A SOTER – Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – comunica que seu 35º Congresso Anual terá como tema A Amazônia e o futuro da humanidade: povos originários, cuidado integral e questões ecossociais e será realizado no campus Coração Eucarístico da PUC-Minas, em Belo Horizonte, de 11 a 14 de julho de 2023.
Formato híbrido:
Presencial: Auditório João Paulo II – PUC Minas
Online: As transmissões serão realizadas pelo site do Congresso da SOTER – A transmissão online será exclusiva aos participantes inscritos.
A proposta do Congresso visa trazer mais luz, profundidade e densidade epistemológica, para os debates e produções de conhecimento sobre a importância singular da Amazônia no sistema vida e em nosso planeta. Mas também sobre a nossa responsabilidade enquanto Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER. Acreditamos que, ao refletir sobre as diversas questões ecossociais e o futuro da humanidade implicadas neste complexo ecossistema escolhido como tema central, ampliará, enriquecerá e aprofundará a nossa compreensão, por um lado, sobre a diversidade de culturas, de crenças, de éticas e ecoéticas, de paradigmas e modelos de desenvolvimento, mas também, por outro, de nossa identidade e missão enquanto pesquisadoras/es e cientistas da Área Ciências da Religião e Teologia.
Como parte integrante desse imenso objeto de estudos, a Amazônia, podemos mencionar, primeiramente, a necessária discussão, tão presente no pensamento decolonial, sobre a situação dos nossos povos originários, com a diversidade de suas culturas, a riqueza de suas tradições de sabedoria, o necessário reconhecimento de seus direitos fundamentais, o respeito a que estes povos merecem, como interlocutores e parceiros, membros da mesma humanidade, e as graves e recorrentes ameaças a que estão sistematicamente submetidos.
Em segundo lugar, importa enfatizar, o tema da ameaça climática, pois, temos testemunhado, sistematicamente, o descaso da população, das religiões e dos governos, com as suas organizações e instituições, diante do desmatamento, das queimadas e da degradação ambiental, de modo especial, do bioma amazônico. A perseguição e assassinato dos ativistas ambientais e dos direitos humanos em nosso país, a invasão e exploração de terras indígenas e áreas de proteção ambiental, os garimpos e minerações ilegais e irresponsáveis, o sucateamento dos órgãos de fiscalização, a flexibilização da legislação ambiental e a impunidade dos crescentes crimes ambientais e dos assassinatos de lideranças indígenas e ativistas, comprovam a gravidade, a necessidade e urgência de mudanças.
Em terceiro lugar, mencionamos a relevância do que os estudos das ciências humanas denominam como “ecologia integral” e o que, especificamente, a ecoteologia, na mesma direção, compreende como “o necessário cuidado de nossa casa comum”. O tema da ecologia, sem qualquer vanguardismo, urge ser acolhido e levado a sério por todos nós, enquanto conteúdo transversal irrenunciável, em nossas pesquisas, análises, debates, produções de conhecimento e ações. Não assumir a tarefa posta pela ecologia hoje significa, de certa maneira, cair em negacionismos inférteis ou mesmo trair a consciência que temos de nosso tempo. E isso é grave, pois, nas palavras do poeta alemão Goethe, “Quem, de três milênios, não é capaz de se dar conta, vive na ignorância, na sombra, à mercê dos dias, do tempo.”
Dentre muitos outros fatores aqui não mencionados, estes não podem ser olvidados. A situação do ecossistema amazônico, com seu frágil equilíbrio tão ameaçado, foi agravada nos últimos anos em nosso país. Os diagnósticos dos especialistas apontam para tempos cada vez mais sombrios, alguns falam de ponto crítico ultrapassado, outros até de irreversibilidade na sua recuperação, tamanho grau de destruição já encetado, realidade que coloca em risco não apenas a Amazônia em si, enquanto região específica, mas todo o sistema vida e, portanto, a vida humana.
No entanto, se por um lado a vida tem os seus ardis e revela uma capacidade surpreendente de reação e resistência, diante de suas agressões e de seus agressores, por outro, o próprio ser humano também, ainda que de forma ambivalente e muitas vezes revelar-se apequenado e mesquinho, revela igualmente uma capacidade extraordinária de colocar a sua inteligência a serviço da vida, de produzir conhecimentos e transformá-los em técnicas e tecnologias, que fizeram e fazem a diferença em mudanças urgentes e necessárias. Já foi capaz de ser sensivelmente solidário e superar situações trágicas, de recuperar áreas altamente degradadas, de salvar rios tidos como mortos ou espécies condenadas a extinção, de engendrar soluções para realidades tidas como sem solução. Será que nosso esperançar tem consistência e fecundidade criativa para sonharmos com uma Amazônia que proteja a vida e a diversidade cultural e religiosa e que devolva seus traços originários? Esperançamos uma Amazônia que integre e promova todos os seus habitantes, para poderem consolidar o “bem viver”.
O texto da Bíblia Hebraica já está fixado no século II d.C. Nos séculos seguintes os escribas copiam novos rolos, procurando limitar os erros de transcrição ao mínimo. Para a compreensão correta do texto eles começam a fazer anotações nas margens, assinalar palavras duvidosas etc.
No século V entram em ação os chamados massoretas. O termo vem do hebraico masar = “transmitir” e os massoretas são os “transmissores” do texto. Além de fazer anotações sobre o texto, estes sábios judeus sentem a necessidade de vocalizá-lo e acentuá-lo, para se obter um texto mais uniforme e fixo.
Neste processo cada escola segue um método diferente, como a oriental, sediada na Mesopotâmia e a ocidental, na Palestina. Depois de muitas peripécias, prevalece a escola de Tiberíades (Palestina) aí pelo ano 900 d.C. E em Tiberíades as famílias Ben Neftali e Ben Asher.
Desta última temos dois manuscritos importantíssimos: o Codex do Cairo, escrito e vocalizado por Moisés ben Asher, data do ano 895, mas só contém os profetas (anteriores e posteriores).
O Codex de Aleppo, quase completo, foi escrito e vocalizado por Aarão ben Moisés ben Asher, até 930. Pertencia à sinagoga de Aleppo e é salvo da destruição em 1948, sendo levado para Israel.
Um terceiro manuscrito importante é o Codex de Leningrado, baseado nos manuscritos de Aarão ben Moisés ben Asher. Este contém todo o AT e é escrito em 1008. A melhor edição crítica que possuímos hoje – que é a Bíblia Hebraica Stuttgartensia – baseia-se principalmente neste manuscrito.
Porém, há muitas imprecisões e exageros nos noticiários. Por isso recomendo, depois de ler a notícia abaixo, conferir o segundo texto indicado, que aponta os exageros e as meias-verdades da cobertura da mídia sobre o Códice Sassoon.
Afirmações como “Codex Sassoon: a Bíblia Hebraica mais antiga e completa” são absurdas e enganosas. O mais antigo manuscrito massorético completo da Bíblia Hebraica que sobreviveu em sua totalidade ainda é o Codex de Leningrado, de 1008 d.C.
A Bíblia hebraica mais antiga e completa já registrada foi comprada nesta quinta-feira (18/5) na casa de leilões Sotheby’s, em Nova York, nos Estados Unidos, por US$ 38,1 milhões (cerca de R$ 190 milhões), tornando-se o manuscrito mais valioso já vendido em leilão.
O Códice Sassoon, a mais antiga cópia sobrevivente do manuscrito contendo os 24 livros da Bíblia hebraica, teria sido escrito há cerca de 1.100 anos.
O ex-embaixador americano Alfred Moses comprou o texto para o Museu do Povo Judeu (ANU) em Tel Aviv, Israel (…).
“Fico feliz em saber que pertence ao povo judeu. Minha missão, percebendo o significado histórico do Códice Sassoon, era fazê-lo residir em um local globalmente acessível para todos.”
(…)
O Códice Sassoon deve seu nome ao seu proprietário anterior, David Solomon Sassoon, que o adquiriu em 1929 e reuniu em sua casa em Londres, no Reino Unido, a maior e mais importante coleção particular de manuscritos hebraicos do mundo.
(…)
De acordo com a casa de leilões Sotheby’s, faltam apenas 12 páginas ao Códice Sassoon, cuja datação por carbono indica que foi criado por volta do ano 900.
“Esta é a primeira vez que um livro quase completo da Bíblia Hebraica apareceu com as vogais, cantilena e notas de rodapé que dizem aos escribas como o texto deve ser redigido corretamente”, disse em março Sharon Mintz, principal especialista sobre os itens da casa de leilões.
Os séculos de anotações e inscrições revelam que o manuscrito foi vendido por um homem chamado Khalaf ben Abraham a Isaac ben Ezekiel al-Attar, que mais tarde transferiu a propriedade para seus dois filhos, Ezekiel e Maimon.
No século 13, a obra foi entregue a uma sinagoga em Makisin, no nordeste da Síria.
Após a destruição da cidade pelos mongóis no final do século 13 ou pelos timúridas no início do século 15, o manuscrito foi entregue a Salama ibn Abi al-Fakhr. Depois disso, desapareceu por 500 anos.
O último proprietário do Códice Sassoon foi a investidora suíça Jacqui Safra, que o comprou por US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 12,4 milhões) em um leilão realizado em Londres em 1989.
The sale of Codex Sassoon raises questions about what’s real and what’s hype about this important manuscript.
(…)
What is the Sassoon Codex?
The Sassoon Codex is a Hebrew Bible. Christians refer to the same text as the Old Testament. Many early mediaeval Hebrew Bible manuscripts only contain part of the scriptures: perhaps the Pentateuch only, or the prophetic books, or the Psalms. Relatively few early Hebrew Bible manuscripts contain the entire Hebrew Bible. Codex Sassoon is one of them. That turns out to be rather important later on.
The word “codex” basically means: book, that is, something with pages connected to a spine that you can turn to quickly find your place. This is different to a scroll. If you want to read the last chapter of a story written in a scroll, you have no option but to laboriously unroll the entire thing until you get to the final part. So, codices have some significant advantages over scrolls, particularly if you want a quick peek at the end to see if he marries the girl, or if it really was the butler, in the drawing room, with the candlestick.
Nonetheless, the scroll (rather than the codex) occupies a very special role in Jewish liturgy, and Jewish communities were rather slow to adopt the codex alongside the scroll, for writing the biblical text. In fact, it wasn’t until towards the end of the first millennium AD that Hebrew Bibles began to appear in codex form. So, this manuscript is part of the early shift to codex form. We’ll come back to that point in a bit.
For a long time, this particular Hebrew Bible Codex was part of the massive Judaica collection belonging to David Sassoon, whence the name “Sassoon codex” (or Sassoon 1053, for those who like an extra slice of nerd with their nomenclature).
Finally, it is important to explain that the Sassoon Codex—together with every other Hebrew Bible Codex from about AD 800 onwards—is a Masoretic Bible Codex. This simply means that it contains the Masoretic Text.
Now we are in a better position to address some of the exaggerations and half-truths in the media coverage of the Sassoon Codex.
O texto continua explicando os exageros e as meias-verdades da cobertura da mídia sobre o Códice Sassoon.
Sobre o seminário de 2024:
:: Tema: O Novo Testamento no contexto greco-romano
:: Data: 22-26 de janeiro de 2024
:: Coordenadores: Professores Paolo Costa e Antonio Pitta, com a colaboração do Professor Jean Louis Ska.
Tema del seminario: Il Nuovo Testamento nel contesto greco-romano
Coordinatori del seminario sono i Proff. Paolo Costa (del Pontificio Istituto Biblico) e Antonio Pitta (della Pontificia Università Laternense), coadiuvati dal Prof. Jean Louis Ska.
Il Seminario prevede ogni giorno tre lezioni magistrali comuni: due al mattino (9:00-12:00) e una al pomeriggio (15:00-16:15), e delle sedute pomeridiane di approfondimento (16:30-18:00) per gruppi. Queste ultime saranno o in forma seminariale o in forma di lezioni frontali.
Programma
(Le tematiche sono indicative; il titolo esatto sarà precisato in seguito)
:. Lunedì 22 gennaio
** L’ambiente storico-letterario
. Il “Gesù storico”, il “Paolo storico” e i loro rapporti con il mondo romano – Prof. Marc Rastoin [Centre Sèvres Paris – Pontificio Istituto Biblico].
. L’epistolografia greco-romana e il Nuovo Testamento – Prof. Antonio Pitta [Pontificia Università Lateranense].
. Filone, Flavio Giuseppe e il Nuovo Testamento – Prof.ssa Katell Berthelot [CNRS – Université d’Aix-Marseille].
Sono previste al momento le seguenti sedute pomeridiane di approfondimento:
. La sententia Gallionis (At 18,14-15) e i “processi” a Paolo: tra storia e racconto – [Prof. Paolo Costa, Pontificio Istituto Biblico].
. Esorcisti ed esorcismi nel contesto greco-romano e nel Nuovo Testamento – [Prof. Francesco Filannino, Pontificia Università Laternanense].
. Il tópos della riconciliazione nella cultura greco-romana e nell’epistolario paolino – [Prof. Juan Manuel Granados, Pontificio Istituto Biblico].
:. Martedì 23 gennaio
** L’ambiente storico-culturale – archeologia
. L’imago mundi di Luca-Atti: οἰκουμένη greco-romana e οἰκουμένη lucana – Prof. Dean P. Béchard [Pontificio Istituto Biblico].
. Le fonti documentarie greco-romane e il Nuovo Testamento – Prof. Cédric Brélaz [Université de Fribourg].
. La Giudea e la terra di Israele nel I sec. d.C. e i rapporti con la dominazione romana alla luce delle più recenti scoperte archeologiche – Prof. Josef Mario Briffa [Pontificio Istituto Biblico].
Sono previste al momento le seguenti sedute pomeridiane di approfondimento:
. La risurrezione nel contesto greco-romano – [Prof. Andrzej Gieniusz, Pontificia Università Urbaniana].
. I papiri di Babatha e il Nuovo Testamento – [Prof.ssa Dorota Hartman, Università di Napoli – L’Orientale].
. Il λόγος giovanneo nel contesto greco-romano – [Prof. Maurizio Marcheselli, Facoltà Teologica dell’Emilia Romagna]
. Pilato e i governatori romani della Giudea nell’opera di Flavio Giuseppe – [Prof. Joseph Sievers, Pontificio Istituto Biblico].
:. Mercoledì 24 gennaio
** L’ambiente storico-religioso (a)
. Il culto imperiale e il Nuovo Testamento – Prof. John Scheid [Collège de France].
. L’Apocalisse e Roma – Prof. Claudio Doglio [Facoltà Teologica Italia Settentrionale].
[pomeriggio del mercoledì: libero]
:. Giovedì 25 gennaio
** Il mondo del diritto e dell’amministrazione romana – L’ambiente storico-religioso (b)
. Gli statuti personali nel Nuovo Testamento alla luce del contesto greco-romano (cittadini e non cittadini, schiavi e liberi, uomini e donne) – Prof. Valerio Marotta [Università di Pavia – Pontificia Università Gregoriana].
. Diritto romano, diritti greci e Nuovo Testamento: stato della ricerca – Prof. Paolo Costa [Pontificio Istituto Biblico].
. Culti misterici, mitraismo, gnosticisimo in età alto-imperiale e nel Nuovo Testamento – Prof.ssa Chiara Ombretta Tommasi [Università di Pisa].
Sono previste al momento le seguenti sedute pomeridiane di approfondimento:
. Imperatori, governatori, censimenti e datazioni nei Sinottici e negli Atti degli apostoli – [Prof. Matteo Crimella, Facoltà Teologica dell’Italia Settentrionale].
. Le σύνοδοι greche, i collegia romani e le prime comunità cristiane – [Prof. Domenico Dursi, Università di Roma – La Sapienza].
. Il σῶμα di Cristo e il corpo della civitas: il retroterra socio-politico di una metafora paolina – [Prof. Antonio Pitta, Pontificia Università Lateranense].
. La sýnkrisis negli autori greco-romani e nel Nuovo Testamento – [Prof. Lorenzo Rossi, Istituto Superiore di Scienze Religiose “S. Francesco” (Mantova)].
:. Venerdì 26 gennaio
** Questioni esegetiche
. Il processo a Gesù e il processo a Paolo nella prospettiva dello storico del diritto: stato della ricerca – Prof. Luigi Garofalo [Università di Padova].
. La società greco-romana e il Nuovo Testamento, tra Plinio e le lettere di Pietro – Prof. Santiago Guijarro Oporto [Universidad de Salamanca].
Venerdì pomeriggio (lezione conclusiva)
. Il Vangelo di Matteo nel suo contesto greco-romano, alla luce delle fonti papirologiche – Prof. Philip F. Esler [University of Gloucestershire].
Iscrizioni
Chi fosse interessato è pregato di dare la propria adesione, inviando una e-mail all’indirizzo: pibsegr@biblico.it
Termine delle iscrizioni: 10 ottobre 2023.
Sarà possibile anche la partecipazione on-line. Nel fare l’iscrizione si prega di precisare la modalità di partecipazione.
La quota di partecipazione è di € 120. Per gli iscritti all’Associazione ex-alunni/e: € 100.
Non è richiesto il versamento di una quota al momento dell’iscrizione, ma si prega di inviare la propria adesione solo se realmente si prevede di partecipare, perché l’organizzazione finale della settimana dipenderà anche dal numero dei partecipanti.
Per ulteriori informazioni rivolgersi a: Segretario Generale PIB (pibsegr@biblico.it)
Para os interessados em crítica textual do Antigo Testamento, uma dica: as palestras principais do seminário sobre Textos e versões do AT: da crítica textual à crítica literária estão disponíveis em vídeo.
O Mito das Doze Tribos de Israel estuda a história das reivindicações de uma identidade israelita como um fenômeno histórico contínuo desde os tempos bíblicos até o presente.
Ao tratar os relatos da Bíblia hebraica sobre Israel como um dos muitos esforços para construir uma história israelita, em vez de material de origem para lendas posteriores, Andrew Tobolowsky traz uma abordagem comparativa de longo prazo para histórias “israelitas” bíblicas e não bíblicas.
No processo, ele lança uma nova luz sobre como a estrutura da tradição das doze tribos permite a criação de tantas visões diferentes de Israel e gera novas questões: como podemos explicar o poder duradouro do mito das doze tribos de Israel? Como funciona “tornar-se Israel”, por que se tornou tão popular e como mudou com o tempo? Finalmente, o que a mudança de forma do próprio Israel pode revelar sobre aqueles que o reivindicaram?
The Myth of the Twelve Tribes of Israel is the first study to treat the history of claims to an Israelite identity as an ongoing historical phenomenon from biblical times to the present. By treating the Hebrew Bible’s accounts of Israel as one of many efforts to construct an Israelite history, rather than source material for later legends, Andrew Tobolowsky brings a long-term comparative approach to biblical and non-biblical “Israelite” histories. In the process, he sheds new light on how the structure of the twelve tribes tradition enables the creation of so many different visions of Israel, and generates new questions: How can we explain the enduring power of the myth of the twelve tribes of Israel? How does “becoming Israel” work, why has it proven so popular, and how did it change over time? Finally, what can the changing shape of Israel itself reveal about those who claimed it?
Andrew Tobolowsky is Associate Professor in the Department of Religious Studies at College of William and Mary in Williamsburg, Virginia, USA.
SCRENOCK, J. with Vladimir Olivero A Grammar of Ugaritic. Atlanta: SBL Press, 2022, 236 p. – ISBN 9781628374513.
Quando eu, John Screnock, comecei a lecionar em Oxford em 2015, usei uma abordagem comumente empregada em aulas de ugarítico: começamos a ler textos desde o primeiro dia, aprendendo a gramática indutivamente. Apenas os experientes hebraístas e assiriólogos sobreviveram até o final do primeiro período de oito semanas.
Percebi logo no primeiro semestre que meus alunos precisavam de um recurso melhor para seu primeiro contato com o idioma – uma gramática do primeiro ano do ugarítico adequada para um público mais amplo.
Nos anos seguintes, desenvolvi a gramática atual, com o objetivo de reter todos os alunos de Oxford que desejassem aprender o ugarítico – graduados e graduandos, egiptólogos, classicistas, arqueólogos, linguistas, arabistas, hebraístas, assiriólogos, teólogos e até mesmo estudantes que estudam disciplinas como filosofia e economia.
Vladimir Olivero foi aluno da turma onde experimentei os capítulos iniciais; ele logo se tornou um coprofessor e colaborador de confiança, que ajudou a aprimorar as lições e os exercícios.
Para ser claro, nossa gramática não deve ser fácil. Destina-se a estudantes que levam a sério o estudo de idiomas no contexto da educação universitária. No entanto, a gramática é acessível. Fazemos todos os esforços para não presumir conhecimentos e conceitos básicos do semítico, hebraico, acádico ou árabe — nenhum dos quais deve ser presumido em uma gramática elementar.
Em nossa experiência de ensino do ugarítico, vimos grandes melhorias como resultado do uso dessa gramática. Os alunos terminam o curso e aprendem bem a gramática. Após oito aulas, os alunos são capazes de ler tabuinhas e textos em cuneiforme. Muitos deles aprendem o ugarítico com maior profundidade – inclusive questionando a reconstrução do ugarítico aqui apresentada.
Resumindo, se você é um estudante ou está ensinando alunos que ainda não sabem acádico, hebraico ou árabe, este é o lugar certo para começar. Mesmo que você já tenha um desses idiomas, aprenderá melhor o ugarítico lendo nossa gramática completa.
Em nossa experiência, apenas os alunos com uma forte compreensão do semítico comparativo estarão melhor começando com um resumo gramatical e passando direto para os textos.
Os alunos aprenderão uma reconstrução do ugarítico que podem usar para ler textos com fluência. Esta não é uma nova reconstrução do ugarítico, mas segue os estudos atuais – em particular, Dennis Pardee e John Huehnergard, cujas reconstruções do ugarítico são semelhantes entre si. Essa gramática prepara os alunos para usar recursos de nível intermediário, como A Manual of Ugaritic, de Pierre Bordreuil e Dennis Pardee e An Introduction to Ugaritic, de John Huehnergard (da Introdução).
When I began to teach at Oxford in 2015, I used an approach commonly employed in Ugaritic classes: we started reading texts from the first day, learning the grammar inductively. Only the seasoned Hebraists and Assyriologists survived to the end of the first eight-week term. I realized early on during that first term that my students needed a better resource for their first engagement with the language—a first-year grammar of Ugaritic suitable for a wider audience. Over the following years, I developed the present grammar, with the aim of retaining all of the students at Oxford who wanted to learn Ugaritic—graduates and undergraduates, Egyptologists, classicists, archaeologists, linguists, Arabists, Hebraists, Assyriologists, theologians, and even students studying subjects like philosophy and economics. Vladimir Olivero was a student in the class where I trialed the initial chapters; he soon became a trusted coteacher and collaborator, who helped hone the lessons and exercises.
To be clear, our grammar is not meant to be easy. It is intended for students who are serious about studying language in the context of university education. However, the grammar is accessible. We make every effort not to assume background knowledge and concepts from northwest Semitic, Hebrew, Akkadian, or Arabic—none of which should be assumed in an elementary grammar. In our experience of teaching Ugaritic, we have seen massive improvements as a result of using this grammar. Students finish the course and learn the grammar well. After eight lessons, students are able to read tablets and texts in cuneiform. Many of them go on to learn Ugaritic in greater depth—including questioning the reconstruction of Ugaritic presented here.
In short, if you are a student or are teaching students who do not already know Akkadian, Hebrew, or Arabic, then this is the right place to start. Even if you already have one of these languages, you will learn Ugaritic better by going through our full grammar. In our experience, only students with a strong understanding of comparative Semitics will be better off starting with a grammatical précis and moving straight into texts.
Students will learn a reconstruction of Ugaritic that they can use to read texts with fluency. This is not a new reconstruction of Ugaritic, but rather follows current scholarship—in particular, Dennis Pardee and John Huehnergard, whose reconstructions of Ugaritic are similar to one another. This grammar prepares students to use intermediate-level resources such as Pierre Bordreuil and Dennis Pardee’s A Manual of Ugaritic and John Huehnergard’s An Introduction to Ugaritic (From Introduction).
John Screnock is Tutor in Old Testament at Wycliffe Hall in the University of Oxford. Vladimir Olivero is Postdoctoral researcher at the Università per Stranieri di Siena and Research Assistant in Assyriology at the Faculty of Oriental Studies at the University of Oxford.
Com quatro anos de atraso, Chico Buarque recebe o mais importante prêmio da língua portuguesa. Bolsonaro havia se recusado a assinar a honraria. Lula diz que entrega corrige “absurdo cometido contra a cultura brasileira”
Quatro anos após ser agraciado com o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, o cantor, compositor e escritor Chico Buarque finalmente recebeu a honraria, entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, em cerimônia em Lisboa nesta segunda-feira (24/04).
O prêmio para Chico foi anunciado em 2019, mas o artista não pôde recebê-lo pois o então presidente Jair Bolsonaro, que praticamente congelou as relações com Portugal durante seu mandato, se recusou a assinar a documentação necessária para a entrega da distinção, segundo afirmaram os atuais governos do Brasil e de Portugal.
“Essa entrega é simbólica porque representa a vitória da democracia. Chico Buarque é um artista de uma envergadura tremenda, pela história, por tudo que já produziu, tanto na música, quanto na literatura. Ser testemunha, participar enquanto ministra desse momento depois de sofrermos uma tentativa de golpe recente no Brasil e do desmonte da cultura nesses últimos quatro anos, é motivo de festa”, afirmou a ministra da Cultura, Margareth Menezes, às vésperas da cerimônia de premiação.
O primeiro-ministro português, António Costa, destacou a entrega do Prêmio Camões a Chico como parte da retomada de contatos entre Brasil e Portugal. “Viramos uma página e temos muita matéria para trabalhar em conjunto”, escreveu no Twitter.
O Ministério da Cultura de Portugal, por sua vez, destacou que, para o júri do Prêmio Camões, a atribuição da distinção a Chico reconheceu “o valor e o alcance de uma obra multifacetada, repartida entre poesia, drama e romance”, um trabalho que “atravessou fronteiras e se mantém como uma referência fundamental da cultura no mundo contemporâneo”.
A cerimônia de entrega da distinção, realizada no Palácio Nacional de Queluz, foi integrada à viagem oficial de Lula a Portugal. A passagem do presidente brasileiro pelo país se encerra nesta terça-feira, com uma cerimônia no Parlamento português à margem das comemorações do 49º aniversário da Revolução dos Cravos.
“Um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura”
Em discurso na cerimônia realizada na cidade de Sintra, Lula disse que entrega do prêmio serviu para “corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos”. “Digo isso porque esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos nós sabemos por quê”, afirmou o presidente.
Lula declarou que o ataque a cultura em todas as suas formas foi um dos objetivos que a extrema direita tentou implementar no país, mas que “finalmente, a democracia venceu no Brasil”.
“Não podemos esquecer que o obscurantismo e a negação das artes também foram uma marca do totalitarismo e das ditaduras que censuraram o próprio Chico no Brasil e em Portugal. Esse prêmio é uma resposta do talento contra o censura, do engenho contra a força bruta'” disse.
Após receber o prêmio das mãos do presidente Rebelo de Souza, Chico criticou o governo de Jair Bolsonaro e a falta de incentivo às artes durante o mandato do ex-presidente, e disse ter valido a pena esperar quatro anos para receber o prêmio.
Ele disse ter a impressão de que “um tempo bem mais longo havia transcorrido. No que se refere ao meu país, quatro anos de um governo funesto duraram uma eternidade, porque foram um tempo em que o tempo parecia andar para trás”, disse o artista.
(…)
“Recebo este prêmio menos como uma honraria pessoal e mais como um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados, ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”, concluiu Chico.
Ele disse também ter herdado de seu pai, o escritor e historiador Sergio Buarque de Holanda, o amor pela língua portuguesa.
Além de Chico Buarque e dos presidentes do Brasil e de Portugal, estiveram presentes na cerimônia na cidade de Sintra a ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, e autoridades dos dois países.
“Formação cultural de diferentes gerações”
Um dos maiores nomes da MPB, Francisco Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Começou sua carreira musical na década de 1960 e se tornou um dos maiores compositores brasileiros. Entre os sucessos musicais de Chico, que tem cerca de 80 álbuns em sua discografia, estão A banda (1966), Apesar de você (1970), Cotidiano (1971), Construção (1971) e Amor barato (1981).
Em 1967, escreveu sua primeira peça de teatro, Roda Viva. No total, foram quatro incursões nesse gênero, sendo a última delas a Ópera do malandro, de 1978.
Em 1974, escreveu a novela Fazenda modelo, e em 1979, o livro infantil Chapeuzinho amarelo. Em 1991, publicou seu primeiro romance, Estorvo. O sucesso como escritor lhe rendeu três prêmios Jabuti, a premiação literária mais importante do Brasil, por Estorvo, melhor romance e livro do ano de ficção de 1992; Budapeste, livro do ano de ficção de 2004; e Leite derramado, melhor livro de ficção de 2010. Seu último livro, O irmão alemão, foi publicado em 2014.
Essa foi a primeira vez que um músico foi agraciado com o Prêmio Camões, que é um reconhecimento pela obra completa do artista. Ele foi eleito por unanimidade por um júri composto por representantes de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique.
O júri justificou sua escolha pela “qualidade e transversalidade” da obra de Chico Buarque, “tanto através de gêneros e formas, quanto pela sua contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa”.
O peso literário das composições de Chico também foi destacado à época do anúncio do prêmio. “Evidente que esse prêmio é um reconhecimento pela poesia dele nas letras de música, que também são literárias, não só pelos livros. São poemas. Grandes poemas. A música Construção, por exemplo, é um poema até raro de se fazer”, afirmou o escritor Antonio Cícero, um dos brasileiros que compôs o júri, ao lado de Antonio Hohlfeldt, ao jornal Folha de S.Paulo.
Brasil e Portugal criaram “Nobel da língua portuguesa”
O Prêmio Camões foi criado em 1988 por Brasil e Portugal e contempla anualmente autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O objetivo é distinguir “um escritor que, pela sua obra, contribua para o enriquecimento e projeção do patrimônio literário e cultural de língua portuguesa”.
O nome da premiação é uma homenagem ao poeta português Luís Vaz de Camões (1524-1580), autor da epopeia Os Lusíadas e considerado um dos maiores nomes da literatura lusófona.
Ao longo de sua história, 14 escritores brasileiros já foram agraciados com o prêmio, entre eles Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Rubem Fonseca e Lygia Fagundes Telles.
Nos termos do regulamento do Prêmio Camões, Portugal e Brasil organizam de forma alternada as reuniões e as cerimônias de entrega da distinção. O júri é composto por seis membros com mandato de dois anos. Os governos de Portugal e do Brasil designam dois membros cada, sendo os dois membros restantes designados de comum acordo de entre personalidades dos restantes países lusófonos – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Os agraciados com o prêmio recebem atualmente a quantia de 100 mil euros. Metade desse valor é subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura do Brasil.
“O Prêmio Camões é uma das grandes conquistas do diálogo entre os países da língua portuguesa”, destacou o presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, afirmando que a distinção representa “uma espécie de Nobel” do idioma.
Íntegra do discurso de Chico Buarque ao receber o prêmio Camões
Boa noite excelentíssimos senhores presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa; presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; primeiro ministro de Portugal, António Costa; ministra da cultura brasileira, minha amiga, Margareth Menezes; ministro da Cultura português, Pedro Adão e Silva; querida Janja da Silva; presidente do júri, professor Frias Martins; e tantos amigos e amigas aqui presentes, Fafá de Belém, Carminho, Mia Couto, Miguel de Sousa Tavares, Pilar del Río, meu editor brasileiro Luiz Schwarz, minha editora portuguesa, Clara Capitão, e minha mulher, Carol.
Eu estou emocionado porque hoje de manhã ela saiu do hotel, atravessou a avenida e foi comprar essa gravata. Isso me emociona. [Confira o contexto da ironia].
Ao receber este prêmio penso no meu pai, o historiador e sociólogo Sergio Buarque de Holanda, de quem herdei alguns livros e o amor pela língua portuguesa. Relembro quantas vezes interrompi seus estudos para lhe submeter meus escritos juvenis, que ele julgava sem complacência nem excessiva severidade, para em seguida me indicar leituras que poderiam me valer numa eventual carreira literária.
Mais tarde, quando me bandeei para a música popular, não se aborreceu, longe disso, pois gostava de samba, tocava um pouco de piano e era amigo próximo de Vinicius de Moraes, para quem a palavra cantada talvez fosse simplesmente um jeito mais sensual de falar a nossa língua. Posso imaginar meu pai coruja ao me ver hoje aqui, se bem que, caso fosse possível nos encontrarmos neste salão, eu estaria na assistência e ele cá no meu posto, a receber o Prêmio Camões com muito mais propriedade.
Meu pai também contribuiu para a minha formação política, ele que durante a ditadura do Estado Novo militou na Esquerda Democrática, futuro Partido Socialista Brasileiro. No fim dos anos sessenta, retirou-se da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em solidariedade a colegas cassados pela ditadura militar. Mais para o fim da vida, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, sem chegar a ver a restauração democrática no nosso país, nem muito menos pressupor que um dia cairíamos num fosso sob muitos aspectos mais profundo
O meu pai era paulista, meu avô, pernambucano, o meu bisavô, mineiro, meu tataravô, baiano. Tenho antepassados negros e indígenas, cujos nomes meus antepassados brancos trataram de suprimir da história familiar. Como a imensa maioria do povo brasileiro, trago nas veias sangue do açoitado e do açoitador, o que ajuda a nos explicar um pouco.
Recuando no tempo em busca das minhas origens, recentemente vim a saber que tive por duodecavós paternos o casal Shemtov ben Abraham, batizado como Diogo Pires, e Orovida Fidalgo, oriundos da comunidade barcelense. A exemplo de tantos cristãos-novos portugueses, sua prole exilou-se no Nordeste brasileiro do século XVI. Assim, enquanto descendente de judeus sefarditas perseguidos pela Inquisição, pode ser que algum dia eu também alcance o direito à cidadania portuguesa a modo de reparação histórica.
Já morei fora do Brasil e não pretendo repetir a experiência, mas é sempre bom saber que tenho uma porta entreaberta em Portugal, onde mais ou menos sinto-me em casa e esmero-me nas colocações pronominais. Conheci Lisboa, Coimbra e Porto em 1966, ao lado de João Cabral de Melo Neto, quando aqui foi encenado seu poema Morte e Vida Severina com músicas minhas, ele, um poeta consagrado e eu, um atrevido estudante de arquitetura.
O grande João Cabral, primeiro brasileiro a receber o Prêmio Camões, sabidamente não gostava de música, e não sei se chegou a folhear algum livro meu.
Escrevi um primeiro romance, Estorvo, em 1990, e publicá-lo foi para mim como me arriscar novamente no escritório do meu pai em busca de sua aprovação. Contei dessa vez com padrinhos como Rubem Fonseca, Raduan Nassar e José Saramago, hoje meus colegas de Prêmio Camões. De vários autores aqui premiados fui amigo, e de outras e outros – do Brasil, de Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde — sou leitor e admirador.
Mas por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço gosto em ser reconhecido no Brasil como compositor popular e, em Portugal, como o gajo que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e um cheirinho de alecrim.
Valeu a pena esperar por esta cerimônia, marcada não por acaso para a véspera do dia em os portugueses descem a Avenida da Liberdade a festejar a Revolução dos Cravos.
Lá se vão quatro anos que meu prêmio foi anunciado e eu já me perguntava se me haviam esquecido, ou, quem sabe, se prêmios também são perecíveis, têm prazo de validade.
Quatro anos, com uma pandemia no meio, davam às vezes a impressão de que um tempo bem mais longo havia transcorrido.
No que se refere ao meu país, quatro anos de um governo funesto duraram uma eternidade, porque foi um tempo em que o tempo parecia andar para trás. Aquele Governo foi derrotado nas urnas, mas nem por isso podemos nos distrair, pois a ameaça fascista persiste, no Brasil como um pouco por toda parte.
Hoje, porém, nesta tarde de celebração, reconforta-me lembrar que o ex-Presidente [Bolsonaro] teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu Prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para a assinatura do nosso Presidente Lula.
Recebo este prêmio menos como uma honraria pessoal, e mais como um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo.