Complementar
BRIEND, J. (org.) Israel e Judá: textos do Antigo Oriente Médio. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1997.

DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 71, p. 62-74, 2001.

DA SILVA, A. J. A história de Israel no debate atual. Artigo disponível na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. A história de Israel no debate atual. Cadernos de Teologia, Campinas, n. 9, p. 42-64, maio 2001.

DA SILVA, A. J. A origem dos antigos Estados israelitas. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 78, p. 18-31, 2003.

DA SILVA, A. J. O pentateuco e a história de Israel. In: Teologia na pós-modernidade. Abordagens epistemológica, sistemática e teórico-prática. São Paulo: Paulinas, 2003. p. 173-215.

DA SILVA. A. J. Os essênios: a racionalização da solidariedade. Artigo disponível na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. Pode uma ‘história de Israel’ ser escrita? Observando o debate atual sobre a história de Israel. Artigo disponível na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. The History of Israel in the Current Research. Journal of Biblical Studies 1:2, Apr.-Jun. 2001.

DAVIES, P. R. In Search of ‘Ancient Israel’. 2 ed. Sheffield: Sheffield Academic Press,1995 [reeditado pela T. & T. Clark: 2005]. Resenha disponível na Ayrton’s Biblical Page.

GALBIATI, E.; ALETTI, A. Atlas histórico da Bíblia e do Antigo Oriente: da pré-história à queda de Jerusalém no ano de 70 d.C. Petrópolis: Vozes, 1991.

GARCÍA MARTÍNEZ, F. Textos de Qumran: edição fiel e completa dos Documentos do Mar Morto. Petrópolis: Vozes, 1995.

GNUSE, R. K. No Other Gods: Emergent Monotheism in Israel. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997.

GRABBE, L. L. Judaism from Cyrus to Hadrian I. Persian and Greek Periods; II. Roman Period. Minneapolis: Fortress Press, 1992.

GRABBE, L. L. (ed.) Can a ‘History of Israel’ Be Written? Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997. Resenha disponível na Ayrton’s Biblical Page.

GRABBE, L. L. (ed.) Leading Captivity Captive: ‘The Exile’ as History and Ideology. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1998. Resenha disponível na Ayrton’s Biblical Page.

HORSLEY, R. A. Arqueologia, história e sociedade na Galileia: o contexto social de Jesus e dos Rabis. São Paulo: Paulus, 2000.

HORSLEY, R. A.; HANSON, J. S. Bandidos, profetas e messias: movimentos populares no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus, 1995.

JOSEFO, F. História dos Hebreus: obra completa. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1992.

LOWERY, R. H. Os reis reformadores: culto e sociedade no Judá do Primeiro Templo. São Paulo: Paulinas, 2004.

MAY, H. G. Oxford Bible Atlas. 3. ed. Oxford: Oxford University Press, 1990. CD-ROM: New Oxford Bible Maps Windows and New Oxford Bible Maps Macintosh, Oxford: Oxford University Press, 1990.

MAZAR, A. Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000 – 586 a. C. São Paulo: Paulinas, 2003.

NAKANOSE, S. Uma história para contar… a Páscoa de Josias: metodologia do Antigo Testamento a partir de 2Rs 22,1-23,30. São Paulo: Paulinas, 2000.

REICKE, B. História do tempo do Novo Testamento: o mundo bíblico de 500 a.C. até 100 d.C. São Paulo: Paulus, 1998.

ROAF, M. Mesopotâmia e o Antigo Médio Oriente. 2v. Madrid: Edições del Prado, 1996.

ROGERSON, J. Bíblia: Os caminhos de Deus. 2v. Madrid: Edições del Prado, 1996.

SCARDELAI, D. Movimentos messiânicos no tempo de Jesus: Jesus e outros messias. São Paulo: Paulus, 1998.

SHANKS, H. (org.) Para compreender os Manuscritos do Mar Morto. Rio de Janeiro: Imago, 1993.

VV.AA. Recenti tendenze nella ricostruzione della storia antica d’Israele. Roma: Accademia Nazionale dei Lincei, 2005.

O estudo da Escritura e a busca da competência hermenêutica

Estou, nestes dias, preparando meus programas de aula do primeiro semestre de 2006. Começo a publicá-los no Observatório Bíblico. A intenção é de que possam servir, para além de meus alunos, a outras pessoas que, eventualmente, queiram ter uma noção de como se estuda a Bíblia em determinadas Faculdades de Teologia. Ou, pelo menos, parte da Bíblia, porque posso expor apenas os programas das disciplinas que leciono. Tomo aqui como referência os currículos do CEARP e da FTCR.

Quatro elementos serão levados em conta, em uma leitura da Bíblia que eu chamaria de sócio-histórica-redacional:

  • contextos da época bíblica
  • produção dos textos bíblicos
  • contextos atuais
  • leitores atuais dos textos

O sentido da Escritura, segundo este modelo, não está nem no nível dos contextos da época bíblica e/ou dos contextos atuais, nem no nível dos textos bíblicos ou da vivência dos leitores, mas na articulação que se forma entre a relação dos textos bíblicos com os seus contextos, por um lado, e entre os leitores atuais e seus contextos.

Ou seja: “Da Escritura não se esperam fórmulas a ‘copiar’, ou técnicas a ‘aplicar’. O que ela pode nos oferecer é antes algo como orientações, modelos, tipos, diretivas, princípios, inspirações, enfim, elementos que nos permitam adquirir, por nós mesmos, uma ‘competência hermenêutica’, dando-nos a possibilidade de julgar por nós mesmos, ‘segundo o senso do Cristo’, ou ‘de acordo com o Espírito’, das situações novas e imprevistas com as quais somos continuamente confrontados. As Escrituras cristãs não nos oferecem um was, mas um wie: uma maneira, um estilo, um espírito. Tal comportamento hermenêutico se situa a igual distância tanto da metafísica do sentido (positivismo) quanto da pletora das significações (biscateação). Ele nos dá a chance de jogar a sério a círculo hermenêutico, pois que é somente neste e por este jogo que o sentido pode despertar” explica BOFF, C. Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 266-267).

As disciplinas de Bíblia no curso de graduação em Teologia podem, segundo este modelo, ser classificadas em três áreas:

1. Disciplinas Contextuais:

  • História de Israel (alternativa: História da época do Antigo Testamento e História da época do Novo Testamento)

2. Disciplinas Instrumentais:

  • Introdução à S. Escritura (alternativa: Métodos de leitura dos textos bíblicos)
  • Língua Hebraica Bíblica
  • Língua Grega Bíblica

3. Disciplinas Exegéticas:

  • Pentateuco
  • Literatura Profética
  • Literatura Deuteronomista
  • Literatura Sapiencial
  • Literatura Pós-Exílica
  • Literatura Sinótica e Atos
  • Literatura Paulina
  • Literatura Joanina
  • Apocalipse

—————————————————————————–

Destas disciplinas, leciono:

No primeiro semestre:

  • História de Israel (CEARP – Ribeirão Preto) e História da época do Antigo Testamento (FTCR PUC-Campinas): 4 hs/sem.
  • Introdução à S. Escritura (CEARP): 2 hs/sem.
  • Literatura Profética (CEARP/FTCR): 4 hs/sem.
  • Literatura Deuteronomista (CEARP): 2 hs/sem.

No segundo semestre:

  • Língua Hebraica Bíblica (FTCR): 2 hs/sem.
  • Pentateuco (CEARP/FTCR): 4 hs/sem.
  • Literatura Pós-Exílica (CEARP): 4 hs/sem. e (FTCR): 2 hs/sem.

Feliz Ano Novo!

Aam Saiid/Sana Saiida!
Akemashite Omedeto!
Bonne Année!
Buon Anno!
Ein Gutes Neues Jahr!
Felicxan Novan Jaron!
Felix Sit Annus Novus!
Feliz Ano Novo!
Feliz Año Nuevo!
Gelukkig Nieuwjaar!
Gelukkige Nuwejaar!
Godt nytår!
Happy New Year!
Kali Chronia!
Rogüerohory Año Nuévo-re!
S Novim Godom!
Shana Tova!
Xin Nien Kuai Le!

BILDI: Bibliografia sobre literatura bíblica

BILDI é uma sigla para Bibelwissenschaftliche Literaturdokumentation Innsbruck. Trata-se de um excelente banco de dados bibliográfico sobre literatura bíblica.

Do Departamento para Estudos Bíblicos e Teologia Fundamental da Faculdade de Teologia Católica da Universidade Leopold Franz de Innsbruck, Áustria. Em alemão e inglês.

Aviso aos navegantes: Internet pode viciar e se tornar problema psiquiátrico

O assunto não é da área de Bíblia, mas pode ser pertinente para qualquer blogueiro. Embora o caso seja norte-americano e, talvez, deva ser tratado de modo diferente no Brasil, onde a exclusão digital é o nosso maior problema. Mas os “incluídos” podem ficar atentos… Saiu na Folha Online – Informática, em 30.12.2005 – 10h42.

da Efe, em Nova York

Assim como alguns são dependentes de drogas, jogo e cigarro, outros são viciados em internet, fenômeno que especialistas americanos consideram um “problema psiquiátrico”. A doentia fixação pela rede foi diagnosticada como “distúrbio de adição à internet”, e estima-se que entre 6% a 10% dos aproximadamente 189 milhões de americanos usuários de computador padecem do mal. Também chamado e “internet-depenência” e “internet-compulsão”, esse vício é verificado através de um comportamento de uso da internet que afeta a vida normal, causando estresse severo e afetando o relacionamento familiar, social e profissional. Uma pessoa que passa horas do dia em frente ao computador navegando na internet, enviando mensagens eletrônicas, negociando ações ou jogando pode ser considerado doente e, por isso, precisa de ajuda, segundo especialistas. A psiquiatra Hilarie Cash, que atende em um centro de serviço especializado em vício em computador/internet da Universidade da Pensilvânia, verificou que um os principais sintomas do distúrbio a constante preocupação por “estar conectado”, assim como mentir sobre o tempo que passa navegando na rede e sobre o tipo de conteúdo visualizado. Outros sinais do vício são isolamento social, dor na coluna e aumento de peso. Segundo a pesquisadora Kimberly Young, especialista na área, “se o padrão de uso da internet interfere no cotidiano ou tem impacto nas relações profissionais, familiares e com amigos, há algum problema” (…) Segundo Hilarie Cash, os cyberadictos tendem a padecer de outros males psicológicos como depressão e ansiedade, ou a superestimar problemas familiares e conjugais. E, de acordo com pesquisas realizadas por psiquiatras especializados em internet-adição, mais de 50% dos viciados na rede também são dependentes de drogas, álcool, tabaco ou sexo. Outra corrente de especialistas, entretanto, afirma que não se pode colocar a internet no mesmo patamar que as drogas e o tabaco. “A internet é um meio de comunicação. Não é como a heroína, que gera isolamento e dependência’, ponderou a psicóloga Sherry Turkle, autora de “Vida na tela: identidade na Era da internet”…

Leia o original:

La adiccion a Internet se perfila como un “problema psiquiátrico”

Agencia EFE

Jueves, 29 de diciembre 2005

Así como algunos son adictos a las drogas, el juego o el tabaco, otros lo son a pasar horas pegados a Internet, un fenómeno que un creciente grupo de especialistas de Estados Unidos considera un “problema psiquiátrico”. La enfermiza afición a la red ha sido ya diagnosticada por ciertos expertos como Trastorno Adictivo a Internet (TAI), y se estima que entre el seis y el diez por ciento de los aproximadamente 189 millones de usuarios en EEUU lo padecen. También llamada “Internet-dependencia” e “Internet-compulsión”, esa adicción se detecta por comportamientos relacionados con la red que interfieren en la vida normal de una persona, causando estrés severo a su familia, amigos y trabajo. Una persona que pasa horas al día frente a la computadora navegando por Internet, enviando correos electrónicos, negociando acciones, chateando o jugando puede considerarse un “ciberadicto” y, por tanto, necesita ayuda. Así lo consideran especialistas como la psiquiatra Hilarie Cash, cuyo Servicio de Adicción a Internet y Ordenadores, en la Universidad de Pensilvania, es visitado por pacientes diagnosticados con el TAI. Cash ha identificado como síntomas del TAI la constante preocupación por “estar conectado”, así como mentir acerca del tiempo que se pasa navegando por Internet o sobre el tipo de contenido visto, además de aislamiento social, dolor de espalda y aumento de peso (…) Con todo, algunos psiquiatras son escépticos y señalan que el uso abusivo de Internet debe calificarse de adicción “legítima”, ya que no tiene los mismos efectos negativos en la familia o la salud que adicciones propiamente reconocidas, como el alcoholismo. “Internet es un medio de comunicación. No es como la heroína, que te aisla y te hace dependiente”, dice la psicóloga Sherry Turkle, autora del libro “La vida en pantalla: La construcción de la identidad en la era de Internet”, considerado una de las guías de quienes consideran que no hay nada de malo en la actual fiebre cibernética.

A campanha do faraó Shoshenq I na Palestina

Em setembro de 2004, o Professor de Estudos Bíblicos do Lithuania Christian College, Klaipeda, Lituânia, Kevin A. Wilson, publicou ensaio na revista online Bible and Interpretation sobre a tão debatida campanha do Faraó Shoshenq I (também grafado como Shishaq I) na Palestina no século X a.C. – supostamente após a morte de Salomão e a divisão de um “reino unido” em Israel e Judá – sob o título: The Campaign of Pharaoh Shoshenq I in Palestine. E, concluía assim seu texto:

“The beginning of this paper discussed the current debate over the dating of 10th century archaeological strata and the reliance on destruction levels left by Shoshenq. Although the current study does not decide the issue one way or the other, it does show that both sides are mistaken in searching for destruction layers left by the Egyptian campaign. As has been shown above, Shoshenq’s campaign was not as widespread as previously thought. Instead, it focused only on Jerusalem, and Jerusalem itself was not destroyed. This means that archaeologists will need to find another method for determining the date of 10th century strata. It also means that they will need to find other suspects for the destruction layers previously assigned to Shoshenq. This should not be difficult, however, since the 10th and early 9th centuries saw a great deal of fighting in Palestine, both between Judah and Israel, as well as between Israel and neighboring states. And, of course, the Israelites kingship changed hands several times through military coups during that period, so the causes of these destruction may have been internal. In any event, it is clear that the campaign of Shoshenq can play little role in the dating of 10th century archaeological strata”.

Agora, em 2005, acaba de sair pela editora Mohr Siebeck, de Tübingen, Alemanha, o seu livro sobre o assunto:

WILSON, Kevin A. The Campaign of Pharaoh Shoshenq I into Palestine. Tübingen: Mohr Siebeck, 2005, VIII + 159 p.

Assim a editora apresenta o livro:

The thesis of this book is that the campaign by Pharaoh Shoshenq I into Palestine in 926 B.C.E. was aimed solely at the kingdom of Judah with the purpose of supporting Jeroboam in his bid to rule Israel as a separate nation. The evidence for this campaign comes from the Hebrew Bible (1 Kgs 14:25-28; 2 Chr 12:1-12), a triumphal relief of Shoshenq at Karnak, and a fragment of a stele at Megiddo. Prior studies have attempted to reconstruct the route of the Egyptian army’s march through studies of the topographical list that accompanies the triumphal relief of Shoshenq. By contrast, Kevin Wilson examines several major examples of triumphal reliefs erected by pharaohs of the New Kingdom in order to understand the genre as a whole. After a survey of other Egyptian texts considered pertinent to the campaign, the rest of this study is devoted to an analysis of the biblical texts that record the attack. The data gleaned from these analyses are then used to reconstruct the aim and purpose of the campaign. The reconstruction offered suggests that Shoshenq made his attack as part of a concerted effort to bring disunity to the region through the support of Jeroboam, whom he had harbored as a political refugee from Solomon. This foreign policy led to Egypt’s position vis-a-vis the southern Levant being greatly improved. It removed a powerful kingdom that could have been a threat to Egypt, left the nations of Palestine fighting among themselves, and provided Shoshenq with a vassal state in the region.

Uma interessante discussão sobre a rota de Shoshenq I e as soluções oferecidas por Kevin A. Wilson começou na lista de discussão biblical-studies, com participações de Yigal Levin, Philip Davies, Niels Peter Lemche… apesar do clima de fim de ano… Confira o arquivo da lista a partir desta mensagem!

Nascido Profeta: estudando Jeremias e homenageando Antoniazzi

Jim West diz em seu blog Biblical Theology que está começando a preparar um curso sobre Jeremias, no qual lerá todo o texto do livro do profeta com seus alunos. E diz também que Jeremias é seu preferido por ter a coragem de denunciar claramente o que está acontecendo, mesmo quando enfrenta terrível oposição:

It is, I confess, my favorite book of the Bible. I love Jeremiah’s directness and willingness to “tell it like it is” – even in the face of incredible opposition.

E avisa que, nos próximos meses, podemos esperar várias menções de Jeremias em seu biblioblog.

 

Pois é. Jeremias é também o meu profeta preferido, pois admiro sua coragem e garra no combate aos opressores de sua época. Pois foi essa “paixão” que me levou, em 1992, a publicar pela Paulus (então Edições Paulinas) um livrinho de 143 páginas sobre Jr 1,4-19, o texto da vocação de Jeremias. Saiu com o título: Nascido Profeta: a vocação de Jeremias. Considero-o, dos poucos que escrevi, o melhor. Esgotou-se a edição em dois anos.

A apresentação do livro foi feita por meu amigo e, à época, coordenador do grupo Biblistas Mineiros, Alberto Antoniazzi. Agora, no dia de Natal, fez um ano que Alberto Antoniazzi: 17.06.1937 - 25.12.2004Antoniazzi nos deixou, depois de lutar meses contra um câncer. Lembrando-me de Jeremias, que lecionarei no próximo semestre como parte da disciplina Literatura Profética, lembrei-me, do mesmo modo, do persistente Antoniazzi, inteligência brilhante, intelectual de múltiplas qualidades e, ao mesmo tempo, pessoa extremamente gentil. Transcrevo abaixo a apresentação que fez de meu livro como uma forma de homenageá-lo.

Não se engane o leitor curioso, que abrir este livro. Não se trata, como o título poderia sugerir, apenas de um comentário ao relato da vocação de Jeremias, isto é, a poucos versículos iniciais do livro (Jr 1,4-19). Na realidade, este livro é uma análise de toda a existência do profeta Jeremias, à luz de sua vocação.
Também não é este livro, como a rica bibliografia e as notas numerosas ao pé das páginas podem sugerir, antes de tudo uma obra técnica, um trabalho acadêmico. Aqui a ciência bíblica, a “exegese”, é usada, sim, mas a serviço de uma leitura que restitui à palavra de Jeremias o seu caráter de palavra profética, palavra de Deus, palavra que o Senhor Javé pôs na boca do seu porta-voz, palavra extremamente atual. Talvez o leitor se surpreenda com a atualidade dessa leitura e se pergunte se o autor deste livro não tenha colocado o Brasil dos anos ’80 e ’90 na boca de Jeremias, tão atuais são as críticas do profeta à irresponsabilidade das elites dirigentes, à política exterior, ao abuso da religião, a tudo o que oculta a verdadeira face de Deus e ameaça destruir a esperança do povo.
Não se engane, enfim, o leitor com relação a Jeremias. Por muito tempo, ele teve, em nosso meio, a fama de “chorão”. As línguas latinas, inclusive o português, conhecem substantivos como “jeremiada” ou verbos como “jeremiar” para indicar a lamúria insistente e inoportuna, a lamentação vã e sem fim… Na realidade, o grande profeta – apesar de insistir muito mais na denúncia dos males que no anúncio de um futuro feliz – é, como ele diz, homem em cuja boca as palavras se tornam fogo (Jr 5,14). Esse fogo, que lembra o que Jesus queria acender sobre a terra (Lc 12,49), queima por dentro também o Autor deste livro e faz desta obra algo que tem, ao mesmo tempo, a claridade e o calor do fogo.
Alegra-me que esta obra, que reúne tão felizmente a competência científica e o ardor profético, tenha sido escrita por um brasileiro, que junta a anos de estudos em Roma, no Pontifício Instituto Bíblico, muito mais anos de vivência em nossa realidade. Temos assim não mais uma tradução de uma obra estrangeira, nascida em outro contexto, de boa ou ótima qualidade científica, como muitas publicadas por Edições Paulinas no campo bíblico. Temos algo que, com a mesma qualidade científica, fala mais diretamente a “corações e mentes” desta terra e deste povo.

Sobre Alberto Antoniazzi, recomendo alguns textos, como:

:. o artigo de Mauro Passos, Peregrino da esperança: Alberto Antoniazzi. Horizonte, Belo Horizonte, v. 3, n. 5, p. 53-66, 2o sem. 2004. Disponível online em pdf

:. o testemunho dos amigos em Padre Alberto Antoniazzi: Doação e AMOR à vida até o fim – Observatório da Evangelização – PUC Minas: 22.12.2015

:. a entrevista de Johan Konings em Observatório da Evangelização entrevista o teólogo biblista Johan Konings sobre Alberto Antoniazzi – Observatório da Evangelização – PUC Minas: 26.02.2016

A primavera interrompida. O projeto Vaticano II num impasse

Recebi hoje e-mail de Afonso M. L. Soares dizendo que acaba de sair em versão digital (e-book) o livro que reúne as principais conferências do recente Simpósio Internacional 40 anos do Concílio Vaticano II, ocorrido na PUC-SP, de 31 de outubro a 3 de novembro de 2005. O acesso ao texto é gratuito.

O livro digital de 117 páginas e 0’8 Mb, com data de 08.12.2005, em formato pdf – exige o Adobe Acrobat Reader ou outro leitor compatível -, com textos em português e espanhol, tem por título:

A primavera interrompida. O projeto Vaticano II num impasse
La primavera interrumpida: el Vaticano II en un impase

Divulgo aqui o sumário e a apresentação, convidando o visitante a ler os textos das conferências em

https://servicioskoinonia.org/LibrosDigitales/index.php

O Sumário é o seguinte:

Apresentação:
A primavera interrompida: O projeto do Vaticano II num impasse
Alberto da Silva MOREIRA, Afonso Maria Ligorio SOARES, Michael RAMMINGER

1. O Concílio Vaticano II no contexto da Igreja e do Mundo: uma perspectiva histórica
Riolando AZZI

2. El Concílio y su recepción en Europa
François HOUTART

3. El Concilio y su recepción en América Latina
José María VIGIL

4. Interpretando os sinais destes tempos agitados
Edênio VALLE

5. Sinais dos novos tempos – 40 anos depois do Vaticano II
José COMBLIN

6. Uma leitura da Gaudium et Spes na perspectiva de mulheres latino-americanas
Maria Cecília DOMEZI

7. Ecumenismo como construção de uma nova Ecumene
Edin Sued ABUMANSSUR

8. O legado do Concílio e os sinais do nosso tempo
Alberto da Silva MOREIRA

9. Discernimentos e propostas para uma agenda pós-conciliar das Igrejas
Paulo SUESS

10. Por uma Igreja conciliar – Agenda de trabalho para as Igrejas e a Teologia
Marcelo BARROS

11. Para além do Vaticano II: extraterrestres, «messianismo New Age» e religião
Afonso Maria Ligorio SOARES

Na Apresentação se lê:

Entre os dias 31 de outubro e 3 de novembro de 2005 aconteceu em São Paulo, no Teatro da Pontifícia Universidade Católica, o Simpósio Internacional 40 Anos do Concílio Vaticano II. Cerca de duzentas pessoas de muitas partes do Brasil e do mundo, entre teólogos, cientistas da religião, antropólogos, filósofos, jornalistas, economistas, membros de comunidades eclesiais e movimentos sociais, estudantes e professores da PUC estiveram ali reunidos para refletir e debater sobre o legado do Concílio Vaticano II e os horizontes que se desenham para os cristãos e a Igreja Católica nos próximos anos.

Este encontro surgiu da necessidade sempre maior de manter aberto o diálogo entre cristãos do Norte e do Sul e no interior da América Latina. Ele nasceu de uma parceria amiga e operosa entre o Instituto Franciscano de Antropologia, um órgão da Universidade São Francisco (Brangança Paulista), o Institut für Theologie und Politik (Münster, Alemanha) e o Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP. Pensado e programado originalmente para acontecer no Centro-Oeste do Brasil, como uma forma de contribuir com homens e mulheres desta região na tarefa de pensar sua prática e imaginar novos horizontes possíveis para sua ação, o simpósio teve que ser transferido, por injunções da Igreja local, para a cidade de São Paulo. Abrigado na PUC, o evento foi aberto pelo Cardeal de São Paulo, D. Cláudio Hummes e coincidiu com a reunião anual dos professores de teologia e cultura religiosa do Brasil (ABESC). Durante o simpósio aconteceu ainda a cerimônia festiva de entrega do título de Doutor Honoris Causa por parte da Pontifícia Universidade Católica a D. Paulo Evaristo Arns, Cardeal emérito de São Paulo.

A preocupação maior que nos moveu, ao organizar as conferências, debates e mesas temáticas, foi passar de uma possível nostalgia dos “bons tempos do Concílio” para uma análise crítica dos problemas e desafios atuais e realizar uma avaliação realista dos caminhos que a Igreja precisa percorrer no futuro próximo, se quiser permanecer fiel ao espírito do Vaticano II.

Dessa forma, o programa do simpósio tratou de três momentos temáticos: 1) O Concílio e seu contexto, 2) as múltiplas recepções do Concílio, 3) 40 anos depois: balanço e perspectivas para o futuro. Grande parte das reflexões e contribuições teóricas aportadas no evento estão reunidas nesta publicação, tornada possível graças ao apoio dos Serviços Koinonía e de José Maria Vigil. Muitas outras idéias e conclusões vieram à baila, muitas outras análises foram feitas, mas não puderam infelizmente compor este volume, quase sempre por motivos técnicos. Os textos aqui reunidos representam, no entanto, uma parte substancial do esforço de intelecção da herança do Concílio e dos sinais, eclesiais e globais, dos tempos que estamos vivendo.

Houve uma percepção bastante generalizada entre os conferencistas de estarmos numa encruzilhada histórica. A primavera trazida pelo Concílio foi-se esfriando aos poucos e enfrentamos hoje os rigores de um inverno na Igreja. Os sinais desse congelamento são visíveis e evidentes também na América Latina. Mas os participantes também constataram que as sementes do Concílio foram fortes e fecundas; muitas já se tornaram frutos maduros e produziram outras sementes, algumas infelizmente foram sufocadas e não tiveram chances de crescer, outras sementes esperam talvez o momento e o solo propício para ainda germinar.

Somos gratos porque a organização e a realização deste Simpósio foram coroadas de êxito. No entanto, alguns sintomas preocupantes não nos passaram despercebidos. Em primeiro lugar, a baixíssima presença da militância jovem no evento nos fez levantar algumas suspeitas: ou o Concílio é um grande desconhecido da recente geração católica, mais familiarizada com a agenda dos padres midiáticos e com os louvores dos grupos pentecostais, ou o Concílio, embora elogiado, é um evento irrelevante para essa faixa etária. Nesse caso, precisaríamos insistir mais junto às novas gerações sobre o marco representado pelo Vaticano II para toda a história recente do cristianismo.

Em segundo lugar, causou estranheza a aparente indiferença de alguns institutos de teologia da região metropolitana de São Paulo, que não enviaram participantes. A favor deles, é justo considerar que a mudança da sede do Simpósio para São Paulo obrigou a organização a literalmente correr contra o relógio e, portanto, as faculdades de teologia foram convidadas poucos meses antes do evento. Também é possível que tenha havido coincidência com eventos similares, ou com a data do feriado de Finados. Todavia, é sintomático que todos os institutos de Teologia e pastoral da Grande São Paulo tenham tido dificuldade em enviar ao menos uma pequena delegação de representantes. Estariam nossos institutos e faculdades de teologia mais preocupados com o cumprimento de currículos e obrigações impostas pelo Ministério da Educação do que com as grandes causas que moveram a teologia latino-americana nas últimas três décadas?

Em terceiro lugar, a trajetória do Simpósio deixou claro o perigo de certa mumificação do Concílio. Embora os documentos estejam aí para serem lidos, interpretados e mesmo superados, isso de nada adiantará se deixarmos esvair o espírito que animou toda a geração do Vaticano II. E é justamente esse espírito que não podemos perder. Ele sopra hoje em todos os grupos de excluídos da sociedade, em todas as parcerias que se mobilizam contra o modelo hegemônico de globalização mundial, em todos os encontros multiplicados a favor da paz, em todas as iniciativas que defendem a Criação e o direito à diferença.

A todas e todos que contribuíram para que o Simpósio se realizasse, sobretudo a Universidade São Francisco, a PUC de São Paulo, o Institut für Theologie und Politik, as entidades patrocinadoras Missionszentrale der Franziskaner e Adveniat, as diversas editoras católicas e as demais entidades que nos apoiaram, os funcionários das universidades, as secretárias e demais pessoas que trabalharam no evento, e a Koinonía, que agora publica seus resultados, gostaríamos de expressar nossa mais sincera gratidão.

Os Organizadores:
Alberto da Silva Moreira – IFAN/Universidade São Francisco
Michael Ramminger – ITP/Münster
Afonso Maria Ligorio Soares – Depto. Teologia/PUC-SP

Professor Owen, Cornell University: publiquem inscrições arqueológicas roubadas

A notícia está no blog Biblical Theology de Jim West, sob o título

Biblical Archaeology Review – Publish Looted Antiquities!

Another major scholar, cuneiformist David I. Owen of Cornell University, has issued a clarion call for the publication of looted inscriptions, despite the fact that they were recovered by criminal looters rather than archaeologists. Writing in Science magazine, a publication of the American Association for the Advancement of Science, Owen states:”The rigid and uncompromising position of the archaeological establishment [against the publication of unprovenanced cuneiform inscriptions] only compounds the tragedy that the looting of archaeological sites in Iraq (and elsewhere) has presented. Not only have these precious records of the past been ripped from their original context, but now the archaeologists wish to suppress the very knowledge of their existence by banning their recording and publication…” (continua) [Obs.: link quebrado – blog descontinuado]