Sete resenhas de livros sobre métodos exegéticos e hermenêutica bíblica em perspectiva latino-americana

Observo o primeiro fascículo de 2006 da RIBLA – Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana. Este fascículo abre o n. 53 da RIBLA e é dedicado à questão dos métodos, da exegese e da hermenêutica bíblicas, privilegiando a perspectiva latino-americana. A revista está organizada em duas partes principais e dois apêndices. Quero aqui focalizar apenas os apêndices.

O primeiro traz sete resenhas de livros sobre métodos exegéticos e hermenêutica bíblica em perspectiva latino-americana, enquanto o segundo traz uma bibliografia com cerca de 50 livros sobre as tendências atuais nos estudos bíblicos, na América Latina e especialmente em outras partes do mundo. Hoje vou apenas indicar as resenhas.

Diz Samuel Almada, responsável pelo editorial, sobre a lista de livros resenhados, que embora não seja exaustiva, estas sete obras mostram como a produção sobre este tema melhorou nos últimos anos. As resenhas, com uma média de duas páginas cada, começam na página 147 e vão até a página 159. Vejamos:

  • José Severino CROATTO Hermenéutica práctica: los principios de la hermenéutica bíblica en ejemplos. Quito: Centro Bíblico Verbo Divino, 2002, 156 p. Resenha de Samuel Almada.
  • Cássio Murilo DIAS DA SILVA Metodologia de exegese bíblica. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2003, 515 p. Resenha de Mercedes Lopes.
  • René KRÜGER e José Severino CROATTO Métodos exegéticos. Buenos Aires: Publicaciones de EDUCAB, 1993. [Não indica o número de páginas]. Resenha de Esteban Arias.
  • Maria Paula RODRIGUES (org.) Palavra de Deus, palavra da gente: as formas literárias na Bíblia. São Paulo: Paulus, 2004, 181 p. Resenha de José Luis Calvillo.
  • Ediberto LÓPEZ Para que comprendiesen las Escrituras: introducción a los métodos exegéticos. San Juan/Puerto Rico: Seminario Evangélico de Puerto Rico/Fundación Puerto Rico Evangélico, 2003. [Não indica o número de páginas]. Resenha de Cristina Conti.
  • Hans de WIT En la dispersión el texto es pátria: introducción a la hermenéutica clásica, moderna y posmoderna. San José: Universidad Bíblica Latinoamericana, 2002, 557 p. Resenha de Samuel Almada.
  • Uwe WEGNER Exegese do Novo Testamento: manual de metodologia. 4. ed. São Leopoldo/São Paulo: Sinodal/Paulus, 2005, 414 p. Resenha de Regene Lamb.

Como informação, o conjunto parece adequado. Como não conheço algumas das obras, não posso opinar sobre a qualidade das resenhas. No livro do Cássio Murilo Dias da Silva, publicado em 2000 e reeditado em 2003, escrevi o último capítulo, com mais de cem páginas, tratando do que chamei de Leitura socioantropológica da Bíblia (mais conhecida, em inglês, como social scientific criticism). A resenhista, pelo que pude perceber, deve conhecer pouco desta abordagem, pois passa rápido pelo texto, sem opinar. Mas isso é de menor importância. Porém…

Estranha-me que Carlos Mesters não tenha aparecido entre os autores resenhados. Quem, no Brasil, pode ignorar, na leitura popular, um livro como Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1999? Só para citar uma das muitas contribuições do mestre Mesters! Há outras…

Igreja Metodista decidiu se retirar do CONIC e do CESE

Notícia que vi hoje na página do CEBI – Centro de Estudos Bíblicos. Por 79 votos a favor, 50 contra e quatro abstenções, no dia 14 de julho, durante o 18º Concílio Geral, na cidade de Aracruz, ES, a Igreja Metodista decidiu se retirar de organismos ecumênicos que tenham a presença da Igreja Católica e de grupos não-cristãos.

Notícias CEBI – 21 de julho de 2006

Líderes religiosos lamentaram decisão da Igreja Metodista

Líderes religiosos lamentaram a decisão do 18º Concílio Geral da Igreja Metodista de se retirar de organismos ecumênicos que tenham a presença da Igreja Católica e de grupos não-cristãos. A medida tira os metodistas do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE). O momento é de “profunda indignação e tristeza”, disse para a ALC o presidente do CONIC, bispo Adriel de Souza Maia, que foi reeleito para o Colégio Episcopal da Igreja Metodista no 18. Concílio, reunido de 10 a 16 de julho na cidade capixaba de Aracruz. “Vivemos um momento de grande retrocesso”, agregou (…) Em carta dirigida, hoje, à Igreja Metodista, o pastor presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e moderador do CMI, Walter Altmann, disse que, embora a decisão conciliar deva ser respeitada integralmente, tomada de acordo com a convicção majoritária dos conciliares, a notícia “entristeceu profundamente o nosso coração” (…) Falando em nome pessoal, o assessor do setor de Ecumenismo e Diálogo Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre José Bizon, declarou que a medida representa um retrocesso para uma igreja, como a metodista, que tem uma caminhada ecumênica. “A gente fica perplexo e dói o coração de ouvir uma decisão dessas, quando o mundo se abre ao diálogo”, assinalou. A decisão do Concílio de Aracruz é lamentável, pois vai contra os princípios doutrinários e pastorais da Igreja Metodista, argumentou o secretário executivo do CONIC, Clay Peixoto. “Foi uma decisão política”, acrescentou, referindo-se ao crescimento do movimento carismático de corte sectário e fundamentalista na Igreja Metodista brasileira (cont.)

Os Estados Unidos deixaram claro que não iriam permitir a condenação de Israel

Conselho da ONU lamenta sem condenar ataque ao Líbano

Os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) negociaram na tarde deste domingo uma resposta ao bombardeio israelense da população libanesa de Qana, tendo praticamente descartado a opção de “condenar” a morte de pelo menos 56 civis, como havia pedido o secretário-geral Kofi Annan, por causa da oposição de Washington.

A presidência francesa do Conselho apresentou um texto de consenso no qual o Conselho “lamenta” o ataque “inaceitável” e envia “seus pêsames” às famílias das mais de 50 vítimas, “a maioria crianças”.

As divergências mais sérias estão na demanda de algum tipo de trégua aos combatentes. Durante as discussões chegou a notícia de que Israel decidiu suspender os ataques aéreos durante 48 horas para investigar a pior ação desde que lançou sua ofensiva contra a organização terrorista libanesa Hezbollah no Líbano.

Na reunião de emergência realizada pela manhã a pedido de Annan, o secretário-geral pediu ao Conselho uma condenação ao bombardeio de Qana e que atue de imediato para conseguir o fim das hostilidades. “Devemos condenar esta ação nos termos mais enérgicos e peço que vocês façam o mesmo”, disse Annan.

“Estou profundamente decepcionado porque meus pedidos para um imediato cessar das hostilidades não foram atendidos”, continuou. “Repito esse pedido agora”, acrescentou, “e peço para o Conselho fazer o mesmo”.

Durante a mesma reunião, o embaixador israelense, Dan Gillerman, disse que se trata de “um domingo horrível, triste e sangrento”. “Essa gente (de Qana) morreu pelo fogo israelense, mas são vítimas do Hizbollah, são vítimas do terrorismo. Se não houvesse Hizbollah, isto nunca teria ocorrido”, afirmou.

“Sentimos verdadeiramente pelas pessoas do Líbano e pelos que morreram”, disse. “Em contraste, nunca ouvimos o Hizbollah dizer que sente por um israelense morto.”

O representante libanês, Nouhad Mahmoud, pediu novamente ao Conselho que ordene um cessar-fogo, argumentando que “não há lugar neste triste dia para outra discussão”.

Vários diplomatas asseguraram que os Estados Unidos deixaram claro que não iriam permitir a condenação de Israel. O embaixador americano, John Bolton, revelou que estavam negociando “um comunicado de imprensa ou uma declaração presidencial que expresse nosso profundo pesar e os pêsames às famílias daqueles que morreram”.

Na linguagem do Conselho de Segurança, uma declaração presidencial é mais solene do que um comunicado de imprensa, porque é lida pelo presidente do Conselho para os membros permanentes, enquanto que o comunicado é lido apenas para a imprensa. Embora ambas as formas exijam o acordo dos 15 membros do Conselho, elas estão longe de uma resolução, que é de cumprimento obrigatório para os países nela citados.

Preocupado em “reagir ao drama de Qana”, nas palavras do embaixador francês Jean Marc de La Sabliere, o Conselho não estava preparado para começar a tratar neste domingo de um projeto de resolução de Paris que detalha as medidas para um cessar-fogo permanente.

Estas incluem o envio de uma força internacional, com a condição de que ela seja aprovada pelos governos israelense e libanês e de que exista um acordo de princípio entre eles sobre os principais elementos de um plano global para solucionar o conflito.

Fonte: Alfons Luna, da France Presse, em Nova York – Folha de S. Paulo – 30/07/2006

Enquanto a cidade queimava, o governante tocava lira

Agência Carta Maior: 30/07/2006

Francisco Carlos Teixeira

O sorriso de Condoleezza Rice

“Condi” Rice preferiu tocar piano enquanto Beirute era bombardeada. Tal desprezo pela vida humana nem mesmo é original: um outro governante já tocara lira enquanto outra cidade queimava…Sempre sorridente, abriu os caminhos para o massacre de Qana. Enquanto milhares de bombas abatiam-se sobre as cidades e vilas do Líbano, e outros tantos foguetes sobre Haifa e Tiberíades, a Secretária de Estado dos Estados Unidos, contrariando mais de 40 anos de tradição diplomática americana, afirmava que um cessar-fogo “ainda não era possível ou mesmo necessário”. De forma claramente maquiavélica – visando dar tempo a estratégia de Israel em aniquilar qualquer adversário regional com poder de fogo – “Condi” Rice afirmava, entre sorrisos gentis, que a violência “eram as dores do parto do novo Oriente Médio democrático”. Pouco depois, no domingo 30 de julho de 2006, bombas israelenses matavam dezenas de refugiados, mulheres e crianças, em Qana, sul de Tiro (cont.)