The Eagle has landed – A Águia pousou

Li agora no blog do Luís Nassif, justamente quando acabava de publicar o texto abaixo e voltava do site da NASA, a postagem escrita por Luiz Horácio, A fantasia da viagem à lua e a Apolo 11 [link sumiu], de 20/07/2009 – 09:33. E gostei demais deste trecho:

As pessoas que hoje têm menos do que 40, 40 e poucos anos, talvez não tenham tido um “contato imediato de terceiro grau” com a “era espacial”. Como há o computador hoje, havia o espaço antes, e não era apenas ficção, acontecia naquele momento (…) Nasci em 58, plena era do Sputinik (…) Hoje, 20 de julho de 2009, 40 anos depois da Apolo 11, tenho a sensação de que estamos atrasados, de que nos perdemos dessa grande aventura. O Espaço seria o novo desconhecido a ser explorado, além de um planeta que foi quase todo conquistado (mais do que devia). O espírito humano precisa disso em suas buscas da existência, mas ficamos com o foguete e esquecemos o espaço, preferimos as guerras e esquecemos a aventura, preferimos a violência e deixamos de lado a autêntica ousadia. Que pena, que saudade de 20 de julho de 1969, na sala à noite com minha família, vendo Neil Armstrong descer de uma pequena escadinha, na Lua.

Mais informações? Leia aqui.

Apollo 11: comemoração dos 40 anos

One small step for (a) man, one giant leap for mankind

É um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade

Neil Armstrong, 20 de julho de 1969

Em 20 de julho de 1969 Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar na Lua

12º Intereclesial das CEBs: Ecologia e Missão

O 12º Intereclesial das CEBs será realizado em Porto Velho – Rondônia, de 21 a 25 de julho de 2009.

O tema é “CEBs: Ecologia e Missão” e o lema “Do Ventre da Terra, o grito que vem da Amazônia”.

Iniciado em 1975, os Intereclesiais mostram a caminhada das CEBs e cada edição apresenta um tema diferente, relacionado à realidade de vida do povo.

Segundo Luiz Ceppi, membro da coordenação do 12° Intereclesial, até agora já foram preenchidas mais de 2800 fichas de inscrições. Além disso, são previstos mais de 300 assessores e convidados e mais de 60 bispos do Brasil e de outros países da América Latina e do Caribe. Haverá também momentos abertos a todas as comunidades locais. Estima-se que 3100 pessoas compareçam ao encontro. Dados fornecidos por Luiz Ceppi na entrevista à IHU On-Line, que pode ser lida a seguir.

 

Ecologia e Missão. 12º Encontro Intereclesial das CEB’s. Entrevista especial com Luiz Ceppi

18 de julho de 2009

IHU On-Line

Começa nesta terça-feira, dia 21 de julho, o 12º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base. A cidade que recebe esta edição do evento será Porto Velho, capital de Rondônia, uma vez que o tema é “CEB’s – Ecologia e Missão”. Conforme um dos organizadores, Luiz Ceppi, o encontro servirá para refletir sobre a atual conjuntura social e política da região amazônica. “Espalharemos as três mil pessoas para que possam conhecer a complexidade da Amazônia e, sobretudo, da nossa terra. Assim, elas visitarão as aldeias indígenas, os bairros da periferia, as prisões e hospitais, para terem um contato corpo a corpo com o trabalho da missão”, explicou, durante a entrevista que concedeu por telefone à IHU On-Line. Ceppi falou sobre as atividades planejadas para o evento e antecipou que, na semana seguinte ao encontro, haverá uma reunião entre articuladores e assessores de vários países da América Latina, dando continuidade aos temas abordados em Porto Velho.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como está a preparação para este Encontro Intereclesial das CEB’s?

Luiz Ceppi – Estamos, neste momento, fazendo os ajustes finais, organizando as funções das equipes, recebendo as inscrições e nos preparando para a acolhida. Já faz alguns anos que estamos trabalhando neste encontro e, por isso, buscamos descentralizar nossas equipes. Nesse sentido, temos que dizer que as 16 paróquias de Porto Velho/Rondônia estão trabalhando de maneira muito forte. Ainda que este encontro tenha alguns momentos centralizados, boa parte dele será descentralizado para as paróquias e escolas.

Fizemos uma celebração no dia 27-06-2009, onde estavam presentes mais de dois mil voluntários deste grande encontro. Isso porque recebemos o mandato de ser uma igreja que serve e que trabalha. Claro que podem ocorrer falhas, mas o pessoal está bem animado e, sobretudo, está bem organizado nas equipes que criamos para acolher e viver este momento.

IHU On-Line – Quando o encontro vai acontecer?

Luiz Ceppi – No dia 20 de julho receberemos mais de 2.600 delegados e 300 outros convidados de assessorias. Já na terça-feira, dia 21, ocorrerá a abertura oficial, às 19h, na Praça Madeira Mamoré, onde teremos a celebração de acolhida, marcando nosso 12º encontro, cujo tema é “CEB’s – Ecologia e Missão” e o lema é “Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”. Depois, no dia 22, teremos três grandes momentos. O primeiro é a celebração dos nossos irmãos indígenas que nos acolhem, já que moravam nestas terras há mais de 12 mil anos. Assim, eles vão nos abençoar e nos dar uma proteção para que respeitemos a terra e, também, a diversidade de origens e de culturas. O segundo momento está ligado aos rios, porque a Amazônia antigamente usava o rio como transporte e como forma de comunicação. Ali, abordaremos a história de resistência ativa para que, então, possamos tornar a terra novamente uma mãe e conviver com todos os povos, sem nos tornarmos escravos de uma única “civilização” que nos reduz a mercadorias. Na parte final, teremos a chamada “celebração da reconciliação”. Este evento será realizado na primeira usina que está sendo construída no Rio Madeira e aí vamos perceber melhor qual o impacto ambiental e social devido a este processo que chamam de “modernização”. Então, nos reconciliaremos com Deus, mas também com toda a humanidade e com a mãe natureza que, às vezes, é dilacerada em função de interesses econômicos e de grandes projetos.

No dia 23, teremos uma celebração do envio, um momento de análise de conjuntura e, depois, espalharemos os participantes para que possam conhecer a complexidade da Amazônia. Assim, eles vão visitar as aldeias indígenas, os bairros da periferia, as prisões e hospitais, e terão um contato “corpo a corpo” com o trabalho da missão. E, na sexta-feira, teremos a apresentação do que é a nossa realidade, ou seja, do que é a Amazônia e como é a presença da Igreja nesta região. Na parte da tarde, teremos o testemunho de três pessoas: Dom José Maria Pires, Dom Pedro Casaldáliga e Marina Silva. Depois, teremos uma noite cultural, com apresentação de cantores locais. No dia seguinte, teremos uma celebração inter-religiosa com a participação de budistas, muçulmanos, religiões judaico-cristãs, além de representantes dos índios e da comunidade negra. Esta atividade será realizada para sentirmos que, em nome da paz, podemos unir todas as religiões. À tarde, haverá uma caminhada e o encerramento será num estádio, às 17h, com a celebração eucarística. Tomara que nossas equipes possam acolher esse projeto e, sobretudo, mostrar pelo menos duas coisas: 1) que a terra não pode ser tratada como mercadoria ou uma propriedade privada, pois ela é um dom de Deus para toda a humanidade; e, 2) mostrar que missão não é integralismo, mas sim ajuda a descobrir no outro a nossa capacidade de agir.

IHU On-Line – Quantas pessoas são esperadas para participar do encontro?

Luiz Ceppi – Até agora já recebemos mais de 2.800 fichas de inscrições. É possível que não venham todos, pois enfrentamos alguns problemas, como os alagamentos que ocorreram no Nordeste. Além destas pessoas, virão mais de 300 assessores e convidados e mais de 60 bispos do Brasil e outros países da América Latina e do Caribe, que estão partilhando conosco este momento. Teremos, ainda, momentos abertos a todas as comunidades locais. Estimamos que 3.100 pessoas compareçam ao encontro.

IHU On-Line – Onde as pessoas devem ficar hospedadas?

Luiz Ceppi – As pessoas serão hospedadas nas 16 paróquias que compõem o município de Porto Velho.

IHU On-Line – De onde vem a maior delegação?

Luiz Ceppi – A maior delegação que temos vem de São Paulo, que está com mais de 350 representantes. Do Rio Grande do Sul vêm cerca de 150 pessoas.

IHU On-Line – Como será a abertura do evento?

Luiz Ceppi – Na abertura, chamaremos as pessoas e, então, teremos as flautas dos indígenas. Depois, teremos a apresentação das populações da Amazônia, com a entrada dos indígenas, das populações negras e caboclas, dos chamados extrativistas, entre outros. Em seguida, haverá a apresentação dos regionais através do painel da religiosidade cultural. Cada regional produziu um painel que vai ser utilizado para apresentar a pluralidade de culturas e de jeitos diferentes que existem no Brasil, sem que qualquer um diga que é mais civilizado do que o outro. Feito isso, também relembraremos os encontros passados, faremos a leitura da palavra de Deus e, num ato simbólico, partilharemos as nossas riquezas naturais através de comidas locais. Será um momento de lembrar a riqueza pluralista cultural da nossa região amazônica.

IHU On-Line – Terá participação de CEB’s latino-americanas?

Luiz Ceppi – Convidamos cinco representantes de cada região da América Latina e do Caribe. A previsão é que cerca de 60 pessoas venham dessas regiões. Depois desse grande encontro, entre os dias 27 e 31, teremos ainda a reunião de articuladores e assessores intercontinentais para dar continuidade ao que vamos discutir no Encontro Intereclesial.

IHU On-Line – O senhor pode nos explicar a opção por este tema central do encontro?

Luiz Ceppi – É porque temos que começar a refletir sobre as CEB’s, sobretudo, em duas problemáticas. A primeira é porque a maioria delas, hoje, está nas cidades. Quando elas começaram a ser organizadas, a maioria se encontrava nas cidades do interior, nas matas, nas roças ou nos rios. Temos que redescobrir uma comunidade que tenha um rosto próximo ao da realidade onde nasce e vive.

O segundo ponto é o tema ecológico, uma problemática que está alterando o mundo todo. Temos que refletir sobre qual é o nosso jeito de trabalhar para não entrarmos, como a maioria entra, no sistema de consumo, ferindo a mãe terra, só para possuir um pouco mais. Se, pelo menos, as pessoas que participarem voltarem às suas regiões dizendo que a terra é uma mãe que precisa ser cuidada, o resultado já será ótimo.

IHU On-Line – Para quem não puder ir a Rondônia, como poderá acompanhar o encontro?

Luiz Ceppi – Se der tudo certo, a Rede Vida vai transmitir algumas atividades e fazer alguns flashes durante sua programação. Além disso, teremos representantes do jornal Mundo Jovem, algumas rádios e outras TVs, como a TV Aparecida. Atualizaremos também as notícias no nosso site. Porém, tem outra coisa que acho muito interessante: acompanhar com a oração. Não é aquela oração feita de palavras, mas aquele pensamento que busca trazer algo de novo e só vem acrescentar na nossa missão.

Firefox Portátil agora em português do Brasil

O Mozilla Firefox, Portable Edition, versão 3.5.1, foi lançado hoje. E, a partir desta versão, o Firefox Portátil vem também em língua portuguesa, tanto do Brasil como de Portugal.

Veja a novidade em Localization, o que dispensa toda a “ginástica” usada anteriormente para termos o Firefox Portátil em nossa língua.

Cito John T. Haller, em Mozilla Firefox, Portable Edition 3.5.1 Released – July 17, 2009 – 1:12pm:
This new release updates Firefox to 3.5.1. We’ve also expanded the languages available to include Chinese (Simplified and Traditional), Dutch, English, French, German, Hungarian, Italian, Japanese, Polish, Portuguese (Portugal and Brazil), Russian and Spanish (Spain and International)… And, as always, it’s open source and completely free.

O ressentimento de classe e a indignação moral

… qualquer pessoa de esquerda sabe que quando um problema político vem embrulhado como se fosse um problema moral, são os defensores do status quo, os poderosos e as forças conservadoras que se beneficiam, escreve Idelber Avelar, em O Biscoito Fino e a Massa, no post A esquerda e o unicameralismo, em 17/07/2009 – 13h41

Já dei uns palpites sobre isso, em outro contexto, mas acho a frase acima a coisa mais acertada do mundo.

E meu colega da PUC-Campinas e amigo Luiz Roberto Benedetti já escrevia em sua tese de doutorado – Templo, Praça, Coração: a articulação do campo religioso católico. São Paulo: Humanitas/USP/FAPESP, 2000 – ISBN 8586087750 – que é mais do que evidente na classe média sua insegurança e, sobretudo, seu ressentimento social, mas que aparece, geralmente, disfarçado como indignação moral. Este é um mecanismo sob medida para a classe média desobrigar-se de um compromisso social efetivo, reduzindo os problemas do mundo a problemas morais [veja a citação em meu texto acima mencionado].

É o que mais se vê no modo como a grande mídia repercute a atual (atual?) “crise” (crise?) política brasileira.

Codex Sinaiticus: mais de 100 milhões de visitas

Mais de 100 milhões de visitas em uma semana…

Manuscrito bíblico recebe milhões de visitas na internet

Em uma semana, desde que foi inserido na rede mundial de computadores, no dia 6 de julho, o manuscrito de parte da Bíblia conhecido como Codex Sinaiticus recebeu mais de 100 milhões de visitas, informou a Biblioteca da Universidade de Leipzig, na Alemanha.

A digitalização do Codex Sinaiticus teve início em 2005. O texto, escrito em grego, aparece em quatro colunas. Em 1844, o teólogo alemão Constantin von Tischendorf trouxe do Mosteiro de Santa Catarina, no Egito, 43 das 129 folhas do Codex em pergaminho, de 33,5 por 37,5 centímetros, que ele encontrou em cesta de lixo do centro religioso e que foram guardadas na Biblioteca da Universidade de Leipzig.

Fonte: ALC – Leipzig: 14/07/2009

 

O Codex Sinaiticus está em 4 lugares: 347 folhas na Biblioteca Britânica (199 do Antigo Testamento e 148 do Novo Testamento), em Londres; 12 folhas e 14 fragmentos no Mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai; 43 folhas na Biblioteca da Universidade de Leipzig e fragmentos de algumas folhas na Biblioteca Nacional Russa em São Petersburgo.

O Codex Sinaiticus data da metade do século IV, é originário do Egito ou da Palestina e contém parte do Antigo Testamento grego (LXX) e todo o Novo Testamento. É considerado, ao lado do Codex Vaticano, como um dos melhores textos do Novo Testamento.

O manuscrito pode ser acessado aqui. Para saber mais sobre os manuscritos do Novo Testamento, confira aqui.

Evolução e Fé: Ecos de Darwin

Diz o Editorial:
“O legado do cientista britânico Charles Darwin (1809-1882) e sua obra A origem das espécies, lançada há 150 anos, é o tema da edição número 300 da IHU On-Line [de 13/07/2009]. A presente edição é um subsídio para as discussões do IX Simpósio Internacional IHU: Ecos de Darwin, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em parceria com o PPG em Filosofia da Unisinos, de 9 a 12 de setembro de 2009, no campus da Unisinos.

John F. Haught, filósofo norte-americano, criador do conceito de teologia evolucionista, sustenta que as teorias da evolução e da criação divina se complementam, e que vivemos em um universo “emergente”, em constante criação. Para ele, o confronto entre fé e ciência é salutar.

O filósofo norte-americano Daniel Dennett acentua que não fomos criados à semelhança de Deus, e sim que Ele foi criado à nossa semelhança. Darwin destronou-nos de nosso antropocentrismo, provoca.

Massimo Pigliucci, geneticista e biólogo italiano, pondera que ciência não é sinônimo de ateísmo, e que a teoria da evolução teve o mesmo impacto que a revolução copernicana.

A compatibilidade entre epigenética e teoria da evolução é o tema da geneticista Eva Jablonka. Segundo ela, a herança comportamental na evolução se apresenta de várias maneiras, sobretudo por meio de tradições, e os mecanismos epigenéticos recém descobertos ampliam noções de hereditariedade, variação e evolução.

O teólogo dominicano Jean-Michel Maldamé contribui com um artigo exclusivo, no qual aborda a compatibilidade entre ciência e espiritualidade.

O biólogo Nélio Bizzo (USP), que percorreu alguns dos trechos do caminho feito por Darwin a bordo do Beagle, menciona aspectos interessantes dessa viagem. Ele pontua, também, que houve uma trama ardilosa para desacreditar A origem das espécies”.

As entrevistas:

  • Eva Jablonka: Epigenética e teoria da evolução. Suas compatibilidades
  • Massimo Pigliucci: “A ciência não significa, necessariamente, ateísmo”
  • Daniel Dennett: Não fomos criados à semelhança de Deus: Ele é que foi criado à nossa semelhança
  • John F. Haught: A nossa compreensão de Deus não pode ser a mesma depois de Darwin
  • Jean-Michel Maldamé: Ciência e espiritualidade
  • Nélio Bizzo: Nos passos de Darwin

Entrevista com Carlos Mesters, fundador do CEBI

Entrevista com Carlos Mesters, fundador do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos

Agência Adital: Biblista fundador do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), que em 2009, completa 30 anos de atividades, o frei Carlos Mesters está em Fortaleza (CE) participando da 9ª. Edição do Curso de Verão na Terra do Sol, para falar sobre o livro do Profeta Isaías. O evento, cujo tema é “Jovens, construtores de uma nova realidade. É possível?”, começou na segunda-feira, dia 6, e prossegue até o próximo dia, 18, com cerca de 250 participantes.

Conhecido por seus estudos sobre a Bíblia – estudou em Roma e em Jerusalém -, frei Mesters nasceu na Holanda em 1931, mas, já mora no Brasil há sessenta anos. É professor e, desde 1973, trabalha nas Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, sempre utilizando a leitura da Bíblia. Aproveitando a sua passagem pela capital cearense, a Adital conversou com frei Mesters sobre a importância da leitura popular da Bíblia, entre outros temas. Confira a entrevista!

ADITAL: Qual foi o caminho e qual é a intuição de fundo da leitura popular da Bíblia?

Carlos Mesters – As coisas acontecem e só depois a gente descobre o que são. Eu acho que a leitura popular da Bíblia no Brasil começou, sobretudo, depois do golpe militar de 1964. O pessoal se chocou e aí começaram a existir as comunidades. Muita gente que tinha lutado na vanguarda se deu conta que o método usado junto ao povo não foi suficientemente respeitoso e começou um trabalho muito mais de base para escutar melhor o povo. O próprio povo começa a ler a Bíblia antes de nós chegarmos e lê como um livro que é a própria vida.

Eles não têm nem dinheiro nem tempo para estudar livros sobre a Bíblia, mas lá está sua intuição de fundo, que depois se explicita: é o método de Emaús (Lucas, c. 24, 13-35). Primeiro Jesus pergunta (aos dois discípulos): “De que vocês estão falando, qual é o problema, por que estão tristes?”. Então, é preciso escutar primeiro, usar a Bíblia não para dar aula, mas para iluminar o problema. E depois para nos abrir os olhos e esquentar o coração, graças a Deus. O terceiro elemento é a dimensão comunitária. Eles convidam Jesus para entrar, rezam juntos, rompem o pão, e aí os olhos abrem e criam coragem para voltar para Jerusalém onde contestam, vivos, as forças da morte. Mas eles superaram a morte porque eles ressuscitaram.

ADITAL – Como este trabalho da leitura popular da Bíblia se espalhou na América Latina e Caribe? E foi mais além?

Carlos Mesters – Também aqui as coisas vão acontecendo. No Sul, no COM (Centro de Orientação Missionária), o Pe. Orestes Stragliotto, que já faleceu, tinha um trabalho grande com muita gente da América Latina pois era amigo do pessoal do CEBI. Muita gente de outros países da América Latina participa dos cursos; vem gente também de outros países como da Itália e muitos italianos chamam para dar cursos de Bíblia lá. Ainda há um centro bíblico na Argentina, um grupo no Equador e outros que atuam dentro do FEBIC (Federação Bíblica Católica Internacional). Assim, todas estas estradas foram utilizadas para divulgar a leitura popular da Bíblia. E foi se espalhando em outros países, agora na África, na Europa e, aqui e acolá, também nas bandas da Ásia, mais no sentido de uma atitude frente à Bíblia do que como organização.

ADITAL – E qual a relação da leitura popular da Bíblia com as Comunidades Eclesiais de Base?

Carlos Mesters – É de nascimento. Num certo sentido o CEBI nasceu antes de nascer porque o povo já lia, já explicava a Bíblia nas comunidades. Assim, no fundo, esta leitura popular da Bíblia nasce lá. O CEBI nasce e existe para articular, aprofundar e espalhar melhor esta leitura popular para que o livro, a Bíblia que nasceu do povo possa voltar para a mão do povo.

ADITAL – No Curso de Verão, cujo tema é ‘Jovens, construtores de uma nova realidade’ o senhor apresenta a Sagrada Escritura. Qual a receptividade da Bíblia entre os jovens?

Carlos Mesters – Eu penso que se a gente consegue colocar a Bíblia no seu contexto humano de origem, e aí a ciência ajuda um pouquinho, porque o coração do jovem que busca está aberto. A gente sente muita receptividade da parte dos jovens para este aspecto profundamente humano da Bíblia quando eles descobrem uma resposta aos seus anseios de justiça, fraternidade, igualdade e de bondade. A Bíblia, se você analisa e procura saber como é que surge o texto bíblico, bate no coração deles, toma pela mão e vai embora.

ADITAL – Nas igrejas está se dando espaço a atitudes fundamentalistas: os cristãos se sentem mais seguros, os melhores. Acontece o mesmo no setor bíblico?

Carlos Mesters – Um desafio muito grande, hoje, é o fundamentalismo que pega a Bíblia separada da história, do contexto, da comunidade, como se fosse uma pedra que cai do céu e se aplica à vida, sem olhar a pessoa que a recebe, seu contexto, sua origem. Isso é perigoso porque, no fundo, não respeita a Bíblia, não respeita a pessoa, não respeita o próprio Deus e faz de Deus o quebra-galho de tudo. Graças a Deus, na nossa igreja católica, isso foi condenado, pela primeira vez, no começo dos anos 90 por um decreto da Pontifícia Comissão Bíblica. Fundamentalismo é perigosíssimo e no Sínodo que teve em Roma no ano passado, uma das coisas de que mais falaram foi contra o fundamentalismo, como é perigoso desvincular a Bíblia das pessoas; vira um troço aéreo, solto no ar, cai na cabeça e pode até matar.

ADITAL – Na Conferência de Aparecida, em maio de 2007, apareceu uma igreja mais clara em seu compromisso de caridade, na escolha preferencial pelos pobres. Neste momento, como a Bíblia pode sustentar esse ‘novo tempo’ do Espírito na América Latina?

Carlos Mesters – Nem sempre tem laranjas na laranjeira, existem momentos em que você busca frutas e não têm. Parece que estamos, no momento, numa baixa, também as CEBs, mas não morremos não. Há tempo em que tem que fazer umas podas e aprofundar as raízes. A gente, hoje, sente em muitos lugares que o povo quer continuar nas comunidades, apesar de nós padres. A gente sente que está começando uma floração nova; o povo descobre que nesta caminhada queremos melhorar a sociedade, lutar contra a corrupção, refazer o relacionamento humano na base.

Eles sentem que a Bíblia pode ajudar nisso e provocar uma força muito grande. Aí depende, também, de nós, exegetas, de explicar a Bíblia não como se fosse uma peruca em cima de uma careca que não faz nascer cabelo, mas como uma coisa que vem lá de dentro, que faz a gente sentir que o que Deus pede de nós é refazer o relacionamento humano na base, procurar uma nova maneira de conviver, perceber as injustiças que existem, ser capaz de desfazer os enganos que a mídia coloca na cabeça do povo. E perceber o engano do consumismo: nisso a Bíblia ajuda sim. Eu faço uma comparação assim: é como quando você está num quarto e parece tudo limpo. De repente cai um raio de sol, de repente você percebe que o quarto está cheio de pó.

Assim, a luz de Deus, quando cai dentro da comunidade, faz perceber o que está errado e aí nasce a ação profética. Eu não sei se estou certo, mas sinto que está se preparando Porto Velho (no fim de julho haverá lá o 12º Intereclesial da CEBs) e aí pode ser o momento para fazer explodir este tempo novo e colocar em movimento os discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nele os nossos povos tenham vida, não mais numa pastoral de manutenção, mas numa pastoral de missão. Isso diz o [José] Comblin num artigo dele: este processo de mudança deve começar e, diz ele, é para os próximos 100 anos. Eu gostei disso porque caminhão não faz curvas fechadas, capota. A igreja é um caminhão muito grande, mas tem que entrar na curva da história.

Fonte: Adital: 10/07/2009 – Reproduzido aqui a partir de O Arcanjo no ar – jul 15, 2009

Desafios do bem blogar

Acabei de ver, de Charles Ellwood Jones, Why Blog? / Does Blogging Matter? (again), de hoje, que remete a Bill Caraher, Reflecting on Academic Blogging at 500 Posts, também de hoje, que lembra Charles Ellwood Jones, Why Blog? / Does Blogging Matter? de 28 de maio, onde são citadas várias postagens, entre elas a minha Um blog é uma ferramenta democrática, de 26 de maio de 2009…

 

A esta conversa acrescento ainda a experiência do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, o português José Saramago, mencionada em Saramago: o blog ilumina o caminho de seu autor e o livro de James G. CROSSLEY, Jesus in an Age of Terror: Scholarly Projects for a New American Century. London: Equinox Publishing, 2008, 256 p. – ISBN 9781845534295 (Hardback) 9781845534301 (Paperback), que suscitou certa polêmica sobre a relação dos exegetas com o imperialismo.

Vale a leitura.

Pois a mim, o que me assombra e me desgosta é o conservadorismo político, social e teológico de uma parcela significativa dos biblioblogueiros. Posso até estar enganado, contudo acho que este conservadorismo predomina entre os jovens biblioblogueiros. Não posso deixar de perguntar: que papel político exercem os biblioblogs no mundo atual?



Mas, em sua postagem, diz Bill Caraher, Professor no Departamento de História da Universidade da Dakota do Norte, entre outras coisas interessantes:
This past weekend, I read the first couple of chapters of Scott Rosenberg’s Say Everything: How Blogging Began and What It’s Becoming and Why It Matters. (New York 2009). The key thing that these chapters reminded me was how radical blogging was in the days of Justin Hall (ahhh, the mid 1990s!). His proto-blog was intimate, compelling, and a real (or at least significantly visible) departure from previous uses of the internet. Academic blogs have tried to keep up a bit of a radical edge. Some bloggers write anonymously. Others write on explicitly radical topics. But few blogs these days embrace the radical potential of the medium. In fact, if anything blogs have become increasingly mainstream…

 

Sobre o livro por ele citado, ROSENBERG, S. Say Everything: How Blogging Began, What It’s Becoming, and Why It Matters. New York: Crown, 2009, 416 p. – ISBN 9780307451361, diz a editora:

Blogs are everywhere. They have exposed truths and spread rumors. Made and lost fortunes. Brought couples together and torn them apart. Toppled cabinet members and sparked grassroots movements. Immediate, intimate, and influential, they have put the power of personal publishing into everyone’s hands. Regularly dismissed as trivial and ephemeral, they have proved that they are here to stay. In Say Everything, Scott Rosenberg chronicles blogging’s unplanned rise and improbable triumph, tracing its impact on politics, business, the media, and our personal lives. He offers close-ups of innovators such as Blogger founder Evan Williams, investigative journalist Josh Marshall, exhibitionist diarist Justin Hall, software visionary Dave Winer, “mommyblogger” Heather Armstrong, and many others. These blogging pioneers were the first to face new dilemmas that have become common in the era of Google and Facebook, and their stories offer vital insights and warnings as we navigate the future. How much of our lives should we reveal on the Web? Is anonymity a boon or a curse? Which voices can we trust? What does authenticity look like on a stage where millions are fighting for attention, yet most only write for a handful? And what happens to our culture now that everyone can say everything?