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Segundo o Google Analytics, as 10 páginas da Ayrton’s Biblical Page mais visualizadas durante a semana [de domingo, 4 de julho, a domingo, 11 de julho de 2010] foram as seguintes:

1. A História de Israel no debate atual
2. Ayrton’s Biblical Page – Home
3. Grego Bíblico
4. Perguntas mais frequentes sobre o profeta Jeremias
5. História de Israel: Sumário
6. O discurso socioantropológico: origem e desenvolvimento – Durkheim propõe uma teoria do fato social
7. O discurso socioantropológico: origem e desenvolvimento – A sociologia compreensiva
8. O discurso socioantropológico: origem e desenvolvimento – O positivismo de Comte e Durkheim e a crítica marxista
9. Perguntas mais frequentes sobre o profeta Isaías
10. Artigos: Sumário

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Segundo o Google Analytics, os 10 posts do Observatório Bíblico mais visualizados durante a semana [de domingo, 4 de julho, a domingo, 11 de julho de 2010] foram os seguintes:

1. Mês da Bíblia 2010: o livro de Jonas
2. Dois estudos sobre o profeta Jeremias
3. Jesus morreu na sexta-feira, 7 de abril de 30, quando tinha cerca de 36 anos de idade
4. Bíblias em hebraico e grego, em Unicode, para download e leitura online
5. Livros para download em Servicios Koinonia
6. O livro de Isaías representa a pregação de um único profeta ou será uma coletânea de ditos proféticos de várias épocas?
7. Novidades para blogs: widgets e gadgets I
8. Texto grego do Novo Testamento e da Setenta em PDF
9. Usando Aplicativos Portáteis – Portable Apps
10. O estudo do livro do Eclesiastes é o desafio para o Mês da Bíblia de 2006

Descoberta, no Egito, a capital dos hicsos: Aváris

A notícia nem é tão recente assim, é do fim de junho. Mas fica o registro: a capital dos hicsos, Aváris, no Egito, do século XVII a.C., foi descoberta. Mapeada por radar, ainda está soterrada. Leia sobre a descoberta e veja fotos aqui, aqui, aqui e aqui.

Quem são os hicsos?

Maneton (Mánethôs) é um sacerdote egípcio de Heliópolis, ligado à política dos Ptolomeus, especificamente à introdução do culto de Serápis no Egito.

Os egípcios acreditam que o touro Ápis representa Osíris. A soma dos nomes Ápis e Osíris dá Osérapis, daí Serápis, para o qual se constroem os Serapeum. Mas Serápis é um deus que combina às suas características egípcias elementos tirados de deuses gregos como Zeus, Hades e Asclépios. Serápis é uma tentativa dos Ptolomeus de introdução de um deus comum a egípcios e gregos.

Maneton escreve a Aegyptiaca, em grego, na qual faz uma descrição da história passada do Egito, tornando-se, inclusive, o primeiro autor egípcio a fazer isso. Aí ele fala dos judeus. E fala mal. Ele é o primeiro escritor antissemita de uma série de escritores egípcios helenizados.

Seus textos sobre os judeus estão preservados no Contra Apionem de Flávio Josefo. Em Contra Apionem I, 73-91 Maneton fala da invasão do Egito pelos hicsos e aí dá a sua célebre etimologia de “hicsos” como “reis-pastores”, aliás, equivocada. “Hicsos” significa “chefes de povos estrangeiros”.

Os hicsos, pensávamos até recentemente, constituíam um conjunto de povos asiáticos, liderados por hurritas, que teriam invadido a Palestina e o Egito. No Egito eles se estabeleceram na região do delta, na capital Aváris, e governaram o Egito durante cerca de 100 anos (1670-1570 a.C. – observo, entretanto que estas datas podem variar em algumas dezenas de anos conforme a cronologia usada), constituindo as XV e XVI dinastias.

A arqueologia defende hoje que esta “invasão” parece ter sido muito mais uma ocupação cananeia gradual e pacífica do delta do que uma operação militar.

Mais sobre os hicsos? Veja aqui e aqui.

Caim, de Saramago, por Eduardo Hoornaert

Acabei de ler uma instigante resenha do romance Caim de Saramago.

Escrita por Eduardo Hoornaert, foi publicada pela REB 70, n. 278, abril de 2010, p. 515-516.

Esplendidamente escrito e demonstrando um domínio insuperável da língua portuguesa, o novo romance de José Saramago, prêmio nobel de literatura, intitulado Caim e recentemente editado pela Companhia das Letras (São Paulo, 2009), vem nos surpreender. Caim, irmão de Abel, é inimigo jurado de senhor deus. Condenado a viajar do futuro ao passado, das terras do amanhã às terras de ontem, sem nunca encontrar repouso, Caim vê por todo lado maus feitos de senhor deus: por que rejeitar as ofertas de Caim e aceitar as de Abel, se ambos agiram de boa vontade? Por que condenar com penas tão cruéis duas mulheres, Eva e a mulher de Lot, que agem por curiosidade, ou seja, por inteligência? Por que ordenar a Abraão matar seu próprio filho? Haverá ordem mais cruel e mais sem sentido? Por que lançar fogo e enxofre do céu sobre as crianças inocentes de Sodoma e Gomorra? Não são elas em maior número que as dez almas sem culpa que senhor deus exigiu para não exterminar as cidades e toda a planície? O que as crianças têm a ver com a perversidade de seus pais? Por que contemplar com benevolência, do alto do Sinai, a matança de três mil pessoas, só porque alguns dançaram em torno de uma imagem, no acampamento do povo no deserto, já que toda criação é feita à imagem e semelhança de deus? Por que vingar de forma tão cruel a matança de 17 soldados israelitas pelas forças de Madian, a ponto de ordenar o extermínio da cidade? E o que dizer das crueldades cometidas por Josué e seu exército na destruição total de Jericó, por ordem do senhor? A lista é interminável. Caim conclui: as ordens do senhor, além de incompreensíveis, são maldosas. O senhor deus só quer a derrota dos homens e Caim resolve combatê-lo de todas as forças. O romance termina dizendo que o senhor deus e sua criatura inconformada continuam discutindo pelos séculos afora: a única coisa que se sabe de ciência certa é que continuaram a discutir e que a discutir estão ainda (p. 172).

Que discussão é essa? Eis o que constitui o segredo do romance. O que se pode dizer que Saramago não tem a intenção de escandalizar seus (suas) leitores(as) com disparates levianos e incongruentes contra os textos bíblicos, mas pretende lutar contra uma apresentação banalizada da bíblia, que tira o sentido do texto, mas que infelizmente constitui a leitura comum nos dias em que vivemos. A estranheza que esse romance provoca em nós mostra que não conhecemos a bíblia, mas estamos presos(as) a uma apresentação da literatura bíblica feita durante séculos pelas igrejas, por meio de sermões e do catecismo. O(a) leitor(a) atento(a) descobrirá logo que Saramago não comenta textos bíblicos. O romance todo só tem uma citação (da carta aos hebreus, 11, 4) no pórtico de entrada. Pelo resto, Saramago não comenta a bíblia, ele se refere o tempo todo ao que se pode chamar de apresentação catequética da bíblia, ou seja, à ‘história sagrada’. Seu romance é uma crítica ácida e corrosiva da ‘história sagrada’ tal qual é intensamente difundida e universalmente conhecida, pois ela retira o conteúdo vivo das narrativas bíblicas e joga a carcaça morta ao povo, ou seja, um amontoado de histórias incompreensíveis e estranhas, como a história de um deus que resolve destruir a humanidade de vez (o dilúvio), manda fogo e enxofre sobre uma cidade onde, ao que parece, se pratica a homossexualidade (Sodoma e Gomorra), manda a um pai matar seu próprio filho (Abraão e Isaac), consente na matança de três mil pessoas que praticaram um rito religioso que não é de seu agrado (os israelitas no deserto) e se deleita nas crueldades cometidas pelos exércitos de Israel (tomada de Jericó por Josué).

A frase da página 88 conclui: a história do homem é a história de seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós nem nós o entendemos a ele. O homem inteligente não entende o deus do catecismo, apresentado como senhor de uma humanidade que aspira a permanecer pequena. Saramago declara-se ateísta desse senhor deus, ou seja, da imagem de um deus que se apresenta como senhor, com tudo que a imagem de um senhor evoca na mente das pessoas. ‘Eis o deus das igrejas, criação do pensamento e das intencionalidades das igrejas’, sussurra Saramago. O autor desmascara a manipulação catequética e sermonária das narrativas bíblicas. Toda a ironia de Saramago está na conjunção de duas palavras: deus senhor (ou senhor deus). O autor combate a ingenuidade com que as pessoas identificam a imagem de deus com a imagem de um senhor que manda, governa e faz o que quer, sem respeitar o interesse da pessoa humana que parece um joguete em suas mãos.

O romance de Saramago pode criar desconforto em leitores(as) acostumados(as) à apresentação de um deus senhor todo-poderoso. Pois a apresentação da história bíblica feita pelo autor é de caráter militante. Por trás do tom de leveza e humor que perpassa o texto existe a ânsia de alguém que percebe que a humanidade se deixa enganar. O alvo do romance é a fé do rebanho que se recusa a pensar com liberdade. Saramago gostaria que o ser humano fosse mais consciente de suas potencialidades e se libertasse do domínio de representações que secularmente explicam as sagradas escrituras como lhes convém. Ele desconstrói a maneira em que as narrativas bíblicas são apresentadas ao povo e, para tanto, transforma Caim em herói da liberdade humana.

Vale a pena ler Caim. É um livro que, além de proporcionar o prazer causado pelo um domínio perfeito da língua portuguesa, ajuda a pensar.

Resenhas na RBL: 08.07.2010

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Frederick William Danker
The Concise Greek-English Lexicon of the New Testament
Reviewed by Paul Elbert

Andreas Dettwiler and Daniel Marguerat, eds.
La source des paroles de Jésus (Q): Aux origines du christianisme
Reviewed by Daniel A. Smith

James R. Edwards
The Hebrew Gospel and the Development of the Synoptic Tradition
Reviewed by Timothy A. Friedrichsen

Patrick J. Hartin
Apollos: Paul’s Partner or Rival?
Reviewed by Raymond F. Collins

Susannah Heschel
The Aryan Jesus: Christian Theologians and the Bible in Nazi Germany
Reviewed by Bernard M. Levinson and Tina Sherman

Edmée Kingsmill
The Song of Songs and the Eros of God: A Study in Biblical Intertextuality
Reviewed by Ellen F. Davis

Elizabeth Struthers Malbon
Mark’s Jesus: Characterization as Narrative Christology
Reviewed by M. Eugene Boring

Samuel M. Ngewa
1 and 2 Timothy and Titus
Reviewed by Teresa Okure

Karl-Wilhelm Niebuhr and Robert W. Wall, eds.
The Catholic Epistles and Apostolic Tradition
Reviewed by John H. Elliott

Kirsten Nielsen, ed.
Receptions and Transformations of the Bible
Reviewed by Michael Labahn

>> Visite: Review of Biblical Literature Blog

O pluralismo religioso é a democratização do campo religioso

Uma entrevista interessante: Pluralismo religioso: entre a diversidade e a liberdade. Entrevista especial com Wagner Lopes Sanchez

Publicada por Notícias: IHU On-Line em 11/07/2010.

Wagner Lopes Sanchez é filósofo e historiador, com Mestrado e Doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Atualmente, é professor assistente-doutor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da mesma instituição. É membro da diretoria do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – CESEP.

Transcrevo as três primeiras questões:

IHU On-Line – Como podemos entender, em linhas gerais, o fenômeno do pluralismo religioso atual?
Wagner Lopes Sanchez – Nas sociedades ocidentais, o pluralismo é uma característica constante em diversas esferas. Com a liberdade de pensamento e de expressão, o pluralismo torna-se uma consequência fundamental. No caso do campo religioso, o pluralismo religioso é reflexo de dois fatores: existência da diversidade religiosa e reivindicação de liberdade religiosa. O pluralismo religioso é uma condição social própria de sociedades onde não há hegemonia religiosa ou onde a hegemonia religiosa tende a desaparecer. O pluralismo religioso é, na verdade, a democratização do campo religioso, em que todos os sujeitos religiosos são reconhecidos como legítimos em suas reivindicações, desde que respeitados os princípios éticos.

IHU On-Line – Em sociedades cada vez mais plurais, qual a importância do diálogo inter-religioso? Quais as condições e a “pauta” desse diálogo, em sua opinião?
Wagner Lopes Sanchez – Uma das exigências de sociedades democráticas é justamente a convivência dialogal entre as várias visões de mundo. Os diversos sujeitos, individuais ou coletivos, numa sociedade plural, são convidados constantemente a dialogar sobre as grandes questões que estão colocadas, e a reconhecer o direito à diferença como legítimo. Obviamente, isso se aplica também às religiões. De um lado, elas são convidadas a contribuir na solução dos grandes problemas humanos e, de outro lado, são convidadas a reconhecer a necessidade da convivência até mesmo como uma necessidade de sobrevivência. Por isso, em sociedades caracterizadas pelo pluralismo religioso, a questão do diálogo inter-religioso coloca-se como um imperativo e como um desafio. Essa exigência não é fundamental apenas para as próprias religiões, mas também para o conjunto da sociedade. Com o diálogo inter-religioso todos ganham: a sociedade em geral, aqueles que têm adesão religiosa e aqueles que não têm nenhuma referência religiosa. A inexistência do diálogo inter-religioso, em contrapartida, pode trazer problemas para as próprias religiões e para o conjunto da sociedade. Quanto à pauta, levanto quatro itens que, penso, são muito atuais: justiça, paz, defesa do meio ambiente e construção da tolerância.

IHU On-Line – Como o cristianismo se posiciona diante do pluralismo religioso e do diálogo inter-religioso? Dentro disso, quais os desafios e possibilidades que se colocam diante dele?
Wagner Lopes Sanchez – O cristianismo é um campo religioso muito heterogêneo, e, por isso, é muito difícil falar em posições unívocas. De qualquer forma, em linhas gerais, podemos identificar três grandes posições no interior desse campo. A primeira posição, que é conhecida como exclusivismo, afirma que o cristianismo é a única religião verdadeira e que, por isso, somente ele é o portador da salvação. As demais religiões não têm nenhum valor salvífico. A segunda posição é a inclusivista, que reconhece a importância das diversas religiões no plano da salvação, mas afirma que a possibilidade dessas religiões salvarem depende do cristianismo. Essa posição, na verdade, é uma tentativa de preservar a importância do cristianismo e, ao mesmo tempo, de reconhecer o valor das demais expressões religiosas. A terceira posição, denominada de pluralista, defende que todas as religiões são expressões humanas verdadeiras do desejo profundo de salvação e, em virtude disso, são legítimas. As posições inclusivista e pluralista são aquelas que favorecem o diálogo inter-religioso, pois colocam as religiões numa atitude de diálogo e de compreensão com as demais. A crescente diversidade religiosa tanto dentro como fora do próprio cristianismo está fazendo com que igrejas e movimentos cristãos assumam uma atitude de humildade diante dos diversos interlocutores religiosos. Num campo religioso cada vez mais marcado pela diversidade religiosa e pelo florescimento religioso, muitos segmentos do cristianismo estão sendo levados a reverem os seus posicionamentos diante das outras religiões.

Migração humana

A REB 70, fascículo 278, abril de 2010, tem como assunto principal Mobilidade Humana e Evangelização.

Os artigos:
Carmem Lussi – Mobilidade humana e evangelização. Contribuições a partir do contexto brasileiro
Alfredo José Gonçalves – Migrantes: profetas da esperança
Roberto Marinucci – Caminhos da Igreja junto a imigrantes e refugiados. Representações sociais e desafios pastorais
Caro Milva – Pastoral intercultural. Em prol dos jovens e dos jovens migrantes

Morte nos canaviais

Canaviais: ´’Alta tecnologia para a produção e, para o trabalhador, relações arcaicas e precárias’


Um cientista social e um estudante de psicologia trabalham juntos numa pesquisa que tem como principal objetivo conhecer o perfil dos trabalhadores que atuam no corte de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto, em São Paulo. Sob a orientação da professora Vera Navarro, do Departamento de Psicologia e Educação, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Riberão Preto (FFCLRP) da USP, Leandro Amorim Rosa, aluno do curso de Psicologia, e André Galiano, mestrando em Ciências Sociais, analisaram os critérios de contratação e as condições de trabalho nas plantações de cana-de-açúcar. A reportagem é de Rosemeire Soares Talamone, do Serviço de Comunicação Social da Coordenadoria do Campus de Ribeirão Preto, e publicada pela revista Sociologia, 08/07/2010.

Fonte: Notícias: IHU On-Line – 12/07/2010

Ecologia: consciência e responsabilidade

O tema central da REB 70, fascículo 277, de janeiro de 2010 é Ecologia: o cuidado pela vida.

Os artigos:
Juan Antonio Mejia Guerra – Dimensões da crise ecológica
Guillermo Kerber – Justiça climática
José Manuel F. Salinas – Pastoral ecológica. Recursos pedagógicos
Faustino Teixeira – O sentido místico da consciência planetária