Nos jogos lutamos contra nossas limitações, não contra nossos semelhantes

“Ao observar os olhares de todos os que assistem ao acender e apagar de uma chama olímpica, perceberemos muito de esperança. Esperança que jamais será concretizada na vitória de um ou outro atleta, até porque quase ninguém dos que estão em torno de um evento como esse se preocupa com indivíduos ou bandeiras, e, sim, com a humanidade.

Concreto é o sonho coletivo de melhora das condições de vida de todos que habitam o planeta. Diferentemente da lógica atual que a todos impõe uma postura individualista, em que se vê exclusivamente o próprio umbigo, abandonando tanto a solidariedade quanto o sacrifício de lutar por uma sociedade mais justa e racional.

Nos jogos lutamos contra nossas limitações e não contra nossos semelhantes. Quando assistimos um maratonista exausto lutar até o limite de suas forças para chegar ao final de prova mesmo que em último lugar, nos damos conta de que os valores humanos não morreram. Estão desvalorizados, é certo, porém nem por isso devem ser desprezados. Quando um ginasta erra por pouco e cai, deixando escapar lágrimas de frustração, ele nos dá mostras de que devemos acreditar até o fim, ainda que sejamos frágeis demais para enfrentar alguns obstáculos. A Olimpíada e a Copa do Mundo, nos dias de hoje, são um dos raros momentos em que podemos crer que o ser humano pode ser melhor do que aquilo que demonstra. E é com esse espírito que devemos tratá-los e aproveitar seus exemplos”, escreveu Sócrates, no artigo De Porsche na Disneylândia, em CartaCapital – 14/06/2010 15:55:54

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Futebol, entre as torcidas e a guerra resta a grande arte – Enio Squeff, em Carta Maior – 09/06/2010
A maior parte dos homens responsáveis pelas guerras, ou senhores dela digamos, têm como certo que o futebol é uma loucura alienante, até perigosa: prefeririam que seus homens e mulheres estivessem a fazer coisas mais sérias do que berrar ao gol da sua equipe. Melhor seria, quem sabe, que pegassem nas suas armas e saíssem a cumprir sua obrigação. Com muito melhores razões, é o mesmo que dizem certos homens de negócios: há uma infinidade de automóveis, de calças jeans ou mesmo de cervejas e de camisetas (inclusive da seleção), a serem fabricados no período dos 90 minutos de cada jogo – eliminem-se, portanto, as disposições em contrário.

A nova Era Dunga: o fim do besteirol esportivo – Leandro Fortes, em Brasília, eu vi – 24/06/20102 – 09h58
O estilo burlesco de se cobrir esporte no Brasil passou a ser uma regra, quando não uma doutrina, apoiado na tese de que, ao contrário das demais áreas de interesse humano, esporte é apenas uma brincadeira, no fim das contas. Pode ser, quando se fala de handebol, tênis de mesa e salto ornamental, mas não de futebol. O futebol, dentro e fora do país, mobiliza imensos contingentes populacionais e está baseado num fluxo de negócios que envolve, no todo, bilhões de reais. Ao lado de seu caráter lúdico, caminha uma identidade cultural que, no nosso caso, confunde-se com a própria identidade nacional, a ponto de somente ele, o futebol, em tempos de copa, conseguir agregar à sociedade brasileira um genuíno caráter patriótico. Basta ver os carros cobertos de bandeiras no capô e de bandeirolas nas janelas. É o momento em que mesmos os ricos, sempre tão envergonhados dos maus modos da brasilidade, passam a ostentar em seus carrões importados e caminhonetes motor 10.0 esse orgulho verde-e-amarelo de ocasião. Não é pouca coisa, portanto.

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