Mais depoimentos sobre José Comblin: 1923-2011

:: Como o profeta Amós, Padre José Comblin incomodava – Carlos Mesters: Adital – 29/03/2011
Padre José Comblin morreu. Um bispo o criticou, como: “Comblin, homem cansado e pessimista”. O pessoal das Comunidades por onde ele andava não o chamava de Comblin, mas sim de “Padre José”. Padre Comblin incomodava as pessoas de poder, mas era amado pelos pobres que o acolhiam carinhosamente como Padre José. Padre José Comblin nasceu na Bélgica nos anos 20 do século passado e nos anos 50 veio trabalhar e anunciar a Boa Nova aqui no Brasil. O profeta Amós era de Judá no Sul e foi trabalhar e anunciar a Boa Nova de Deus em Israel no Norte, no santuário de Betel. Amasias, o sacerdote de Betel, não gostou e denunciou o profeta junto ao rei Jeroboão, dizendo que já não se podia tolerar as palavras de Amós. E mandou dizer ao próprio Amós: “Ó, seu profeta, vá embora daqui. Retire-se para sua terra Judá. Vá ganhar sua vida por lá com suas profecias. Mas não me venha mais fazer suas profecias aqui em Betel, pois isto aqui é o santuário do Rei e o templo do Rei”. Amós mandou dizer: “Eu não sou profeta nem filho de profeta. Sou camponês, criador de gado e cultivador de sicômoros. Foi Javé que me tirou de trás do rebanho e me ordenou, ‘Vá profetizar ao meu povo Israel’!” (Amós 7,10-15). Como o profeta Amós, Padre José Comblin incomodava aos homens do poder no tempo da ditadura e foi expulso várias vezes. Incomodava também aos que exercem o poder na Igreja. Alguns deles chegaram a dizer que já não se podia tolerar as coisas que ele dizia, e eles proibiram a fala dele várias vezes em vários lugares. Como o profeta Amós, Padre José, ele mesmo, nunca se apresentou como profeta. Ele se apresentava como ser humano cristão e sacerdote, cumpridor fiel do seu dever. Posso testemunhar: convidado para falar nas comunidades e nos grupos do CEBI, Padre José convencia as pessoas pela simplicidade do seu jeito de conversar e dialogar, pelo testemunho da sua sinceridade e profundidade de vida e pela quantidade enorme de informações de que dispunha para confirmar as coisas que dizia e as denúncias que fazia. Mesmo ausente ele continua presente. Como o profeta Amós, “seu corpo foi sepultado em paz, mas o seu nome viverá através das gerações” (Eclo 44,14). Eternamente grato.

:: Lições que aprendi com Pe Comblin: liberdade e a história — Jung Mo Sung: Adital – 28/03/2011
O falecimento do Pe Comblin nos faz enfrentar uma realidade inevitável: a primeira geração (provavelmente a mais criativa e rigorosa) da teologia da libertação está aos poucos chegando ao limite da vida. Uma forma de homenagear pessoas como Comblin é continuar a tarefa de uma reflexão crítica séria comprometida com a causa dos pobres e também de divulgar o seu pensamento para novas gerações de estudante de teologia ou de agentes pastorais. Pensando nisso é que resolvi escrever este pequeno texto. Mas é uma tarefa muito difícil escrever em uma página o que significou a pessoa e a obra de Pe Comblin para as igrejas cristãs na América Latina e também para muitos não cristãos que conheceram, por ex., o seu livro “A ideologia de segurança nacional”. Por isso, eu quero simplesmente compartilhar algumas idéias de Comblin que me marcaram nos últimos 30 anos. Se há uma palavra que marcou a minha leitura da vastíssima obra de Comblin é a liberdade. Ele disse: “Segundo a Bíblia, a liberdade é mais do que uma qualidade, um atributo de ser humano: é a própria razão de ser de humanidade.” E a afirmação de Paulo de Tarso, “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou (Gal 5,1)” pode ser visto como o mote que guiou a sua obra. Esta busca de liberdade, que impulsiona a luta pela libertação, não pode ser confundida com uma visão moderna burguesa da liberdade. “Não é livre aquele que diz que faz o que quer, mas, na realidade, não sabe resistir à pressão dos desejos”, tornando-se escravo dos objetos que excitam o seu desejo.” Nestes casos, a liberdade pressupõe a libertação dos desejos individuais e a sua realização no assumir o serviço e a causa em favor dos mais pobres (…) Para Comblin lutar pela libertação e uma vida de liberdade não é lutar por um mundo sem mal, pois não é possível vivermos a liberdade sem a possibilidade do mal e do pecado. Deus fez o mundo tal que o pecado é uma possibilidade inevitável. Por isso, ele retoma um texto bíblico muito citado por Juan Luis Segundo, “Já estou chegando e batendo à porta. Quem ouvir minha voz e abrir a porta, eu entro em sua casa e janto com ele, e ele comigo” (Ap 3,20) e diz: “Se ninguém abrir, Deus aceita a derrota sabendo que sua criação fracassou. Deus criou um mundo que podia fracassar.” Essas palavras mostram uma característica de Comblin que sempre admirei: a sua coragem profética de dizer coisas que podem contrariar nossos desejos românticos, desejos que nos levam para fora da história humana e do ser humano real. Assim, ele cumpriu com a sua obra um dos propósitos da teologia da libertação: ser uma reflexão crítica sobre o mundo idolátrico e também sobre a nossa religiosidade e experiência de fé, a serviço da liberdade-libertação dos mais pobres.

Leia o texto completo.

:: Comblin: Bastão de Deus que fustiga os acomodados — José Lisboa Moreira de Oliveira: Adital – 28/03/2011
Estou acompanhando o que se anda dizendo nos últimos dias sobre o nosso irmão teólogo José Comblin. Houve quem tentou até se compadecer dele dizendo que já passou dos oitenta e chegou a insinuar que ele está meio “gagá”. E por está gagá, coitadinho, passou a dizer umas coisas fora de lugar, fazendo umas afirmações pessimistas, vendo o horizonte escuro, tendo uns ataques de “alucinação”, enxergando coisas que não existem, falando mal da hierarquia da Igreja e assim por diante. Todas essas coisas me fizeram imediatamente pensar nos profetas de todos os tempos. Também eles, quando começaram a falar sem meios-termos, a “dar nomes aos bois”, a colocar o dedo em certas feridas, foram logo acusados de serem visionários, lunáticos, inimigos da religião e do rei (…) Também Jesus, o profeta por excelência, não escapou da fúria dos poderosos (…) Não. Comblin não está gagá, não está louco, não está tomado de pessimismo e nem tão pouco de derrotismo. Comblin é um dos poucos profetas que ainda temos na Igreja dos nossos dias. Infelizmente em tempos de exílio eclesial, como o que estamos vivendo atualmente, é rara a figura do profeta (…) O profeta é o bastão de Deus que fustiga os acomodados. E onde há profetas verdadeiros e autênticas profecias há incômodo e mal-estar para muita gente (…) Comblin é um autêntico teólogo e como tal não se contenta em ficar repetindo o que os outros já disseram. Não é teólogo-papagaio e nem faz teologia de corte, apenas repetindo frases do Catecismo ou de documentos da Igreja para agradar a cúpula eclesiástica, receber elogios ou até compensações, como, por exemplo, uma roupa roxa ou avermelhada. Comblin faz teologia de verdade, ousando dizer o que ninguém diz, propondo alternativas para o que aí está, apontando caminhos que podem ser trilhados. Como teólogo-profeta mostra que certos modelos atuais de Igreja estão carcomidos pelo tempo e por vícios seculares e não dizem mais nada para a humanidade que sonha com outro mundo possível e com uma comunidade eclesial que, de fato, seja sinal desse novo mundo (…) Comblin é um profeta que possui sensibilidade para perceber o que está acontecendo. E por isso fala sem medo e sem falsas contenções. Ele, enquanto ancião, é um verdadeiro modelo para as novas gerações de cristãos e de cristãs.

Leia o texto completo.

:: José Comblin: Maestro visionario – Carmelo Alvarez: ALC – 28/03/2011
El correo electrónico es un medio eficaz para mantenernos en contacto con amigos entrañables. Y muchas veces nos comparte noticias muy buenas. Esta noche Guillermo Meléndez y José Oscar Beozzo nos comparten una noticia que entristece y conmueve. El gran maestro y visionario José Comblin nos ha dejado para morar en predios de eternidad. En la gran casa de Dios está. No me queda la más mínima duda. No recuerdo el lugar exacto en que lo conocí en esta Latinoamérica “ancha y ajena”, para servirnos de esa frase de Don Ciro Alegría. Una cosa sí recuerdo y recordaré, su erudición. Era un maestro en el más pleno y auténtico sentido de la palabra. Se me antoja pensar que una razón fundamental para esa vocación magisterial era su profunda admiración por el maestro Jesús, a quien dedicó algunos escritos sencillos, buscando esa savia que el caminante de Galilea nos trató de comunicar. Y conversaba, Don José, con autoridad y conocimiento de los evangelios, las parábolas, los discursos de Jesús y todas sus enseñanzas, con reverencia. Siempre aplicando el desafío ético y la contextualización en nuestra propia vocación de aquello que Jesús nos quiso enseñar. Don José fue un escritor prolífico, claro, incisivo y polémico. Dotado de una gran inteligencia y bien formado en la ciencias sociales y naturales, se dedicó a iluminar conciencias e incitar a pensar correctamente y buscar la verdad. La gama de su producción literaria es de por sí impresionante, desde temas bíblicos hasta los teológicos, sociales y políticos, pasando por la historia. ¡Y nos deja perplejos y agradecidos por esa disciplina tan esmerada y bien cultivada! ¿Cómo no agradecer un libro tan claro y pedagógico como El Espíritu Santo y la liberación? Es una fuente esencial para un tema fundamental. Así podríamos mencionar Cristo y el Apocalipsis y su comentario a los Filipenses. Otros cientos de artículos sobre los más variados temas enriquecen su obra magna y erudita. Don José Comblin no sólo fue un gran maestro, sino que abrió caminos, trazó un trillo de provocaciones e intuiciones en la caminada teológica latinoamericana, que lo hacen un teólogo de la liberación cruza-fronteras, abriendo espacios para el diálogo y la crítica seria y ponderada. Además, fue un teólogo popular, del pueblo y con el pueblo. Proveyó una teología laica liberadora que lo llevó a encarnarse en la situación de las comunidades de base, compartiendo el pan y el vino; las penurias y las alegrías del campesinado brasileño. Lo mismo hizo en Chile y Ecuador. En muchas ocasiones compartió en Centroamérica con seminaristas, comunidades de base y universidades. Entonces, aparecía el visionario incomodador de dictadores y jerarcas religiosos conservadores. Su pensamiento profético y sus propuestas muchas veces heterodoxas y avanzadas, lo colocaban frente a esas autoridades en franco desafío, pagando el precio con la marginación, el exilio y la relegación. Pero Don José sabía medir riesgos y asumirlos con integridad evangélica. Creo no equivocarme, si le entendí bien, que no le interesó regatear poderes ni buscar posiciones acomodaticias. Tal vez, fue todo lo contario: Buscó incesantemente el camino del discipulado en discernimiento y humildad, con profunda ternura cristiana. Se le notaba en su rostro. Sus pausas en el conversar, con una sonrisa diáfana y dulce, proveía el espacio para compartir, aprender y sentirse uno desafiado. Sólo he de relatar una experiencia que me ayudó a valorar este profeta-visionario. El Centro Antonio de Valdivieso de Nicaragua programaba unas Semanas Teológicas que llegaron a ser un verdadero espacio para la reflexión, el análisis y las propuestas más desafiantes. Recuerdo que en la jornada de 1990 nos invitaron a Don José Comblin y a este servidor a compartir dichas conferencias, girando el tema general sobre los proyectos evangelizadores en Latinoamérica. A Don José le tocaba la perspectiva católica y a mí la protestante. La jornada incluía simposios y trabajo en grupos, en una dinámica de debate abierto muy fructífero. En lo personal me resultaba fascinante sentarme a conversar con Don José pues él deseaba compartir sus enfoques y saber los míos antes y después de cada intervención. Mirando hacia atrás en la distancia y el tiempo, fui profundamente impactado por aquellas conversaciones, y guardo con gratuidad la sabiduría que me compartió. Hubo un momento de celebración litúrgica en la Semana Teológica, allá en el Centro Valdivieso. Recuerdo vivamente que un sacerdote hondureño tomó la guitarra y comenzó a enseñarnos un cántico muy popular en las comunidades de base en Honduras. Y quedaron grabadas para siempre este mensaje tan evangélico que me confirma la tesitura espiritual de Don José Comblin. A él también le emocionó cuando lo cantamos: Jesucristo me dejó inquieto, su palabra me llenó de luz. Y jamás yo pude ver al mundo sin sentir, aquello que sintió Jesús. Gracias, Don José, digno siervo de Jesucristo en su pueblo. Su estela luminosa se ha quedado con nosotros y nosotras. Prometemos recordar con alguna frecuencia lo que nos enseñó y compartió. Su sabiduría nos ha conmovido y desafiado.

Depoimentos sobre José Comblin: 1923-2011

:: Faleceu, hoje pela manhã, José Comblin: Bruxelas, 22/03/1923 – Bahia, 27/03/2011 José Oscar Beozzo: Informativo CNLB Sul 1: 27/03/2011
É com tristeza que comunico a vocês que, na manhã de hoje, domingo, dia 27 de março, depois de completar 88 anos, nesta semana, faleceu no interior da Bahia, onde estava assessorando grupos de base, o amigo e mestre de todos nós, José Comblin. Levantou-se cedo, tomou banho, aprontou-se, mas não apareceu para a oração da manhã. Procuram-no e o encontraram-no sentado no quarto e já morto. Rezemos por ele que dedicou praticamente toda sua vida ao povo e à Igreja da América Latina, no Brasil, no Chile e no Equador e em centenas de assessorias por todos os países. Ele veio para o Brasil em 1958, junto com o Pe. Michel Schooyans e o Pe. Laga, todos doutores por Lovaina, mas que foram dar aulas no seminário menor, para onde os mandou o Bispo Paulo de Tarso! Esteve conosco antes da Conferência de Aparecida, analizando a situação e dando-nos todo apoio, para as iniciativas do Fórum. Perdemos um mestre e um guia inquieto e exigente como os velhos profetas, denunciando sempre nossas incoerências na fidelidade aos preferidos de Deus: o pobre, o órfão, a viúva, o estrangeiro. Trabalhou por uma Igreja profética a serviço destes últimos nas nossas sociedades. Que ele siga nos inspirando e acompanhando. Sentiremos e muita sua falta. Um abraço fraterno para todos vocês. Rezemos pelo Comblin, sua família e as igrejas e comunidades que o acolheram, em especial, Talca de Dom Larrain, no Chile, Dom Proaño em Riobamba, no Equador e, no Brasil, Recife do Dom Helder, Paraíba do Dom José Maria Pires e agora Dom Cappio, em Barra, no sertão da Bahia, onde estava residindo. Segue abaixo pequena biografia e bibliografia…

:: Falecimento de Padre José Comblin – Rudá Ricci: De Esquerda em Esquerda – 27/03/2011
O livro do Padre José Comblin sobre a Ideologia da Segurança Nacional foi um dos que marcaram minha politização na adolescência. Hoje recebi a notícia que ele faleceu na manhã deste domingo, depois de completar 88 anos, no interior da Bahia, onde estava assessorando grupos de base. Padre Comblin nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em 1923. Ordenou-se sacerdote em 1947 e doutourou-se em Teologia pela Universidade Católica de Louvain. Desde 1958 trabalhava na América Latina, começando por Campinas. Logo em seguida foi assessor da Juventude Operária Católica, tornando-se professor da Escola Teológica dos Dominicanos em São Paulo, tendo como alunos Frei Betto e Frei Tito. Em 1965 foi para o Chile. A convite de D. Hélder Câmara voltou ao Brasil para lecionar no Recife, onde foi professor no famoso Instituto de Teologia. A partir de 1969 esteve à frente da criação de seminários rurais em Pernambuco e na Paraíba. A metodologia utilizada para os seminários era adaptada ao ambiente social dos seminaristas. Foi expulso do Brasil em 1971 pelo regime militar. Exilou-se no Chile durante 8 anos, onde também esteve à frente da criação de um seminário em Talca, em 1978. Em seu livro A ideologia da Segurança Nacional, publicado em 1977, destrinchou a doutrina que servia de base para os regimes militares na América Latina. Foi expulso por Pinochet em 1980. De volta ao Brasil, radicou-se em Serra Redonda (Paraíba), onde fundou um seminário rural e esteve à frente da formação de animadores de comunidades eclesiais de base. A metodologia para os seminários foi aprovada pelo papa Paulo VI, mas desaprovada por João Paulo II, quando da ascensão do conservadorismo católico que domina até os dias de hoje a Igreja Católica. Alguns dos seus livros…

:: Adeus Medellín – José Comblin: migrante, guerreiro, teólogo: Paulo Suess: Paulo Suess Blog – 27/03/2011
“Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço de Jacó, num terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José” (cf. Jo 4,5s). Este foi o Evangelho que José Comblin preparava para celebrar a Missa deste 3º Domingo da Quaresma (27.3.2012). Comblin estava de passagem em Simões Filho, município logo ao lado de Salvador (BA), para fazer uma revisão de seu estado de saúde e assessorar um grupo de base. José Comblin, um poço de sabedoria, morreu sentado, junto ao poço de Jacó – a vida toda ao lado de Jesus conversando com a Samaritana, a excluída do templo, da sociedade machista e do pretório. O templo e o pretório nunca lhe perdoaram essa proximidade à Samaritana. O fizeram refugiado em Talca (Chile), Riobamba (Equador) e, por fim, no Brasil, em Barra (BA), no sertão da Bahia, onde o profeta franciscano D. Luiz Cappio, o confessor Jose Comblin e a samaritana leiga Mônica constituíram uma comunidade teológico-pastoral. Comblin marcava anualmente presença em nosso curso de pós-graduação em Missiologia. Provocava os estudantes com sua “Teologia da Enxada”, com sua ênfase ao laicato, com seu espírito libertário, com sua radicalidade missionária e autenticidade vivencial. Comblin sempre soube que vale virar esse mundo, viver e lutar de paixão. No terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José, Comblin era posseiro militante. De cavernas remotas trouxe notícias de vida e sobreviventes. Lutou quando era fácil ceder. Quantas lutas teve que assumir por um poço de paz! Em Medellín, no Congresso dos 40 anos da “Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano”, em 2008, encontrei Comblin uma última vez. Depois de sua palestra, um aceno significativo que parecia dizer: adeus Medellín, adeus companheiros e companheiras. Hoje, dia 27 de março, José Comblin morreu aos 88 anos numa hospedaria de Simões Filho (BA). No brasão desta cidade está escrito: Angelus Pacis, anjo da paz. Que o anjo da paz ampare nosso guerreiro na grande travessia!

:: Nota de pesar da Diocese de Guarabira pelo falecimento do Pe. José Comblin – Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena: Bispo de Guarabira, em 27 de março de 2011 [nota no site da CNBB] “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muitos frutos” (Jo 12,24).
A Diocese de Guarabira recebeu com tristeza profunda a notícia da morte do Pe. José Comblin, aos 88 anos de idade, ocorrida, na manhã deste domingo, dia 27, no município de Simões Filho-BA, em plena atividade missionária. O Pe. José Comblin nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em 1923, e foi ordenado sacerdote em 1947. Dedicou a maioria de sua vida ao povo e à Igreja da América Latina, chegando ao Brasil em 1958; morou durante vários anos no Estado da Paraíba; atualmente, morava na Diocese de Barra, Estado da Bahia, e a sua última visita ao Santuário do Pe. Ibiapina, a quem ele tinha como exemplo, foi no dia 05 p.p. e que já manifestava o desejo de quando morrer, ser sepultado junto ao Servo de Deus, Pe. Ibiapina, em Santa Fé, Diocese de Guarabira, desejo que será realizado. Sua biografia atesta seu amor a Cristo e à Igreja no exercício de um longo e frutuoso ministério sacerdotal. Esta Igreja particular que está no Brejo paraibano, agradece a Deus pela bênção da presença e ajuda na ação evangelizadora desse sacerdote, pastor, teólogo, professor, escritor e assessor de encontros, cursos e grupos, principalmente no Brasil, no Chile e no Equador; e faz chegar suas mais sentidas condolências aos seus familiares e a todas as comunidades eclesiais que tiveram o privilégio de conviver com o Pe. José Comblin. O corpo do Pe. José Comblin, vindo de Salvador-BA chegará em Santa Fé, município de Solânea-PB-Brasil, Diocese de Guarabira, no final do dia 28, ao início do dia 29; a celebração da Missa de Corpo presente, será na terça-feira, dia 29, às 15h, no Santuário do Pe. Ibiapina, e em seguida o sepultamento no próprio Santuário [sublinhado meu]. Movidos pela fé na Ressurreição, ao Deus da vida, rezamos: “Descanso eterno dai-lhe, Senhor. Brilhe para ele a vossa luz”.

:: Presidente da CRB de Salvador fala sobre a morte de Comblin – Padre Edgard Silva Júnior: Conferência dos Religiosos do Brasil – 28/03/2011
É terceiro domingo da quaresma, o evangelho apresenta Jesus na beira do poço pedindo água a mulher samaritana. Na cidade de São Salvador da Bahia chove muito. Longe do centro turístico, na região metropolitana, bem na divisa entre Salvador e Simões Filho, num bairro pobre e meio esquecido está o “Recanto da Transfiguração” – uma comunidade de consagradas que vivem a espiritualidade trinitária. Foi nesta casa simples e acolhedora que José Comblin se encontrava. Foi cercado de gente simples que ele celebrou há dias atrás, seus 88 anos de vida, com direito a bolo e vela para apagar. Ao lado da capela num simples quarto, na manhã do dia 27 de março, embalado nos braços da Trindade Santa, José foi para casa do Pai. Recebi o telefonema do Frei Luciano da CPT e imediatamente segui para local. No caminho fui avisando aos amigos e amigas, que pudessem ir para lá. Cheguei no Recanto da Transfiguração… Comblin estava na cama onde tinha dado o último suspiro. O semblante tranquilo de quem morreu como tinha sonhado… cheguei bem perto, peguei em sua mão, afagei seu rosto e lembrei naquele instante de pessoas que gostariam de fazer aquele mesmo gesto… e disse baixinho: “José esse aperto de mão é em nome do Beozzo, do CESEP, do CEBI, do Carlos Mestres, da Ivone Gebara, das faculdades de teologia onde você lecionou, do Fr Betto, do Marcelo Barros,do Ir. Bruno de Taizé, das Comunidades eclesiais de base…e tantos e tantas… é também em nome da Teologia da Enxada! Na sala, ao lado do quarto, estavam Frei Luis Cappio, Bispo da Barra (BA), onde atualmente residia Comblin; também Eduardo Hoonaert e a esposa e a Mônica que o acompanhava. Dom Cappio nos convida a celebrar a Eucaristia. Pegamos juntos o corpo do José, levamos para a capela, e numa celebração simples, familiar, de pouco mais de vinte pessoas, entoamos canções que marcaram a história das comunidades. Rezamos, ouvimos o testemunho dos que ali estavam e dos amigos que conviveram com Comblin. Terminada a celebração embalados por canções e preces nos despedimos. Pe José Comblin será sepultado na Paraíba. Lá seu corpo será semeado, no mesmo chão nordestino que acolheu Pe Ibiapina, Padre Cícero, Margarida Maria Alves, Dom Hélder Câmara… Fechei alguns botões da sua camisa; no quarto onde veio a falecer, coloquei no guarda roupa os óculos que ainda estavam sobre a cama. Lá fora a chuva caia fina, algumas pessoas ainda chegavam, quase todos sempre com o mesmo sentimento: Muito obrigado José Comblin! Recordei sua profecia, seus escritos, sua lucidez…e me veio no pensamento a canção:
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?”

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Morreu o teólogo José Comblin

Morreu nesta manhã o grande teólogo José Comblin.

Ficamos sem o Mestre da Teologia no Brasil.

O corpo de José Comblin, vindo de Salvador – BA, chegará a Santa Fé, povoado que faz parte do município de Solânea, na Paraíba, Diocese de Guarabira, no final do dia 28, início do dia 29. A celebração da Missa de Corpo presente será na terça-feira, dia 29, às 15h00, no Santuário do Pe. Ibiapina, e em seguida ocorrerá o sepultamento no próprio Santuário.

Leia Mais:
Bibliografia de José Comblin
Centro de Pesquisa e Documentação José Comblin

Como estudar a História de Israel hoje?

“Ao analisar o futuro da história do antigo Israel e seu lugar no contexto dos estudos bíblicos e da academia (conferir aqui), eu mencionei que os desenvolvimentos em curso na arqueologia, nos estudos do Antigo Oriente Médio, na análise crítica do texto bíblico e na compreensão de outros textos antigos parecem ter tido pouco impacto sobre a história do antigo Israel e as publicações relacionadas a este tema. Deste modo, enquanto estas disciplinas reexaminam antigos pressupostos, descobrem novas evidências e fazem novas reivindicações, as histórias do antigo Israel raramente refletem o conhecimento sobre o passado que poderiam proporcionar. É minha firme convicção de que corrigir essas omissões constitui a mais urgente das tarefas para os historiadores do antigo Israel. Histórias de Israel não podem mais ignorar a vasta quantidade de informação conhecida sobre o passado e se contentar em se concentrar no que é considerado relevante para a compreensão da Bíblia”.

In considering the future of the history of ancient Israel and its place within biblical studies and academia (see here), I mentioned that ongoing developments in archaeology, ancient Near Eastern studies, criticism of the biblical text, and understandings of other ancient texts seem to have had little impact on histories of ancient Israel and related publications. Thus, while these disciplines reexamine old presuppositions, uncover new evidence, and make new claims, histories of ancient Israel rarely reflect the knowledge about the past they can provide. It is my firm belief that correcting these omissions constitutes the most pressing task for historians of ancient Israel. Histories of Israel can no longer ignore the vast amount of information known about the past and be content to concentrate on what is deemed relevant to understanding the Bible.

Este é o primeiro parágrafo de um artigo que chamou minha atenção:

How to Study Israel’s History – Como estudar a História de Israel

O texto é de Megan Bishop Moore, da Universidade Wake Forest, Winston-Salem, NC, EUA, e foi publicado em The Bible and Interpretation em março de 2011.

 

Quem é Megan Bishop Moore?

Um bom jeito de saber é conferindo o seu livro – resultado da tese de doutorado – Filosofia e prática na escrita de uma História do Antigo Israel:

MOORE, M. Philosophy and Practice in Writing a History of Ancient Israel. London: T &T Clark, 2006, x + 205 p. – ISBN 9780567029812 (Hardcover). Paperback: 2009, 240 p. – ISBN 9780567109897.

Philosophy and Practice in Writing a History of Ancient Israel elucidates and examines assumptions about history writing that current historians of ancient Israel and Judah employ. It is undertaken in the context of the conflict between so-called “minimalists” and “maximalists” within the discipline today. Though the use of the Bible as evidence is the focal point of the opposition of these two approaches, Megan Moore shows that a number of related philosophical and practical concerns are telescoped in this issue, including concepts of Empiricism, Objectivity, Representation and Language, Subject, Explanation, Truth, and Evidence Evaluation and Use. Organized around these topics, Philosophy and Practice aims to situate the study of ancient Israel and Judah in the broader intellectual context of academic history in general and to provide insight into the formative assumptions of the current debate. This dissertation, written under the supervision of John Hayes from Emory University, Atlanta, Georgia, is a serious contribution to the debate on how, and whether at all, to write a history of ancient Israel.

 

Duas resenhas do livro podem ser lidas na RBL: a de Ernst Axel Knauf, da Universidade de Berna, Berna, Suiça, publicada em 1 de setembro de 2007 e a de Ralph K. Hawkins, Bethel College, Mishawaka, Indiana, EUA, publicada em 1 de março de 2008.

Resenhas no JHS em 2011 – até 21 de março

Resenhas publicadas em 2011 – até hoje, 21/03/2011 – por The Journal of Hebrew Scriptures, revista canadense de Bíblia, da Universidade de Alberta.

FLEMING, D. E.; MILSTEIN, S. J. The Buried Foundation of the Gilgamesh Epic: The Akkadian Huwawa Narrative, 2010
Reviewed by Scott C. Jones

WEBSTER, B. L. The Cambridge Introduction to Biblical Hebrew with CD-ROM, 2009
Reviewed by H. Daniel Zacharias

TUCKETT, C. (ed.) Feasts and Festivals, 2009
Reviewed by Peter Altmann

HAGEDORN, A. C.; PFEIFFER, H. (eds.) Die Erzväter in der biblischen Tradition: Festschrift für Matthias Köckert, 2009
Reviewed by Christophe Nihan

PETTERSON, A. R. Behold Your King: The Hope for the House of David in the Book of Zechariah, 2009
Reviewed by Anna Suk Yee Lee

JONES, S. C. Rumors of Wisdom: Job 28 as Poetry, 2009
Reviewed by August H. Konkel

CRANE, A. S. Israel’s Restoration: A Textual-Comparative Exploration of Ezekiel 36–39, 2008
Reviewed by Iain M. Duguid

COTROZZI, S. Expect the Unexpected: Aspects of Pragmatic Foregrounding in Old Testament Narratives, 2010
Reviewed by Krzysztof J. Baranowski

MOBERLY, R. W. L. The Theology of the Book of Genesis, 2009
Reviewed by Tim Stone Greenport

TEBES, J. M. Centro y Periferia en el mundo antiguo: El Negev y sus interacciones con Egipto, Asiria, y el Levante en la Edad del Hierro (1200-586 a.C.), 2008 [disponível online] Reviewed by Romina Della Casa

GREEN, D. A.; LIEBER, S. L. (eds.) Scriptural Exegesis: The Shapes of Culture and the Religious Imagination. Essays in Honour of Michael Fishbane, 2009
Reviewed by William A. Tooman

HADJIEV,T. S. The Composition and Redaction of the Book of Amos, 2009
Reviewed by Matthieu Richelle

WESTBROOK, R.; WELLS, B. Everyday Law in Biblical Israel: An Introduction, 2009
Reviewed by Victor H. Matthews

HORSLEY, R. A. (ed.) In the Shadow of Empire: Reclaiming the Bible as a History of Faithful Resistance, 2008
Reviewed by Jonathan Bernier

BERNAT, D. A. Sign of the Covenant: Circumcision in the Priestly Tradition, 2009
Reviewed by Trent C. Butler

KLAUCK, H.-J.; MCGINN, B.; SEOW, C.-L.; SPIECKERMANN, H.; WALFISH, B. D.; ZIOLKOWSKI, E. J. (eds.) Encyclopedia of the Bible and Its Reception: Aaron–Aniconism, 2009
Reviewed by Stephen Westerholm

GRABBE, L. L. (ed.) Israel in Transition: From Late Bronze II to Iron IIa (c. 1250-850 B.C.E.) Volume 1. The Archaeology, 2008
Reviewed by Trent C. Butler

NAKHAI, B. A. (ed.) The World of Women in the Ancient and Classical Near East, 2008
Reviewed by Elaine T. James

ANDERSON, G. A. Sin: A History, 2009
Reviewed by Micah D. Kiel

Japão enfrenta pesadelo nuclear

Após terremoto e tsunami, Japão enfrenta a ameaça nuclear.

Última atualização: 05/04/2011

:: Japão: nível de iodo radioativo no mar é 5 milhões de vezes superior à taxa legal – Ópera Mundi: 05/04/2011
O nível de iodo radioativo nas águas do mar próximo à Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, no Nordeste do Japão, é cinco milhões de vezes superior ao limite legal. As informações são da empresa concessionária que administra a usina, a Tepco. De acordo com a Tepco, o nível de césio 137 nas águas do mar, próximas à central, é 1,1 milhões de vezes superior ao limite legal. A companhia informou ainda que enquanto o iodo 131 tem uma vida média relativamente breve, de oito dias, o período de semidesintegração do césio 137 é de 30 anos. Uma amostra recolhida ontem (04/04) em uma área próxima ao reator 2 revelou uma concentração excessiva de iodo, e as análises também mostraram uma presença de césio 137.

:: A energia nuclear em debate – Revista IHU On-Line n. 355 – 28/03/2011
A tragédia de Fukushima repõe na agenda do dia a opção da energia nuclear. Vale a pena que corramos tantos riscos? Trata-se de um debate difícil, mas necessário no momento atual. A IHU On-Line desta semana convidou especialistas de várias áreas do conhecimento para discutir o tema.

Na visão do jornalista Washington Novaes, especialista em meio ambiente, o Brasil poderia economizar 10% do que gasta com energia se investisse em programas de melhoramento de linhas de transmissão. “Não precisamos desse tipo de energia, porque temos outros vários formatos, como a eólica (…), a energia solar, das marés e as biomassas (etanol e outras).” Para o economista sul-africano David Fig, o apoio à energia nuclear é baseado em considerações ideológicas. Ele pondera que a energia nuclear impede o investimento em modelos energéticos alternativos. Já Francisco Rondinelli, diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear – ABEN, defende a manutenção de usinas nucleares no Brasil e afirma que os riscos de acidentes são muito pequenos. O físico Aquilino Senra Martinez também é favorável à energia nuclear e enfatiza que as novas tecnologias proporcionarão a ampliação desse modelo energético nos próximos anos. Na opinião do físico Heitor Scalambrini Costa, o Brasil “tem recursos suficientes para atender as necessidades energéticas até 2030 ou 2040 sem fazer uso na energia nuclear”. Para o conselheiro da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica – Sapê, José Rafael Ribeiro, os empreendimentos nucleares Angra I, II e III desconsideram a população local. A falsa imunidade das usinas nucleares é o tema debatido pelo engenheiro Ricardo Baitelo, membro do Greenpeace [do editorial].

:: Fukushima provoca revisão nuclear em escala global – Wilson Sobrinho: Carta Maior 20/03/2011
Um planeta pressionado por necessidades crescentes de energia e pela urgência de cortar as emissões de CO2 começa a se questionar o que deu errado e qual o futuro da energia nuclear após o acidente de Fukushima. Muito antes do evento japonês ter sido elevado para a categoria cinco, de sete possíveis, na Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radioativos (o que objetivamente significa que as consequências do acidente têm implicações que vão além dos limites regionais), a crise já havia cruzado fronteiras. Veja a posição de alguns cientistas, jornalistas, ativistas sobre o assunto.

:: A próxima Nagasaki: o medo nuclear assombra o mundo – Yoichi Shimatsu – Global Research, em Carta Maior: 20/03/2011
Uma segunda Hiroshima poderia acontecer com o acidente nuclear no reator de Fukushima. Onde será a próxima Nagasaki? Nos EUA, com os seus 23 envelhecidos reatores de desenho idêntico aos de Fukushima? Na França, o país mais dependente de energia nuclear do mundo? Provavelmente não na Alemanha ou na Venezuela, que estão cortando os seus programas nucleares; nem no Reino Unido, o líder mundial de conversão de energia eólica captada no mar. Nem mesmo na China, um modelo em energia solar que está revendo seus planos para novas usinas nucleares. Muitas pessoas também estão imaginando: como pode que a única nação a experimentar um bombardeio atômico possa ter se tornado tão confiante em energia nuclear? A resposta é ao mesmo tempo simples e complicada. Nas economias modernas, a energia que faz funcionar máquinas está interligada com a segurança nacional, a política externa e a guerra.

::The Next Nagasaki: Nuclear Fears Stalk The World – Yoichi Shimatsu: Global Research – March 19, 2011
A second Hiroshima is happening with the partial meltdowns at Fukushima 1 nuclear reactors. We can only hope the eventual toll in lives comes nowhere near close to that of the world’s first atomic catastrophe. The international community is now asking: Where will be the next Nagasaki? In the US with its 23 aging reactors of identical design as Fukushima’s GE Mark 1 reactors, along with another dozen more of slightly modified design? In France, the world’s most nuclear-dependent country? Probably not in Germany or Venezuela, which are cutting back their nuclear programs, nor Britain, the world leader in conversion to offshore wind power. Or even China, a solar-energy paragon now scaling back plans for new nuclear plants. Many people are also wondering: How can the only nation that ever experienced atomic bombings become so trusting in nuclear energy? The answer is both simple and complicated. In the modern economy, the energy to run machines is intertwined with national security, foreign policy and warfare.

:: Uma advertência ao mundo – Amy Goodman: Democracy Now, em Carta Maior: 18/03/2011
Ao descrever a devastação em uma cidade do Japão, um jornalista escreveu: “É como se uma patrola gigante tivesse passado por cima e arrasado tudo o que existia. Escrevo sobre estes fatos como uma advertência ao mundo”. O jornalista era Wilfred Burchett, que escrevia desde Hiroshima, Japão, em 5 de setembro de 1945. Burchet foi o primeiro jornalista do Ocidente a chegar a Hiroshima após o lançamento da bomba atômica. Informou sobre uma estranha enfermidade que seguia matando as pessoas, inclusive um mês depois desse primeiro e letal uso de armas nucleares contra seres humanos. Suas palavras podiam perfeitamente descrever as cenas de aniquilação que acabam de se verificar no noroeste do Japão. Devido ao agravamento da catástrofe na central nuclear de Fukushima, sua grave advertência ao mundo segue mais do que vigente. O desastre se aprofunda no complexo nuclear de Fukushima após o maior terremoto da história do Japão e o tsunami que o sucedeu, deixando milhares de mortos.

:: A Warning to the World – Amy Goodman: Democracy Now: March 16, 2011
A reporter, describing the devastation of one city in Japan, wrote: “It looks as if a monster steamroller had passed over it and squashed it out of existence. I write these facts … as a warning to the world.” The reporter was Wilfred Burchett, writing from Hiroshima, Japan, on Sept. 5, 1945. Burchett was the first Western reporter to make it to Hiroshima after the atomic bomb was dropped there. He reported on the strange illness that continued to kill people, even a full month after that first, dreadful use of nuclear weapons against humans. His words could well describe the scenes of annihilation in northeastern Japan today. Given the worsening catastrophe at the Fukushima nuclear power plant, his grave warning to the world remains all too relevant.

:: A sociedade atual e a metafísica da destruição

:: Japón admite fugas radiactivas “que pueden afectar a la salud” tras un incendio y una nueva explosión en Fukushima – El País: 15/03/2011

:: Nível de radiação sobe após explosão e já ‘pode afetar a saúde’ – BBC Brasil: 15/03/2011

:: Japan nuclear crisis and tsunami: live updates – The Guardian: 15/03/2011

:: Twitter

A sociedade atual e a metafísica da destruição

Tragédias naturais expõem perda da noção de limite

Nas catástrofes atuais [como a do Japão – 11/03/2011], parece que vivemos um paradoxo: se, por um lado, temos um desenvolvimento vertiginoso dos meios de comunicação, por outro, a qualidade da reflexão sobre tais acontecimentos parece ter empobrecido, se comparamos com o tipo de debate gerado pelo terremoto de Lisboa, no século XVIII, que envolveu alguns dos principais pensadores da época. A humanidade está bordejando todos os limites perigosos do planeta Terra e se aproxima cada vez mais de áreas de riscos, como bordas de vulcões e regiões altamente sísmicas, construindo inclusive usinas nucleares nestas áreas. A idéia de limite se perdeu e a maioria das pessoas não parece muito preocupada com isso. A Terra e a natureza não são prioridades para a sociedade contemporânea. Propagandas de bancos, operadoras de cartões de crédito e empresas telefônicas fazem a apologia do mundo sem limites e sem fronteiras, do consumidor que pode tudo. Kant já refletia sobre nossos limites.

O artigo é de Marco Aurélio Weissheimer e foi publicado por Carta Maior em 12/03/2011.

Leia o texto completo.

Atualização: Japão: níveis de radiação disparam após incêndio e explosão em Fukushima – Folha: 15/03/2011 04h30

Leia Mais:
Terremoto no Japão 2011: Especial Folha
Fotos do terremoto que atingiu o Japão
Imagens de satélite mostram Japão antes e depois do terremoto do dia 11 de março de 2011
O Japão pode estar próximo de um acidente nuclear grave

Resenhas na RBL – 12.03.2011

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Natalie B. Dohrmann and David Stern, eds.
Jewish Biblical Interpretation and Cultural Exchange: Comparative Exegesis in Context
Reviewed by Jeffrey L. Morrow

John H. Elliott
The Elect and the Holy: An Exegetical Examination of 1 Peter 2:4-10 and the Phrase Basileion Hierateuma
Reviewed by Thomas J. Kraus

Frederick Mario Fales
Guerre et paix en Assyrie: Religion et impérialisme
Reviewed by Gershon Galil

Terry Giles and William J. Doan
Twice Used Songs: Performance Criticism of the Songs of Ancient Israel
Reviewed by Amir Eitan

Stuart L. Love
Jesus and Marginal Women: The Gospel of Matthew in Social-Scientific Perspective
Reviewed by Warren Carter

Russell Pregeant
Encounter with the New Testament: An Interdisciplinary Approach
Reviewed by Sonya S. Cronin

Piotr Taracha
Religions of Second Millennium Anatolia
Reviewed by Aren M. Maeir

Runar M. Thorsteinsson
Roman Christianity and Roman Stoicism: A Comparative Study of Ancient Morality
Reviewed by Jeffrey Murray
Reviewed by Stefan Nordgaard

Nicolas Wyatt
Word of Tree and Whisper of Stone: And Other Papers on Ugaritian Thought
Reviewed by John Engle

>> Visite: Review of Biblical Literature Blog

Resenhas na RBL – 04.03.2011

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Cornelis Bennema
Encountering Jesus: Character Studies in the Gospel of John
Reviewed by Francis J. Moloney, S.D.B.

John Day, ed.
Prophecy and the Prophets in Ancient Israel: Proceedings of the Oxford Old Testament Seminar
Reviewed by Hallvard Hagelia

Steven Fine
Art and Judaism in the Greco-Roman World: Toward a New Jewish Archaeology
Reviewed by Joshua Schwartz

Ernst Käsemann
On Being a Disciple of the Crucified Nazarene: Unpublished Lectures and Sermons
Reviewed by Wayne Coppins

Andreas J. Köstenberger
A Theology of John’s Gospel and Letters: The Word, the Christ, the Son of God
Reviewed by Craig R. Koester

Luis Sanchez Navarro, ed.
Pablo y Cristo.: La centralidad de Cristo en el Pensamiento de san Pablo
Reviewed by Rodrigo Morales

Mark Allan Powell
Introducing the New Testament: A Historical, Literary, and Theological Survey
Reviewed by Peter J. Judge

Eric A. Seibert
Disturbing Divine Behavior: Troubling Old Testament Images of God
Reviewed by John E. Anderson

Francesca Stavrakopoulou and John Barton, eds.
Religious Diversity in Ancient Israel and Judah
Reviewed by Katharine Dell

Carl N. Toney
Paul’s Inclusive Ethic: Resolving Community Conflicts and Promoting Mission in Romans 14-15
Reviewed by James R. Harrison

>> Visite: Review of Biblical Literature Blog

O que está acontecendo no Oriente Médio hoje?

Continuo atualizando o post publicado no dia 2 de fevereiro passado, O que está acontecendo no Egito hoje? Venho acrescentando ali links para análises que julgo relevantes para a compreensão dos acontecimentos atuais no Oriente Médio.

Hoje li um texto muito interessante e o citei naquele post. Como diz Jim West, é “a must read post”. É a análise de Michael T. Klare, Professor do Hampshire College, Amherst, Massachusetts, USA. O professor Michael T. Klare tem várias publicações sobre a política militar dos EUA, a paz internacional e assuntos de segurança, o comércio mundial de armas e a política de recursos globais.

Recomendo, por isso, em tradução para o português:

:: Revolta árabe: o colapso da velha ordem do petróleo – Michael T. Klare: Tomdispatch.com, em Carta Maior: 09/03/2011
Considere o recente aumento nos preços do petróleo apenas um tímido anúncio do petro-terremoto que está por vir. A velha ordem que sustenta o petróleo está morrendo, e com o seu fim veremos também o fim do petróleo barato e de fácil acesso – para sempre. Mesmo que a revolta não alcance a Arábia Saudita, a velha ordem do Oriente Médio não pode ser reconstruída. O resultado será um declínio de longo prazo na disponibilidade futura de petróleo para exportação. Um exemplo: três quartos dos 1,7 milhões de barris produzidos diariamente pela Líbia foram rapidamente tirados do mercado conforme a agitação tomou conta do país.

Ou o original, em inglês:

:: The Collapse of the Old Oil Order: How the Petroleum Age Will End – By Michael T. Klare: Tomdispatch.com – March 3, 2011
Whatever the outcome of the protests, uprisings, and rebellions now sweeping the Middle East, one thing is guaranteed: the world of oil will be permanently transformed. Consider everything that’s now happening as just the first tremor of an oilquake that will shake our world to its core.