Finalmente, uma agencia de risco internacional atende aos clamores da mídia brasileira e endossa a ‘percepção’ de um país em ‘espiral descendente’. Não importam as flutuações estatísticas. A inflação em baixa, o investimento em alta, que deixaram zonzos os analistas da linearidade ortodoxa nas últimas horas, nada mereceu o destaque atribuído ao carimbo negativo com o qual a Standard & Poor’s revisou a ‘perspectiva da nota de longo prazo’ atribuída ao país. Atenção, a ‘perspectiva da nota de longo prazo’. O velho truque da profecia autorrealizável que os tambores locais engrossaram em repiques sôfregos. A manchete de ‘O Globo’, desta 5ª feira, em letras garrafais, no alto da página, saboreava o acepipe. Idem a do ‘Estadão’. Mas a fita métrica da credibilidade é crível? Que grau de confiança desfruta a própria Standard & Poor’s, aqui tratada como um Moisés a rugir seu 11º mandamento: ‘o Brasil fracassará’? Com a palavra, o economista Paul Krugman que, em agosto de 2011, atribuiu peso e medida à venerável instituição que acabara de rebaixar, também, a nota dos EUA. No entender de Krugman, na crise iniciada em 2008, a agência agiu com a mesma cara de pau do jovem que mata os pais e então implora clemência alegando ser órfão. ‘A S&P, desempenhou papel importantíssimo na precipitação dessa crise, concedendo notas AAA a ativos que desde então se transformaram em lixo tóxico’, fuzilou Krugman.
Leia: A Standard & Poor’s endossa a mídia, que retribui – Saul Leblon: Blog das Frases – Carta Maior 07/06/2013