Bar Kokhba e a segunda guerra judaica contra Roma

POWELL, L. Bar Kokhba: The Jew Who Defied Hadrian and Challenged the Might of Rome. Barnsley: Pen & Sword Military, 2021, 336 p. – ISBN 9781783831852.

De um lado, Adriano, o governante cosmopolita do vasto Império Romano, então em seu apogeu, que alguns consideravam divino; do outro, Shim’on, um líder militar POWELL, L. Bar Kokhba: The Jew Who Defied Hadrian and Challenged the Might of Rome. Barnsley: Pen & Sword Military, 2021, 336 p. judeu em um distrito de uma província menor, que alguns acreditavam ser o Messias.

É também a história do choque de duas culturas. De um lado, o conquistador, procurando manter o controle de seu domínio duramente conquistado; do outro, o conquistado, buscando se libertar e estabelecer uma nova nação, Israel.

Durante o conflito que se seguiu – a Segunda Guerra Judaica* – a altamente motivada milícia judaica testou duramente o altamente treinado exército romano profissional. Os rebeldes resistiram ao ataque romano por três anos e meio.

Eles estabeleceram uma nação independente com sua própria administração, governada por Shim’on. O resultado desta disputa foi de grande consequência, tanto para o povo da Judeia quanto para o próprio judaísmo.

Então, quem era esse insurgente Shim’on conhecido hoje como Bar Kokhba? Como Adriano, o imperador romano que construiu a famosa Muralha no norte da Grã-Bretanha, respondeu ao desafiante? E como, em épocas posteriores, esse rebelde com uma causa se tornou um herói para os judeus da diáspora que ansiavam pela fundação de um novo Israel?

Uma resenha do livro pode ser lida aqui. Sobre a revolta de Bar Kokhba e as descobertas arqueológicas sobre esta época, leia aqui, aqui e aqui.

* A revolta de Bar Kokhba foi a segunda ou terceira guerra judaica contra Roma? Há historiadores que se referem a ela como a Segunda Guerra Judaica contra Roma, pois não contam a Guerra de Kitos, uma rebelião de judeus da diáspora contra Roma ocorrida nos anos 115-117 d.C. Já os historiadores que contam a Guerra de Kitos entre as guerras dos judeus contra Roma, a aquela, a de Kitos, chamam de Segunda Guerra Judaica e à de Bar Kokhba chamam de Terceira Guerra Judaica.

 

One was Hadrian, the cosmopolitan ruler of the vast Roman Empire, then at its zenith, who some regarded as divine; the other was Shim’on, a Jewish military leader in a district of a minor province, who some believed to be the ‘King Messiah’. It is also the tale of the clash of two ancient cultures. One was the conqueror, seeking to maintain control of its hard-won dominion; the other was the conquered, seeking to break free and establish a new nation: Israel.

During the ensuing conflict – the ‘Second Jewish War’ – the highly motivated Jewish militia sorely tested the highly trained professional Roman army. The rebels withstood the Roman onslaught for three-and-a-half years (AD 132 – 136). They established an independent nation with its own administration, headed by Shim’on as its president. The outcome of that David and Goliath contest was of great consequence, both for the people of Judaea and for Judaism itself.

So, who was this insurgent Shim’on known today as ‘Bar Kokhba’? How did Hadrian, the Roman emperor who built the famous Wall in northern Britain, respond to the challenger? And how, in later ages, did this rebel with a cause become a hero for the Jews in the Diaspora longing for the foundation of a new Israel in modern times? This book describes the author’s personal journey across three continents to establish the facts.

Lindsay Powell writes for Ancient Warfare magazine and his articles have also appeared in Military Heritage and Strategy and Tactics. He is author of the highly acclaimed Marcus Agrippa: Right-Hand Man of Caesar Augustus; Germanicus: The Magnificent Life and Mysterious Death of Rome’s Most Popular General and Eager for Glory: The Untold Story of Drusus the Elder, Conqueror of Germania, all published by Pen & Sword Books. His appearances include BBC Radio, British Forces Broadcasting Service and History Channel. He divides his time between Austin, Texas and Wokingham, England.

Grabbe: História dos judeus e do judaísmo, vol. IV

GRABBE, L. L. A History of the Jews and Judaism in the Second Temple Period, Volume 4: The Jews under the Roman Shadow (4 BCE-150 CE). London: ‎Bloomsbury, 2021, 664 p. – ISBN ‎ 9780567700704.

Este é o quarto e último volume da história, em quatro volumes, de Lester L. Grabbe, sobre o período do Segundo Templo, coletando tudo o que se sabe sobre os judeusGRABBE, L. L. A History of the Jews and Judaism in the Second Temple Period, Volume 4: The Jews under the Roman Shadow (4 BCE-150 CE). London: ‎Bloomsbury, 2021 durante o período em que foram governados pelo Império Romano. Com base em fontes primárias, como arqueologia, inscrições, fontes literárias judaicas e fontes gregas, romanas e cristãs, este estudo inclui uma análise da diáspora judaica, das tendências místicas e gnósticas e da evolução do Templo, da lei e das atitudes contemporâneas em relação Judaísmo. O estudo abrange desde o reinado de Arquelau até a guerra com Roma e o controle romano até 150 dC.

Quem é Lester L. Grabbe? Confira aqui.

 

This is the fourth and final volume of Lester L. Grabbe’s four-volume history of the Second Temple period, collecting all that is known about the Jews during the period in which they were ruled by the Roman Empire. Based directly on primary sources such as archaeology, inscriptions, Jewish literary sources and Greek, Roman and Christian sources, this study includes analysis of the Jewish diaspora, mystical and Gnosticism trends, and the developments in the Temple, the law, and contemporary attitudes towards Judaism. Spanning from the reign of Herod Archelaus to the war with Rome and Roman control up to 150 CE, this volume concludes with Grabbe’s holistic perspective on the Jews and Judaism in the Second Temple Period.

Lester L. Grabbe is Professor Emeritus of Hebrew Bible and Early Judaism at the University of Hull. He is founder and convenor of the European Seminar in Historical Methodology.

Para entender a Cop26

26 palavras para entender a Cop26

Cop26, a conferência da ONU sobre as mudanças climáticas aparece como uma última chamada para a salvação do planeta. Os poderosos da Terra se reúnem para COP26: Glasgow, 1 a 12 de novembro de 2021atualizar, reafirmar ou anunciar seus empenhos na luta contra o aquecimento global. Porque a crise já chegou e só pode piorar. Aqui está, então, um glossário para entender os termos do debate e as agendas apresentadas pelos diversos países: 26 palavras, siglas e expressões que fazem parte da linguagem científica e institucional, mas que, às vezes, não são familiares à opinião pública. Conhecê-las é o primeiro passo para exigir o cumprimento das promessas que serão feitas.

A reportagem é de Anna Dichiarante, publicada por la Repubblica, 30-10-2021. A tradução é de Luisa Rabolini – Publicada por IHU, em 3 de novembro 2021.

1. COP26

É a 26ª Conferência das Partes (Conference Of Parties) que aderiram à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, um tratado no qual o Acordo de Paris foi assinado. A cúpula está sendo realizada em Glasgow, Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro próximo: cerca de 120 líderes de todo o mundo são esperados, com mais de 25.000 delegados de 197 países.

2. Acordo de Paris

Tratado internacional assinado entre 196 partes na COP21 em Paris, em dezembro de 2015. Estabelece os objetivos que os Estados aderentes devem alcançar para conter os efeitos das alterações climáticas: o principal empenho é manter o aquecimento global abaixo do limiar de 2 °C a mais do que os níveis pré-industriais, mas incentiva-se a limitá-lo a 1,5 °C. Pela primeira vez, tanto os países em desenvolvimento quanto as economias mais avançadas concordaram em cortar as emissões de gases de efeito estufa para controlar o aumento das temperaturas.

3. Unfccc

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudança Climáticas (ou Acordos do Rio) é um tratado internacional produzido pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ou Cúpula da Terra), realizada no Rio de Janeiro em 1992; foi assinado por 154 estados com o objetivo de limitar as concentrações de gases de efeito estufa e evitar as consequências mais dramáticas das mudanças climáticas. No entanto, as medidas a serem implementadas não foram especificadas concretamente. Um glossário “climático” está disponível no site da Convenção.

4. Protocolo de Kyoto

O primeiro instrumento prático da Unfccc foi o Protocolo de Kyoto de 1997: os objetivos de redução das emissões de gases de efeito estufa foram definidos para cada país desenvolvido, prevendo um corte geral de 5% até 2012, enquanto os países em desenvolvimento (incluindo a China) foram autorizados a aumentá-las. Os EUA assinaram o tratado, mas não o ratificaram devido à oposição do Congresso. O Protocolo entrou em vigor em 2005: agora obsoleto, foi no final substituído pelo Acordo de Paris.

5. Ndc

As contribuições determinadas em nível nacional (Nationally Determined Contributions) são planos com que os países estabelecem metas de redução de emissões, geralmente fixadas para 2030, e as ações para alcançá-las. São um instrumento previsto pelo Acordo de Paris; se os resultados que os Estados almejam são insuficientes para conter o aumento das temperaturas, recorre-se a um mecanismo de salvaguarda: a cada cinco anos, as partes devem reabrir as negociações e ajustar os empenhos.

6. Ipcc

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change) é um órgão criado em 1988 por decisão da ONU e da Organização Meteorológica Mundial. Reúne importantes cientistas do clima, que produziram cinco relatórios de avaliação sobre o aquecimento global e a crise climática. O sexto será publicada nos próximos meses: a primeira parte, apresentada em agosto passado, descreve os eventos extremos (por vezes irreversíveis e sem precedentes) que o planeta terá de enfrentar e as relativas, graves responsabilidades dos seres humanos.

7. +1,5 °C

E é nos relatórios do IPCC que se baseiam os objetivos cruciais estabelecidos pelo Acordo de Paris, a saber, manter o aquecimento global bem abaixo de 2 °C a mais do que na época pré-industriais e implementar todos os esforços para limitar o aumento da temperatura para 1,5 °C. O quarto relatório de 2007 sugeria que o mundo teria se aquecido em 1,8 °C se algumas medidas fossem tomadas para cortar as emissões, e 4 °C se as emissões não fossem controladas. O limiar de 2 °C foi considerado extremo: além disso, o impacto das mudanças climáticas seria catastrófico. O relatório de 2018, no entanto, concluiu que as consequências seriam trágicas já com +1,5 °C.

8. Aquecimento global

O aumento progressivo da temperatura média da superfície registrada em nível planetário. É medido sobretudo em comparação com a época pré-industrial, para entender como as atividades humanas afetam esse processo e interagem com outros fatores. A principal causa do fenômeno, de fato, são as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. O fato de a Terra aquecer provoca mudanças no clima e eventos climáticos particularmente intensos.

9. Mudança climática

Conjunto de fenômenos que dizem respeito ao clima em nível global e que se materializam tanto na forma de eventos meteorológicos extremos quanto por meio de outros mecanismos físicos. Exemplos? Elevação do nível médio do mar, derretimento de geleiras, aumento das temperaturas, maior frequência e intensidade das precipitações, secas persistentes e cada vez mais generalizadas. Desastres das quais muitas vezes dependem carestias e incapacidade de acesso à água potável.

10. Adaptação

A resiliência exigida dos seres humanos, assim como dos animais e das plantas, para aprender a viver em temperaturas mais altas. O planeta já aqueceu cerca de 1,2 °C em relação aos níveis pré-industriais, em todas as latitudes estamos enfrentando as consequências da mudança climática. No futuro, mesmo que conseguíssemos reduzir parcialmente as emissões poluentes, ainda teremos que nos preparar para eventos meteorológicos ainda mais extremos. Muitos setores – das infraestruturas à construção e à agricultura – terão que se adequar e se equipar de meios para enfrentar enchentes, calor escaldante e seca.

11. Gases de efeito estufa (Ghg)

Categoria dos gases atmosféricos que contribuem para o aquecimento global por meio de sua capacidade de gerar o efeito estufa. A lista daqueles cujas emissões devem ser limitadas, inclui dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorocarbonos (HFC), perfluorocarbonos (PFC) e hexafluoreto de enxofre (SF6).

12. Equivalente de Dióxido de Carbono (CO2e)

A unidade de medida usada para agrupar e calcular de maneira uniforme as emissões de gases de efeito estufa. Na prática, os outros gases que contribuem para o aquecimento global são convertidos em dióxido de carbono com base nesse seu efeito potencial; mede-se a quantidade correspondente de CO2, o que provocaria o mesmo nível de aquecimento.

13. Metano

É um gás de efeito estufa ainda mais poderoso do que o dióxido de carbono: pode reter o calor de maneira 80 vezes mais eficaz do que o dióxido de carbono. Enquanto o CO2 permanece na atmosfera por cerca de um século após ser liberado, o metano permanece por algumas décadas e depois se decompõe justamente em dióxido de carbono. As principais fontes são as perdas geradas pela extração e processamento de combustíveis fósseis (como no caso dos poços de petróleo), mas também pela pecuária e outras atividades agrícolas.

14. Biomassa e fontes renováveis

Biomassa é matéria orgânica que vem de plantas e animais; pode ser usado para produzir energia limpa ou biocombustíveis. As fontes renováveis, em geral, são aqueles fatores presentes na natureza sem limites (sol, vento, água) a partir dos quais se pode obter energia de baixo impacto ambiental (fotovoltaica, eólica, hidrelétrica).

15. Mitigação

No âmbito da UNFCCC, entende-se todas aquelas intervenções realizadas para reduzir as fontes de gases de efeito estufa ou para potencializar os instrumentos capazes de absorvê-los. Por exemplo: o consumo mais racional de combustíveis fósseis nos processos industriais, a passagem para a energia solar ou eólica, a melhoria do isolamento dos edifícios, os planos para a extensão da superfície florestal.

16. Zero líquido

Uma das metas climáticas que governos e empresas buscam. Consiste em reduzir ao máximo as emissões de gases de efeito estufa e em compensar as residuais que não podem ser eliminadas (por exemplo, aquelas produzidas por algumas indústrias ou setores como a aviação). Como? Protegendo e potencializando os instrumentos de captura de CO2 e os locais de armazenamento do CO2. Ambientalistas atacam o conceito de “emissões líquidas zero”, ou “neutralidade de carbono”, porque seria um álibi para justificar a poluição que não se quer reduzir.

17. Compensação de CO2

Como o dióxido de carbono gera o mesmo impacto ambiental independente da fonte, acredita-se que, ao absorver certa quantidade em um ponto do planeta, o efeito consequente possa ser anulado em outro lugar. Estados e empresas compensam parcialmente a poluição atmosférica produzida, investindo em projetos que visam reduzir as emissões ou armazenar CO2. Quais? Conservação de florestas, plantio de árvores, transição dos combustíveis fósseis para energias renováveis, técnicas de cultivo sustentáveis. Para cada empenho mantido, é atribuído o número correspondente de “créditos de carbono”. Uma prática controversa.

18. Créditos de carbono

Podem ser ganhos, precisamente, compensando o CO2. Cada crédito, que deve ser certificado pelos órgãos competentes, representa uma redução de emissões equivalente a uma tonelada de dióxido de carbono. Esses bônus também podem ser adquiridos por uma empresa ou país para serem contabilizados em seu balanço patrimonial e para alcançar as metas climáticas. Daí as críticas dos ambientalistas: a medida agrava a disparidade entre ricos e pobres.

19. Artigo 6º

Um problema a resolver é o que diz respeito ao Artigo 6º do Acordo de Paris, que permite a criação de “mercados de carbono”. Ativistas e representantes de alguns setores temem que a compra e venda de créditos não se traduza em cortes reais nas emissões ou esconda cálculos inflacionados. Portanto, pediram a abolição dessa norma. Pelo contrário, o Brasil e outros estados com grandes florestas querem que seja mantida. Os conflitos já comprometeram o desfecho da COP25, realizada em Madri em 2019.

20. Captura e armazenamento de CO2

Antes de se espalhar para a atmosfera, o dióxido de carbono é capturado (ou sequestrado) na saída de uma grande fonte (como uma central elétrica ou planta industrial); eventualmente é transportado e armazenado em reservatórios artificiais ou naturais. O processo, por exemplo, muitas vezes comporta a injeção do gás no subsolo, onde fica preso. É um método para reduzir as concentrações e a poluição no ar.

21. Pegada ecológica

Também chamada de pegada de carbono. É uma medida que se refere à quantidade de CO2 emitida por uma empresa ou qualquer outro sujeito em um determinado período de tempo, através da sua produção ou através de suas ações e hábitos de vida (consumo de energia, meios de transporte…).

22. “Climate positive”

Expressão usada para definir todas aquelas atividades ou realidades que têm um impacto positivo do ponto de vista climático. Na prática, superam a meta do zero líquido: absorvem e removem mais CO2 da atmosfera do que geram.

23. “Escopo” 1, 2, 3

Os âmbitos delimitados pelo Protocolo Ghg para calcular a pegada ecológica de uma empresa (e para distinguir entre as fontes de emissão que podem ser diretamente controladas ou não).

O número 1 avalia as emissões diretas, como aquelas criadas pela queima de combustível ou processos industriais.

O 2 considera as emissões indiretas, associadas à eletricidade ou aquecimento.

O 3 se refere às emissões no começo e no final da cadeia de valor.

As primeiras incluem aquelas devidas a transporte, distribuição, deslocamento de funcionários, resíduos, produção de bens e serviços adquiridos. As segundas incluem aquelas relacionadas ao uso do produto da empresa, seu tratamento até o fim de vida ou aos investimentos.

24. Eco-imposto

Tipo de imposto cobrado pelas autoridades administrativas em nível central ou local sobre atividades prejudiciais ao meio ambiente. Indiretamente, incentiva os comportamentos virtuosos e leva as empresas ou os indivíduos a aumentarem sua sustentabilidade, penalizando aqueles que fazem escolhas com altas emissões (exemplos são o imposto sobre veículos altamente poluentes ou o “carbono tax”).

25. Finança para o clima e justiça climática

Na Cop15, realizada em Copenhague em 2009, ficou estabelecido que os países em desenvolvimento receberiam financiamento para o clima correspondentes a pelo menos US $ 100 bilhões por ano, a partir de 2020. Assim, as economias mais avançadas os ajudariam a reduzir as emissões e enfrentar os desastres naturais cada vez mais frequentes. Mas a promessa não foi cumprida: em 2019 os fundos concedidos pararam em 80 bilhões de dólares. É por isso que o clima é uma questão de justiça social. As populações mais ameaçadas pelos efeitos das mudanças climáticas são frequentemente aquelas mais pobres e menos responsáveis pelo aquecimento global.

26. “Greenwashing”

Termo que indica as iniciativas adotadas por empresas e especialistas em marketing para chamar a atenção para seus alardeados planos de sustentabilidade, que consistem apenas em medidas de fachada e não incidem (aliás, tendem muitas vezes a ocultar) sobre as práticas consolidadas mais prejudiciais ao meio ambiente.

Fonte: IHU – 03 Novembro 2021

 

Ventisei parole per capire Cop26 – di Anna Dichiarante – la Repubblica: 30 Ottobre 2021

Da ‘Accordo di Parigi’ a ‘Zero netto’, guida ragionata a sigle, numeri, termini del linguaggio scientifico che scandiranno i 13 giorni della conferenza sul clima di Glasgow e che saranno sulla bocca di tutti, ma di cui non tutti conoscono il significato esatto

A jovem indígena brasileira Txai Suruí, 24 anos, discursa na COP26, em Glasgow, no dia 1 de novembro de 2021Mancano poche ore all’inizio dei lavori della Cop26, la conferenza dell’Onu sui cambiamenti climatici che appare come un’ultima chiamata per la salvezza del pianeta. I potenti della Terra si riuniscono per aggiornare, ribadire o annunciare i propri impegni nella lotta contro il riscaldamento globale. Perché la crisi è già qui e può solo peggiorare. Ecco, allora, un glossario per capire i termini del dibattito e le agende presentate dai vari Stati: 26 parole, sigle ed espressioni che fanno parte del linguaggio scientifico e istituzionale, ma sono talvolta poco familiari per l’opinione pubblica. Conoscerle è il primo passo per vigilare sul rispetto delle promesse che verranno fatte.

1. Cop26

È la 26ª Conferenza delle parti (Conference Of Parties) che hanno aderito alla Convenzione quadro delle Nazioni Unite sui Cambiamenti climatici, trattato nel cui ambito è stato siglato l’Accordo di Parigi. Il vertice si terrà a Glasgow, in Scozia, dal 31 ottobre al 12 novembre prossimi: sono attesi circa 120 leader da tutto il mondo, con più di 25 mila delegati provenienti da 197 Paesi.

2. Accordo di Parigi

Trattato internazionale siglato tra 196 parti alla Cop21 di Parigi, nel dicembre 2015. Stabilisce gli obiettivi che gli Stati aderenti devono raggiungere per contenere gli effetti dei cambiamenti climatici: l’impegno principale è quello di mantenere il riscaldamento globale sotto la soglia dei 2 °C in più rispetto ai livelli preindustriali, ma s’incentiva a limitarlo a 1,5 °C. Per la prima volta, sia i Paesi in via di sviluppo sia le economie più avanzate hanno concordato di abbattere le emissioni di gas serra per controllare l’aumento delle temperature.

3. Unfccc

La Convenzione quadro delle Nazioni Unite sui Cambiamenti climatici (o Accordi di Rio) è un trattato internazionale prodotto dalla conferenza sull’Ambiente e sullo Sviluppo delle Nazioni Unite (o summit della Terra), tenutasi a Rio de Janeiro nel 1992; è stato firmato da 154 Stati con l’obiettivo di limitare le concentrazioni di gas serra e scongiurare le conseguenze più drammatiche del cambiamento climatico. Tuttavia, non si sono specificate nel concreto le misure da attuare. Un glossario “climatico” è consultabile sul sito web della Convenzione.

4. Protocollo di Kyoto

Il primo strumento pratico dell’Unfccc è stato il Protocollo di Kyoto del 1997: si sono fissati gli obiettivi di riduzione delle emissioni di gas serra per ciascun Paese sviluppato, prevedendo un taglio complessivo del 5% entro il 2012, mentre ai Paesi in via di sviluppo (Cina inclusa) si è permesso di aumentarle. Gli Usa hanno firmato il trattato, ma non l’hanno ratificato per l’opposizione del Congresso. Il Protocollo è entrato in vigore nel 2005: ormai obsoleto, è stato alla fine superato dall’Accordo di Parigi.

5. Ndc

I contributi determinati a livello nazionale (Nationally Determined Contributions) sono piani con cui i singoli Paesi stabiliscono gli obiettivi di riduzione delle emissioni, solitamente fissati al 2030, e le azioni per raggiungerli. Sono uno strumento previsto dall’Accordo di Parigi; qualora i risultati che gli Stati si prefiggono siano insufficienti a contenere l’aumento delle temperature, si ricorre a un meccanismo di salvaguardia: ogni cinque anni, le parti devono riaprire i negoziati e adeguare gli impegni.

6. Ipcc

Il Gruppo intergovernativo sui Cambiamenti climatici (Intergovernmental Panel on Climate Change) è un organismo nato nel 1988 per volontà dell’Onu e dell’Organizzazione meteorologica mondiale. Vi sono riuniti i principali scienziati del clima, che hanno prodotto cinque rapporti di valutazione su riscaldamento globale e crisi climatica. Il sesto sarà pubblicato nei prossimi mesi: la prima parte, presentata lo scorso agosto, delinea gli eventi estremi (talvolta irreversibili e senza precedenti) che il pianeta dovrà affrontare e le relative, gravi responsabilità degli esseri umani.

7. +1,5 °C

Ed è sui rapporti dell’Ipcc che si basano gli obiettivi cruciali fissati dall’Accordo di Parigi, ovvero mantenere il riscaldamento globale ben al di sotto dei 2 °C in più rispetto all’epoca preindustriale e attuare ogni sforzo per limitare l’aumento della temperatura a 1,5 °C. Il quarto rapporto del 2007 suggeriva che il mondo si sarebbe riscaldato di 1,8 °C, se si fossero prese alcune misure per tagliare le emissioni, e di 4 °C se non si fossero controllate queste ultime. La soglia dei 2 °C era considerata estrema: oltre, l’impatto dei cambiamenti climatici sarebbe catastrofico. Il rapporto del 2018, però, ha rilevato che le conseguenze sarebbero tragiche già con +1,5 °C.

8. Riscaldamento globale

L’aumento progressivo della temperatura media superficiale registrato a livello planetario. Si misura soprattutto in confronto all’epoca preindustriale, per capire come le attività umane incidano su tale processo e interagiscano con altri fattori. La causa principale del fenomeno, infatti, sono le emissioni di gas serra nell’atmosfera. Il fatto che la Terra si riscaldi provoca cambiamenti nel clima ed eventi meteorologici particolarmente intensi.

9. Cambiamento climatico

L’insieme di fenomeni che riguardano il clima a livello globale e che si materializzano sia in forma di eventi meteorologici estremi sia attraverso altri meccanismi fisici. Esempi? Innalzamento del livello medio dei mari, scioglimento dei ghiacciai, aumento delle temperature, maggiore frequenza e intensità delle precipitazioni, siccità persistenti e sempre più diffuse. Calamità da cui spesso dipendono anche carestie e impossibilità di accedere all’acqua potabile.

10. Adattamento

La resilienza richiesta agli esseri umani, oltre che ad animali e piante, per imparare a vivere con temperature più alte. Il pianeta si è già riscaldato di circa 1,2 °C rispetto ai livelli preindustriali, a ogni latitudine stiamo affrontando le conseguenze del cambiamento climatico. In futuro, anche se riuscissimo a ridurre parzialmente le emissioni inquinanti, dovremo comunque prepararci a eventi meteorologici ancora più estremi. Molti settori – dalle infrastrutture all’edilizia, fino all’agricoltura – dovranno adeguarsi e dotarsi di mezzi per affrontare inondazioni, caldo torrido, siccità.

11. Gas serra (Ghg)

La categoria dei gas atmosferici che contribuiscono al riscaldamento globale attraverso la loro capacità di generare l’effetto serra. Nell’elenco di quelli di cui occorre limitare le emissioni rientrano anidride carbonica (CO2), metano (CH4), protossido di azoto (N2O), idrofluorocarburi (HFC), perfluorocarburi (PFC) ed esafluoruro di zolfo (SF6).

12. Equivalente dell’anidride carbonica (CO2e)

L’unità di misura utilizzata per raggruppare e calcolare in maniera uniforme le emissioni di gas serra. In pratica, gli altri gas che contribuiscono al riscaldamento globale sono convertiti in anidride carbonica in base a questo loro potenziale effetto; si misura la quantità corrispondente di CO2 che provocherebbe lo stesso livello di riscaldamento.

13. Metano

È un gas serra ancora più potente dell’anidride carbonica: può intrappolare il calore in maniera 80 volte più efficace di quest’ultima. Mentre la CO2 rimane nell’atmosfera per circa un secolo dopo essere stata rilasciata, il metano resta per un paio di decenni e poi si degrada proprio in anidride carbonica. Le principali fonti sono le perdite generate da estrazione e lavorazione di combustibili fossili (come nel caso dei pozzi di petrolio), ma anche l’allevamento di animali e altre attività agricole.

14. Biomassa e fonti rinnovabili

La biomassa è la materia organica che proviene da piante e animali; può essere utilizzata per produrre energia pulita o biocarburanti. Le fonti rinnovabili, in generale, sono quei fattori presenti in natura senza limiti (Sole, vento, acqua) da cui si può ricavare energia a basso impatto ambientale (fotovoltaico, eolico, idroelettrico).

15. Mitigazione

Nell’ambito dell’Unfccc, s’intendono tutti quegli interventi realizzati per diminuire le fonti di gas serra o per potenziare gli strumenti in grado di assorbirli. Ad esempio: il consumo più razionale dei combustibili fossili nei processi industriali, il passaggio all’energia solare o eolica, il miglioramento dell’isolamento degli edifici, i piani per l’estensione della superficie forestale.

16. Zero netto

Uno degli obiettivi climatici che governi e imprese perseguono. Consiste nel ridurre il più possibile le emissioni di gas serra e nel compensare quelle residue non eliminabili (ad esempio, quelle prodotte da alcune industrie o settori come l’aviazione). Come? Proteggendo e potenziando gli strumenti di cattura e i siti di stoccaggio della CO2. Gli ambientalisti attaccano il concetto di “emissioni nette zero”, o di “carbon neutrality”, perché sarebbe un alibi per giustificare l’inquinamento che non si vuole abbattere.

17. Compensazione della CO2

Siccome l’anidride carbonica genera lo stesso impatto ambientale indipendentemente dalla fonte, si ritiene che assorbendone una certa quantità in un punto del pianeta si possa annullare l’effetto conseguente in un altro posto. Stati e aziende compensano in parte l’inquinamento atmosferico prodotto investendo in progetti mirati a ridurre le emissioni o a immagazzinare CO2. Quali? Conservazione delle foreste, piantumazione di alberi, transizione dai combustibili fossili alle energie rinnovabili, tecniche sostenibili di coltivazione. Per ciascun impegno mantenuto viene assegnato il corrispondente numero di “crediti di carbonio”. Una pratica controversa.

18. Crediti di carbonio

Possono essere guadagnati, appunto, attraverso la compensazione della CO2. Ogni credito, che dev’essere certificato da appositi organismi, rappresenta una riduzione delle emissioni equivalente a una tonnellata di anidride carbonica. Questi bonus possono anche essere acquistati da un’azienda o da un Paese per essere conteggiati nel proprio bilancio e per raggiungere gli obiettivi climatici. Di qui le critiche avanzate dagli ambientalisti: la misura aggrava la disparità tra ricchi e poveri.

19. Articolo 6

Un nodo da sciogliere è quello che riguarda l’articolo 6 dell’Accordo di Parigi, il quale ammette la creazione dei “mercati di carbonio”. Attivisti e rappresentanti di alcune parti temono che la compravendita di crediti non si traduca in tagli reali delle emissioni o nasconda calcoli gonfiati. Perciò hanno chiesto l’abolizione di questa norma. Al contrario, il Brasile e altri Stati con grandi foreste vogliono che sia mantenuta. I contrasti hanno già compromesso l’esito della Cop25, tenutasi a Madrid nel 2019.

20. Cattura e stoccaggio della CO2

Prima che si diffonda nell’atmosfera, l’anidride carbonica viene catturata (o sequestrata) all’uscita di una grande fonte (come una centrale elettrica o un impianto industriale); viene eventualmente trasportata e poi stoccata in serbatoi artificiali o naturali. Il processo, per esempio, comporta spesso l’iniezione del gas nelle profondità del sottosuolo, dove resta intrappolato. È un metodo per abbattere le concentrazioni e l’inquinamento nell’aria.

21. Impronta ecologica

Detta anche impronta di carbonio. È una misura che si riferisce alla quantità di CO2 emessa da un’azienda o da un qualsiasi altro soggetto in un determinato periodo di tempo, attraverso la propria produzione o attraverso le proprie azioni e abitudini di vita (consumo di energia, mezzi di trasporto…).

22. “Climate positive”

Locuzione con cui si definiscono tutte quelle attività o realtà che hanno un impatto positivo dal punto di vista climatico. In pratica, superano l’obiettivo dello zero netto: assorbono e rimuovono dall’atmosfera più CO2 di quanta ne generino.

23. “Scope” 1, 2, 3

Gli ambiti delineati dal Ghg Protocol per calcolare l’impronta ecologica di un’azienda (e distinguere tra fonti di emissione direttamente controllabili o meno).

. Il numero 1 valuta le emissioni dirette, come quelle create dalla combustione di carburante o dai processi industriali.
. Il 2 considera le emissioni indirette, associate a elettricità o riscaldamento.
. Il 3 si riferisce alle emissioni a monte e a valle della catena di valore. Le prime includono quelle dovute a trasporto, distribuzione, pendolarismo dei dipendenti, rifiuti, produzione di beni e servizi acquistati. Le seconde comprendono quelle legate all’uso del prodotto dell’azienda, al suo trattamento a fine vita o agli investimenti.

24. Ecotassa

Un tipo di tributo imposto dalle autorità amministrative a livello centrale o locale su attività dannose per l’ambiente. Incentiva in maniera indiretta i comportamenti virtuosi e spinge aziende o individui a incrementare la propria sostenibilità, penalizzando chi compia scelte ad alte emissioni (esempi sono la tassa sugli autoveicoli altamente inquinanti o la “carbon tax”).

25. Finanza per il clima e giustizia climatica

Alla Cop15, tenutasi a Copenaghen nel 2009, s’è stabilito che i Paesi in via di sviluppo ricevessero finanziamenti per il clima pari ad almeno 100 miliardi di dollari l’anno, a partire dal 2020. Così le economie più avanzate li avrebbero aiutati a ridurre le emissioni e a fronteggiare le calamità naturali sempre più frequenti. Ma la promessa non è stata mantenuta: nel 2019 i fondi elargiti si sono fermati a 80 miliardi di dollari. Ecco perché il clima è una questione di giustizia sociale. Le popolazioni maggiormente minacciate dagli effetti del cambiamento climatico sono spesso quelle più povere e meno responsabili del riscaldamento globale.

26. “Greenwashing”

Termine che indica le iniziative adottate da aziende ed esperti di marketing per attirare l’attenzione sui propri sbandierati piani di sostenibilità, i quali consistono solo in misure di facciata e non intaccano (anzi, spesso tendono a nascondere) le pratiche consolidate più dannose per l’ambiente.

Curso Bíblico Popular com José Luiz Gonzaga do Prado

O Padre José Luiz tem um convite para vocês.

Segunda -feira, dia 01 de novembro de 2021, iniciaremos um Curso Bíblico Popular.

Vamos estudar o Livro do Apocalipse.

Nosso encontro será às 19 horas, pela página, no Facebook, Curso Bíblico Popular.

Esperamos vocês com muita alegria e esperança.

Quem é José Luiz Gonzaga do Prado? Veja aqui, aqui e aqui.

Tempo histórico e tempo geológico

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos

Quando eu era menino pequeno lá na fazenda em que nasci em Minas Gerais e ia com minha família ao então povoado de Alagoas, hoje distrito, município de Patos de Minas, e ouvia essa frase na leitura do evangelho na missa que o Monsenhor celebrava, eu ficava imaginando um tempo muito, mas muito antigo, no começo do mundo.

Representação em formato de relógio mostrando algumas unidades geológicas e alguns eventos da história da Terra

Um tempo tão no começo de tudo que nunca poderia ser alcançado ou compreendido.

Saí pelo mundo, estudei, e a frase “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos” perdeu o mistério, pois aquele tempo ficou bem mais real, mais histórico, mas próximo.

Como leciono História de Israel há anos, o que parecia muito antigo ficou, mesmo para as dimensões da História, muito recente.

Mas será que todo mundo tem esta oportunidade?

Em tempos de fundamentalismo crescente esta pergunta faz sentido.

Mesmo quando a gente estuda História, às vezes faz bem olhar para a idade do planeta Terra e para a idade da espécie humana que nele habita.

Pois encontrei um site que explica o tempo geológico de maneira clara em texto, gráficos e vídeos.

Explico:

O tempo histórico faz referência ao surgimento das civilizações humanas e sua capacidade de comunicação escrita.

Já o tempo geológico refere-se ao processo de surgimento, formação e transformação do planeta Terra.

Visite

A idade da Terra em medidas que você consegue entender – Por Adriano Liziero – Geografia Visual: 5 de fevereiro de 2018.

Hoje é o aniversário de Carlos Mesters: 90 anos

Carlos Mesters, nosso biblista maior, está comemorando hoje 90 anos de vida. Parabéns, mestre.

Leia mais sobre Carlos Mesters no Observatório Bíblico. Carlos Mesters

Do post mais recente ao mais antigo:

:. Entrevista com Carlos Mesters – 27.05.2020

:. Carlos Mesters: na brisa leve um suave perfume – 24.09.2016

:. Carlos Mesters: Jeremias, um homem apaixonado – 08.04.2016

:. Mesters e Orofino no Congresso Continental de Teologia – 10.10.2012

:. Hoje é o aniversário de Carlos Mesters: 80 anos – 20.10.2011

:. Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo Mesters e Orofino – 03.09.2011

:. A homenagem de Marcelo Barros a Carlos Mesters – 13.08.2011

:. Carlos Mesters 80 anos – 07.07.2011

:. Mês da Bíblia 2010: Jonas, segundo Mesters e Orofino – 31.08.2010

:. O biblista Carlos Mesters está se recuperando – 27.08.2010

:. Entrevista com Carlos Mesters, fundador do CEBI – 13.07.2009

:. Mesters: Uma entrevista com o Apóstolo Paulo – 02.05.2009

:. Carlos Mesters fala sobre o Sínodo – 20.10.2008

:. Homenagem a Carlos Mesters – 24.09.2008

Sobre a leitura popular da Bíblia, leia:

:. Ler a Bíblia no Brasil hoje, artigo publicado na Ayrton’s Biblical Page, escrito em 1995 e atualizado em 2020

:. Leitura popular da Bíblia no Brasil, post publicado no Observatório Bíblico em 25.10.2007

Sobre Gn 3,1-24

A maçã do paraíso. Sobre Gn 3,1-24 – Por Johan Konings

Resumo

Diante da generalizada identificação do “pecado do paraíso” (e do pecado em geral) com o intercurso sexual (inclusive legítimo), convém uma leitura atenta de Gn 2–3 noEstudos Bíblicos - Dossiê: Gênesis a Apocalipse sem fundamentalismos. v. 35, n. 140, 2018. seu contexto canônico, isto é, em continuidade com a criação de homem e mulher como imagem e semelhança de Deus, conforme Gn 1 (prescindindo da diacronia da gênese literária). Uma leitura narrativa, mesmo sem análise aprofundada, evidencia que se trata do querer ser igual a Deus de um modo que não é o de Gn 1,27. A continuação da história do paraíso nas outras narrativas de Gn 1–11 confirma isso.

Recomendo a leitura deste excelente artigo.

Konings começa assim:

Se perguntássemos ao povo em geral o que foi o pecado de Adão e Eva, creio que boa parte responderia: o sexo. A maçã virou símbolo do desejo, não do desejo puro e angelical de ver a Deus, mas da concupiscência da “carne”. A expressão “fruto proibido” tornou-se sinônimo de intercurso sexual. A maçã mordida é usada como logotipo por motéis e marcas de computadores, para sugerir o desejo por excelência. Do ponto de vista humorístico, isso é até divertido, mas ao refletir um pouco mais sentimos com amargor que o ato mais fundamental e indispensável (pelo menos até pouco tempo atrás) para a subsistência do gênero humano é, sem mais, considerado como transgressão do mandamento de Deus – do mesmo Deus que ordenou: “Crescei e multiplicai-vos”. Sobretudo no momento atual, em que uma considerável parte da sociedade exime qualquer atividade sexual de qualquer culpa e, por outro lado, a própria moral católica reconhece a nobreza do ato sexual quando exercido no quadro da vocação matrimonial, não se pode permitir que continue pairando sobre o sexo um escuso sentimento de culpa, que só produz repressão e hipocrisia – ou seu antípoda, a libertinagem.

Pode-se ilustrar essa situação insana por exemplos da experiência pastoral. Na proximidade da Páscoa há ainda certo número de católicos que se sentem obrigados a fazer uma confissão pessoal – como “desobriga”. Vez por vez o confessor ouve: “Eu não tenho pecado, mas devo confessar para receber a hóstia”. Em tais casos, geralmente, faço uma pergunta sobre a ética social… Um dia perguntei a um “penitente sem pecado”, trajado de terno escuro e gravata, quanto ele pagava à empregada. O homem não respondeu, mas saiu furioso do confessionário.

Não pretendo aqui entrar em detalhes de moral sexual, pois os próprios moralistas estão pagando muitos pecados ao tentarem destrinchar esse assunto. A respeito da maçã, há outras interpretações que não a sexual – mas talvez menos populares. A opinião “sensata” é de que o pecado do paraíso foi a desobediência diante de Deus, e por causa dessa desobediência a humanidade sofre as consequências. A criação, que era tão boa (Gn 1!), torna-se um lugar de dor e sofrimento. A vida, que era para ser eterna, torna-se brevidade: “Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Sl 90,10). Tal interpretação é coerente com a doutrina clássica do pecado original, que se baseia no texto de Rm 5,12.19: “Como por um só homem o pecado entrou no mundo e, por meio do pecado, a morte […] Como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”.

Além dessa interpretação clássica, há outras, demais para serem examinadas uma por uma. Aponto apenas as principais. A maçã seria o símbolo do interdito que é necessário para que o ser humano reconheça seus limites e assim se torne sociável, suportável para seus semelhantes e para si mesmo, pois a ilusão da onipotência torna o homem insustentável, insuportável a si mesmo e aos outros. Na linha da antropologia cultural pode-se até dizer que a instituição da proibição ou interdito (o tabu) é a base da humanização. A exegese judaica identifica a árvore da vida no paraíso com a Torá, que dá vida, mas, como veremos, existe um problema pelo fato de se falar em duas árvores (Gn 3,6.22). Voltaremos, depois, a ver a relação entre a árvore da vida e a árvore da proibição.

Uma leitura “emancipacionista” da Bíblia vai mais longe ainda. A narrativa do paraíso significaria que, pela transgressão – comer da maçã –, os olhos do ser humano se abriram. As dificuldades da vida são o preço que ele paga pela emancipação de sua razão. A transgressão seria, assim, antes um bem do que um mal. É uma leitura “prometeica”, que merece ser levada em consideração.

Vamos agora ao texto (continua).

Johan Konings é Doutor em Teologia (Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica), Mestre em Teologia (Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica). Professor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), Belo Horizonte.

Fonte: Johan Konings. (2021). A maçã do paraíso. Sobre Gn 3,1-24. Estudos Bíblicos, 35(140), 440–450. Recuperado de https://revista.abib.org.br/EB/article/view/45

História da revista Estudos Bíblicos

Histórico da revista Estudos Bíblicos, de 1984 a 2020 – Por Ludovico Garmus

O artigo apresenta um histórico da revista Estudos Bíblicos, desde seu primeiro número, em 1984, até o número 143, em 2020.Estudos Bíblicos - Dossiê: Cuidar da vida v. 37 n. 143 (2021)

O período histórico analisado corresponde à fase em que a revista foi editada pela Editora Vozes, de Petrópolis, em forma impressa.

Situa-se na nova fase da revista, que passa a ser publicada online, sob a responsabilidade da ABIB.

O artigo começa pelas origens da Revista, a partir de um grupo ecumênico de exegetas, que se reunia nos inícios da década de 1980. Destaca o caráter ecumênico e pastoral que sempre pautou a publicação. Por algumas décadas a revista divulgou a produção literária de biblistas brasileiros e também estrangeiros, radicados no Brasil, sempre com foco na leitura popular da Bíblia.

Leia online ou faça o download gratuito em pdf.

Ludovico Garmus é Professor da Faculdade de Teologia do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis, Brasil. Diretor e editor da revista Estudos Bíblicos de 1984 a 2020.

Fonte: Garmus, L. (2021). Histórico da revista Estudos Bíblicos, de 1984 a 2020. Estudos Bíblicos, 37 (143), 5–11. https://doi.org/10.54260/eb.v37i143.2