Resenhas dos livros de Grabbe e Oakman

Acabei de ler e recomendo a leitura das resenhas de dois livros. O primeiro de Lester L. Grabbe sobre História de Israel. O segundo de Douglas E. Oakman sobre a prática de Jesus no mundo rural da Palestina do século I.

GRABBE, L. L. Ancient Israel: What Do We Know and How Do We Know It? London: T & T Clark, 2007, 328 p. – ISBN 9780567032546. Resenha de Brian B. Schmidt, da Universidade de Michigan, Ann Arbor, Michigan, USA. Publicada pela Review of Biblical Literature em 09/08/2008.

Estou trabalhando com este livro. É realmente muito interessante. Não é um livro de História de Israel, mas um livro de historiografia sobre as possibilidades e dificuldades da escrita de uma História de Israel hoje. Leia mais sobre isso aqui.

O resenhista concorda que o livro é fundamental para quem trabalha na área, embora faça, sobre alguns detalhes, seus questionamentos. Diz Brian B. Schmidt, por exemplo:
Ancient Israel is a tremendously informed and useful book that readers will find very helpful in a variety of contexts, whether for general pedagogical purposes or as a reader in the seminar context or as a reference tool in the research environment. It is a welcome change of course, given that progress in the field otherwise had all but become stagnant in the rather polarized, late twentieth-century world of minimalism versus maximalism (although one might aver that such a polarizing stage constitutes a predictable [and necessary?] one in the process of intellectual advancement). Readers will be immensely indebted to Professor Grabbe for Ancient Israel. It invites extensive and detailed engagement.

Observo, porém, que na lista de obras sobre História de Israel citadas na primeira nota eu acrescentaria mais autores e livros, especialmente os obras do Seminário Europeu de Metodologia Histórica, todas editadas por Lester L. Grabbe, que é o coordenador do grupo, como se pode ver na bibliografia.

 

OAKMAN, D. E. Jesus and the Peasants. Eugene, OR : Cascade Books, 2008, 348 p. – ISBN 9781597522755. Resenha de Ernest van Eck, da Universidade de Pretória, Pretória, África do Sul. Publicada pela Review of Biblical Literature em 09/08/2008.

O resenhista termina sua avaliação assim:
The book is a tour de force of Oakman’s repertoire: the economics of first-century Palestine, his knowledge of historical Jesus studies and Q, his brilliant insights when reading the biblical text, to name but a few. His interpretations, especially of the parables, are fresh and challenging. He shows convincingly that the meanings of Jesus’ parables always have to be accessed vis-à-vis their original audience and sociopolitical and socioeconomic context. If one is interested in understanding the message of Jesus against the backdrop of the realities of first-century Palestine peasantry, this book is a must.

Sobre Douglas E. Oakman, recomendo a leitura de meu post Jesus e os camponeses: novo livro de D. Oakman e insisto com o leitor para que faça uma parada aqui e leia, pelo menos, o primeiro item deste artigo. Veja que leitura Oakman faz do Pai Nosso!

Religiao como meio de vida?

Meios reestruturam mundo religioso, diz professor
O coordenador da 6. Conferência sobre Meios, Religião e Cultura, reunida de 11 a 14 de agosto em São Paulo, e professor da Universidade de Colorado, Estados Unidos, Stewart Hoover, sustentou que a religião midiatizada está gerando não só um maior nível de visibilidade das diversas expressões religiosas, mas propiciando profunda reestruturação no modo de administrar o poder, de viver a espiritualidade e de posicionar-se na esfera pública.

Um dos pioneiros na pesquisa sobre televangelismo e o impacto midiático das igrejas, Hoover mencionou duas tendências da religião contemporânea sobre as quais os meios desempenham um papel importante. O pesquisador observou, em primeiro lugar, uma forte tendência às buscas autônomas e encontros desinstitucionalizados com o mundo da espiritualidade. “As pessoas constroem hoje sua religiosidade sem depender de nenhuma regulação orgânica”, sublinhou. Hoover destacou que os meios se converteram em espaços através dos quais se constrói o mercado que permite com que uma demanda religiosa diversificada chegue às pessoas com maior fluidez e sem a formalidade das mediações tradicionais. “Neste contexto, os sujeitos sociais modernos atuam de maneira cada vez mais autônoma e pragmática em contraste com aquelas expressões e práticas culturais ‘místicas’ ou efervescentes”, afirmou. Segundo a análise do professor estadunidense, isso não significa que as manifestações religiosas contemporâneas sejam mais triviais ou inconsistentes na atualidade. Ao contrário, isso implica que as pessoas hoje se percebam como consumidores ativos ou fiéis religiosos pró-ativos dos recursos disponíveis no mercado religioso global. Ao mesmo tempo, o “crente” de hoje tornou-se um produtor dos novos discursos religiosos desinstitucionalizados.

O que me chamou mais a atenção foi o seguinte trecho:

A emergência dos denominados “blogs” da fé em países como a Austrália, o crescimento acelerado da indústria musical midiática na América Latina, o massivo consumo global de sites religiosos na Internet, a luta dos pentecostais para se apropriar de meios comerciais na Nigéria, a “hibridização” dos rituais religiosos midiáticos em comunidades rurais italianas, as transições do televangelismo norte-americano, e as ressignificações da cultura oral em espaços digitais na Índia representam apenas alguns dos exemplos mencionados neste fórum e que configuram o novo mapa midiático da religião contemporânea global.

Leia o texto completo na ALC. Por Rolando Pérez – São Paulo, 19 de agosto de 2008. Reproduzido também na IHU On-Line em 20/08/2008.