Nascido Profeta: estudando Jeremias e homenageando Antoniazzi

Jim West diz em seu blog Biblical Theology que está começando a preparar um curso sobre Jeremias, no qual lerá todo o texto do livro do profeta com seus alunos. E diz também que Jeremias é seu preferido por ter a coragem de denunciar claramente o que está acontecendo, mesmo quando enfrenta terrível oposição:

It is, I confess, my favorite book of the Bible. I love Jeremiah’s directness and willingness to “tell it like it is” – even in the face of incredible opposition.

E avisa que, nos próximos meses, podemos esperar várias menções de Jeremias em seu biblioblog.

 

Pois é. Jeremias é também o meu profeta preferido, pois admiro sua coragem e garra no combate aos opressores de sua época. Pois foi essa “paixão” que me levou, em 1992, a publicar pela Paulus (então Edições Paulinas) um livrinho de 143 páginas sobre Jr 1,4-19, o texto da vocação de Jeremias. Saiu com o título: Nascido Profeta: a vocação de Jeremias. Considero-o, dos poucos que escrevi, o melhor. Esgotou-se a edição em dois anos.

A apresentação do livro foi feita por meu amigo e, à época, coordenador do grupo Biblistas Mineiros, Alberto Antoniazzi. Agora, no dia de Natal, fez um ano que Alberto Antoniazzi: 17.06.1937 - 25.12.2004Antoniazzi nos deixou, depois de lutar meses contra um câncer. Lembrando-me de Jeremias, que lecionarei no próximo semestre como parte da disciplina Literatura Profética, lembrei-me, do mesmo modo, do persistente Antoniazzi, inteligência brilhante, intelectual de múltiplas qualidades e, ao mesmo tempo, pessoa extremamente gentil. Transcrevo abaixo a apresentação que fez de meu livro como uma forma de homenageá-lo.

Não se engane o leitor curioso, que abrir este livro. Não se trata, como o título poderia sugerir, apenas de um comentário ao relato da vocação de Jeremias, isto é, a poucos versículos iniciais do livro (Jr 1,4-19). Na realidade, este livro é uma análise de toda a existência do profeta Jeremias, à luz de sua vocação.
Também não é este livro, como a rica bibliografia e as notas numerosas ao pé das páginas podem sugerir, antes de tudo uma obra técnica, um trabalho acadêmico. Aqui a ciência bíblica, a “exegese”, é usada, sim, mas a serviço de uma leitura que restitui à palavra de Jeremias o seu caráter de palavra profética, palavra de Deus, palavra que o Senhor Javé pôs na boca do seu porta-voz, palavra extremamente atual. Talvez o leitor se surpreenda com a atualidade dessa leitura e se pergunte se o autor deste livro não tenha colocado o Brasil dos anos ’80 e ’90 na boca de Jeremias, tão atuais são as críticas do profeta à irresponsabilidade das elites dirigentes, à política exterior, ao abuso da religião, a tudo o que oculta a verdadeira face de Deus e ameaça destruir a esperança do povo.
Não se engane, enfim, o leitor com relação a Jeremias. Por muito tempo, ele teve, em nosso meio, a fama de “chorão”. As línguas latinas, inclusive o português, conhecem substantivos como “jeremiada” ou verbos como “jeremiar” para indicar a lamúria insistente e inoportuna, a lamentação vã e sem fim… Na realidade, o grande profeta – apesar de insistir muito mais na denúncia dos males que no anúncio de um futuro feliz – é, como ele diz, homem em cuja boca as palavras se tornam fogo (Jr 5,14). Esse fogo, que lembra o que Jesus queria acender sobre a terra (Lc 12,49), queima por dentro também o Autor deste livro e faz desta obra algo que tem, ao mesmo tempo, a claridade e o calor do fogo.
Alegra-me que esta obra, que reúne tão felizmente a competência científica e o ardor profético, tenha sido escrita por um brasileiro, que junta a anos de estudos em Roma, no Pontifício Instituto Bíblico, muito mais anos de vivência em nossa realidade. Temos assim não mais uma tradução de uma obra estrangeira, nascida em outro contexto, de boa ou ótima qualidade científica, como muitas publicadas por Edições Paulinas no campo bíblico. Temos algo que, com a mesma qualidade científica, fala mais diretamente a “corações e mentes” desta terra e deste povo.

Sobre Alberto Antoniazzi, recomendo alguns textos, como:

:. o artigo de Mauro Passos, Peregrino da esperança: Alberto Antoniazzi. Horizonte, Belo Horizonte, v. 3, n. 5, p. 53-66, 2o sem. 2004. Disponível online em pdf

:. o testemunho dos amigos em Padre Alberto Antoniazzi: Doação e AMOR à vida até o fim – Observatório da Evangelização – PUC Minas: 22.12.2015

:. a entrevista de Johan Konings em Observatório da Evangelização entrevista o teólogo biblista Johan Konings sobre Alberto Antoniazzi – Observatório da Evangelização – PUC Minas: 26.02.2016

A primavera interrompida. O projeto Vaticano II num impasse

Recebi hoje e-mail de Afonso M. L. Soares dizendo que acaba de sair em versão digital (e-book) o livro que reúne as principais conferências do recente Simpósio Internacional 40 anos do Concílio Vaticano II, ocorrido na PUC-SP, de 31 de outubro a 3 de novembro de 2005. O acesso ao texto é gratuito.

O livro digital de 117 páginas e 0’8 Mb, com data de 08.12.2005, em formato pdf – exige o Adobe Acrobat Reader ou outro leitor compatível -, com textos em português e espanhol, tem por título:

A primavera interrompida. O projeto Vaticano II num impasse
La primavera interrumpida: el Vaticano II en un impase

Divulgo aqui o sumário e a apresentação, convidando o visitante a ler os textos das conferências em

https://servicioskoinonia.org/LibrosDigitales/index.php

O Sumário é o seguinte:

Apresentação:
A primavera interrompida: O projeto do Vaticano II num impasse
Alberto da Silva MOREIRA, Afonso Maria Ligorio SOARES, Michael RAMMINGER

1. O Concílio Vaticano II no contexto da Igreja e do Mundo: uma perspectiva histórica
Riolando AZZI

2. El Concílio y su recepción en Europa
François HOUTART

3. El Concilio y su recepción en América Latina
José María VIGIL

4. Interpretando os sinais destes tempos agitados
Edênio VALLE

5. Sinais dos novos tempos – 40 anos depois do Vaticano II
José COMBLIN

6. Uma leitura da Gaudium et Spes na perspectiva de mulheres latino-americanas
Maria Cecília DOMEZI

7. Ecumenismo como construção de uma nova Ecumene
Edin Sued ABUMANSSUR

8. O legado do Concílio e os sinais do nosso tempo
Alberto da Silva MOREIRA

9. Discernimentos e propostas para uma agenda pós-conciliar das Igrejas
Paulo SUESS

10. Por uma Igreja conciliar – Agenda de trabalho para as Igrejas e a Teologia
Marcelo BARROS

11. Para além do Vaticano II: extraterrestres, «messianismo New Age» e religião
Afonso Maria Ligorio SOARES

Na Apresentação se lê:

Entre os dias 31 de outubro e 3 de novembro de 2005 aconteceu em São Paulo, no Teatro da Pontifícia Universidade Católica, o Simpósio Internacional 40 Anos do Concílio Vaticano II. Cerca de duzentas pessoas de muitas partes do Brasil e do mundo, entre teólogos, cientistas da religião, antropólogos, filósofos, jornalistas, economistas, membros de comunidades eclesiais e movimentos sociais, estudantes e professores da PUC estiveram ali reunidos para refletir e debater sobre o legado do Concílio Vaticano II e os horizontes que se desenham para os cristãos e a Igreja Católica nos próximos anos.

Este encontro surgiu da necessidade sempre maior de manter aberto o diálogo entre cristãos do Norte e do Sul e no interior da América Latina. Ele nasceu de uma parceria amiga e operosa entre o Instituto Franciscano de Antropologia, um órgão da Universidade São Francisco (Brangança Paulista), o Institut für Theologie und Politik (Münster, Alemanha) e o Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP. Pensado e programado originalmente para acontecer no Centro-Oeste do Brasil, como uma forma de contribuir com homens e mulheres desta região na tarefa de pensar sua prática e imaginar novos horizontes possíveis para sua ação, o simpósio teve que ser transferido, por injunções da Igreja local, para a cidade de São Paulo. Abrigado na PUC, o evento foi aberto pelo Cardeal de São Paulo, D. Cláudio Hummes e coincidiu com a reunião anual dos professores de teologia e cultura religiosa do Brasil (ABESC). Durante o simpósio aconteceu ainda a cerimônia festiva de entrega do título de Doutor Honoris Causa por parte da Pontifícia Universidade Católica a D. Paulo Evaristo Arns, Cardeal emérito de São Paulo.

A preocupação maior que nos moveu, ao organizar as conferências, debates e mesas temáticas, foi passar de uma possível nostalgia dos “bons tempos do Concílio” para uma análise crítica dos problemas e desafios atuais e realizar uma avaliação realista dos caminhos que a Igreja precisa percorrer no futuro próximo, se quiser permanecer fiel ao espírito do Vaticano II.

Dessa forma, o programa do simpósio tratou de três momentos temáticos: 1) O Concílio e seu contexto, 2) as múltiplas recepções do Concílio, 3) 40 anos depois: balanço e perspectivas para o futuro. Grande parte das reflexões e contribuições teóricas aportadas no evento estão reunidas nesta publicação, tornada possível graças ao apoio dos Serviços Koinonía e de José Maria Vigil. Muitas outras idéias e conclusões vieram à baila, muitas outras análises foram feitas, mas não puderam infelizmente compor este volume, quase sempre por motivos técnicos. Os textos aqui reunidos representam, no entanto, uma parte substancial do esforço de intelecção da herança do Concílio e dos sinais, eclesiais e globais, dos tempos que estamos vivendo.

Houve uma percepção bastante generalizada entre os conferencistas de estarmos numa encruzilhada histórica. A primavera trazida pelo Concílio foi-se esfriando aos poucos e enfrentamos hoje os rigores de um inverno na Igreja. Os sinais desse congelamento são visíveis e evidentes também na América Latina. Mas os participantes também constataram que as sementes do Concílio foram fortes e fecundas; muitas já se tornaram frutos maduros e produziram outras sementes, algumas infelizmente foram sufocadas e não tiveram chances de crescer, outras sementes esperam talvez o momento e o solo propício para ainda germinar.

Somos gratos porque a organização e a realização deste Simpósio foram coroadas de êxito. No entanto, alguns sintomas preocupantes não nos passaram despercebidos. Em primeiro lugar, a baixíssima presença da militância jovem no evento nos fez levantar algumas suspeitas: ou o Concílio é um grande desconhecido da recente geração católica, mais familiarizada com a agenda dos padres midiáticos e com os louvores dos grupos pentecostais, ou o Concílio, embora elogiado, é um evento irrelevante para essa faixa etária. Nesse caso, precisaríamos insistir mais junto às novas gerações sobre o marco representado pelo Vaticano II para toda a história recente do cristianismo.

Em segundo lugar, causou estranheza a aparente indiferença de alguns institutos de teologia da região metropolitana de São Paulo, que não enviaram participantes. A favor deles, é justo considerar que a mudança da sede do Simpósio para São Paulo obrigou a organização a literalmente correr contra o relógio e, portanto, as faculdades de teologia foram convidadas poucos meses antes do evento. Também é possível que tenha havido coincidência com eventos similares, ou com a data do feriado de Finados. Todavia, é sintomático que todos os institutos de Teologia e pastoral da Grande São Paulo tenham tido dificuldade em enviar ao menos uma pequena delegação de representantes. Estariam nossos institutos e faculdades de teologia mais preocupados com o cumprimento de currículos e obrigações impostas pelo Ministério da Educação do que com as grandes causas que moveram a teologia latino-americana nas últimas três décadas?

Em terceiro lugar, a trajetória do Simpósio deixou claro o perigo de certa mumificação do Concílio. Embora os documentos estejam aí para serem lidos, interpretados e mesmo superados, isso de nada adiantará se deixarmos esvair o espírito que animou toda a geração do Vaticano II. E é justamente esse espírito que não podemos perder. Ele sopra hoje em todos os grupos de excluídos da sociedade, em todas as parcerias que se mobilizam contra o modelo hegemônico de globalização mundial, em todos os encontros multiplicados a favor da paz, em todas as iniciativas que defendem a Criação e o direito à diferença.

A todas e todos que contribuíram para que o Simpósio se realizasse, sobretudo a Universidade São Francisco, a PUC de São Paulo, o Institut für Theologie und Politik, as entidades patrocinadoras Missionszentrale der Franziskaner e Adveniat, as diversas editoras católicas e as demais entidades que nos apoiaram, os funcionários das universidades, as secretárias e demais pessoas que trabalharam no evento, e a Koinonía, que agora publica seus resultados, gostaríamos de expressar nossa mais sincera gratidão.

Os Organizadores:
Alberto da Silva Moreira – IFAN/Universidade São Francisco
Michael Ramminger – ITP/Münster
Afonso Maria Ligorio Soares – Depto. Teologia/PUC-SP

Professor Owen, Cornell University: publiquem inscrições arqueológicas roubadas

A notícia está no blog Biblical Theology de Jim West, sob o título

Biblical Archaeology Review – Publish Looted Antiquities!

Another major scholar, cuneiformist David I. Owen of Cornell University, has issued a clarion call for the publication of looted inscriptions, despite the fact that they were recovered by criminal looters rather than archaeologists. Writing in Science magazine, a publication of the American Association for the Advancement of Science, Owen states:”The rigid and uncompromising position of the archaeological establishment [against the publication of unprovenanced cuneiform inscriptions] only compounds the tragedy that the looting of archaeological sites in Iraq (and elsewhere) has presented. Not only have these precious records of the past been ripped from their original context, but now the archaeologists wish to suppress the very knowledge of their existence by banning their recording and publication…” (continua) [Obs.: link quebrado – blog descontinuado]

Biblaridion e Bryan’s Biblical Links

Acrescentados ao rol de biblioblogs do Observatório Bíblico, o Biblaridion, e na Ayrton’s Biblical Page, a página Bryan’s Biblical Links. Ambos de Bryan Cox, Plano, Texas, USA.

Veja também seu texto Ancient Writing [Escrita Antiga], onde você pode ler e ver imagens de como se escrevia à mão antigamente, antes da invenção da imprensa no século XV. Materiais de escrita, instrumentos, técnicas…

Obs.: página desaparecida – Observação feita em 21.02.2009, enquanto procuro links quebrados no blog…

 

Descoberta a cidade onde começou a revolta dos Macabeus?

Segundo o jornal israelense Haaretz, são boas as chances de ter sido descoberto o local onde ficava a antiga cidade de Modin, famosa, porque foi aí que o sacerdote Matatias, contrário à helenização da Palestina, começou a conhecida revolta dos Macabeus em 167 a.C. Leia o artigo.

 

The Hasmoneans Were Here – Maybe

In late 1995, not far from the city of Modi’in, whose construction had begun a short time earlier, several excavated burial caves were found. The find aroused tremendous excitement initially, mainly because on one of the ossuaries an engraved inscription was interpreted to read “Hasmonean.” Had they found a burial plot belonging to the family of the Hasmoneans?

When the discovery was announced, the archaeologist digging there, Shimon Riklin, explained that this was not the grave built by Simon the son of Mattathias the Priest for his father and his brothers, which is described in the Book of Maccabees I. The use of ossuraies – stone containers for secondary burial, in which the bones of the dead who had been removed from their original burial place were placed – began in the second half of the first century BCE, more than a century after the beginning of the Hasmonean Revolt. However, the discovery reinforced the theory that the town of Modi’in, where the revolt broke out in 167 BCE, lay not far from the burial caves, in the area of the present-day Arab village of Midya.

A short time later, the excitement died down. A thorough examination made it clear that the word “Hasmonean” was not engraved on the ossuary. The settlement from which the Hasmoneans embarked on the revolt against the Seleucid ruler Antiochus is still waiting to be discovered, as is the burial plot in which Mattathias and his sons were buried.

New candidates for an old city

In the decade that has passed, two prominent candidates have joined the steadily lengthening list of locations that have been proposed as the site of ancient Modi’in. The most recent is Khirbet Umm al-Umdan, a site revealed in salvage digs conducted in 2001 by Alexander Onn and Shlomit Wexler-Bdolah of the Israel Antiquities Authority (IAA) in the area of the city of Modi’in, on a hill north of the road that connects it with Latrun.

Wexler-Bdolah and Onn propose that the site be identified as ancient Modi’in, because in their opinion, it best suits the information in the sources about the settlement in which the Priest Mattathias lived. According to ancient sources, Modi’in was a rural settlement that lay between the lowlands and the hills, alongside the main road linking Lod with Jerusalem.

“In our opinion, the settlement that we have excavated in Umm al-Umdan is a Jewish village. There are houses there separated by alleyways. It is not a large, planned urban settlement, but neither is it a lone house,” says Wexler-Bdolah. “But the most important find is the synagogue we discovered in the village. The synagogue is one of the earliest ever built – it was constructed during the Hasmonean period, apparently toward the end of the second century BCE or at the beginning of the first century BCE, and it continued to be in use, with certain changes, until the Bar Kokhba Revolt [132 CE]. Next to it a mikveh [ritual bath] was built in the first century CE.”

The synagogue is evidence that, in spite of its relatively modest dimensions, the settlement that was discovered at Umm al-Umdan was an important one, says Wexler-Bdolah. Its location, adjacent to an internal Roman road that led from Lod to Jerusalem, and the series of communities surrounding it – Beit Horon, Kfar Ruth, Tel Hadid, Anaba, Lydda-Diospolis, Emmaus-Nicopolis and Timna – also accord with the description of Modi’in on the Madaba map, a mosaic map located in Jordan, on which Modi’in is called Modita. Moreover, the name of the site, Umm al-Umdan, stems, in the opinion of Wexler-Bdolah, from letters in the Hebrew name Modi’in, making it the most suitable candidate for identification with the ancient city.

However, this is only a suggestion, not a certain conclusion. “Because we didn’t find an inscription that specifically says that Modi’in was here, at the moment you could say that there is no better candidate for this role than Umm al-Umdan,” she explains.

Huge settlement in modern Modi’in

Dr. Shimon Gibson, who conducted the excavations on behalf of the IAA in the area of modern Modi’in in the mid-1990s, when the momentum of construction and development in the area began, actually believes that he has a more worthy candidate. That would be Titura Hill, an archaeological site in the heart of modern Modi’in. In his opinion, one day we will discover that Titura Hill is a site of national importance. At the second Modi’in Conference – a one-day seminar scheduled to take place in the city tomorrow – Wexler-Bdolah and Gibson will present their reasons for identifying each of the sites with the ancient settlement.

At the top of Titura Hill a Crusader fortress was built, but in the excavations Gibson conducted with Egon Lass, he found the remains of settlements from many periods. The most ancient settlement was established there during the Iron Age – in the eighth century BCE – and the hill was populated in later periods as well.

Because an inscription declaring the identity of the site was not discovered on Titura Hill either, we can only rely on circumstantial evidence. Among such evidence, Gibson includes the dimensions of the settlement exposed there. “On Titura Hill there was a real city, Umm al-Umdan is only a village. During the Hasmonean period there was a huge settlement on Titura Hill. This fact is of importance, because the Hasmoneans tended to construct monumental buildings, out of a desire to prove their greatness.”

Gibson, a fellow at the Albright Archaeological Institute, says that Titura Hill has another advantage in the competition: On a clear day you can see the sea from there. From Umm al-Umdan, as well as another site mentioned as possibly being Hasmonean Modi’in, this is not possible. This fact accords with the description in Maccabees I, chapter 13, about the burial plot built by Simon son of Mattathias for his family. According to the description, the burial structure was tall and impressive. It included seven small pyramids and large columns with attractive carving that the sailors could see as well. In other words, from the hill one could see the sea. According to a description written hundreds of years after the death of the Hasmoneans, the burial plot remained in place for a long time afterward. It is described in manuscripts from the Byzantine period, by historian Eusebius in the fourth century CE, and on the sixth-century Madaba map. Crusaders who came to the Land of Israel during the 12th and 13th centuries also reported seeing it. But about 400 years ago, the reports about the Hasmonean graves ended.

The search begins

The matter was pushed to the margins of awareness until the second part of the 19th century, when European archaeologists and scholars began to make an effort to locate the town of Modi’in and the graves. The first proposal was that of a French Franciscan monk, who believed that the name of the Arab village of Midya preserved the name Modi’in. Others considered Tel al-Ras, a hill with ancient ruins, not far from Midya, the site they were looking for. In about 1870, a French scholar proposed that the ancient structure near the gravesite of Sheikh al-Arabawi adjacent to Midya was the Hasmonean grave, but another Frenchman, Charles Clermont-Ganneau, rejected the suggestion. In the early 20th century, students from the Hebrew Gymnasia high school in Jerusalem were hiking in the area, and they came to a site called Kubur al-Yahud, Arabic for “the graves of the Jews.” The place is still called “the graves of the Maccabees,” even though it is clear that the structures there were constructed during the Byzantine period, long after Hasmonean times.

The location of the burial plot constructed by Simon the Hasmonean, and the town where the revolt began, have still not been identified with certainty. Wexler-Bdolah says Khirbet Umm al-Umdan is the site with the greatest likelihood of being ancient Modi’in, but she has doubts, too. Gibson believes that Titura Hill is ancient Modi’in. And he can explain why no traces have been found of the monumental construction of the burial plot or the public buildings on Titura Hill: The buildings were dismantled during a later period, and used to construct other structures, like the Crusader fortress on top of the hill.

Fonte: Ran Shapira – Haaretz: 26.12.2005

Jesus e o Evangelho: o que realmente aconteceu?

Começou no dia 21 de dezembro de 2005, quarta-feira passada, interessante debate entre Alan F. Segal, John S. Kloppenborg e Larry Hurtado sobre o Jesus histórico e o grau de historicidade das narrativas dos evangelhos.

Na forma de e-mails postados no site Slate Magazine, formando uma mesa-redonda, os três estão se perguntando: Jesus and the Gospel – What Really Happened? (Jesus e o Evangelho: o que realmente aconteceu?)

Quem são estes três especialistas?

Alan F. Segal é professor de Religião no Barnard College, Universidade de Colúmbia, USA, e ocupa a cadeira Ingeborg Rennert para o Estudo do Judaísmo. Autor de Life After Death: A History of the Afterlife in the Religions of the West, Rebecca’s Children e Paul the Convert.

John S. Kloppenborg é professor na Universidade de Toronto, Canadá, no Departamento para o Estudo da Religião. É autor de Excavating Q, The Formation of Q, co-autor da Critical Edition of Q, e o editor de Apocalypticism, Antisemitism and the Historical Jesus.


Larry Hurtado é professor de Língua, Literatura e Teologia do Novo Testamento na Universidade de Edimburgo, Escócia, e diretor do Centro para o Estudo das Origens Cristãs. Autor de How on Earth did Jesus Become a God?: Historical Questions about Earliest Devotion to Jesus e Lord Jesus Christ: Devotion to Jesus in Earliest Christianity.

Suas obras podem ser encontradas na Amazon.com.

Leia: Jesus and the Gospel – What Really Happened?

A batalha de Hamoukar e as âncoras do Mar Morto

Você acompanhou estas duas interessantes notícias de arqueologia?

Em Tell Hamoukar, na Síria, arqueólogos sírios e norte-americanos encontraram os restos de uma grande batalha que destruiu a cidade por volta de 3500 a.C.

 

A huge battle destroyed one of the world’s earliest cities at around 3500 B.C. and left behind, preserved in their places, artifacts from daily life in an urban settlement in upper Mesopotamia, according to a joint announcement from the University of Chicago and the Department of Antiquities in Syria. “The whole area of our most recent excavation was a war zone,” said Clemens Reichel, Research Associate at the Oriental Institute of the University of Chicago. Reichel, the American co-director of the Syrian-American Archaeological Expedition to Hamoukar, lead a team that spent October and November at the site. Salam al-Quntar of the Syrian Department of Antiquities and Cambridge University was Syrian co-director. Hamoukar is an ancient site in extreme northeastern Syria near the Iraqi border. The discovery provides the earliest evidence for large scale organized warfare in the Mesopotamian world, the team said (University of Chicago-Syrian team finds first evidence of warfare in ancient Mesopotamia).

E no Mar Morto, que está diminuindo drasticamente o nível de suas águas, duas âncoras, com a madeira bem preservada, acabaram descobertas. A mais antiga pode ser datada por volta de 500 a.C., e a outra é da época romana, por volta do século I d.C.

 

The first anchor, approximately 2,500 years old, was found where the Ein Gedi harbor was once located, and may have been used by the Jews of biblical Ein Gedi. The later anchor, some 2,000 years old, was constructed according to the best Roman technology and probably belonged to a large craft used by one of the rulers of Judea. As the sea recedes further, we may yet get to see the ship to which this anchor belonged. The 2000-year-old anchor, which originally weighed a massive 130 kg., is made from a Jujube tree and was reinforced with lead, iron and bronze. While the wooden parts are very well-preserved, its metal parts have disappeared almost entirely. Their traces have survived only in the crystals encasing the anchor. The design of the anchor is surprisingly modern: there are two flukes which were reinforced with a hook joint and a wooden plate fixed with wooden pegs, and a lead collar. The anchor also had a tripline, which was used to haul it out of the water. The ingenious earlier anchor, with some of its ropes still attached to it, is in an astonishing state of preservation. The oldest Dead Sea anchor known, it was made from the trunk of an acacia tree, with one of its branches sharpened to a point and originally reinforced with metal, to engage the seabed. Amazingly enough, most of the trunk is still covered in bark. The 12.5 meter-long ropes were made from date-palm fibers, each fashioned from three strands and lashed into grooves in the wood. Both anchors were weighted with a heavy stone lashed laterally (The Jerusalem Post).

CBQ de outubro: considerações sobre profetas e sacerdotes

Acabo de receber o número 4, de outubro de 2005, do volume 67 da CBQ – the Catholic Biblical Quarterly. O último do ano, e traz seis artigos:

Sara R. Johnson, Novelistic Elements in Esther: Persian or Hellenistic, Jewish or Greek?
Craig E. Morrison, The “Hour of Distress” in Targum Neofiti and the “Hour” in the Gospel of John
John Clabeaux, The Story of the Maltese Viper and Luke’s Apology for Paul
John Fotopoulos, Arguments Concerning Food Offered to Idols: Corinthian Quotations and Pauline Refutations in a Rhethorical Partitio (1 Corinthians 8:1-9)
Terrance Callan, The Syntax of 2 Peter 1:1-7
David J. Downs, “Early Catholicism” and Apocalypticism in the Pastoral Epistles.

Na seção Biblical News há um Report of the Sixty-eighth International Meeting of the Catholic Biblical Association of America, realizada de 6 a 9 de agosto de 2005, na Saint John’s University and Abbey, Collegeville, Minnesota. Entre outras coisas, chamou-me a atenção a prestação de contas de Linda Day, editora da revista, sobre a CBQ em 2004: 67 artigos foram recebidos pela revista, dos quais 21 foram aceitos, 28 recusados e 18 ainda estão sendo analisados. Em 2005 a revista publicou 208 resenhas de livros.

Das Resenhas, por enquanto, duas obras analisadas chamaram minha atenção. A primeira foi:

Lester L. GRABBE and Alice Ogden BELLIS (eds.), The Priests in the Prophets: The Portrayal of Priests, Prophets and Other Religious Specialists in the Latter Prophets, London: T & T Clark, 2005. Pp. xii + 230. Este volume traz 11 ensaios que foram apresentados no encontro da SBL de 2002, realizado em Toronto, ocasião em que o grupo dedicado ao tema “Textos Proféticos e seus Antigos Contextos” (Prophetic Texts and Their Ancient Contexts), discutiu o assunto do título.

Lester L. Grabbe, na “Introdução”, sintetizou as posições dos autores sobre o assunto debatido em 4 direções: 1. a natureza do antagonismo, sustentado por muitos especialistas, entre sacerdotes e profetas; 2. o lugar (ou função) do sacerdote nas sociedades israelita e judaíta; 3. a relação dos profetas com o culto; 4. a relação dos sacerdotes com adivinhos, profetas e intelectuais. A resenha foi feita por Dale Launderville, St. John’s University, Collegeville, MN, que no final recomenda a obra para as bibliotecas, talvez por seu preço abusivo!

Na página da editora T & T Clark, há a seguinte descrição da obra:

 

Since at least the 19th century Hebrew Bible scholarship has traditionally seen priests and prophets as natural opponents, with different social spheres and worldviews. In recent years several studies have started to question this perspective. The Priests in the Prophets examines how the priests are portrayed in the Latter Prophets and analyzes the relationship between priests and prophets. The contributors also provide insights into the place of priests, prophets, and some other religious
specialists in Israelite and Judean society in pre-exilic and post-exilic times.

Ou seja: estaria ocorrendo, nos últimos anos, uma mudança da postura, assumida pelos especialistas desde o século XIX, sobre a relação entre sacerdotes e profetas como oponentes naturais. Nos últimos anos, muitos estudos começaram a questionar esta perspectiva…

Li também duas outras resenhas sobre o livro e que foram publicadas pela Review of Biblical Literature.

A de Jacob L. Wright, da Universidade de Heidelberg, Alemanha, publicada em 09 de julho de 2005, que assim termina seu texto:

That the prophets’ criticism of the cult was directed at the incumbents of the priestly office, not the office itself, has been forcefully argued from a wide range of perspectives in this volume. After reading it, I am once again impressed by the need for more research on the place of the Jerusalem temple in the politics and economy of Judah during the Babylonian, Persian, and Hellenistic periods. This research is indeed indispensable to our ongoing attempt to appreciate the social and religious factors that motivated the prophets’ criticisms of the priests.

A de Henrietta L. Wiley, Denison University, Granville, OH, USA, publicada em 17 de dezembro de 2005 e que diz, ainda no começo de seu texto:

Most of the questions that these authors address pertain to the history of Israelite religious life. What were historical characteristics of the roles of priest and prophet? How did they interact? To what historical realities of cultic politics and public worship are the authors of the prophetic books responding? Some pieces address these issues as they relate to specific passages in prophetic literature, while others concern themselves with the role of prophets in general vis-à-vis the cult. Among those in the latter category, a number address the idea that there was bitter antagonism between priests and prophets. This notion has dominated Protestant scholarship for decades, if not centuries, with the claim that prophets of Yahweh preached a religion of ethics against priestly legalism and ritualism that sought not to serve Yahweh but to imitate the imitate Israel’s pagan neighbors. Several of the authors in this volume refute this claim quite nicely.

Bom, como gosto de estudar o profetismo bíblico, é algo que devo tomar como uma “provocação” a ser considerada. “Oponentes naturais” eu não diria, mas continuo a ver, em muitos profetas, uma crítica muito profunda ao modo como o sacerdócio era exercido em Betel, em Jerusalém e, talvez, em outros lugares…

Por outro lado, concordo com Jacob L. Wright, quando ele diz que é necessário aprofundarmos o conhecimento sobre a função do Templo de Jerusalém na política e na economia de Judá durante as épocas babilônica, persa e helenística. O conhecimento destes elementos é fundamental para que possamos avaliar os fatores sociais e religiosos que motivaram a crítica dos profetas aos sacerdotes.

A segunda resenha que me chamou a atenção foi:

Louise J. LAWRENCE and Mario I. AGUILAR (eds.), Anthropology and Biblical Studies: Avenues of Approach, Leiden: Deo, 2004. Pp. 324 $29.95 (resenha feita por John J. Pilch, Georgetown University, Washington, DC).

Isto tem a ver com minha proposta de leitura socioantropológica dos textos bíblicos. Mas o comentário desta obra fica para outra ocasião.