O Jesus Histórico na pesquisa recente, segundo James Dunn e colegas

Três livros com James D. G. Dunn, mundialmente famoso por sua obra sobre Paulo: dois livros dele e um editado por ele e Scot McKnight.

Este último é uma coletânea bem abrangente, com ensaios de P. S. Alexander, D. C. Allison, P. W. Barnett, M. J. Borg, R. Bultmann, H. J. Cadbury, P. M. Casey, G. B. Caird, B. Chilton, C. E. B. Cranfield, J. D. G. Dunn, R. A. Horsley, J. Jeremias, M. Kähler, W. G. Kümmel, E. E. Lemcio, A.-J. Levine, G. Luedemann, J. P. Meier, B. F. Meyer, R. Morgan, J. A. T. Robinson, E. P. Sanders, A. Schweitzer, K. R. Snodgrass, G. N. Stanton, P. Stuhlmacher, G. Theissen, N. T. Wright.

Um livro é de 2003 e dois são de 2005. Todos eles nos ajudam a compreender melhor quem foi Jesus de Nazaré. E situam o leitor na pluralidade das tendências da pesquisa atual sobre o Jesus Histórico.

 

Uma origem samaritana para as tradições do Hexateuco?

Publicado por Jim West em Biblical Theology: Mt Gerizim and the Samaritans [Obs.: link quebrado, blog não existe mais: 21.03.2008 – 11h32]

Dr Ingrid Hjelm, The Carsten Niebuhr Dep., Univ. of Copenhagen, has made available an essay on Mt Gerizim and the Samaritans which will be of interest to all those engaged in study of the “intertestamental period” as we used to call it many years back.

The conclusion of the essay follows:

Indications are strong in favour of understanding the Persian and Hellenistic periods as formative periods for most of biblical literature. Gerizim’s role must therefore be reconsidered. The proximity of Bethel to Shechem in Samaritan traditions and in the Masoretic and Samaritan Pentateuch must be re-evaluated… (continua)

Padre italiano vai ter que provar na justiça que Jesus existiu

É sério. Está no Times de Londres. Numa disputa entre um agrônomo aposentado ateu e o Pe. Enrico Righi, em Viterbo, ao norte de Roma, Itália, um juiz exigiu que o padre prove, perante a justiça, que Jesus existiu de fato… Veja:

The Times – January 03, 2006 Prove Christ exists, judge orders priestFrom Richard Owen in RomeAn italian judge has ordered a priest to appear in court this month to prove that Jesus Christ existed. The case against Father Enrico Righi has been brought in the town of Viterbo, north of Rome, by Luigi Cascioli, a retired agronomist who once studied for the priesthood but later became a militant atheist. Signor Cascioli, author of a book called The Fable of Christ, began legal proceedings against Father Righi three years ago after the priest denounced Signor Cascioli in the parish newsletter for questioning Christ’s historical existence. Yesterday Gaetano Mautone, a judge in Viterbo, set a preliminary hearing for the end of this month and ordered Father Righi to appear. The judge had earlier refused to take up the case, but was overruled last month by the Court of Appeal, which agreed that Signor Cascioli had a reasonable case for his accusation that Father Righi was “abusing popular credulity”. Signor Cascioli’s contention — echoed in numerous atheist books and internet sites — is that there was no reliable evidence that Jesus lived and died in 1st-century Palestine apart from the Gospel accounts, which Christians took on faith. There is therefore no basis for Christianity, he claims. Signor Cascioli’s one-man campaign came to a head at a court hearing last April when he lodged his accusations of “abuse of popular credulity” and “impersonation”, both offences under the Italian penal code. He argued that all claims for the existence of Jesus from sources other than the Bible stem from authors who lived “after the time of the hypothetical Jesus” and were therefore not reliable witnesses. Signor Cascioli maintains that early Christian writers confused Jesus with John of Gamala, an anti-Roman Jewish insurgent in 1st-century Palestine. Church authorities were therefore guilty of “substitution of persons”. The Roman historians Tacitus and Suetonius mention a “Christus” or “Chrestus”, but were writing “well after the life of the purported Jesus” and were relying on hearsay. Father Righi said there was overwhelming testimony to Christ’s existence in religious and secular texts. Millions had in any case believed in Christ as both man and Son of God for 2,000 years. “If Cascioli does not see the sun in the sky at midday, he cannot sue me because I see it and he does not,” Father Righi said. Signor Cascioli said that the Gospels themselves were full of inconsistencies and did not agree on the names of the 12 apostles. He said that he would withdraw his legal action if Father Righi came up with irrefutable proof of Christ’s existence by the end of the month. The Vatican has so far declined to comment.

Métodos de leitura dos textos bíblicos e o hábito da vigilância hermenêutica

A Introdução à S. Escritura compreende 2 horas semanais, no primeiro semestre de Teologia. Mais do que estudar o surgimento e o conteúdo dos vários livros bíblicos, a disciplina é voltada para a compreensão/apreensão de alguns métodos de leitura dos textos bíblicos. Esta opção se justifica, pois a introdução a cada um dos livros é feita a partir das disciplinas que abordam áreas específicas da Bíblia ao longo do curso de Teologia.

Um dos problemas típicos desta disciplina é a carga horária exígua que lhe é, em geral, atribuída. Até porque, ao tomar contato com a moderna metodologia de abordagem dos textos bíblicos, a desmontagem de noções ingênuas adquiridas na educação anterior e a dificuldade em abandonar certezas que beiram o fundamentalismo requerem tempo e paciência. Além disso, conseguir a convivência da criticidade que se vai progressivamente adquirindo em sala de aula com as necessidades pastorais dos envolvidos no processo de aprendizagem, exige a construção de uma linguagem hermenêutica adequada, outra questão espinhosa.

Por isso, uma tarefa que se impõe a quem se envereda por esse caminho, é a comparação e o confronto da teoria exegética crítica com as leituras cotidianas e costumeiras da Bíblia. Isto é feito pelos alunos, que coletam e analisam os dados necessários.

Costumo orientar este processo através de uma série de questões que são propostas para a análise de uma leitura bíblica feita no ambiente pastoral dos estudantes. De modo geral, peço que considerem três etapas:

  • descrever a leitura feita e sua interpretação e/ou aplicação
  • contextuar a leitura feita: ambiente, situação, tipo de público
  • analisar a leitura feita: sua interpretação e/ou aplicação naquele contexto específico

Na última etapa, a análise, utilizando categorias sugeridas por Carlos Mesters em seu livro Flor sem defesa – veja bibliografia abaixo -, podem ser considerados:

  • o texto bíblico lido e interpretado
  • o con-texto: a comunidade que lê o texto
  • o pré-texto: a sociedade na qual o leitor e/ou a comunidade vive

Do lado do texto, pode-se, por exemplo, perguntar:

  • A leitura foi adequada aos destinatários? Conferir o nível de compreensão, reação, receptividade, nível cultural x vocabulário usado, conhecimento religioso x linguagem teológica
  • A leitura foi coerente com o atual conhecimento científico (exegético) da Bíblia? Conferir a questão do contexto histórico, sentido do texto no conjunto do livro, objetivo do autor, recado dado pelo autor x recado atual…
  • Que modelo hermenêutico foi usado? Aplicação direta do texto, colagem, semelhança, comparação, diferença, contradição?

Do lado do contexto, se indaga:

  • Qual foi a função eclesial da leitura? Na comunidade em que foi feita, serviu a qual objetivo?
  • A leitura foi coerente com leituras e/ou práticas anteriores? Reforçou? Provocou? Instruiu? Exortou? Informou? Ou seja: qual foi a “intenção do discurso”?

Do lado do pré-texto, há questões possíveis, como:

  • Que visão de mundo, país, sociedade a leitura veiculou? Conferir o sub-texto, o não-dito, aquilo que é considerado natural
  • Qual foi a função social da leitura? Na sociedade, país, cidade e classe social em que foi feita: serviu a qual objetivo?

Se o leitor, finalmente, me pergunta sobre a possibilidade de se fazer tudo isso em um semestre com apenas duas aulas teóricas por semana, respondo que essa é a meta… O objetivo será mais ou menos alcançado se o interessado “mergulhar” na bibliografia indicada e tiver uma atitude de vigilância hermenêutica constante na leitura dos textos bíblicos! Atitude que deverá (deveria?) manter pelo resto da vida…

I. Ementa
A disciplina privilegia o nascimento e a estruturação dos vários métodos de leitura da Sagrada Escritura, especialmente os modernos métodos histórico-críticos, socioantropológicos e populares.

II. Objetivos
Possibilita ao aluno a visualização das diversas problemáticas envolvidas na abordagem dos textos bíblicos no contexto e no pensamento contemporâneos.

III. Conteúdo Programático

1. A leitura histórico-crítica

  • A crítica textual
  • A crítica literária
  • A crítica das formas
  • A história da redação
  • A história da tradição

2. A leitura socioantropológica

  • Por que uma leitura socioantropológica da Bíblia?
  • Origem e características do discurso sociológico
  • Origem e características do discurso antropológico
  • A Bíblia e a leitura socioantropológica
  • Algumas dificuldades da leitura socioantropológica

3. A leitura popular

  • Ler a vida com a ajuda da Bíblia
  • A opção pelos pobres
  • Da Bíblia à Sociedade: passagem para o Político

4. Oficina bíblica: leitura de textos selecionados

  • Mc 6,30-44: a primeira multiplicação dos pães
  • Lc 3,21-22: o batismo de Jesus
  • Mt 2,1-12: a visita dos magos
  • Jo 2,1-12: as bodas de Caná

 

IV. Bibliografia
Básica
BUSHELL, M. BibleWorks 6. Norfolk, VA: BibleWorks, 2003 (software para o estudo da Bíblia, com 93 versões da Bíblia em 29 línguas, incluindo o português, 12 textos nas línguas originais, 7 bancos de dados de morfologia bíblica, 6 léxicos e dicionários gregos, 4 léxicos e dicionários hebraicos, além de 18 outras ferramentas).

DA SILVA, A. J. Notas sobre alguns aspectos da leitura da Bíblia no Brasil hoje. REB, Petrópolis, v. 50, n. 197, p. 117-137, mar. 1990.

DE OLIVEIRA, E. M. et al. Métodos para ler a Bíblia. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 32, 1991.

DIAS DA SILVA, C. M. com a colaboração de especialistas, Metodologia de exegese bíblica. São Paulo: Paulinas, 2000.

EGGER, W. Metodologia do Novo Testamento: introdução aos métodos lingüísticos e histórico-críticos. São Paulo: Loyola, 1994.

MESTERS, C. Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

Complementar
DA SILVA, A. J. A visita dos magos: Mt 2,1-12.

DA SILVA, A. J. Leitura socioantropológica da Bíblia Hebraica.

DA SILVA, A. J. Leitura socioantropológica do Novo Testamento.

DA SILVA, A. J. O discurso socioantropológico: origem e desenvolvimento.

DA SILVA, A. J. Por que milagres? O caso da multiplicação dos pães. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 22, 1989, p. 43-53.

KONINGS, J. Sinopse dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da Fonte Q. São Paulo: Loyola, 2005.

PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA. A Interpretação da Bíblia na Igreja. São Paulo: Paulinas, 1994.

SIMIAN-YOFRE, H. (ed.) Metodologia do Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2000.

TREBOLLE BARRERA, J. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã: introdução à história da Bíblia. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

WEGNER, U. Exegese do Novo Testamento: manual de metodologia. 3. ed. São Leopoldo: Sinodal/Paulus, 2002.

ZENGER, E. et al. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2003.

História de Israel: das origens ao domínio romano da Palestina

Este curso de História de Israel compreende 4 horas semanais, com duração de um semestre, o primeiro dos oito semestres do curso de Teologia. Aos alunos são distribuídos um roteiro impresso do curso – não uma apostila! – e um CD com os roteiros de todos as minhas disciplinas do ano em curso. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas das Faculdades e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Discute com o aluno os elementos necessários para uma compreensão global e essencial da história econômica, política e social do povo israelita, como base para um aprofundamento maior da história teológica desse povo. Possibilita ao aluno uma reflexão séria sobre o processo histórico de Israel desde suas origens até o século I d.C.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica vétero-testamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático

1.Noções de geografia do Antigo Oriente Médio

  • O Crescente Fértil
  • A Mesopotâmia
  • A Palestina e o Egito de 3000 a 1700 A.C.
  • A Síria e a Fenícia
  • A Palestina

2. As origens de Israel

  • A teoria da conquista
  • A teoria da instalação pacífica
  • A teoria da revolta
  • A teoria da evolução pacífica e gradual

3. Os governos de Saul, Davi e Salomão

  • Nascimento e morte da monarquia a partir dos textos bíblicos
  • A ruptura do consenso
  • As fontes: seu peso, seu uso
  • Dois exemplos de fontes primárias: as estelas de Tel Dan e de Merneptah
  • A questão teórica: como nasce um Estado antigo?
  • As soluções de Lemche e Finkelstein & Silberman

4. O reino de Israel

  • A rebelião explode e divide Israel
  • Israel de Jeroboão I a Jeroboão II
  • A Assíria vem aí: para Israel é o fim
  • As conclusões de Finkelstein & Silberman

5. O reino de Judá

  • Os Reis de Judá
  • A reforma de Ezequias e a invasão de Senaquerib
  • A reforma de Josias e o Deuteronômio
  • Os últimos dias de Judá
  • Por que Judá caiu?

6. A época persa e as conquistas de Alexandre

  • A situação da Grécia e a política macedônia
  • As conquistas de Alexandre Magno (356-323 a.C.)
  • Quem é Alexandre Magno?
  • A anexação da Judeia por Alexandre
  • A situação da Judeia no momento da anexação

7. Os Ptolomeus governam a Palestina

  • Os Diádocos lutam pela herança de Alexandre
  • A situação da Palestina de 323 a 301 a.C.
  • As guerras sírias entre Ptolomeus e Selêucidas
  • Alexandria e os judeus
  • O governo dos Ptolomeus
  • A administração ptolomaica da Palestina

8. Os Selêucidas: a helenização da Palestina

  • O governo de Antíoco III, o Grande
  • Antíoco IV e a proibição do judaísmo
  • As causas da helenização

9. Os Macabeus I: a resistência

  • Matatias e o começo da revolta
  • A luta de Judas Macabeu (166-160 a.C.)
  • Jônatas, o primeiro Sumo Sacerdote Macabeu (160-143 a.C.)

10. Os Macabeus II: a independência

  • Simão consegue a independência da Judeia
  • João Hircano I e as divisões internas dos judeus
  • Aristóbulo I e a reaproximação com o helenismo
  • Alexandre Janeu, o primeiro rei macabeu
  • Salomé Alexandra e o poder dos fariseus
  • Aristóbulo II e a intervenção de Pompeu

11. O domínio romano

  • A “Pax Romana” chega a Jerusalém
  • O sistema socioeconômico da Palestina no século I d.C.
  • A organização político-religiosa da Palestina

IV. Bibliografia
Básica
DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. In: História de Israel e as pesquisas mais recentes. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 43-87.

DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos 2v. 3. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2004.

FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N. A. The Bible Unearthed: Archaeology’s New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts. New York: The Free Press, 2001 (paperback: 2002). Em português: A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa, 2003.

KIPPENBERG, H. G. Religião e formação de classes na antiga Judeia: estudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução social. São Paulo: Paulus, 1997. Resumo no Observatório Bíblico.

LIVERANI, M. Oltre la Bibbia: storia antica di Israele. 4. ed. Roma-Bari: Laterza, 2005 (em espanhol: Más allá de la Biblia: historia antigua de Israel. Barcelona: Editorial Crítica, 2005).

PEREGO, G. Atlas bíblico interdisciplinar. São Paulo: Paulus/Santuário, 2001.

PIXLEY, J. A história de Israel a partir dos pobres. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

Complementar
BRIEND, J. (org.) Israel e Judá: textos do Antigo Oriente Médio. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1997.

DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 71, p. 62-74, 2001.

DA SILVA, A. J. A história de Israel no debate atual. Artigo disponível na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. A história de Israel no debate atual. Cadernos de Teologia, Campinas, n. 9, p. 42-64, maio 2001.

DA SILVA, A. J. A origem dos antigos Estados israelitas. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 78, p. 18-31, 2003.

DA SILVA, A. J. O pentateuco e a história de Israel. In: Teologia na pós-modernidade. Abordagens epistemológica, sistemática e teórico-prática. São Paulo: Paulinas, 2003. p. 173-215.

DA SILVA. A. J. Os essênios: a racionalização da solidariedade. Artigo disponível na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. Pode uma ‘história de Israel’ ser escrita? Observando o debate atual sobre a história de Israel. Artigo disponível na Ayrton’s Biblical Page.

DA SILVA, A. J. The History of Israel in the Current Research. Journal of Biblical Studies 1:2, Apr.-Jun. 2001.

DAVIES, P. R. In Search of ‘Ancient Israel’. 2 ed. Sheffield: Sheffield Academic Press,1995 [reeditado pela T. & T. Clark: 2005]. Resenha disponível na Ayrton’s Biblical Page.

GALBIATI, E.; ALETTI, A. Atlas histórico da Bíblia e do Antigo Oriente: da pré-história à queda de Jerusalém no ano de 70 d.C. Petrópolis: Vozes, 1991.

GARCÍA MARTÍNEZ, F. Textos de Qumran: edição fiel e completa dos Documentos do Mar Morto. Petrópolis: Vozes, 1995.

GNUSE, R. K. No Other Gods: Emergent Monotheism in Israel. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997.

GRABBE, L. L. Judaism from Cyrus to Hadrian I. Persian and Greek Periods; II. Roman Period. Minneapolis: Fortress Press, 1992.

GRABBE, L. L. (ed.) Can a ‘History of Israel’ Be Written? Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997. Resenha disponível na Ayrton’s Biblical Page.

GRABBE, L. L. (ed.) Leading Captivity Captive: ‘The Exile’ as History and Ideology. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1998. Resenha disponível na Ayrton’s Biblical Page.

HORSLEY, R. A. Arqueologia, história e sociedade na Galileia: o contexto social de Jesus e dos Rabis. São Paulo: Paulus, 2000.

HORSLEY, R. A.; HANSON, J. S. Bandidos, profetas e messias: movimentos populares no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus, 1995.

JOSEFO, F. História dos Hebreus: obra completa. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1992.

LOWERY, R. H. Os reis reformadores: culto e sociedade no Judá do Primeiro Templo. São Paulo: Paulinas, 2004.

MAY, H. G. Oxford Bible Atlas. 3. ed. Oxford: Oxford University Press, 1990. CD-ROM: New Oxford Bible Maps Windows and New Oxford Bible Maps Macintosh, Oxford: Oxford University Press, 1990.

MAZAR, A. Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000 – 586 a. C. São Paulo: Paulinas, 2003.

NAKANOSE, S. Uma história para contar… a Páscoa de Josias: metodologia do Antigo Testamento a partir de 2Rs 22,1-23,30. São Paulo: Paulinas, 2000.

REICKE, B. História do tempo do Novo Testamento: o mundo bíblico de 500 a.C. até 100 d.C. São Paulo: Paulus, 1998.

ROAF, M. Mesopotâmia e o Antigo Médio Oriente. 2v. Madrid: Edições del Prado, 1996.

ROGERSON, J. Bíblia: Os caminhos de Deus. 2v. Madrid: Edições del Prado, 1996.

SCARDELAI, D. Movimentos messiânicos no tempo de Jesus: Jesus e outros messias. São Paulo: Paulus, 1998.

SHANKS, H. (org.) Para compreender os Manuscritos do Mar Morto. Rio de Janeiro: Imago, 1993.

VV.AA. Recenti tendenze nella ricostruzione della storia antica d’Israele. Roma: Accademia Nazionale dei Lincei, 2005.

O estudo da Escritura e a busca da competência hermenêutica

Estou, nestes dias, preparando meus programas de aula do primeiro semestre de 2006. Começo a publicá-los no Observatório Bíblico. A intenção é de que possam servir, para além de meus alunos, a outras pessoas que, eventualmente, queiram ter uma noção de como se estuda a Bíblia em determinadas Faculdades de Teologia. Ou, pelo menos, parte da Bíblia, porque posso expor apenas os programas das disciplinas que leciono. Tomo aqui como referência os currículos do CEARP e da FTCR.

Quatro elementos serão levados em conta, em uma leitura da Bíblia que eu chamaria de sócio-histórica-redacional:

  • contextos da época bíblica
  • produção dos textos bíblicos
  • contextos atuais
  • leitores atuais dos textos

O sentido da Escritura, segundo este modelo, não está nem no nível dos contextos da época bíblica e/ou dos contextos atuais, nem no nível dos textos bíblicos ou da vivência dos leitores, mas na articulação que se forma entre a relação dos textos bíblicos com os seus contextos, por um lado, e entre os leitores atuais e seus contextos.

Ou seja: “Da Escritura não se esperam fórmulas a ‘copiar’, ou técnicas a ‘aplicar’. O que ela pode nos oferecer é antes algo como orientações, modelos, tipos, diretivas, princípios, inspirações, enfim, elementos que nos permitam adquirir, por nós mesmos, uma ‘competência hermenêutica’, dando-nos a possibilidade de julgar por nós mesmos, ‘segundo o senso do Cristo’, ou ‘de acordo com o Espírito’, das situações novas e imprevistas com as quais somos continuamente confrontados. As Escrituras cristãs não nos oferecem um was, mas um wie: uma maneira, um estilo, um espírito. Tal comportamento hermenêutico se situa a igual distância tanto da metafísica do sentido (positivismo) quanto da pletora das significações (biscateação). Ele nos dá a chance de jogar a sério a círculo hermenêutico, pois que é somente neste e por este jogo que o sentido pode despertar” explica BOFF, C. Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 266-267).

As disciplinas de Bíblia no curso de graduação em Teologia podem, segundo este modelo, ser classificadas em três áreas:

1. Disciplinas Contextuais:

  • História de Israel (alternativa: História da época do Antigo Testamento e História da época do Novo Testamento)

2. Disciplinas Instrumentais:

  • Introdução à S. Escritura (alternativa: Métodos de leitura dos textos bíblicos)
  • Língua Hebraica Bíblica
  • Língua Grega Bíblica

3. Disciplinas Exegéticas:

  • Pentateuco
  • Literatura Profética
  • Literatura Deuteronomista
  • Literatura Sapiencial
  • Literatura Pós-Exílica
  • Literatura Sinótica e Atos
  • Literatura Paulina
  • Literatura Joanina
  • Apocalipse

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Destas disciplinas, leciono:

No primeiro semestre:

  • História de Israel (CEARP – Ribeirão Preto) e História da época do Antigo Testamento (FTCR PUC-Campinas): 4 hs/sem.
  • Introdução à S. Escritura (CEARP): 2 hs/sem.
  • Literatura Profética (CEARP/FTCR): 4 hs/sem.
  • Literatura Deuteronomista (CEARP): 2 hs/sem.

No segundo semestre:

  • Língua Hebraica Bíblica (FTCR): 2 hs/sem.
  • Pentateuco (CEARP/FTCR): 4 hs/sem.
  • Literatura Pós-Exílica (CEARP): 4 hs/sem. e (FTCR): 2 hs/sem.

Feliz Ano Novo!

Aam Saiid/Sana Saiida!
Akemashite Omedeto!
Bonne Année!
Buon Anno!
Ein Gutes Neues Jahr!
Felicxan Novan Jaron!
Felix Sit Annus Novus!
Feliz Ano Novo!
Feliz Año Nuevo!
Gelukkig Nieuwjaar!
Gelukkige Nuwejaar!
Godt nytår!
Happy New Year!
Kali Chronia!
Rogüerohory Año Nuévo-re!
S Novim Godom!
Shana Tova!
Xin Nien Kuai Le!

BILDI: Bibliografia sobre literatura bíblica

BILDI é uma sigla para Bibelwissenschaftliche Literaturdokumentation Innsbruck. Trata-se de um excelente banco de dados bibliográfico sobre literatura bíblica.

Do Departamento para Estudos Bíblicos e Teologia Fundamental da Faculdade de Teologia Católica da Universidade Leopold Franz de Innsbruck, Áustria. Em alemão e inglês.

Aviso aos navegantes: Internet pode viciar e se tornar problema psiquiátrico

O assunto não é da área de Bíblia, mas pode ser pertinente para qualquer blogueiro. Embora o caso seja norte-americano e, talvez, deva ser tratado de modo diferente no Brasil, onde a exclusão digital é o nosso maior problema. Mas os “incluídos” podem ficar atentos… Saiu na Folha Online – Informática, em 30.12.2005 – 10h42.

da Efe, em Nova York

Assim como alguns são dependentes de drogas, jogo e cigarro, outros são viciados em internet, fenômeno que especialistas americanos consideram um “problema psiquiátrico”. A doentia fixação pela rede foi diagnosticada como “distúrbio de adição à internet”, e estima-se que entre 6% a 10% dos aproximadamente 189 milhões de americanos usuários de computador padecem do mal. Também chamado e “internet-depenência” e “internet-compulsão”, esse vício é verificado através de um comportamento de uso da internet que afeta a vida normal, causando estresse severo e afetando o relacionamento familiar, social e profissional. Uma pessoa que passa horas do dia em frente ao computador navegando na internet, enviando mensagens eletrônicas, negociando ações ou jogando pode ser considerado doente e, por isso, precisa de ajuda, segundo especialistas. A psiquiatra Hilarie Cash, que atende em um centro de serviço especializado em vício em computador/internet da Universidade da Pensilvânia, verificou que um os principais sintomas do distúrbio a constante preocupação por “estar conectado”, assim como mentir sobre o tempo que passa navegando na rede e sobre o tipo de conteúdo visualizado. Outros sinais do vício são isolamento social, dor na coluna e aumento de peso. Segundo a pesquisadora Kimberly Young, especialista na área, “se o padrão de uso da internet interfere no cotidiano ou tem impacto nas relações profissionais, familiares e com amigos, há algum problema” (…) Segundo Hilarie Cash, os cyberadictos tendem a padecer de outros males psicológicos como depressão e ansiedade, ou a superestimar problemas familiares e conjugais. E, de acordo com pesquisas realizadas por psiquiatras especializados em internet-adição, mais de 50% dos viciados na rede também são dependentes de drogas, álcool, tabaco ou sexo. Outra corrente de especialistas, entretanto, afirma que não se pode colocar a internet no mesmo patamar que as drogas e o tabaco. “A internet é um meio de comunicação. Não é como a heroína, que gera isolamento e dependência’, ponderou a psicóloga Sherry Turkle, autora de “Vida na tela: identidade na Era da internet”…

Leia o original:

La adiccion a Internet se perfila como un “problema psiquiátrico”

Agencia EFE

Jueves, 29 de diciembre 2005

Así como algunos son adictos a las drogas, el juego o el tabaco, otros lo son a pasar horas pegados a Internet, un fenómeno que un creciente grupo de especialistas de Estados Unidos considera un “problema psiquiátrico”. La enfermiza afición a la red ha sido ya diagnosticada por ciertos expertos como Trastorno Adictivo a Internet (TAI), y se estima que entre el seis y el diez por ciento de los aproximadamente 189 millones de usuarios en EEUU lo padecen. También llamada “Internet-dependencia” e “Internet-compulsión”, esa adicción se detecta por comportamientos relacionados con la red que interfieren en la vida normal de una persona, causando estrés severo a su familia, amigos y trabajo. Una persona que pasa horas al día frente a la computadora navegando por Internet, enviando correos electrónicos, negociando acciones, chateando o jugando puede considerarse un “ciberadicto” y, por tanto, necesita ayuda. Así lo consideran especialistas como la psiquiatra Hilarie Cash, cuyo Servicio de Adicción a Internet y Ordenadores, en la Universidad de Pensilvania, es visitado por pacientes diagnosticados con el TAI. Cash ha identificado como síntomas del TAI la constante preocupación por “estar conectado”, así como mentir acerca del tiempo que se pasa navegando por Internet o sobre el tipo de contenido visto, además de aislamiento social, dolor de espalda y aumento de peso (…) Con todo, algunos psiquiatras son escépticos y señalan que el uso abusivo de Internet debe calificarse de adicción “legítima”, ya que no tiene los mismos efectos negativos en la familia o la salud que adicciones propiamente reconocidas, como el alcoholismo. “Internet es un medio de comunicación. No es como la heroína, que te aisla y te hace dependiente”, dice la psicóloga Sherry Turkle, autora del libro “La vida en pantalla: La construcción de la identidad en la era de Internet”, considerado una de las guías de quienes consideran que no hay nada de malo en la actual fiebre cibernética.

A campanha do faraó Shoshenq I na Palestina

Em setembro de 2004, o Professor de Estudos Bíblicos do Lithuania Christian College, Klaipeda, Lituânia, Kevin A. Wilson, publicou ensaio na revista online Bible and Interpretation sobre a tão debatida campanha do Faraó Shoshenq I (também grafado como Shishaq I) na Palestina no século X a.C. – supostamente após a morte de Salomão e a divisão de um “reino unido” em Israel e Judá – sob o título: The Campaign of Pharaoh Shoshenq I in Palestine. E, concluía assim seu texto:

“The beginning of this paper discussed the current debate over the dating of 10th century archaeological strata and the reliance on destruction levels left by Shoshenq. Although the current study does not decide the issue one way or the other, it does show that both sides are mistaken in searching for destruction layers left by the Egyptian campaign. As has been shown above, Shoshenq’s campaign was not as widespread as previously thought. Instead, it focused only on Jerusalem, and Jerusalem itself was not destroyed. This means that archaeologists will need to find another method for determining the date of 10th century strata. It also means that they will need to find other suspects for the destruction layers previously assigned to Shoshenq. This should not be difficult, however, since the 10th and early 9th centuries saw a great deal of fighting in Palestine, both between Judah and Israel, as well as between Israel and neighboring states. And, of course, the Israelites kingship changed hands several times through military coups during that period, so the causes of these destruction may have been internal. In any event, it is clear that the campaign of Shoshenq can play little role in the dating of 10th century archaeological strata”.

Agora, em 2005, acaba de sair pela editora Mohr Siebeck, de Tübingen, Alemanha, o seu livro sobre o assunto:

WILSON, Kevin A. The Campaign of Pharaoh Shoshenq I into Palestine. Tübingen: Mohr Siebeck, 2005, VIII + 159 p.

Assim a editora apresenta o livro:

The thesis of this book is that the campaign by Pharaoh Shoshenq I into Palestine in 926 B.C.E. was aimed solely at the kingdom of Judah with the purpose of supporting Jeroboam in his bid to rule Israel as a separate nation. The evidence for this campaign comes from the Hebrew Bible (1 Kgs 14:25-28; 2 Chr 12:1-12), a triumphal relief of Shoshenq at Karnak, and a fragment of a stele at Megiddo. Prior studies have attempted to reconstruct the route of the Egyptian army’s march through studies of the topographical list that accompanies the triumphal relief of Shoshenq. By contrast, Kevin Wilson examines several major examples of triumphal reliefs erected by pharaohs of the New Kingdom in order to understand the genre as a whole. After a survey of other Egyptian texts considered pertinent to the campaign, the rest of this study is devoted to an analysis of the biblical texts that record the attack. The data gleaned from these analyses are then used to reconstruct the aim and purpose of the campaign. The reconstruction offered suggests that Shoshenq made his attack as part of a concerted effort to bring disunity to the region through the support of Jeroboam, whom he had harbored as a political refugee from Solomon. This foreign policy led to Egypt’s position vis-a-vis the southern Levant being greatly improved. It removed a powerful kingdom that could have been a threat to Egypt, left the nations of Palestine fighting among themselves, and provided Shoshenq with a vassal state in the region.

Uma interessante discussão sobre a rota de Shoshenq I e as soluções oferecidas por Kevin A. Wilson começou na lista de discussão biblical-studies, com participações de Yigal Levin, Philip Davies, Niels Peter Lemche… apesar do clima de fim de ano… Confira o arquivo da lista a partir desta mensagem!