Mês da Bíblia 2024 na Vida Pastoral

Vida Pastoral n. 359, setembro-outubro de 2024

Mês da Bíblia 2024: Livro de Ezequiel – “Colocarei em vocês o meu Espírito e vocês reviverão” (Ez 37,14)Vida Pastoral n. 359, setembro-outubro de 2024

Diz o Editorial:

Como toda literatura, a Bíblia é, antes de tudo, um acontecimento oral, resultante de narrativas diversas, contadas e recontadas. Ao longo de muito tempo, essas narrativas foram tornadas letras e, posteriormente, textos canônicos.

A cultura bíblica é essencialmente oral. Sabe-se que os poetas e os profetas tinham muito em comum. Ambos eram inspirados por uma força sobrenatural, divina. Se o poeta era possuído pela musa, o profeta o era pelo deus. Para os gregos, o profeta era um porta-voz, alguém inspirado por um deus e que falava em nome desse deus. No mundo bíblico, o sentido é semelhante, o profeta é porta-voz de Deus. Ele comunica o que Deus ordena.

A palavra “profeta” significa aquele que anuncia ou proclama a mensagem de outrem. No entanto, os profetas bíblicos não eram apenas veículos de transmissão da palavra divina. Estavam, sim, a serviço dessa palavra, mas não passivamente, como meros repetidores.

De acordo com Schökel, “o profeta precisa elaborar os oráculos com o suor da sua fronte, como consciencioso artesão da palavra profética” (SCHÖKEL, L. A.; SICRE DIAS, J. L. Profetas I: Isaías, Jeremias. Paulus, p. 16). De modo que, se nas confrarias de aedos e cantores gregos havia o treinamento para o domínio da língua poética, no mundo bíblico também há o esforço de aprimoramento do discurso. Como ministro da palavra e artista da linguagem, o profeta utiliza linguagem já elaborada, a qual ele continua enriquecendo. Sabe-se, pelos livros proféticos, quanto é fecunda a linguagem dos profetas bíblicos.

No caso do profeta Ezequiel, cujo nome significa “Deus fortalece”, ele se insere nessa mesma linhagem. Toda a sua profecia está carregada de metáforas poderosas. O contexto de seu ministério é o exílio na Babilônia (597 a.C.), quando foram levados para lá os primeiros exilados de Israel (família real, altos oficiais, anciões). De todo repertório que se pode conferir no livro de Ezequiel, destacam-se duas metáforas marcantes: ossos secos e novo coração.

Ezequiel tem a visão de um vale repleto de ossos totalmente secos, sem nenhuma possibilidade de vida. O profeta passeia por entre os ossos e não poupa detalhes, descrevendo o cenário carregado pela atmosfera da morte. Os ossos secos são o retrato do povo exilado, destituído de qualquer sinal de superação da crise em que vive, e no horizonte parece não haver esperança. O profeta faz ver que a esperança está em Deus: “Assim diz o Senhor Javé a esses ossos: Vou infundir um espírito, e vocês reviverão. Vou cobrir vocês de nervos, vou fazer com que vocês criem carne e se revistam de pele. Em seguida, infundirei o meu espírito, e vocês reviverão” (Ez 37,5-6).

A expressão coração novo, por sua vez, chama a atenção para a tomada de consciência sobre o porquê de Israel ter chegado àquela situação de tanto sofrimento. O motivo seria a infidelidade da “casa de Israel”, isto é, das autoridades e de todo o povo, que, ao invés de seguirem os preceitos de Deus, caíram na idolatria e em outros pecados. A saída do estado decadente e desolador dar-se-á mediante o poder e a bondade divina: “Darei a vocês um coração novo e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne” (Ez 36,26-27).

Assim como no vale de ossos secos e nos corações petrificados no livro de Ezequiel, nossa realidade atual está marcada por sinais de morte, guerras, crises climáticas e humanitárias. Que o Espírito sopre nos “cadáveres” gerados pela indiferença e por decisões frias, tomadas por corações petrificados em seus escritórios gelados. Que não nos faltem profetas “artesãos da linguagem”, cheios do Espírito, corajosos e capazes de dizer palavras de esperança e transformação.

Sumário

Restauração da monarquia davídica e da terra de Israel: Entendendo o livro de Ezequiel – Prof. Shigeyuki Nakanose

Quem é o verdadeiro pastor?: Uma leitura de Ezequiel 34,1-16 – Profa. Maria Antônia Marques

Entre a dor que dilacera e a vontade de viver: a memória de Ezequiel no pós-guerra – “Abre a boca e come o que te entrego” (Ez 2,8) – Profa. Cecilia Toseli

A esperança que nasce num vale de ossos secos: Ezequiel 37 – Prof. Luiz Alexandre Solano Rossi e Profa. Érica Daiane Mauri

A escavação arqueológica da Assíria

LARSEN, M. T. The Conquest of Assyria: Excavations in an Antique Land, 1840-1860. New York: Routledge, [1996] 2016, 424 p. – ISBN 9781138991620.

Até meados do século XIX, o passado mesopotâmico não era apenas distante e exótico, mas estava envolto em mitos e lendas, e nenhuma evidência concreta de suaLARSEN, M. T. The conquest of Assyria: excavations in an antique land, 1840-1860. New York: Routledge, [1996] 2016, 424 p. existência podia ser encontrada em nossos museus. No entanto, os nomes de reis como Senaquerib e Tiglat-Pileser, ou de cidades como Babilônia e Nínive, faziam parte da bagagem intelectual de europeus cultos – embora hoje não sejam significativos nem mesmo para a maioria dos acadêmicos.

A razão de sua antiga proeminência foi sua importância no mundo do Antigo Testamento, um livro que dominou o mundo da Europa do século XIX. Assim, quando essas cidades e reis, de repente, se tornaram realidade concreta, à medida que palácios cheios de tesouros, relevos e textos emergiam dos montes da Assíria, é compreensível que o interesse público fosse enorme.

Desde então, as disciplinas de Arqueologia do Antigo Oriente Médio e da Assiriologia, que se desenvolveram com base no fluxo contínuo de novas evidências das culturas antigas da Mesopotâmia, afastaram-se em grande medida dos seus laços com os estudos bíblicos. A tentativa agora é estudar e compreender a Assíria e a Babilônia em seus próprios termos, como complexos culturais e históricos de interesse por direito próprio, e que não devem ser vistos principalmente como provedores de material comparativo e ilustrativo para o estudo da Bíblia.

Essa emancipação disciplinar, necessária e óbvia, removeu até certo ponto a ampla base de interesse público que essas atividades desfrutavam e talvez tenha diminuído suas possibilidades de estabelecer uma conexão com os interesses e problemas contemporâneos. Os pioneiros, que são o assunto deste livro, tiveram um ponto de partida mais fácil do que nós quando se esforçaram para interessar seu próprio tempo em suas conclusões sobre o caráter e o significado das culturas antigas, e sua excitação e absorção nesses assuntos animam e energizam suas descrições.

Uma das consequências desse sentimento de relevância óbvia para as novas descobertas em uma estrutura religiosa e intelectual europeia foi a apropriação do mundo antigo para formar a base para a história do Ocidente. Aqui estava o “berço da civilização”, civilização sendo, claro, a Europa, e dessa forma essas disciplinas acadêmicas, até certo ponto, podem ser vistas como as “enteadas do imperialismo”. O que deu às descobertas mesopotâmicas seu interesse peculiar foi o sentimento de que os arqueólogos estavam caçando o próprio começo da história humana, conforme percebido à luz dos escritos sagrados. Ao mesmo tempo, foi enfatizado, repetidamente, que os restos antigos não significavam nada para os árabes locais. Essas cidades dos mortos ficaram escondidas na areia por milênios, ignoradas por aqueles que passavam por elas ou montavam suas tendas em cima delas.

Este livro é sobre o “estranho de olhos brilhantes do Frangistão” que falava inglês e que quebrou o silêncio oriental, Austen Henry Layard, bem como sobre os outros pioneiros, Paul-Émile Botta, Hormuzd Rassam, Henry Rawlinson e Victor Place, que na Assíria encontraram o que era visto como parte da herança histórica da Europa, apesar da percepção de que sua arte era estranha e primitiva.

As vidas e atividades desses homens nos apresentam uma imagem da Europa e do Oriente Médio no século XIX. A base para sua compreensão e interpretação do que eles desenterraram estava, é claro, enraizada em seu tempo, suas percepções e preconceitos. No entanto, suas descobertas também se tornaram parte daquela grande revolução intelectual que varreu a Europa na segunda metade do século XIX, quando descobertas científicas e acadêmicas mudaram a visão de mundo tradicional herdada e lançaram as bases para nossa própria compreensão do mundo (Trechos do Prefácio).

No começo do capítulo 1, The Mounds of Nineveh, leio:

Em um dia de calor escaldante de junho de 1842, dois cavaleiros chegaram aos portões de Mossul, uma cidade provincial no Império Otomano. Eles vinham de Bagdá, no sul, por uma estrada que os levou através da terra fértil a leste do Tigre. Eles chegaram a Mossul cruzando uma ponte frágil de barcos que conectava a cidade na margem ocidental com as aldeias do outro lado do Tigre.

Um dos homens era um carteiro turco que estava a caminho de Constantinopla, a mais de dois mil quilômetros de distância, com correio imperial oficial. O outro era um jovem vestido como um bakhtiyari, uma tribo que vivia no Cuzistão, a região montanhosa do sudoeste do Irã. No entanto, um olhar mais cuidadoso logo perceberia que ele era um europeu. E, de fato, depois de ter se separado de seu companheiro de viagem, que entrou no palácio do paxá local, ele foi direto para o vice-consulado britânico, onde foi recebido como um velho amigo. Ele era o aventureiro britânico de vinte e cinco anos, Austen Henry Layard.

No mesmo dia, ele foi apresentado ao novo cônsul francês em Mossul, Paul-Émile Botta, de quarenta anos, e o encontro entre esses dois teve um significado muito especial, pois pode-se dizer que marcou o início da exploração arqueológica da antiga Mesopotâmia. Botta e Layard estavam destinados a se tornarem os descobridores da antiga Assíria.

Mogens Trolle Larsen é professor emérito de assiriologia na Universidade de Copenhague, Dinamarca.

 

Da resenha de Paul Zimansky, Bulletin of the American Schools of Oriental Research, n. 313 (1999), p. 92-95:

A obra de Mogens Trolle Larsen, uma história da descoberta das capitais neoassírias e da decifração da escrita cuneiforme, pode ser apreciada como uma história de aventura, mesmo por aqueles que não têm interesse nesta área.

The Conquest of Assyria trata de um período de menos de duas décadas, começando em 1842 e terminando em meados da década de 1850. Seu tema central é a carreira arqueológica de Austen Henry Layard, embora as outras figuras-chave na redescoberta do Império Assírio – Botta, Hincks, Rassam e Rawlinson – não sejam negligenciadas.

Mogens Trolle Larsen The Conquest of Assyria pode ser visto como um complemento útil para os próprios relatos clássicos de Layard, uma vez que é necessário um intérprete do julgamento sólido e da experiência moderna de Larsen para entender o que as primeiras expedições na Assíria realmente realizaram. Layard tinha apenas o testemunho remoto e hostil da Bíblia e fontes clássicas de terceira mão e não confiáveis, como Diodoro Sículo, para interpretar suas descobertas. Ele não tinha a mínima ideia de como datar qualquer coisa e os textos cuneiformes que ele descobriu eram, na maior parte, ilegíveis. Em suma, sem os serviços de um guia, ao ler Layard, o leitor moderno perde muito.

The Conquest of Assyria conta uma história familiar com melhor equilíbrio e mais detalhes do que já foi contada antes. Seu autor é um assiriologista talentoso que escreve tão bem quanto qualquer jornalista, mas é menos propenso a erros. Este trabalho é adequado para permanecer como o tratamento básico sobre o assunto por algum tempo e merece um público amplo.

Da resenha de Zainab Bahrani, Journal of the American Oriental Society, vol. 118, n. 4 (1998), p. 573-574:

Larsen não disfarça sua intensa admiração por Layard e escreve o livro como uma biografia do homem: sua infância, suas aventuras, seus amores, seus triunfos e tribulações. O material de origem são os próprios trabalhos publicados de Layard e uma série de cartas não publicadas na British Library, que fornecem informações novas e interessantes sobre Layard e seus pontos de vista.

No entanto, Larsen frequentemente lê os textos de Layard sem analisá-los criticamente, falhando, assim, em considerar que eles foram escritos para impressionar um público, na esperança de levantar fundos, ao descrever aventura e perigo em uma terra desconhecida. Suas cartas também são apresentadas de forma semelhante. O desprezo de Larsen pela motivação de Layard, na verdade, transforma sua própria narrativa em uma hagiografia.

Apesar disso, ele fornece uma boa quantidade de informações sobre a recepção da arte assíria no Ocidente. Ele enfatiza corretamente que as primeiras escavações foram realizadas com o único propósito de abastecer o British Museum e o Louvre, e que a competição entre essas duas instituições era uma disputa de ambição imperial.

O livro é escrito em um estilo que imita a literatura de viagem britânica do século XIX. Layard é denominado “nosso jovem herói”, um recurso narrativo usado no literatura romântica inglesa. Essa técnica narrativa do século XIX também afeta o conteúdo do livro. Descrições orientalizantes da Mesopotâmia como “infinita, monótona e plana” ou “decrépita”, “não é um lugar agradável para se passar o verão, ou qualquer outra época do ano” são do próprio Larsen. Ao participar do mundo que ele está reconstruindo, Larsen parece desinteressado nos resultados de pesquisas recentes nas ciências humanas. Na verdade, ele parece desconhecer todo o campo da crítica pós-colonial.

Aqueles que esperam este livro como o primeiro da fila de análises críticas da disciplina ficarão desapontados. Mas como um conto de aventura e mistério, o livro é bem-sucedido. O público em geral apreciará a história de como o cuneiforme veio a ser decifrado ou a explicação do que é um zigurate. Como um trabalho acadêmico, no entanto, o livro acende um alerta por sua adoção de estereótipos que todos nós desejamos deixar para trás.

 

This book is about the ‘bright-eyed stranger from Frangistan’ who spoke the English word which broke the Oriental silence, Austen Henry Layard, as well as about the other pioneers, Paolo Emilio Botta, Hormuzd Rassam, Henry Rawlinson and Victor Place, who in Assyria found what was seen as part of Europe’s historical heritage, despite its perceived alien and primitive art.

The lives and activities of these men present to us a picture of Europe and the Middle East in the nineteenth century. The basis for their understanding and interpretation of what they unearthed was of course rooted in their time, its perceptions and prejudices. Yet, their discoveries also became part of that great intellectual revolution that swept through Europe in the second half of the nineteenth century, when scientific and scholarly discoveries changed the traditional inherited world view and laid the foundations for our own understanding of the world.

Mogens Trolle Larsen is a Professor Emeritus of Assyriology at the University of Copenhagen, in Denmark.

O Prólogo de João e suas ressonâncias

PORTER, S. E.; YOON, D. I. (eds.) The Johannine Prologue and Its Resonances. Leiden: Brill, 2024, 320 p. – ISBN 9789004698932.

Este é o quarto volume da série Johannine Studies, que está sendo publicada pela Brill de Leiden. Este volume é sobre o prólogo do Evangelho de João ePORTER, S. E.; YOON, D. I. (eds.) The Johannine Prologue and Its Resonances. Leiden: Brill, 2024, 320 p. suas muitas ressonâncias dentro de todo o Evangelho. Parâmetros rígidos não foram definidos sobre este tópico, e isto se reflete na natureza variada das contribuições individuais. Não achamos necessário dividir as contribuições em várias partes devido ao escopo mais restrito deste volume do que outros na série.

O primeiro volume da série foi Stanley E. Porter e Andrew K. Gabriel, Johannine Writings and Apocalyptic: An Annotated Bibliography (Leiden: Brill, 2013), o segundo foi Stanley E. Porter e Hughson T. Ong (eds.) The Origins of John’s Gospel (Leiden: Brill, 2016), e o terceiro foi Stanley E. Porter e Andrew W. Pitts (eds.) Johannine Christology (Leiden: Brill, 2020). É encorajador ver a resposta forte e positiva a esses volumes à medida que continuamos a série até a conclusão dos cinco primeiros volumes. O volume final deste primeiro conjunto é: John’s Gospel and Its Sources.

Tenho o prazer de dizer que continuaremos a série com mais cinco volumes projetados, com mais por vir se esses cinco continuarem a ser de interesse acadêmico. Os próximos cinco volumes programados são:

Volume 6: João e o judaísmo (2026)
Volume 7: João e os Evangelhos Sinóticos (2027)
Volume 8: João e a “Quarta Busca” (2028)
Volume 9: Linguagem joanina (incluindo gênero e estilo) (2029)
Volume 10: Comunidade e audiência joanina (2030)

Os estudos joaninos têm visto um ressurgimento nos últimos anos, com muitos dos resultados da pesquisa joanina anterior sendo reexaminados. Isso inclui teorias sobre as origens do Evangelho de João, sua relação com os Evangelhos Sinóticos, sua teologia, sua historiografia e muitos outros tópicos. Este volume é parte de um esforço concentrado para preencher a lacuna de publicações dedicadas aos estudos joaninos. O estudo dos escritos joaninos, incluindo o Evangelho, as cartas joaninas e o Apocalipse, tem sido dificultado pela falta de tais publicações (Trecho do Prefácio).

 

Stanley E. Porter (1956-)This is the fourth of a series of volumes in the Johannine Studies series being published by Brill Publishers of Leiden. This volume is on the topic of the prologue to John’s Gospel and its many resonances within the entire Gospel. Narrow parameters have not been set on this topic, as is reflected in the varied nature of the individual contributions. We have not found it necessary to divide the contributions into various parts due to the narrower scope of this volume than others in the series.

The first volume in the series was Stanley E. Porter and Andrew K. Gabriel, Johannine Writings and Apocalyptic: An Annotated Bibliography, jost 1 (Leiden: Brill, 2013), the second was Stanley E. Porter and Hughson T. Ong, eds., The Origins of John’s Gospel, jost 2 (Leiden: Brill, 2016), and the third was Stanley E. Porter and Andrew W. Pitts, eds., Johannine Christology, jost 3 (Leiden: Brill, 2020). It is encouraging to see the strong and positive response to these volumes as we continue the series through the completion of the first five volumes. The final volume of this first set is: John’s Gospel and Its Sources.

I am pleased to say that we will be continuing the series with five more projected volumes, with more to come if these five continue to be of scholarly interest. The next five scheduled volumes are:

Volume 6: John and Judaism (2026)
Volume 7: John and the Synoptic Gospels (2027)
Volume 8: John and the “Fourth Quest” (2028)
Volume 9: Johannine Language (including Genre and Style) (2029)
Volume 10: Johannine Community and Audience (2030)

Johannine studies has seen a resurgence of interest in the last several years, with many of the assured results of previous Johannine scholarship being re-examined. These include theories regarding the origins of John’s Gospel, its relationship to the Synoptic Gospels, its theology, its historiography, and many other topics. This volume is part of a concerted effort to address the need for avenues of dedicated publication of Johannine studies. Study of the Johannine writings, including the Gospel, three Johannine letters, and Revelation, has been hampered by a lack of such dedicated publications. There are many such opportunities, including specific series and journals, for study of the Synoptic Gospels, and an equivalent number for the Pauline writings. Therefore, it is appropriate and necessary to publish a series devoted to the Johannine writings and their many attendant research questions.

This Johannine Studies series concentrates upon topics of special relevance for Johannine research, especially where recent work is re-conceptualizing old topics orDavid I. Yoon introducing new ones. The number of scholars devoting their efforts to such areas continues to grow, as is evidenced by the numbers of sessions dedicated to Johannine studies at recent major conferences, as well as the variety of Johannine publications finding their ways into various journals and other works.

Stanley E. Porter is President, Dean, and Professor of New Testament at McMaster Divinity College, Hamilton, Ontario, Canada.

David I. Yoon is Associate to the Academic Dean and Instructor of Biblical Studies at Emmanuel Bible College, and Research Fellow at McMaster Divinity College.

Um script para ver os gráficos de rede do vnStat e vnstati

Uso o Linux Mint 22 Wilma Cinnamon, e esta dica foi encontrada em um Fórum do Linux Mint.

1. Instale vnStat e vnstati com sudo apt-get install vnstat vnstati

2. Crie um script e torne-o executável. Vamos criar uma pasta em home, executando isso como usuário padrão, não sudo. No terminal, execute as seguintes linhas, umavnStat - monthly de cada vez:

mkdir ~/NetUseViewer
touch ~/NetUseViewer/viewnetuse.sh
chmod +x ~/NetUseViewer/viewnetuse.sh

3. Agora abra o novo arquivo de texto criado em home/username/NetUseViewer/viewnetuse.sh e cole o seguinte código nele, substituindo “nome-da-interface-de-rede” pelo nome apropriado, enp3s0, eth0 ou outro:

#!/bin/bash
vnstati -vs -i nome-da-interface-de-rede -o summary.png
vnstati -h -i nome-da-interface-de-rede -o hourly.png
vnstati -d -i nome-da-interface-de-rede -o dayly.png
vnstati -m -i nome-da-interface-de-rede -o monthly.png
vnstati -y -i nome-da-interface-de-rede -o yearly.png
vnstati -t -i nome-da-interface-de-rede -o top_10.png
xviewer summary.png
xviewer hourly.png
xviewer dayly.png
xviewer monthly.png
xviewer yearly.png
xviewer top_10.png

Salve as alterações no arquivo.

4. Teste o script. Execute no terminal:

bash ~/NetUseViewer/viewnetuse.sh

Primeiro ele vai abrir a imagem com o resumo, e, ao fechá-la, ele vai abrir a imagem com o gráfico de hora e assim por diante. Nesta configuração ele vai abrir seis gráficos: resumo, hora, dia, mês, ano, top 10. Você pode retirar gráficos ou mudar a ordem deles, se preferir.

5. Se tudo funcionar, crie o lançador:

– clique na área de trabalho com o botão direito do mouse e vai aparecer no menu: criar novo lançador aqui

– propriedades do lançador:
nome: escolha um nome, como Rede ou outro
comando: navegue até ~/NetUseViewer/viewnetuse.sh e dê ok.

– Pergunta se quer colocar no menu: escolha
– Se quiser mudar qualquer coisa, como ícone, por exemplo, é só clicar em propriedades.

Fonte: Simple way to find out data/network usage? – Linux Mint Forums – Post by axrusar – Thu Dec 15, 2022

VnStat no terminal, no conky e no navegador

:. O que é o vnStat?

O vnStat é um monitor de rede para ambientes Linux e BSD. Ele usa as estatísticas da interface de rede fornecidas pelo kernel como fonte de informação. O vnstati fornece suporte de saída de imagem para estatísticas coletadas usando o vnStat, no formato png.

Site oficial: https://humdi.net/vnstat/

Estou usando o Linux Mint 22 Wilma Cinnamon, por isso estas dicas têm este sistema como referência.vnStat - summary

1. Usando vnStat no terminal

:. Como instalar, configurar e usar o vnStat?

. Para instalar, abra o synaptic, procure e mande instalar vnstat e vnstati. Ou, no terminal, digite: sudo apt-get install vnstat vnstati
. Para configurar, digite no terminal sudo vnstat -i nome-da-interface-de-rede . Aqui, substitua “nome-da-interface-de-rede” por sua interface de rede [eth0, eth1, enp2s0, enp3s0 etc], que pode ser encontrada digitando ifconfig no terminal. Isto é para criar uma base de dados para a conexão usada. E depois digite sudo vnstat -q para confirmar se a base de dados foi criada. Ela fica em /var/lib/vnstat/vnstat.db). Assim, vnStat está pronto para funcionar.
. Se tiver problema no funcionamento da base de dados, renomeie a pasta vnstat para vnstat_old em /var/lib/vnstat e crie uma nova pasta vnstat

. É possível também importar os dados de uma instalação antiga para uma nova. Veja como em Export and Import Database #120

. Para ver as várias possibilidades de estatísticas, busque na web por “vnstat”. Muitos sites explicam como obter, via terminal, um sumário do uso da rede, além dos dados por hora, dia, mês, ano, a cada cinco minutos, top 10…

. Para ajuda, digite no terminal: vnstat --help

vnStat - daily. Para ver as estatísticas em um gráfico bastante bonito, via vnstati, digite no terminal: vnstati -vs -i nome-da-interface-de-rede -o ~/summary.png . Você terá o resultado gráfico em ~/summary.png

. Para mudar as cores dos gráficos, confira Vnstati, suporte de imagens para o VnStat.

. Algumas dicas úteis:

– para verificar o funcionamento, digite no terminal: sudo vnstat -i nome-da-interface-de-rede [eth0, enp3s0 etc]

– para iniciar o serviço: sudo /etc/init.d/vnstat start

– para verificar se o daemon está funcionando: ps aux | grep vnstatd

– para começar vnstat manualmente: vnstatd -n -s

– para rodar: sudo chown -R vnstat:vnstat /var/lib/vnstat

2. Usando o vnStat no Conky

Todas as informações estão em uma minha postagem publicada em 30.01.2017 e atualizada em 11.08.2024. Confira: Conky com nova sintaxe.

3. Usando o vnStat no navegador

. A dica mais difundida na internet é VnStat PHP: A Web Based Interface for Monitoring Network Bandwidth Usage. Mas não serve para mim, pois já tenho servidor no meu Linux com o Xampp, onde uso minha página e meu blog em instalações locais, localhost. Se instalo apache2 bloqueia meu servidor do xampp. Além do servidor, aqui se deve instalar e configurar o vnstat_php_frontend-1.5.1.tar.gz que está em vnstat PHP frontend.vnStat - top 10

. Então vou dar a dica de instalação via Xampp.
1. Baixe o Xampp para Linux
2. Instale o Xampp: How do I install XAMPP?
3. Inicialize o Xampp: How do I start XAMPP? – Outra opção, muito prática: instale o applet Xampp Panel Menu e gerencie o Xampp através dele.
4. Baixe o vnstat-php-master.zip de logicalshrapnel
5. Extraia o vnstat-php-master.zip, como root, para opt/lampp/htdocs e renomeie a pasta como vnstat
6. No arquivo config.php.dist tire eth0 e eth1 e coloque os-nomes-de-suas-interfaces-de-rede
7. Com o Xampp ligado [sudo /opt/lampp/lampp start ou através do Xampp Panel Menu] insira em seu navegador: http://localhost/vnstat/ e terá belos gráficos de seu uso da rede.

História e arqueologia de Jerusalém

FINKELSTEIN, I. Jerusalem the Center of the Universe: Its Archaeology and History (1800–100 BCE). Atlanta: SBL Press, 2024, 472 p. – ISBN 9781628374995.

Para algumas tradições religiosas, Jerusalém parece ser o centro do universo. A cidade conquistou enorme importância para três grandes religiões monoteístas.FINKELSTEIN, I. Jerusalem the Center of the Universe: Its Archaeology and History (1800–100 BCE). Atlanta: SBL Press, 2024, 472 p.

Mas como uma cidade localizada às margens do deserto, nas terras altas semiáridas do sul de Israel, com pouca terra agriculturável, alcançou tal domínio?

Para fornecer respostas a esse enigma, Israel Finkelstein coletou vinte e quatro de seus melhores artigos e ensaios cobrindo a Idade do Bronze Médio até o final do período helenístico. Com cuidado crítico e bem informado, ele analisa evidências arqueológicas que frequentemente estão em tensão com o texto bíblico.

Tópicos de especial interesse incluem a arqueologia do século X a.C.; Saul, Davi e Salomão na Bíblia e na arqueologia; a primeira expansão da cidade no século IX; seu crescimento total no final do século VIII ao VII; Jerusalém e Judá sob o Império Assírio; os dias do rei Josias; e as transformações nas eras persa e helenística.

Pequenos adendos atualizam o leitor sobre os desenvolvimentos recentes.

Israel Finkelstein é professor emérito de Arqueologia na Universidade de Tel Aviv e Diretor da Escola de Arqueologia e Culturas Marítimas da Universidade de Haifa, Israel.

Jerusalem is the center of the universe, the hub of the three great monotheistic religions, yet how did a city located on the desert fringe, in the semi-arid southern highlands of Israel with little tillable land achieve such dominance? To provide answers to this enduring riddle, Israel Finkelstein has collected twenty-four of his best articles and essays covering the Middle Bronze Age to the late Hellenistic period. With critical and well-informed care, he analyzes archaeological evidence that often stands in tension with the biblical text. Topics of particular interest include the archaeology of the tenth century BCE; Saul, David, and Solomon in the Bible and archaeology; the first expansion of the city in the ninth century; its full growth in the late eighth to seventh centuries; Jerusalem and Judah under the Assyrian Empire; the days of King Josiah; and transformations in the Persian-Hellenistic era. Short addenda update the reader on recent developments.

Israel Finkelstein is Professor Emeritus of Archaeology at Tel Aviv University and the Head of the School of Archaeology and Maritime Cultures at the University of Haifa.

O livro de Oseias na pesquisa atual

KELLE, B. E. (ed.) The Oxford Handbook of Hosea. New York: Oxford University Press, 2024, 520 p. – ISBN 9780197639597.

Esta é uma coleção de ensaios com múltiplos recursos para a interpretação do livro de Oseias. O volume examina abordagens que são consideradas essenciais para aKELLE, B. E. (ed.) The Oxford Handbook of Hosea. New York: Oxford University Press, 2024, 520 p. interpretação ou que são representativas das tendências atuais na pesquisa do livro de Oseias.

Cada ensaio aborda um elemento em particular e faz um levantamento crítico de estudos anteriores antes de apresentar abordagens atuais e prospectivas.

De muitas maneiras a pesquisa sobre o livro de Oseias é representativa dos desenvolvimentos e tendências atuais no estudo do profetismo como um todo. Portanto, embora dedicada ao livro de Oseias, a coleção de ensaios neste volume fornece um instantâneo de como deve ser a pesquisa atual sobre um livro profético.

A coleção começa com ensaios orientados para o contexto discutindo a história, o texto e o crescimento composicional de Oseias.

O volume inclui uma seção de ensaios sobre perspectivas estabelecidas e emergentes sobre os principais textos representativos do livro.

Em seguida os ensaios tratam dos principais elementos teológicos e literários, temas e motivos do livro de Oseias, antes de prosseguir para examinar diversas teorias interpretativas, contextos e abordagens.

O último grupo de ensaios no volume investiga as principais tendências na história da recepção de Oseias, incluindo o uso do livro em filmes e romances populares, bem como a interpretação asiática e afro-americana.

Brad E. Kelle é Professor de Antigo Testamento e Hebraico Bíblico na Point Loma Nazarene University, San Diego, California.

 

The Oxford Handbook of Hosea is a collection of essays that provide resources for the interpretation of the book of Hosea. The volume examines interpretive elements and approaches that are deemed essential for interpretation or that are representative of significant trends in present and future study. Each essay addresses one particular element or approach and will critically survey prior scholarship before presenting current and prospective approaches.

In many ways, research on the book of Hosea is representative of the developments and current trends in prophetic study as a whole. Hence, while dedicated to the book of Hosea, the collection of essays in this volume provides a snapshot of what today’s fully orbed scholarship on a prophetic book should look like. The collection begins with background-oriented essays that discuss the history, text, and compositional growth of Hosea. The volume includes a section of essays that survey established and emerging perspectives on key representative texts from the book. The essays then treat the book of Hosea’s major theological and literary elements, themes, and motifs before moving on to examine diverse interpretive theories, contexts, and approaches. The final group of essays in the volume investigates major trends in the reception history of Hosea, including the book’s use in popular movies and novels, as well as Asian and African American interpretation.

Table of Contents

List of Abbreviations
About the Contributors
Acknowledgments
Introduction, Brad E. Kelle
1. Does (and Should) Hosea Matter Still?, Carol J. Dempsey, OP
Part I: History, Text, and Composition
2. The Book of Hosea and the History of Eighth-Century BCE Israel, Shuichi Hasegawa
3. Assyria and Its Image in Hosea, Shawn Zelig Aster
4. Hosea the “Historical Prophet” of the Eighth Century BCE, Hosea the Remembered Prophet of Yehudite Literati, and the Book of Hosea, Ehud Ben Zvi and Ian D. Wilson
5. The Book of Hosea and Israelite Religion in the Eighth Century BCE, Lena-Sofia Tiemeyer
6. The Book of Hosea and the Socioeconomic Conditions of Eighth-Century BCE Israel, Davis Hankins
7. Transformation and Reinterpretation in the Composition and Redaction of Hosea, Susanne Rudnig-Zelt
8. The Book of Hosea and Northern/Israelian Hebrew, Na’ama Pat-El
9. Texts and Versions of the Book of Hosea, Eric J. Tully
10. Hosea in the Book of the Twelve, Mark Leuchter
Part II: Key Texts: Established and Emerging Perspectives
11. Hosea 1-3, the Marriage Metaphor, and the Ties that Bind, Amy Kalmanofsky
12. Hosea 5:8-6:6, Alt’s Hypothesis, and New Possibilities, Marvin A. Sweeney
13. Hosea 7-8 and the Critique of Kings, Politics, and Power, Jerry Hwang
14. Hosea 11 and Metaphors of Identity, Relationship, and Core Values in Contexts of Trauma, Jennifer M. Matheny
15. Hosea 12-13 and Prophetic Composition, Rhetoric, and Recollection, John Goldingay
Part III: Theological and Literary Elements, Themes, and Motifs
16. Metaphors in the Book of Hosea, Mason D. Lancaster
17. Intertextuality and Traditions in the Book of Hosea, Göran Eidevall
18. God’s Character in the Book of Hosea, Bo H. Lim
19. Kingship and Political Power in the Book of Hosea, Heath D. Dewrell Brad E. Kelle
20. Sin and Punishment in the Book of Hosea, Joshua N. Moon
21. Repentance in the Book of Hosea, Mark J. Boda
22. Gender and Sexual Violence in Hosea, Kirsi Cobb
Part IV: Interpretive Theories and Approaches
23. Hosea in Feminist and Womanist Interpretation, Vanessa Lovelace
24. Masculinity Studies and Hosea, Susan E. Haddox
25. Queer Theory and Hosea, Jennifer J. Williams
26. Postcolonialism as a Methodological Approach to Hosea, Jeremiah W. Cataldo
27. Prolegomena to the Ecological Interpretation of Hosea, Peter Trudinger
Part V: Reception
28. Hosea in Rabbinic Literature, Devorah Schoenfeld
29. Hosea in the New Testament, Steve Moyise
30. Hosea in Popular Culture, Emily O. Gravett
31. The Ghost of Hosea in African American Interpretation, Aaron Dorsey
32. Hosea in Asia-centric Interpretation, Barbara M. Leung Lai
Index

Brad E. Kelle is Professor of Old Testament and Hebrew at Point Loma Nazarene University in San Diego, CA.

Os três revisionistas do Pentateuco

John Van Seters, Hans Heinrich Schmid e Rolf Rendtorff são os três “revisionistas” da crítica do Pentateuco.

Preste atenção nestas datas: 1878 > 1883 > 1974 > 1975 > 1976 > 1977.

A teoria clássica das fontes JEDP do Pentateuco, elaborada no século XIX por Hermann Hupfeld (1796-1866), Abraham Kuenen (1828-1891), Édouard Guillaume Eugène Reuss (1804-1891), Karl Heinrich Graf (1815-1869) e, especialmente, Julius Wellhausen (1844-1918), vem sofrendo sérios abalos, de forma que hoje os pesquisadores consideram impossível assumir, sem mais, este modelo como ponto de partida. O consenso wellhauseniano sobre o Pentateuco foi rompido. Lembro que o primeiro livro de Julius Wellhausen sobre o tema foi publicado em 1878 (Geschichte Israels) e o mais importante em 1883 (Prolegomena zur Geschichte Israels).

Thomas L. Thompson (1939) chegou à conclusão de que as narrativas patriarcais estavam refletindo muito mais o primeiro do que o segundo milênio, e a datação tradicional dos patriarcas e sua historicidade caíram por terra. Seu livro foi publicado em 1974.

John Van Seters (1935) concluiu que o J deveria ser visto como um autor pós-D, e que a ‘Hipótese Documentária’ deveria ser totalmente revista. Van Seters publicou sua pesquisa em 1975.

Em 1976 e em 1977 apareceram os livros de Hans Heinrich Schmid (1937-2014) e de Rolf Rendtorff (1925-2014) sobre o mesmo assunto. H. H. Schmid chegou à conclusão de que o Pentateuco era o produto do movimento profético, assim como o era o livro do Deuteronômio, e de que o J deveria ser visto em estreita associação com a escola deuteronômica nos últimos anos da monarquia ou na época do exílio. Rolf Rendtorff não vê nenhuma conexão original entre Gênesis e Êxodo-Números, mas sim uma posterior costura deuteronomista ligando estas tradições. Donde se conclui que a ideia de fontes, tal como a J, deve ser abandonada, e que a formação do Pentateuco a partir de temas independentes é que deve ser pesquisada.

A crise do Pentateuco explodiu, então, em plena luz do dia e ninguém mais podia escapar da constatação de que a teoria clássica das fontes do Pentateuco, pelo menos em sua forma mais rígida, era insustentável.

 

Estou lendo a autobiografia de John Van Seters, um dos três “revisionistas” da teoria clássica das fontes do Pentateuco.VAN SETERS, J. My Life and Career as a Biblical Scholar. Eugene, OR: Cascade Books, 2018

VAN SETERS, J. My Life and Career as a Biblical Scholar. Eugene, OR: Cascade Books, 2018, 278 p. – ISBN 9781498299558.

No capítulo 2, Toronto Years, 1970–1977, ele diz sobre Thomas L. Thompson:

Na primavera de 1974 completei as revisões do meu manuscrito sobre Abraham in History and Tradition para a Yale University Press. Este estudo serviu de base para todos os trabalhos que vinha apresentando nesse período. Pouco depois de ter submetido o manuscrito a Yale, recebi uma carta de Piet de Boer, de Leiden [Países Baixos], informando-me que acabara de receber um livro para resenha na revista Vetus Testamentum, do qual era editor, intitulado The Historicity of the Patriarchal Narratives: The Quest for the Historical Abraham. Berlin: Walter de Gruyter, 1974, de Thomas L. Thompson.

A razão pela qual de Boer me escreveu tão rápido foi que ele havia visitado a Universidade de Toronto alguns dias antes, onde tinha vários amigos pessoais em nosso departamento, e eu tive a oportunidade de falar com ele sobre meu trabalho no qual ele tinha um grande interesse. Portanto, não é de admirar que ele me tenha escrito imediatamente ao regressar a Leiden. Também peguei o livro de Thompson assim que pude e o folheei.

Thompson claramente adotou a mesma visão cética em relação à historicidade dos patriarcas bíblicos e à “busca pelo Abraão histórico” que eu tive, e houve alguma sobreposição no material que tratei na primeira metade do meu livro. Na verdade, ele estava ciente de alguns dos meus artigos anteriores. Contudo, não havia nada comparável no livro de Thompson ao estudo literário que compôs a segunda metade do meu livro. A sua posição sobre estas questões parecia seguir mais de perto a dos seus mentores alemães de Tübingen. Então decidi, estando o livro na fase de edição, tomar algumas notas sobre seu livro, mas não retirar o manuscrito para uma revisão mais detalhada nesta fase.

(…)

“Os dois livros, o de Tom [Thomas L. Thompson] e o meu, ficaram conhecidos como o ataque de Thompson-Van Seters à história bíblica, e a Escola Albright e seus simpatizantes partiram para o contra-ataque. O livro muito popular, A História de Israel, de John Bright, aluno de Albright, teve uma nova edição após o aparecimento de nossos livros; ele os notou, mas os dispensou sem discussão e com o breve comentário de que “é duvidoso que suas posições obtenham aceitação geral ou duradoura”. Na verdade, ele estava completamente errado. Não demorou muito para que surgissem outras histórias e introduções nas quais nossa posição fosse prontamente aceita. A resistência mais duradoura veio da turma da arqueologia bíblica que vendia seus empreendimentos arqueológicos para apoiadores leigos, afirmando que eles estavam de fato descobrindo a história bíblica, e qualquer coisa que diminuísse a quantidade de conteúdo histórico da Bíblia era ruim para os negócios e para a arrecadação de fundos para suas atividades. Os cristãos e judeus conservadores, que faziam uso da arqueologia bíblica para apoiar a sua crença na historicidade da Bíblia, tendiam a difamar-me, embora soubessem pouco sobre mim ou sobre o meu passado evangélico.

Ainda no capítulo 2, ele fala de Rolf Rendtorff e de Hans Heinrich Schmid:

John Van Seters (Hamilton, Ontario, Canadá, 1935)No Congresso Anual da SBL [Society of Biblical Literature], três acadêmicos da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, começaram a aparecer regularmente: David Clines, David Gunn e Philip Davies. E eu os conheci muito bem. David Gunn e eu estávamos em uma seção regular do programa sobre narrativa bíblica. Ambos estávamos interessados ​​nas histórias de Saul e Davi, embora a partir de perspectivas um pouco diferentes, por isso mantivemos um debate animado sobre estas questões, refletido em alguns dos nossos artigos publicados naquela época. Esses três estudiosos também iniciaram uma nova revista, Journal for the Study of the Old Testament, publicada pela Sheffield University Press. Pediram-me que contribuísse com um artigo para o primeiro número, o que fiz: “Problems in the Literary Analysis of the Court History of David”. Este artigo foi uma resenha dos escritos de David Gunn sobre este assunto, por isso a nossa discussão sobre a análise literária da história de Davi continuou por algum tempo.

Ao mesmo tempo em que dei à JSOT um artigo para sua primeira edição, eles me pediram para contribuir para uma discussão acadêmica, juntamente com vários outros estudiosos proeminentes do Antigo Testamento, tratando de um artigo do professor Rolf Rendtorff sobre o Pentateuco: “The ‘Yahwist’ as Theologian? The Dilemma of Pentateuchal Criticism.” Esta era uma tradução para o inglês de um artigo em alemão publicado em 1975, mais ou menos na mesma época em que apareceu meu próprio livro sobre a tradição de Abraão. A segunda metade do meu livro também tratou dos problemas da crítica do Pentateuco, embora de uma perspectiva um pouco diferente.

E em 1976 apareceu outro livro do estudioso suíço Hans Heinrich Schmid, intitulado Der sogenannte Jahwist, que também tratava de “observações e questões relativas à pesquisa do Pentateuco”. Deste modo Schmid entrou no debate. Também incluídos na lista de autores para esta edição do JSOT estavam George Coats, meu bom amigo de Yale que fez sua dissertação sobre o Pentateuco, Norm Wagner, meu ex-colega de Waterloo, e Norman Whybray de Hull, Reino Unido, um acadêmico britânico sênior. Isso resultou em uma edição memorável logo no início da vida desta revista e que foi frequentemente citada.

O que foi significativo para mim foi que este novo desenvolvimento no debate sobre o Pentateuco representou uma grande mudança da obsessão americana com as preocupações da Escola Albright sobre a historicidade para um interesse amplamente europeu e germânico na crítica literária. Wagner foi, claro, aluno de F. V. Winnett, que deu início ao processo com o seu discurso presidencial na SBL em 1964 [Re-Examining the Foundations. Journal of Biblical Literature, Vol. 84, No. 1 (Mar., 1965), p. 1-19], e a dissertação de Wagner sobre o Gênesis faria uso intenso dos estudos alemães. George Coats, enquanto estudava em Yale com Childs, na verdade escreveu sua dissertação em Göttingen com Walter Zimmerli.

Mas fomos particularmente Rendtorff, Schmid e eu que fomos cada vez mais identificados como os “revisionistas” na crítica do Pentateuco, e os norte-americanos eram os “reacionários” e defensores dos métodos mais antigos de crítica literária. Isto não quer dizer que não houvesse diferenças significativas entre os três “revisionistas”. Eu tinha algumas reservas sérias sobre a abordagem dos problemas da crítica ao Pentateuco de Rendtorff.

No capítulo 3, The Move to UNC Chapel Hill, ele comenta sobre seus primeiros contatos com Hans Heinrich Schmid e com Rolf Rendtorff:

No final de 1976, Hans Heinrich Schmid, da Universidade de Zurique, publicou um livro, Der sogennante Jahwist: Beobachtungen und Fragen zur Pentateuchforschung (O assim chamado Javista: Observações e questões relativas à pesquisa do Pentateuco) e quando tomei conhecimento disso através de uma resenha na JSOT [Journal forThomas L. Thompson (Detroit, Michigan, 1939) the Study of the Old Testament] no final de 1977, consegui uma cópia e depois de lê-la percebi que havíamos chegado às mesmas conclusões sobre o Pentateuco em geral e sobre a datação tardia do Javista em particular. Então escrevi para ele e lhe disse: “Nem sei dizer o quanto gostei [do livro] ou até que ponto estou de acordo com você. Nos detalhes é claro que existem algumas diferenças. Mas em muitas questões sobre conteúdo e método chegamos independentemente às mesmas conclusões. Minhas próprias notas de seminário sobre o êxodo [a principal área de seu foco no livro] estão repletas exatamente das observações que você fez, que agora parecem óbvias quando expostas tão claramente como você fez. No entanto, elas serão fortemente recusadas, receio”. Expressei a esperança de ter notícias dele e de que fosse estabelecido algum contato acadêmico que me envolvesse mais nos estudos continentais [europeus], porque eu tinha pouca esperança de mudança na América, com base na resposta que recebera até aquele momento.

Hans Heinrich enviou-me em resposta uma carta calorosa e amigável, que foi o prenúncio de uma amizade profunda e duradoura. Ele me agradeceu pela minha carta e disse que poderia dizer sobre meu livro sobre Abraão [VAN SETERS, J. Abraham in History and Tradition. New Haven: Yale University Press, 1975] as mesmas coisas que eu havia dito a respeito de seu livro sobre o Javista. Ele continuou dizendo que durante o verão passado leu meu livro junto com duas histórias de detetive e achou meu livro muito mais emocionante (viel spannender) do que os dois romances, o que foi realmente um grande elogio. Ele passou a discutir longamente as possibilidades de traduzi-lo para o alemão, o que exigiria algum financiamento e permissão da Yale Press, ou fazer um resumo de 80 páginas que pudesse publicar em Zurique. Ele expressou a esperança de que mantivéssemos contato e nos reuníssemos em algum momento no futuro.

Segui sua sugestão sobre uma edição alemã do meu livro com a Yale Press, e depois de alguns meses eles indicaram que não se envolveriam com as despesas de uma edição alemã. Eles não se opuseram à outra proposta de Hans Heinrich sobre uma versão resumida em alemão, mas eu estava tão envolvido com outros compromissos que não pude parar para escrever tal trabalho. No verão seguinte, eu estava comprometido com dois meses de escavação no Egito e simplesmente não consegui. Então essa chance escapou. Mesmo assim, Hans Heinrich e eu mantivemos contato próximo, o que acabaria por levar a um encontro pessoal na Suíça.

Mais ou menos na mesma época em que escrevi para Hans Heinrich Schmid, escrevi também para o professor Rolf Rendtorff, de Heidelberg. A edição do JSOT que incluía uma tradução do artigo de Rendtorff sobre o Javista e várias respostas a ele, incluindo a minha, e as respostas de Rendtorff aos seus críticos tinham acabado de aparecer [Journal for the Study of the Old Testament, Volume 1 Issue 3, October 1976]. Na sua resposta aos meus comentários, pude ver que ele me admoestou por criticá-lo por uma citação errada que ele havia feito de von Rad. Ele afirmou que a citação incorreta foi culpa do impressor e seria corrigida em seu novo livro, que expandiu bastante a tese de seu artigo. Dito isto, ele sentiu que não precisava lidar com a substância da minha crítica. Na minha carta, eu queria fazer duas coisas: a primeira era eliminar barreiras para tornar possível um diálogo com este importante professor, sucessor de Gerhard von Rad, e, em segundo lugar, esclarecer a maneira como eu sentia que ele havia deturpado o ponto de vista de von Rad sobre o Javista. Isto pode parecer uma discussão acadêmica trivial, mas a questão permaneceria durante anos nos estudos bíblicos alemães.

Comecei minha carta dizendo: “Deixe-me pedir desculpas se pareci muito polêmico em minha abordagem ou de alguma forma deturpei sua posição ou intenção. Estou mais interessado em discussões frutíferas do que em debate público”, e também terminei com a mesma nota de que esperava num futuro próximo um contato mais direto com os estudos continentais [europeus] e um diálogo contínuo, especialmente no que diz respeito a esses novos rumos nos estudos do Pentateuco, e também fiz referência ao novo trabalho de Hans Heinrich. Quanto ao segundo ponto, insisti que a citação errada não poderia ter nada a ver com um erro gráfico, porque o seu argumento dependia inteiramente da citação errada e não do texto original alemão de von Rad, que citei. A citação errada foi usada para sugerir que o grande estudioso, seu mentor, dissera que a fonte do Pentateuco chamada Javista não deveria ser entendida como um autor e isso deixava aberta a possibilidade de outros estudiosos tratá-la como uma mera coleção de tradições. No entanto, qualquer leitura sem preconceitos de von Rad não poderia razoavelmente tirar esta conclusão do seu trabalho, e certamente o livro de Hans Heinrich sobre o Javista mencionado anteriormente não seguiu esta linha.

Hans Heinrich Schmid (Winterthur, Zürich, Suíça, 1937-2014)Demorou cerca de um ano até que Rendtorff enviasse uma resposta e, por esse atraso, pediu muitas desculpas. Ele então deu uma longa resposta sobre o que só pode ser descrito como uma defesa especial sobre os pontos que levantei, e o fato de que seu argumento ainda era verdadeiro, mesmo com a citação correta de von Rad. Ele também atribuiu parte do problema à terminologia alemã, para a qual não existe um equivalente adequado em inglês, o que é verdade simplesmente porque os alemães nunca foram claros sobre o que queriam dizer com os seus termos técnicos. Ele encerrou a carta com a esperança de que mantivéssemos contato e que um dia nos encontrássemos pessoalmente, e o fizemos anos depois em Heidelberg.

Chamei a atenção para o meu contato inicial com estes dois estudiosos porque os nossos três nomes foram comumente ligados entre si nos círculos acadêmicos europeus como “os três revisionistas” nos estudos do Pentateuco, assim como na América do Norte foi a revolução Thompson-Van Seters. O que é notável é que tanto os europeus como os americanos se referiam, no meu caso, ao mesmo livro, Abraham in History and Tradition. A primeira parte, sobre a questão da historicidade, foi a principal preocupação dos estudiosos americanos; a segunda parte, sobre questões de crítica literária, foi a obsessão dos europeus. Quando recebi a carta de Rendtorff, Jack Sasson me pediu para fazer uma resenha para o Journal of the American Oriental Society sobre os livros de Hans Heinrich Schmid e Rolf Rendtorff, e isso me deu bastante espaço para expor as áreas em que estávamos de acordo e aquelas em que divergíamos. Ficou bastante claro, pelo menos para mim, que Hans Heinrich Schmid e eu éramos muito mais próximos e Rolf Rendtorff bastante diferente em algumas questões fundamentais da crítica do Pentateuco.

Depois de ter lido o livro de Hans Heinrich Schmid, Der sogenannte Jahwist, escrevi a Piet de Boer [em Leiden, Países Baixos] em dezembro de 1977 sobre o livro falando da minha forte aprovação das suas conclusões, que foram alcançadas independentemente do meu próprio livro. Afirmei: “É muito emocionante para mim e tenho certeza de que tanto você quanto Hoftijzer [um estudioso de Leiden e ex-aluno de De Boer] ficariam encantados com isso”. Também escrevi: “Estou mais ansioso do que nunca por chegar à Europa para o meu período sabático, que tive de adiar para 1979-1980.” De Boer respondeu rapidamente e concordou comigo que o livro de Hans Heinrich Schmid era uma contribuição importante, mas que “o grupo dominante de estudiosos alemães ainda é desfavorável a esta nova abordagem, mas tenho certeza de que isso irá mudar”.

 

From Chapter 2:

In the spring of 1974 I completed the revisions of my manuscript on Abraham in History and Tradition for Yale University Press. This study had served as the basis of all those papers that I had been giving during this period. Shortly after I had submitted the manuscript to Yale, I received a letter from Piet de Boer of Leiden, telling me that he had just received a book for review in Vetus Testamentum of which he was the editor, titled The Historicity of the Patriarchal Narratives: The Quest for the Historical Abraham, by Thomas L. Thompson (Berlin, 1974). It would appear that I had been “scooped.”

The reason why de Boer wrote to me so soon was that he had visited the University of Toronto a few days earlier where he had a number of personal friends in our department, and I had had a chance to speak with him about my work in which he had a strong interest. So it was little wonder that he wrote to me immediately on his return to Leiden. I also got hold of the Thompson book as soon as I could and looked through it.

Thompson clearly took the same skeptical view towards the historicity of the biblical patriarchs and the “quest for the historical Abraham” that I did, and there was someRolf Rendtorff (1925 - 2014: Alemanha) overlap in material that I dealt with in the first half of my book. Indeed, he was aware of a few of my earlier articles. However, there was nothing comparable in Thompson’s book to the literary study that made up the second half of my book. His position on these matters seemed to follow more closely those of his German mentors at Tübingen. So I decided, being at the copyediting stage of production, to take some note of his book, but not to pull the manuscript back for a more detailed revision at this stage.

(…)

At long last, in June of 1975 my book, Abraham in History and Tradition, was published by Yale Press. The two books, Tom’s and mine, became known as the Thompson-Van Seters attack on biblical history, and the Albright School and its sympathizers went on the counter attack. The very popular textbook, The History of Israel by John Bright, a student of Albright, went into a new edition after the appearance of our books; he noted them but dismissed them without discussion and with the brief comment that “it is to be doubted whether their positions will gain general or lasting acceptance.” In fact, he was quite wrong. It was not long before other histories and introductions appeared in which our position was readily accepted. The last holdouts were the biblical archaeology crowd who sold their archaeological endeavors to lay supporters largely on the grounds that they were indeed uncovering biblical history, and anything that undercut the amount of historical content in the Bible was bad for business and fund-raising for their activities. Conservative Christians and Jews, who made use of biblical archaeology in support of their belief in the historicity of the Bible, tended to vilify me, even though they knew little about me or my evangelical past.

(…)

At the annual meeting of SBL three scholars from Sheffield University in England began to show up on a regular basis, David Clines, David Gunn, and Philip Davies, and I got to know them quite well. David Gunn and I were in a regular program section on biblical narrative. Both of us were interested in the Saul and David stories, although from somewhat different perspectives, so we carried on a lively debate about these issues, reflected in some of our published papers of that time. These three scholars also started a new journal, Journal for the Study of the Old Testament, published by Sheffield University Press. They asked me to contribute an article for the first issue, which I did: “Problems in the Literary Analysis of the Court History of David.” This was a review of David Gunn’s writings on this subject, so our discussion over the literary analysis of the David story continued for some time. For JSOT this was the beginning of what proved to be a very successful publication venture.

At the same time that I gave JSOT a piece for their first issue, they asked me to contribute to a scholarly discussion, along with several other prominent Old Testament scholars, dealing with an article by Professor Rolf Rendtorff on the Pentateuch: “The ‘Yahwist’ as Theologian? The Dilemma of Pentateuchal Criticism.” This was an English translation of a German article published in 1975, at about the same time that my own book on the Abraham tradition appeared. The second half of my book also dealt with the problems of Pentateuchal criticism, although from a somewhat different perspective. Then, in 1976, another book appeared by the Swiss scholar, Hans Heinrich Schmid, titled Der sogenannte Jahwist, which also dealt with “observations and questions regarding Pentateuchal research.” So Schmid was now brought into the discussion. Likewise included in the list of contributors to this JSOT issue were George Coats, my good friend from Yale who had done his dissertation on the Pentateuch, Norm Wagner, my former colleague from Waterloo, and Norman Whybray of Hull, UK, a senior British scholar. This made for a memorable issue very early in the life of this journal and one that was frequently cited.

What was significant for me was that this new development in the discussion about the Pentateuch was a major shift away from the American obsession with the concerns of the Albright School over historicity to a largely European and Germanic interest in literary criticism. Wagner was, of course, a student of Winnett, who had started the ball rolling with his SBL presidential address of 1964 [Re-Examining the Foundations. Journal of Biblical Literature, Vol. 84, No. 1 (Mar., 1965), p. 1-19], and Wagner’s dissertation on Genesis would make heavy use of German scholarship. George Coats, while studying at Yale under Childs, actually wrote his dissertation in Göttingen under Walter Zimmerli. But it was particularly Rendtorff, Schmid, and I who were increasingly identified as the “revisionists” in Pentateuchal criticism, and the North Americans who were “reactionaries” and defenders of the older methods of literary criticism. That is not to say that there were not significant differences amongst the three “revisionists.” I did have some serious reservations about Rendtorff’s approach to the problems in Pentateuchal criticism.

From Chapter 3:
As mentioned earlier, late in 1976 Hans Heinrich Schmid of the University of Zurich publish a book, Der sogennante Jahwist: Beobachtungen und Fragen zur Pentateuchforschung (The So-called Yahwist: Observations and Questions concerning Pentateuchal Research) and when I became aware of it through a review in JSOT in late 1977, I got hold of a copy and after reading through it I realized that we had come to many of the same conclusions about the Pentateuch in general and the late dating of the Yahwist in particular. So I wrote to him and told him: “I cannot say how much I enjoyed it [the book] or how deeply I feel in fundamental agreement with you. On matters of detail there are of course some differences. But on so many issues on content and method we have come independently to the same conclusions. My own seminar notes on Exodus [the major area of his focus in the book] are filled with just such observations as you have made which now seem obvious when they are so clearly stated as you have done. Yet they will be stoutly resisted I am afraid.” I expressed the hope that I would hear from him and that some scholarly contact would be established that would involve me more in continental scholarship, because I had little hope for change in America, based on the response that I had received up to that point. With the letter I also sent him some recent offprints.

VAN SETERS, J. Abraham in History and Tradition. Brattleboro, VT: Echo Point Books & Media, 2014Hans Heinrich sent me a warm and friendly letter in return that was a harbinger of a deep and enduring friendship. He thanked me for my letter and said that he could say the same things about my book on Abraham that I had said about his book on the Yahwist. He went on to say that during the past summer he had read my book along with two detective stories and found my book much more exciting (viel spannender) than the two novels, which was high praise indeed. He went on to discuss at length the possibilities of getting it translated into German, which would require getting some funding and permission from Yale Press, or doing an 80-page summary that he could get published in Zurich. He expressed the hope that we would maintain contact and get together some time in the future. In a separate parcel post he sent me two additional books of his, which I also enjoyed.

I did follow up on his suggestion about a German edition of my book with Yale Press, and after some months they indicated that they would not get involved with the expense of a German edition. They did not object to Hans Heinrich’s other proposal about a summary version in German, but I was too involved with other commitments that I could not stop to write such a work. I was committed in the coming summer to two months digging in Egypt and just could not do it. So that chance slipped away. Nevertheless, Hans Heinrich and I stayed in close contact, which would eventually lead to personal encounter in Switzerland.

About the same time that I wrote to Hans Heinrich, I also wrote to Professor Rolf Rendtorff of Heidelberg. The issue of JSOT that included a translation of Rendtorff’s article on the Yahwist and various responses to it, including mine, and Rendtorff’s responses to his critics had just appeared. In his response to my comments, I could see that he rather scolded me for criticizing him on a misquotation that he had made of von Rad. He stated that the misquotation had been the fault of the printer and would be corrected in his new book which greatly expanded on the thesis of his article. That said, he felt that he did not need to deal with the substance of my critique. In my letter I wanted to do two things: the first was to mend fences that would make possible a dialogue with this important senior professor and successor of von Rad, and second, to set the record straight regarding the way in which I felt he had misrepresented von Rad’s viewpoint on the Yahwist. This may seem like trivial academic quibbling, but the issue would survive in German biblical scholarship for years.

I began my letter by saying: “Let me apologize to you if I seemed too polemical in my approach or in any way misrepresented your position or intention. I am more interested in fruitful discussion than in public debate,” and I also ended on the same note that I hoped in the near future for more direct contact with continental scholarship and for continued dialogue, especially concerning these new directions in Pentateuchal studies, and made reference to the new work of Hans Heinrich as well. Regarding the second point, I insisted that the misquotation could have nothing to do with a typesetting error, because his argument depended entirely on the misquotation and not on von Rad’s original German text, which I cited. The misquote was used to suggest that the great scholar and his mentor had suggested that the Pentateuchal source called the Yahwist should not be understood as an author and this left open the possibility of other scholars treating it as a mere collection of traditions. However, any unprejudiced reading of von Rad could not reasonably draw this conclusion from his work, and certainly Hans Heinrich’s book on the Yahwist mentioned earlier did not follow this line.

It took about a year before Rendtorff sent a reply, and for this delay he apologized “very much.” He then went into a long response of what can only be described as special pleading on the points I raised, and the fact that his argument still held true, even with the correct quotation of von Rad. He also blamed part of the problem on German terminology, for which there is no adequate English equivalent, which is true simply because the Germans have never been clear about what they meant by their technical terms. Rendtorff, however, was no better in this respect than the rest. He even praised the ambiguity of the language he used so he could never be pinned down. He closed the letter with the hope that we would stay in contact and that one day we would meet personally, and we did years later in Heidelberg.

I have highlighted my initial contact with these two scholars because our three names were commonly linked together in European circles as “the three revisionists” in Pentateuchal studies, just as in North America it was the Thompson–Van Seters revolution. The remarkable thing is that both Europeans and Americans were referring, in my case, to the same book, Abraham in History and Tradition. The first half, on the issue of historicity, was the major concern of American scholars, the second half on issues of literary criticism, was the obsession of the Europeans. By the time I received Rendtorff’s letter, I had been asked by Jack Sasson to do a review article for the Journal of the American Oriental Society on the books of both Hans Heinrich and Rendtorff, and this gave me lots of space to lay out the areas on which we were in agreement and those in which we differed. It was quite clear, at least to me, that Hans Heinrich and I were much closer and Rendtorff quite different on some fundamental issues of Pentateuchal criticism. Julius Wellhausen (Alemanha: 1844-1918)

After I had read Hans Heinrich’s book, Der sogenannte Jahwist, I wrote to Piet de Boer in December of 1977 about the book and my strong approval of its conclusions that were reached independent of my own book. I stated: “It is very exciting for me and I am sure both you and Hoftijzer [a Leiden scholar and former student of de Boer] would be delighted with it.” I also wrote: “I am more anxious than ever to get to Europe for my sabbatical which I have had to postpone until 1979–80. I hope that something can be worked out.” De Boer was quick to respond and agreed with me that Hans Heinrich’s book was an important contribution, but that “the leading group of German scholars is still unfavourable to this new approach but I am sure that this will change.” He also indicated that as editor of the journal, Vetus Testamentum, he had asked Dr Ernest Nicholson of Cambridge to review my book on Abraham. He further announced that he was retiring as professor at Leiden in the fall of 1978, but would continue as editor of a major international project on the publication of the Peshitta, the Syriac version of the Old Testament. He also hoped that my sabbatical plans would bring me “in personal contact, now in Europe.” As it turned out, those sabbatical wishes to go abroad in 1979–80 did not materialize and would be postponed for a few years. De Boer’s retirement at Leiden, where he had been such a dominant figure for so long, marked the end of an era for the program there, and it never quite recovered the prestige and reputation that it had as a great center in the discipline of biblical studies.

O livro dos Juízes

WÉNIN, A. O livro dos Juízes. São Paulo: Loyola, 2024, 146 p. – ISBN ‎ 9786555043532.

Sobre a coleção ABC da Bíblia:WÉNIN, A. O livro dos Juízes. São Paulo: Loyola, 2024, 146 p.

Trata-se de uma verdadeira “caixa de ferramentas” que ajudará o leitor a fazer uma leitura sistemática e esclarecida dos livros da Bíblia. Cada volume desta coleção identifica o autor, ou autores, de determinado livro bíblico ou de um conjunto de escritos, apresenta seu contexto histórico, cultural e redacional, analisa-o literariamente, mostra sua estrutura, resume-o, aborda seus grandes temas, estuda sua recepção, influência e atualidade, e fornece um léxico de lugares e pessoas, tabelas cronológicas, mapas e bibliografia.

O original foi publicado em francês em 2021.

André Wénin é doutor em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma e professor emérito de Antigo Testamento na Universidade Católica de Lovaina, Bélgica.

O livro dos Números

ARTUS, O. O livro dos Números. São Paulo: Loyola, 2024, 146 p. – ISBN 9786555043662.

Sobre a coleção ABC da Bíblia:ARTUS, O. O livro dos Números. São Paulo: Loyola, 2024, 146 p.

Trata-se de uma verdadeira “caixa de ferramentas” que ajudará o leitor a fazer uma leitura sistemática e esclarecida dos livros da Bíblia. Cada volume desta coleção identifica o autor, ou autores, de determinado livro bíblico ou de um conjunto de escritos, apresenta seu contexto histórico, cultural e redacional, analisa-o literariamente, mostra sua estrutura, resume-o, aborda seus grandes temas, estuda sua recepção, influência e atualidade, e fornece um léxico de lugares e pessoas, tabelas cronológicas, mapas e bibliografia.

O original foi publicado em francês em 2021.

Olivier Artus é reitor da Universidade Católica de Lyon, ex-membro da Pontifícia Comissão Bíblica e sacerdote da diocese de Sens-Auxerre, França.