Comemoramos 150 anos de leitura do cuneiforme

May 29 2007 is the 150th anniversary of the official acceptance of the decipherment of cuneiform, after the Royal Asiatic Society placed a test case before Edward Hincks, Jules Oppert, Henry Creswicke Rawlinson, and William Henry Fox Talbot.

Há 150 anos, no dia 29 de maio ou no dia 6 de junho (há controvérsias!) de 1857, foi aceito oficialmente a decifração da escrita cuneiforme. Portanto, comemoramos um importante aniversário.

Leia mais em:

Sobre a decifração da escrita cuneiforme – Observatório Bíblico: 11.01.2018

Cuneiforme – Observatório Bíblico: 18.10.2017

Cuneiform – Wikipedia

Os 4 segredos incríveis revelados ao se decifrar escrita cuneiforme de 5 mil anos – BBC News Brasil: 7 janeiro 2022

Free Classic Greek Software

Um software gratuito, que parece valer a pena fazer o download: Kalós.

O software, na versão 4.0.7, tem pouco mais de 28 MB. O endereço para contatos aponta para Atlanta, GA, USA. Há ajuda e tutorial sobre o funcionamento do programa no site. Acabei de ver a indicação na lista de discussão B-Greek, dada por Jonathan Robie, que é do ramo.

Diz o site Kalós:
Kalós is a free Classic Greek Dictionary, trilingual, with definitions in English, French and Spanish. It contains approximately 25,000 entries… Kalós also includes New Testament and koiné vocabulary, including biblical names, which makes it a very useful resource for religion and theology scholarsKalós includes morphological analysis, and produces beautiful tables and charts with the inflections of any word… The charts can be printed and exported to most popular document formats, including Microsoft Excel and Adobe .pdf… Kalós works on Windows 2000, XP, Vista, and on any version of Mac OS X. Date released: 12.01.2006.

Novo recurso para o estudo do hebraico bíblico

WALTKE, B. K.; O’CONNOR, M. Introdução à Sintaxe do Hebraico Bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, 850 p. – ISBN 9788576221418.

WALTKE, B. K.; O’CONNOR, M. P. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax. Winona Lake, IN: Eisenbrauns, [1990] 2004, xiv + 765 p. – ISBN 9780931464317.

 

Traduzida do inglês, esta é uma gramática intermediária da língua Hebraica Bíblica. Agradeço a indicação feita por Mauro Meister, que deixou um comentário sobre este valioso recurso em meu blog.

Meeting the need for a textbook for classroom use after first year Hebrew grammar, Waltke and O’Connor integrate the results of modern linguistic study of Hebrew and years of experience teaching the subject in this book. In addition to functioning as a teaching grammar, this work will also be widely used for reference and self-guided instruction in Hebrew beyond the first formal year.

 

O comentário de Mauro Meister é o seguinte:

“Prefaciar a obra de Waltke e O’Connor na sua tradução para a língua portuguesa é uma honra imensa. Quando a indiquei para tradução e os trabalhos foram iniciados, não tinha ideia de quanto tempo e esforço seriam necessários até que pudéssemos tê-la entregue ao estudioso da língua hebraica no Brasil. Não se trata da tradução de um livro simples, mas de uma obra, que além de volumosa, apresenta complexidade nas relações internas com vários índices fundamentais ao seu bom uso.

A necessidade desta obra específica em língua portuguesa é incontestável. Os estudos da língua hebraica no Brasil andam por lentos e tortuosos caminhos. Há poucas décadas havia, se não, as mais básicas gramáticas de hebraico disponíveis para nossos estudantes. Houve, naturalmente, um desenvolvimento na área, e nos últimos anos encontramos várias novas gramáticas publicadas em língua portuguesa, pelo que damos graças a Deus. Há menos de 10 anos que o primeiro dicionário Hebraico-Português de porte razoável tomou seu lugar nas bibliotecas de nossos estudantes. Estas obras, básicas para o ensino da língua hebraica, encontram, agora, o suporte de uma obra de grande peso, que tornou-se um manual de referência ao redor de todo o mundo, ainda que os próprios autores reconheçam o limite da mesma quanto às discussões de exceções e daí a necessidade de outras obras clássicas com Gesenius, Kautzsch e Cowley ou Jüon-Muraoka, que esperamos sejam um dia traduzidas para o português. Até então, nenhuma obra do porte de Waltke e O’Connor foi publicada em nosso vernáculo para o estudo do hebraico.

A introdução à sintaxe do hebraico bíblico é normalmente descrita como uma gramática intermediária. Para o estudante dedicado da língua, seu uso torna-se possível a partir do segundo ano de estudos e acrescenta informações fundamentais na construção da compreensão da língua. As qualidades didáticas da obra são inúmeras. Entre elas, destacamos o próprio uso da linguagem. Os autores se esmeram em explicar a terminologia usada, tanto no texto quanto nas notas de rodapé, permitindo ao estudante noviço uma leitura mais fácil. Encontram-se na obra mais de 3500 exemplos do uso específico relativo aos temas dos capítulos e seções. Além dos exemplos e suas traduções estarem no texto, as notas de rodapé apontam vários outros exemplos no texto na Bíblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) e também as discussões acadêmicas em artigos, livros e comentários são apontadas, abrindo o caminho para o estudo avançado de cada uma das questões apresentadas. As referências cruzadas são inúmeras, tanto nas notas quanto nos índices finais de Tópicos, Autores, Palavras Hebraicas e Citações das Escrituras. A inserção de uma bibliografia separada por tópicos aponta os caminhos para a pesquisa avançada.

Ainda que após a publicação do livro (1990) as pesquisas na língua hebraica tenham avançado, abrangendo o estudo de novas categorias linguísticas e metodologias, a obra de Waltke e O’Connor continua a ser reimpressa, por seu porte e valor inestimáveis. Essa é, sem sombra de dúvidas, uma obra que o estudioso do Hebraico Bíblico deve ter em sua biblioteca.”

Mauro

Em shevá contra shevá apenas um sobrevive

Você consegue pronunciar uma meia-vogal, uma semivogal? É algo assim como certas vogais pronunciadas em português de Portugal, que soam meio estranhas para ouvidos brasileiros, pois são muito rápidas ou, se preferir, curtas.

Pois em hebraico existe uma semivogal. Seu nome é shevá e consiste, na sua forma mais simples, de dois pontos colocados sob a consoante, como se fosse o nosso : Parece esquisito, mas o shevá serve para preencher o espaço vazio sob uma consoante desvocalizada (para quem já conhece, observo que a terminologia “vogal” aqui está sendo usada no lugar de “sinal massorético”). Este shevá simples tem um som rápido de “e” e aparece transliterado como um “e” sobrescrito.

Entretanto, no uso do shevá podem surgir muitos problemas. Considere a seguinte situação: em hebraico, uma sílaba é sempre composta por uma consoante e uma vogal (sílaba aberta, como em ba-na-na) ou por uma consoante, uma vogal e outra consoante (sílaba fechada, como em sol). E o que você faria se aparecessem dois shevás no início da palavra, um ao lado do outro – e aparecem – e você sabendo que uma sílaba não pode começar com duas consoantes sem vogal? O jeito é mudar pelo menos um shevá em vogal. Mas qual vogal ele tomaria emprestado? O hîreq qâton, que corresponde ao nosso “i“, como na palavra “fino”, e é representado em hebraico por um . debaixo da consoante.

Que tal ver isso em um filme? Pois é o que fez Chris Huff em sua página Designs by Chris. Veja The Shewa Fight.

Consulte também a Lev Software’s Animated AlefBet Page. Nesta página você verá, também em animação, como devem ser escritas as consoantes do hebraico.

E, se tiver vontade de aprender um pouco de hebraico, faça o download de meu curso para iniciantes, gratuito, aqui.

Electronic Text Corpus of Sumerian Literature

Stephen L. Cook no seu biblioblog Biblische Ausbildung mencionou ontem o Electronic Text Corpus of Sumerian Literature (ETCSL) no post Neat Link: Quality Sumerian Texts On-Line. A informação no site diz que

“The Electronic Text Corpus of Sumerian Literature (ETCSL), a project of the University of Oxford [Faculty of Oriental Studies] comprises a selection of nearly 400 literary compositions recorded on sources which come from ancient Mesopotamia and date to the late third and early second millennia BCE. The corpus contains Sumerian texts in transliteration, English prose translations and bibliographical information for each composition. The transliterations and the translations can be searched, browsed and read online using the tools of the website”.

Sobre a história do projeto, diz:
“Preparation of the corpus began at the University of Oxford in November 1997, supported by substantial funding from The Leverhulme Trust. The project team consisted of Dr Jeremy Black, Dr Graham Cunningham and Dr Gábor Zólyomi, with the continued collaboration of Dr Eleanor Robson. In 2001, the project secured a five-year grant from The Arts and Humanities Board. This generous grant made it possible to continue to expand and enhance the corpus, and also to take on board new project members. Funding for the ETCSL project came to an end in the summer of 2006. The project staff are now working on the Diachronic Corpus of Sumerian Literature”.

Sobre este último site, o Diachronic Corpus of Sumerian Literature, noticiei recentemente aqui.

The Hittite Grammar – La langue hittite – A língua hitita

Gramática Hitita, em francês (La langue hittite) e inglês (The Hittite Grammar), traz uma gramática hitita, textos hititas com transcrição e tradução, um léxico hitita e os principais paradigmas do hitita. Além disso, a página oferece um dicionário e um léxico de acádico, um léxico de sumério, bibliografia e links. A gramática hitita está disponível para download em formato PDF. Dos links para outras páginas sobre a língua, história e cultura hititas, recomendo especialmente a Hittite Home Page.

The Hittite Grammar site has the following projects: a Hittite grammar; Hittite texts with their transcriptions and translations; a Hittite lexicon; a short Sumerian lexicon; an Akkadian dictionary; a short Akkadian lexicon for use with the texts, and a summary table of the Hittite paradigms in a single page. There is a PDF version of the Hittite grammar to download.

Quantos idiomas deveria um biblista dominar?

Jim, I agree with you… Jim, defendo a mesma postura sua: um biblista precisa ter domínio das línguas bíblicas – hebraico, aramaico e grego, no mínimo, mais latim (porém, dependendo da área específica de estudos precisa de outras línguas antigas, como acádico, ugarítico, copta…) – e de algumas línguas modernas, especialmente inglês, francês, alemão e se possível também o italiano e o espanhol. Do contrário ficará extremamente limitado em suas possibilidades bibliográficas.

Por que digo isso? Porque Jim está engajado em uma discussão com Noah Tutak, do blog Two Tack’s Thoughts. Jim, por sua vez, argumenta no post Should Biblical Scholars Only Read English? que, para um norte-americano que lê apenas inglês, o caminho para o conhecimento bíblico permanece extremamente limitado. Ele defende, com razão, o conhecimento das línguas bíblicas e de algumas línguas modernas, as mesmas que cito acima. Ainda reclama, dizendo que, nesta área, os USA estão em franca decadência.

Mas, no contexto brasileiro, eu perguntaria: Poderia um biblista brasileiro ler somente português? Claro que não, pois seria um biblista extremamente limitado. Obras importantes demoram, às vezes, até 10 ou mais anos para serem traduzidas por aqui. E, em muitos casos, mal traduzidas. Como dizia o saudoso amigo Frei Rosário, da Serra da Piedade, Caeté, MG, para Benjamim, Emanuel e eu, enquanto tomávamos o seu vinho acompanhado de saborosos queijos: “Vocês exegetas têm a obrigação de ler qualquer obra em sua língua original, jamais leiam traduções”.

Contudo, é preciso reconhecer que, assim como um norte-americano tem uma certa ojeriza de outras línguas por ser o inglês o idioma atualmente dominante no mundo, um brasileiro costuma viver isolado de outros povos e tem enorme resistência em aprender outras línguas. E nem preciso mencionar a fraqueza de nossa estrutura escolar no ensino de línguas. Quem consegue aprender inglês numa escola pública? The book is on the table… Se estiver noutro lugar, já não dá para falar!

Felizmente os nossos biblistas costumam ter outra postura. A não ser no meio neopentecostal – onde conhecida algaravia acaba sendo confundida com “língua” e a razão perde, de longe, para a emoção – temos, pela própria condição de isolamento, que aprender as línguas dos principais povos produtores de pesquisa bíblica. Além disso, muitos de nós fazemos pós-graduação na Europa, onde o pluralismo linguístico é muito grande.

Meus professores europeus na pós-graduação de Bíblia não costumavam ler menos de 10 línguas. Muitos professores brasileiros de Bíblia que conheço alcançam esta média. E os que estão aquém? Deveriam seriamente pensar em ir além!