Pesquisa bíblica e sensacionalismo não combinam

The Bible Project… etc… etc… Um projeto sério, mas do jeito que vem relatado, ora, é de doer!

Pesquisa bíblica, especialmente a árida crítica textual, e sensacionalismo midiático não combinam, como querem alguns jornalistas espertalhões que apostam no susto dos leitores…

Leiam:

Duzentos anos para reescrever a Bíblia, traduzido do italiano – Corriere della Sera, 26/08/2011: Duecento anni per riscrivere la Bibbia – e publicado hoje por IHU On-Line.

E Moisés disse: que o Altíssimo disperse o gênero humano “segundo o número dos filhos de Deus”. Disse precisamente isso no Deuteronômio. O número dos filhos de Deus. Ou seja, muitas divindades, não uma só. Um elemento de politeísmo. É isso que nos parecem contar hoje os Pergaminhos do Mar Morto, os manuscritos mais antigos da Bíblia. Mas não foi isso que nos transmitiram os massoretas, os escribas que, no final do primeiro milênio, releram, rediscutiram, corrigiram o Antigo Testamento. Entende-se: o politeísmo era um conceito incompatível, inaceitável, insustentável no canto de Moisés. E, então, zás: em vez de interpretar, de dar uma leitura teológica a essa passagem, melhor cortar, apagar com um pouco de monoteísmo. E recopiar de outro modo: “Segundo o número dos filhos de Israel”, 70 como as nações do mundo, tornou-se a versão que chegou até nos. Um retoquezinho: “E muitos mais foram feitos”, diz o biblista Rafael Zer, da Hebrew University de Jerusalém. “Para os crentes, a fonte da Bíblia é a profecia. E a sua sacralidade permanece intacta. Mas nós, estudiosos, não podemos ignorar uma coisa: que essas palavras foram confiadas aos seres humanos, ainda que por iniciativa e com o acordo de Deus. E, de passagem em passagem, houve erros e se multiplicaram…”.

E Mosè disse: l’Altissimo disperse il genere umano «secondo il numero dei figli di Dio». Disse proprio così, nel Deuteronomio. Il numero dei figli di Dio. Ovvero tante divinità, non una sola. Un elemento di politeismo. Questo sembrano raccontarci oggi i Rotoli del Mar Morto, i più antichi manoscritti della Bibbia. Ma questo non ci tramandarono i masoreti, gli scribi che verso la fine del primo Millennio rilessero, ridiscussero, corressero il Vecchio Testamento. Si capisce: il politeismo era un concetto incompatibile, inaccettabile, insostenibile nel canto di Mosè. E allora, zac: invece d’interpretare, di dare una lettura teologica a quel passaggio, meglio tagliare, sbianchettare con un po’ di monoteismo. E ricopiare in un altro modo: «Secondo il numero dei figli d’Israele», settanta come le nazioni del mondo, diventò la versione giunta fino a noi. Un ritocchino: «Come ne sono stati fatti parecchi – dice il biblista Rafael Zer della Hebrew University di Gerusalemme -. Per i credenti, la fonte della Bibbia è la profezia. E la sua sacralità rimane intatta. Ma noi studiosi non possiamo ignorare una cosa: che quelle parole sono state affidate agli esseri umani, sia pure su iniziativa e con l’accordo di Dio. E di passaggio in passaggio, gli errori ci sono stati e si sono moltiplicati…».

E por aí vai.

Ora, crítica textual da Bíblia é feita desde o século XVI, para dizer o mínimo…

Os estudiosos não estão penosamente corrigindo cabeludos erros e textos deliberadamente adulterados para “reescrever o Antigo Testamento”. Estão é fazendo crítica textual da Bíblia Hebraica que é, como dizemos em Minas Gerais, um “trem dificidimaissô”…

A reação crítica de biblistas ao sensacionalismo da mídia, no dia 12 passado, quando a notícia saiu em inglês pela AP, pode ser vista, por exemplo, em

Yet another journalist has hyped textual criticism in order to shock readers… (Evangelical Textual Criticism)

The fact is, the Hebrew University Bible project has been around for decades! They aren’t ‘seeking to correct mistakes’, they’re doing Hebrew Bible textual criticism of the sort that’s been carried out since the dawn of textual criticism in the 16th century (and before, to be fair). MSNBC’s sensationalizing headline, misleading at best and just simply ignorant dilettantism at worst, is absurd… (Zwinglius Redivivus)

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