Quem estiver acompanhando o debate sobre o texto apocalíptico escrito com tinta em pedra, e que, aparentemente, antes da época de Jesus, fala da ressurreição do Messias ao terceiro dia, caso que pode ser visto aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, não pode perder, de jeito nenhum, o embate de ideias entre John Collins, da Yale University, USA, e Israel Knohl, da Universidade Hebraica de Jerusalém, que pode ser lido no biblioblog de John Hobbins, Ancient Hebrew Poetry em duas postagens de hoje, 26 de agosto de 2008:
Dia: 26 de agosto de 2008
Os biblioblogs e a hegemonia do inglês
O meu post Top Bible Blogs? He was only joking! do dia 23 deste mês, provocou alguma repercussão. Veja o post, com data de 25/08/2008, de Douglas Mangum, em seu blog Biblia Hebraica: Top Foreign Language Bible Blogs?
De modo geral, Douglas Mangum tem razão. Para quem é falante nativo da língua inglesa, especialmente para os americanos (dos EUA), deve parecer tremenda perda de tempo ficar “lutando” para aprender outra língua moderna, já que (quase) todas as obras são traduzidas para o inglês e boa parte é produzida diretamente em inglês. Sem dúvida, é a língua franca de nossos dias.
Brincamos por aqui que, mesmo quando queremos falar mal do domínio do idioma inglês, somos obrigados a falar em inglês para sermos compreendidos… Mas ainda consideramos que a principal língua bíblica é o alemão (Deutsch)! Nesta ordem: Alemão, Hebraico, Grego, Aramaico…
Em meu post eu quis brincar, mas também provocar, como já fiz outras vezes. É só ler, por exemplo, o que escrevi, em 18 de setembro de 2007: Biblical Studies Carnival: considere 10 linguas! A experiência do pluralismo lingüístico europeu talvez nos faça ver o mundo com outros olhos.
Por outro lado, em 29 de setembro de 2006 publiquei um post com o seguinte título: Por que os links da Ayrton’s Biblical Page apontam, em grande parte, para páginas em inglês? Isto aconteceu quando tomei conhecimento, via El País, de que a Internet no habla español. Vale reler o post: naquele momento, apenas 4,6% das páginas da Internet eram em espanhol, enquanto que 45% eram em inglês, segundo o articulista. E o texto diz, em determinado ponto: “Si se divide el número de usuarios por el número de páginas del mismo idioma, el inglés tiene el ratio más elevado con un 1,47, después se coloca el francés con un 1,25 y el alemán con un 1,23. El de España, con un 0,58”.
O que ainda dá razão a Douglas Mangum, embora só contemple, neste caso, uma língua, o espanhol.
Mas existe o outro lado: o livro de Mario Liverani, Oltre la Bibbia: Storia Antica di Israele. 6a. ed. Roma-Bari: Laterza, [2003] 2007, 526 p. – ISBN 9788842070603, só provocou repercussão na comunidade biblioblogueira quando foi traduzido do original italiano de 2003 para o inglês e publicado no final de 2005 como Israel’s History and the History of Israel. [London: Equinox Publishing. Paperback em 2007: ISBN 9781845533410].
Neste caso, enquanto o mundo de língua inglesa, em boa parte, apenas ouvia falar do livro de Liverani e aguardava sua tradução, eu já o utilizava em italiano desde o início de 2004… É só ver os posts da época nos biblioblogs e o alvoroço que causou a publicação da obra em língua inglesa, sinal de que muitos biblistas o consideravam inacessível em italiano!
Mas um caso é apenas um caso. Não se pode generalizar.