Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo o SAB

SAB Aproximai-vos da presença do Senhor (Ex 16,9): Mês da Bíblia 2011. São Paulo: Paulinas, 2011, 56 p.

Por Thiago José Barbosa de Oliveira Santos

O Serviço de Animação Bíblica (SAB) das Paulinas nos presenteia com o subsídio sobre o Êxodo, que neste ano de 2011 foi escolhido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para o Mês da Bíblia, propondo uma ligação entre o Livro do Êxodo e o estudo de Iniciação Cristã. Por isso, o SAB indica o estudo dos textos escolhidos do livro do Êxodo simultaneamente a passagens que tratam da mesma temática em o Novo Testamento, a fim de refletir sobre alguns assuntos de iniciação cristã, como os sacramentos ou a vivência em comunidade. O tema do Mês da Bíblia deste ano é a “Travessia: passo a passo, o caminho se faz”. O lema é “Aproximai-vos do Senhor Ex 16,9”, Os textos bíblicos escolhidos estão em Ex 15,22-18,27.

Este subsídio está dividido em quatro encontros e uma celebração final e tem como objetivo propor uma reflexão em grupos, tanto nas pastorais como por pessoas interessadas em acompanhar as atividades do Mês da Bíblia, podendo assim se aprofundar e vivenciá-lo. Além desse estudo, o subsídio do SAB traz também um mapa, elencando possíveis trajetórias do Êxodo.

O Livro do Êxodo nos indica, a cada momento, a ação libertadora de Deus em favor do seu povo e a certeza de sua presença constante. Estudá-lo é retornar às nossas origens, é reafirmar em nosso interior a fé num Deus que escuta o clamor do seu povo. A escolha dessas passagens está estrategicamente localizada. Nestes capítulos nos defrontamos com as dificuldades, as crises e as dúvidas do povo na longa marcha pelo deserto.

Um dos enigmas que enfrentamos é a respeito de quem redigiu esse texto. Há um consenso entre os estudiosos da área de que esses capítulos são frutos de uma longa história de redação, contando com a participação de vários redatores em contextos diferentes. É preciso chamar a atenção também para a grande ajuda da tradição judaica no processo de transmissão dos textos, pois os responsáveis por ela foram extremamente fiéis ao copiar os textos sagrados, passando-os de geração em geração sem alterar nada. Em suma, é fundamental conhecer o livro do Êxodo para entender toda a Bíblia. Encontramos nele o sentido do processo inicial da salvação, isto é, seu dinamismo e a confirmação da caminhada de fé, percorrendo etapa por etapa.

Como já mencionado, o subsídio está dividido em quatro encontros. No primeiro e segundo encontros nos deparamos com várias narrativas relacionadas à falta de água e de comida, motivo de desespero, bem como do deserto, lugar de solidão e vazio. O povo libertado do jugo do faraó inicia uma longa e sofrida caminhada, lembrando-nos que todo processo de libertação exige sacrifícios e também a superação das dificuldades que surgem no decorrer do caminho em direção à total libertação.

O texto narra as murmurações do povo pela falta de água e de comida. A murmuração provinha do não assumir a condição de povo livre. A saída de uma situação de opressão para a libertação representa sair rumo ao deserto, onde nunca se sabe o que realmente vai acontecer. Podemos encontrar lugar de descanso ou águas amargas; podemos enfrentar decepções e desilusões. Mas, ao mesmo tempo, aprendemos com as amarguras a buscar a Deus, a ouvir sua voz e obedecer os seus ensinamentos, a fim de nos encontrarmos com Ele. Por outro lado, com as águas doces que matam nossa sede e o alimento providencial, aprendemos os ensinamentos de Deus, a sua voz a nos dizer o que é certo ou errado.

No terceiro encontro é retomada a problemática da falta de água e a crise do povo, que não enxerga a saída do Egito como liberdade, mas sim como o caminho para a morte. Neste contexto estão a murmuração e a revolta do povo diante dos desafios do deserto.

Dessa experiência surge a oração de intercessão de Moisés. Intercessão esta que jorra das profundezas de sua intimidade com Deus e, ao mesmo tempo, se enraíza na vida do povo. Por outro lado, nos indica que a liberdade não depende do líder e nem do povo, mas totalmente do amor, da misericórdia e da fidelidade de Deus para com seu povo, sendo Moisés apenas um instrumento em sua mão.

O povo coloca Deus à prova com sua murmuração, porém, é justamente nesse momento que Deus lhe revela e concede a prova do seu amor incondicional: Ele pede a Moisés para bater na rocha a fim de fazer jorrar dela água para saciar a sede do povo. Esses elementos são retomados por Paulo em 1Cor 10,1-13. Nesse trecho, Paulo afirma que Cristo Jesus é a rocha que os acompanhava e da qual brotou água para saciar sua sede e, ao mesmo tempo, prefigura na travessia do mar o batismo cristão.

O quarto encontro aponta para o perigo da centralização do poder em Moisés, que é visto, sobretudo, como juiz do povo. Jetro, o sogro de Moisés, o leva a refletir sobre a necessidade de distribuir as tarefas na comunidade e reconsiderar o poder e a autoridade como um serviço em prol da comunidade. A narrativa da escolha de colaboradores, que partiu do sogro de Moisés, serve de exemplo para todos nós, pois de alguma forma exercemos influência na família, na sociedade, na Igreja, na política, na comunidade… É um apelo para sairmos do comodismo, de nossos interesses egoístas e dar lugar e vez aos outros. Em termos mais concretos significa abrir mão do poder, por menor que ele seja, em vista do bem das pessoas e da comunidade.

A celebração de encerramento louva a Deus por suas maravilhas em favor de seu povo.

Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo Valmor da Silva

DA SILVA, V. Deus ouve o clamor do povo: teologia do êxodo. São Paulo: Paulinas, [2004] 2010, 113 p. – ISBN 8535614435

Por Severino Germano da Silva

Há vários anos a Igreja dedica o mês de setembro para refletir sobre a Palavra Deus, já que este mês é dedicado à Bíblia. Este ano refletiremos o livro do Êxodo, mais especificamente os capítulos que se referem à travessia do mar dos juncos e a marcha no deserto.

Para nos ajudar na compreensão de tão importante texto e o que significa para nossa fé este episodio, nos apoiaremos na reflexão feita por Valmor da Silva no seu livro, de 11 capítulos, “Deus ouve o clamor do povo: Teologia do êxodo”, publicado pelas Paulinas.

Valmor da Silva nasceu em Santa Catarina na cidade de Laurentino, no dia 13 de novembro de 1951. Cursou Filosofia e Teologia em Ponta Grossa, PR, fez mestrado em exegese bíblica em Roma, e doutorou-se em Ciências da Religião na Universidade Metodista em São Paulo. Atualmente é Professor de Ciências da Religião na Universidade Católica de Goiás, em Goiânia, GO.

Valmor inicia seu livro nos explicando que, para compreendermos o que se passou a mais de três mil anos atrás, quando o povo de Deus saiu da terra do Egito, é preciso entender quem era este povo.

O autor começa definindo que êxodo é: saída, passagem, libertação, fuga, mudança de uma situação para outra. No caso do êxodo do Egito, é a saída de um grupo de escravos da opressão faraônica em direção à terra prometida.

Este evento se tornou modelo para vários momentos da história. E ficou na lembrança de tal modo que passou de geração em geração e se tornou profissão de fé daquela nação, conforme vemos em Dt 26,5-9.

A história de José do Egito, como nós a conhecemos, é a ponte que liga o Gênesis ao Êxodo. Contando a história de José, o autor bíblico quer fazer uma crítica ao modelo agrário imposto pelos faraós, ou seja, na política faraônica havia uma grande concentração de riqueza, justamente o oposto da forma tribal na qual viviam os israelitas. Este sistema imposto pelo Egito é chamado pelos estudiosos de modo de produção asiático.

Se faz necessário conhecer o Egito nesse período, que corresponde ao século XIII a.E.C. O Egito era governado neste período por um regime de dinastias e o Faraó da época era Ramsés II que fazia parte da XIX dinastia. A saída dos hebreus deste país pode ter acontecido neste período. Mas pode ter acontecido no período do sucessor de Ramsés II, Merneptá. Isso porque um documento chamado “estela de Merneptá”, gravado em pedra por volta de 1219 a.E.C. menciona um grupo chamado “Israel” presente em Canaã.

A forma de dominação dos egípcios em Canaã era a de cidades-Estados, ou seja, o território era dividido entre vários grupos e as famílias ricas que governavam estas cidades tinham autonomia, usando seu chefe o título de rei. Este sistema era frágil e sem muita segurança, o que facilitava a entrada de estrangeiros e povos marginalizados. Surge aí um novo grupo social, denominado hapiru. Os hapirus eram pessoas que viviam nas montanhas e perturbavam a paz nas cidades, saqueando-as e influenciando outras pessoas. Não constituíam um povo, mas, pelas lutas e atribulações que sofriam, faziam da sua vida uma luta revolucionária. Muitos historiadores asseguram que o termo bíblico hebreu tem sua raiz nos hapirus.

Mas uma pergunta intriga os estudiosos: o que foi o êxodo? Sabe-se que o evento aconteceu por volta do século XIII a.E.C. mas o que se questiona é como isso aconteceu. Com o surgimento de muitas guerras os reinos ficaram enfraquecidos e com o Egito não foi diferente. Com as quedas da vários reinos, surge um novo sistema político, recuperando a união tribal, a partir dos laços de sangue, ou seja, a família era a base desse novo sistema. A união desses vários grupos deu origem a um Estado, mas não governado por um rei. É provável que nessa época tenham surgido vários movimentos deste tipo, sendo o mais importante o de Moisés. “Os demais grupos assumiram a mesma história e comemoraram juntos como uma tradição tribal” (p. 24).

Como aconteceu a passagem do mar? O livro do Êxodo trás umas nuances interessantes. Primeiro diz que foi uma marcha popular dos filhos de Israel, mas não foi uma passagem milagrosa. Depois diz que pode ter sido uma perseguição por parte dos egípcios, ou ainda uma intervenção miraculosa por parte de Deus. Também não se descarta a possibilidade de ter havido um desentendimento no comando do exército do Faraó. Não é possível saber ao certo a história do êxodo, pois a narrativa bíblica não tem intenção de contar uma história, mas de transmitir um testemunho de fé.

Naturalmente a história de cada grupo contribuiu para que a liberdade acontecesse. Dentre eles se destaca o grupo de Moisés, que de acordo com a Bíblia, fugiu, ou foi expulso, ou ainda teve a permissão para sua saída do Egito. Isto talvez reflita experiências vividas por diferentes grupos em processo de libertação. O grupo do Sinai foi o que viveu a experiência do êxodo do deserto, que mais tarde se juntou ao grupo de Moisés. Há também o grupo abraâmico, assim chamado porque associado à Abraão. Possivelmente eram vários grupos seminômades, possuíam divindades familiares, nomeadas na Bíblia como o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó ou, ainda, o Deus dos pais. E havia os hapirus, que podem ser identificados com os camponeses oprimidos e revoltados das cidades-Estados de Canaã e de outros lugares… “Enfim, muitos êxodos estão na origem histórica de Israel. Vários grupos viveram a libertação. Muitas experiências animaram sua vida” (p. 29).

Mas, ainda no Egito, os hebreus, de acordo com a Bíblia, foram fecundos e se multiplicaram, tornando-se cada vez mais numerosos e poderosos. Em Ex 1,8-14 percebe-se um quadro com cores bastantes carregadas, para mostrar a opressão dos hebreus no Egito. Esse período pode ser o de Ramsés II, que não conheceu José, “mas não há nenhum traço, no texto bíblico, de sua identidade” (p. 32). Por medo de perder o poder, em virtude de o povo israelita ser numeroso e poderoso, constitui-se assim o trabalho escravo. Na verdade, um recrutamento forçado para trabalhos pesados que provocavam uma situação humilhante e um controle piramidal da população, típico da disciplina organizacional egípcia. Mas, diz o texto bíblico, uma situação interessante acontecia: quanto mais o povo era oprimido, mais crescia e se multiplicava, fato que fez o Faraó tomar medidas drásticas, como a matança de crianças do sexo masculino (Ex 1,15-22).

É digno de nota que as mulheres tiveram um papel fundamental dentro do processo de libertação: primeiro as parteiras, uma mãe astuciosa, uma irmã cúmplice, depois a filha do Faraó, que, com suas servas, apanharam o menino no Nilo. Mais tarde, no processo de libertação, a mulher de Moisés, Séfora. “O fato realça, sobretudo, a articulação das mulheres em todo o processo revolucionário da saída do Egito. Que Moisés, que nada! O êxodo é resultado da articulação de mulheres” (p. 35).

Entretanto, para compreendermos o êxodo precisamos olhar o grito de angústia e desespero dos oprimidos pelo sistema faraônico por três ângulos diferentes, pois este é um grito a três vozes:
. Primeiro, o Sacerdotal, escrito pelo sacerdotes no tempo do exilio da Babilônia, que quer recordar a presença de um Deus que se lembra da aliança, resgatando e libertando em vista do clamor dos pobres
. Segundo, o olhar Javista: para ele Deus conhece a aflição do povo e age para o libertar. Nesse caso, a opressão egípcia é trazida à memória para permitir uma crítica ao sistema salomônico, época deste escrito
. E terceiro, o olhar Eloísta, que tem como ponto de partida a missão de Moisés de libertar o povo da escravidão. Nota-se aqui uma evidente ligação com as narrativas de vocação profética.

A missão de Moisés, trilha caminhos de certo modo tortuosos, pois o líder tenta se livrar da missão com várias objeções:
. Primeiro não quer aceitar o chamado, fingindo humildade, respondendo ao Senhor: “Quem sou eu?” (Ex 3,11). Ora, quem poderia estar mais preparado do que Moisés, ele que morava com o Faraó até bem pouco tempo?
. Segundo, simulando falta de conhecimento, ele vai perguntar pelo nome de Deus (Ex 3,13). Tendo passado algum tempo pastoreando ovelhas na região, certamente já tinha ouvido falar do Deus daquela região…
. Outra objeção é o pretexto da falta de fé do povo que não acreditaria nele (Ex 4,1).
. Ainda outra objeção é dizer que não sabe falar direito (Ex 4,10).
. Mais uma objeção: o reconhecimento da falta de coragem (Ex 4,13)

Podemos dizer que é como nos sentimos quando estamos diante de uma grande missão. Às vezes nos colocamos como frágeis para justificar o nosso medo.

De acordo com o livro do Êxodo, foram várias as tentativas para tirar o povo do Egito: reuniu os anciãos, contou com a solidariedade, usou astúcia e conhecimento, dividiu as tarefas, fez articulação com as famílias, enfrentou o Faraó e por fim fez o que era mais importante, manteve sempre o diálogo com Deus.

O processo de libertação passa por muitos caminhos, desde a apresentação de Moisés e Aarão diante do Faraó, e a sua negativa quanto à saída do povo, até as chamadas “dez pragas” – na verdade apenas a morte dos primogênitos é chamada de “praga’, todas as outras são chamadas de “prodígios” ou “sinais”. E são prodígios porque têm a função de forçar a saída dos hebreus do Egito, que como citado acima, tem três diferentes versões. Os prodígios estão ligados a fenômenos naturais. Assim como as águas do Nilo com cor avermelhada, como se fosse de sangue, todas os outros sinais e prodígios estão ligados a fenômenos naturais.

As três tradições que relatam a saída dos hebreus são cercadas de símbolismos: “originalmente, deviam circular dois relatos, um Javista-Eloísta, de sete pragas, e outro Sacerdotal, de dez” (p. 65). Ora, sete indica totalidade e o número dez significa a realização plena da obra de Deus, refletida nas dez palavras ou dez mandamentos. Mas as “pragas do Egito” são um paradigma: valem como referência ou espelho, onde acontecimentos semelhantes na história do povo se refletem.

Outro símbolo é o número dos que saíram do Egito: “cerca de seiscentos mil homens” (Ex 12,37), número exagerado! Somadas as mulheres e crianças, vamos para milhões… Mas “mil”, na língua hebraica, pode simbolizar “chefe” ou “cabeça”. “Cálculos mais recentes, com base nas condições de vida e na densidade populacional da época, derrubam essa estatística para 50 ou 150 pessoas” (p. 66).

A partir de Ex, 15,22, terminadas as tradições da saída do Egito, começa a caminhada do povo no deserto, também chamada de tradição do deserto e do Sinai. Isto porque todos os acontecimentos giram em torno do Monte Sinai. Mas o interessante é que no processo de libertação do Egito não se faz menção nenhuma ao Sinai. O que fica claro é que o Deus do êxodo é um Deus que caminha com seu povo, enquanto o Deus do Sinai é mais distante. Pode se concluir que o texto foi composto por duas tradições diferentes no começo, e que foram agrupadas posteriormente.

Dada a importância dos acontecimentos do Êxodo, toda a Bíblia recorre a ele para nos situarmos dentro da história da salvação. No livro do Deuteronômio encontra-se o que os autores chamam de credo histórico, que está contextualizado na festa das primícias, no ambiente familiar, que relembra a páscoa dos hebreus, quando da sua saída do Egito (Dt 26,5-9; cf. também Dt 6,20-23). Também os profetas, os Salmos e a tradição sapiencial voltam ao Êxodo para admoestar e ensinar às pessoas de sua época.

O Novo Testamento, a exemplo do Antigo, também volta ao Êxodo para ensinar e anunciar a Boa Nova. Isto fica claro, por exemplo, no Evangelho de Mateus, que apresenta Jesus como o novo Moisés. Mas há mais: na Primeira Carta aos Coríntios, no Evangelho de João, em Hebreus, no Apocalipse…

Finalmente, Valmor, no capítulo 11, nos lembra que a comunidade cristã muitas vezes aplicou o tema do êxodo a diferentes situações de sua vivência, sendo a mais intensa a desenvolvida na América Latina pela Teologia da Libertação.

Podemos concluir que o livro do Êxodo nos ensina que a marcha no deserto, a travessia do mar dos juncos, os prodígios e sinais são para nós a presença de um Deus que jamais abandona o seu povo.

Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo a revista Concilium

VAN IERSEL, B.; WEILER, A. et al. Êxodo: paradigma sempre atual. Concilium, Petrópolis, n. 209, 1987, 144 p.

Por Sebastião de Magalhães Viana Junior

A Revista Internacional de Teologia “Concilium” foi fundada em 1965 pelos teólogos Congar, Hans Küng, Metz, Rahner e Schillebeeckx. Como era de se esperar, tendo seu início com os maiores teólogos europeus do século XX, aos poucos agrupou ao seu redor teólogos de renome do mundo inteiro. Este exemplar da Revista que está conosco traz três listas dos membros do comitê de direção e dos de consulta de Sagrada Escritura e História da Igreja. De fato, são nomes de peso, espalhados pelo mundo, cujo pensamento se reúne nos resultados das publicações. Elaborada por teólogos europeus, latino-americanos, asiáticos, americanos e africanos, e com publicação simultânea em 7 línguas (francês, inglês, italiano, alemão, holandês, espanhol e português), cada número da Revista sempre volta seu olhar e a direção de sua reflexão para algum tema específico e de interesse para os cristãos, ainda que muitos dos temas sejam polêmicos. Isso acontece porque a motivação para a fundação da Revista se encontra na vontade de manter vivo o “espírito do Concílio Vaticano II”, empenhado em abrir a Igreja Católica para o diálogo com o mundo. Quando um número traz um tema relevante e/ou polêmico, o pano de fundo para sua escolha é manter sempre aberto o diálogo da teologia com a sociedade.

Neste fascículo, que apresentaremos, há uma novidade: “é o primeiro elaborado após a decisão da comissão de direção de reunir num mesmo número a matéria de exegese e de história da Igreja” (p. 5). O que quiseram foi “tornar visível a eficiência da Sagrada Escritura na história que se segue após” (p. 5), ou seja, sem Escrituras a história desenvolvida a partir delas, cujos próprios fundamentos estão nelas, não faz sentido. Tratar do Êxodo desse ponto de vista não significa descartar a importância de sua análise teológica, adotando a atualidade de sua discussão como critério. Por evidenciar tão bem a liberdade, o Êxodo torna-se um “paradigma sempre atual”, “de eficácia perene”. Isso já oferece bastante material para nossa apresentação.

Os temas discutidos foram assim distribuídos: “após o editorial, Roland Murphy – desde o início e até há pouco tempo, um dos diretores da seção de exegese [lembrando que este número é de 1987] – faz uma breve análise sobre a relação entre a Sagrada Escritura e a História da Igreja. […] Do próprio tema se trata em quatro seções.

A primeira se restringe às Escrituras, mas já demonstra de algum modo como o acontecimento-êxodo se torna um paradigma. Rita Burns explica como, no Pentateuco, as experiências do Egito são tematizadas. Zenger chega à conclusão de que o tema do novo êxodo em Isaías – realizado no mesmo tempo das tradições mais recentes do Pentateuco – amplia essa temática. As reflexões sobre os dados bíblicos terminam com o artigo de Casey a respeito de como este tema é apresentado no Apocalipse de São João.

Na segunda seção tomamos conhecimento de desenvolvimentos ulteriores. Pinchas Lapide escreve sobre a tradição judaica pós-bíblica. John Newton analisa alguns textos programáticos de diferentes movimentos eclesiais que apelam para o êxodo-evento, enquanto Weiler faz pesquisas a respeito da experiência de comunidades semelhantes. A seção termina com uma contribuição esclarecedora de Kort sobre o romance de Leon Uris intitulado Exodus.

A terceira seção se dedica aos desenvolvimentos contemporâneos na própria teologia. Dussel expõe a teologia da libertação, Young a teologia negra e Bergant a teologia feminista. Dussel elabora um modelo estrutural do êxodo-paradigma, relevante também para as duas outras formas de teologia.

A quarta seção apresenta um caráter mais estimativo e hermenêutico. O sociólogo e teólogo Baum avalia a influência do êxodo-paradigma na política, o teólogo da libertação Severino Croatto esclarece os efeitos recíprocos do motivo do êxodo na história da libertação e das experiências nesta história sobre a interpretação daqueles trechos bíblicos. Tracy finalmente tenta uma avaliação teológica” (p. 5-6).

Pelo que pudemos perceber, grande parte da primeira seção não apresenta nada de novo. Com efeito, o terreno da exegese bíblica é bem movediço. Pisar nele é correr o risco de afundar e perder-se. Dizemos isso porque temos em mãos artigos escritos há mais de duas décadas, e, pelo modo como a pesquisa arqueológica tem avançado, reafirmar qualquer coisa sobre o Pentateuco (ou sobre qualquer outro livro bíblico) como verdade absoluta, sem considerar a possibilidade de amanhã ter de desfazer-se de tudo isso, é incorrer em erro grave com a ciência bíblica. O que até então se disse deve ser aceito até que não se diga algo mais bem fundamentado. Sendo assim, a primeira seção não nos interessa muito, já que pretendemos apresentar a atualidade sempre evidente do tema do Êxodo presente na narrativa bíblica. Claro que sua importância não deixa de existir, porque é a partir das Escrituras que é possível perceber o êxodo como paradigma.

As alusões ao Êxodo sempre são muito numerosas, desde os livros do Antigo Testamento até a História da Igreja, como vimos. Desde o início da tradição hebraica, o Êxodo tornou-se o grande ato salvífico de IHWH, através do qual Ele libertou Israel e o instituiu como povo. Muitos notaram que Israel vê as raízes de sua nacionalidade e de sua religião no Êxodo, muito mais do que poderiam vê-las na história dos patriarcas. A razão de sua fé é histórica. Acreditar que IHWH preocupa-se com o povo oprimido é possível porque Ele mesmo manifestou seu poder e sua vontade salvando-o da opressão. Não é sem razão que a memória desse evento permanece ainda muito viva. “Por quê? Por que esse êxodo de tão alta antiguidade já há muito não caiu no esquecimento? É porque nós, judeus, em contraste com outras religiões, nunca separamos a história mundial da história da salvação. Desde sempre a salvação é sentida em Israel como um processo histórico-terreno, que, entretanto, em seu significado mais profundo é antes de tudo de natureza religiosa. Pois nem Moisés nem Aarão são os heróis deste drama, mas Deus, que se revela como o libertador dos fracos e desprovidos de direitos” (Pinchas Lapide, p. 49).

Esse grande evento era comemorado na festa da Páscoa, na qual era feita a recitação litúrgica da história do grande acontecimento (cf. Dt 6,20ss). Celebrar é tornar célebre. Era preciso celebrar a Pessah (páscoa), a festa judaica da libertação e da constituição do povo. Celebrar é fazer ser lembrado: quanto mais se lembra menos se esquece. Mais do que a libertação e constituição do povo, em primeiro lugar, celebrava-se o Deus vivo como fonte da vida.

Este tema liga-se diretamente ao da seção seguinte, na qual são apresentados enfoques genitivos da teologia (da libertação, do negro, da mulher), a partir da leitura do Êxodo. Embora os autores dessa seção (Enrique Dussel, Josiah Young e Dianne Bergant) escrevam com muita propriedade, deve ficar claro que eles não têm a pretensão de reelaborar toda a teologia bíblica. À luz de sua fé e do conhecimento que têm, pretendem, nos parece, decifrar esses setores relevantes da existência humana. Contudo, o ponto de vista que orienta seu trabalho e sua pesquisa há de reconhecer sua própria insuficiência diante do grande leque de possibilidade de novos enfoques. Em vinte anos, quantos outros não poderiam ser discutidos, tendo como ponto de partida o mesmo Êxodo? Como aconteceu outrora com o povo de Israel, sempre que houver alguma insatisfação com o modo como as coisas estão estabelecidas, numa relação dominador-dominado; sempre que houver um certo “mal-estar” por isso, presente geralmente em grupos minoritários e fracos, haverá um novo modo de acender esperanças. As teologias descritas nessa seção são sempre libertadoras; elas respondem aos sinais dos tempos, porque animam a práxis transformadora das relações humanas.

Por esse motivo, o Êxodo é sempre um paradigma atual: ele desemboca em práticas transformadoras, onde houver uma realidade que precise ser mudada (por exemplo, quanto ao espaço da mulher na sociedade, ele se reflete na teologia quando se redescobre e se resgata imagens maternas de Deus, purificando-o de imagens patriarcais e cheia de conotações masculinas, ou quando, na Bíblia, as figuras femininas são redescobertas; quanto ao negro, a teologia cujo enfoque se volta para ele, aparece como resposta ao etnocentrismo, que procura estabelecer uma determinada etnia como a perspectiva humana padrão. Quando surge a discriminação de multidões e de povos inteiros, lá é necessário haver o êxodo deles).

Enfim, cremos que neste mês da Bíblia, empenhados na leitura do livro do Êxodo, teremos um novo vigor para propor mudança onde imperar experiências baseadas no sistema de opressão. A proposta de leitura desse número da Revista “Concilium” para o mês da Bíblia de 2011 é válida, embora o fascículo seja de 1987. Isso só reafirma o que dissemos com os diversos autores: “Êxodo: paradigma sempre atual”. Ela vem ajudar-nos, iluminando-nos com o texto bíblico, a confrontar nossas vidas com a Palavra de Deus, levando-nos também ao nosso êxodo.

Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo a CNBB

CNBB Travessia: passo a passo, o caminho se faz – Ex 15,22-18,27. Brasília: CNBB, 2011, 88 p. – ISBN 9788579720864

Por Ferdinando Henrique Pavan Rubio

Este livro apresenta, de maneira introdutória, subsídios para estudo, reflexão, oração e prática para o mês da Bíblia de 2011. A “Travessia”, como sugere o tema, segue o roteiro apresentado em Ex 15,22-18,27 e a escolha se justifica, pois o êxodo e a caminhada são realidades vividas no dia a dia do povo de Deus.

O objetivo da reflexão sobre a caminhada do povo de Deus no deserto é animar as comunidades cristãs de hoje. Tratando disso, dedicaremos mais atenção às etapas da marcha no deserto depois da libertação do Egito, fato que antecede a experiência de Deus e a revelação do Sinai.

O lema escolhido “Aproximai-vos do Senhor” (Ex 16,9) é um convite a renunciar aos ídolos mudos e retomar a caminhada, fiéis ao Senhor.

Finalmente, este livro foi escrito a três mãos. A primeira parte, “Êxodo e caminhada”, que contextualiza a travessia no êxodo, foi elaborada por Frei Vicente Artuso. A segunda parte, “As etapas da caminhada”, com os roteiros para estudo e reflexão, foi desenvolvida por Frei Ildo Perondi (Ex 15,22-17,16) e por Valmor da Silva (Ex 18).

A primeira parte do livro logo nos apresenta que êxodo significa saída, é caminhada em marcha, enfrentando dificuldades, vencendo etapas e também celebrando conquistas passo a passo; a esperança final da caminhada é a entrada na terra prometida.

O tema do êxodo possui profundo sentido teológico, pois revela que o Senhor é o personagem central da história. Ele está presente nos acontecimentos como libertador que supera o poderoso concorrente, o faraó do Egito.

É provável que a época histórica do êxodo do Egito ocorreu por volta de 1250 a.C., durante o domínio do poderoso faraó Ramsés II que reinou por 67 anos e que grande parte dos livros de Êxodo e Números foi formada a partir do cativeiro de Babilônia (587-538 a.C.). O Pentateuco, por sua vez, só ficou pronto por volta de 400-350 a.C.

Aliás, partida (êxodo), caminhada (deserto), parada (sinais), chegada (Moab) são etapas na realização do projeto do Êxodo bem costuradas nos cinco livros do Pentateuco.

Na segunda parte dessa obra, seguem-se os passos da travessia pelo deserto, a caminhada após a passagem do mar, até a chegada ao monte Sinai. Vejamo-los:

Primeiro roteiro, Ex 15,22-27: O povo de Deus no deserto – Neste trecho o povo já saiu do Egito e a caminhada em busca da Terra Prometida agora começa a entrar pelo deserto. Mas após três dias de viagem o estoque de água acabou. Veio a sede e a primeira fonte encontrada em Mara, era de água amarga. Por isso o povo começou a murmurar, mas Moisés agirá em nome do povo para resolver o problema da sede. Esta passagem bíblica termina indicando que, quando partiu de Mara, o povo caminhou mais um longo trecho e chegou até Elim. Desta vez não houve mais murmurações e então o povo encontrou a abundância: doze fontes de água, setenta palmeiras e o lugar para o descanso! (cf. Ex 15,27).

Segundo roteiro, Ex 16,1-36: O povo de Deus diante da fome – Depois da sede em Mara, surgiu outro problema na caminhada do povo: a fome. Então o povo voltou a murmurar! Deus, porém, escutou o clamor de seu povo e, usando o maná e as codornizes, solucionou o flagelo da fome.

Terceiro roteiro, Ex 17,1-7: A sede leva seu povo a tentar seu Deus – Faltou água e o povo “murmurou” contra Moisés outra vez. Ele já não sabia mais o que fazer, pois até corria o risco de ser apedrejado. A solução para o problema veio, outra vez, do meio do povo, quando Deus mandou que Moisés escolhesse os “anciãos” para ajudá-lo e que levasse consigo a vara. Assim, Moisés golpeou a rocha e dela saiu água! Novamente o problema foi resolvido.

Quarto roteiro, Ex 17,8-16: A oração e a luta vencem o inimigo – O novo conflito surgiu com os amalecitas, que atacaram o povo de Deus que rumava à Terra Prometida. Josué foi o responsável pela organização do povo para a defesa e realização do combate com os inimigos. Enquanto isso, Moisés, junto com seus dois ajudantes, subiu à montanha para interceder e pedir ajuda. Aqui, a intervenção divina foi o que desequilibrou o combate, trazendo a vitória ao povo de Deus.

Quinto roteiro, Ex 18,1-12: Famílias se encontram para um projeto comum – Antes de acampar ao pé do monte Sinai, em pleno deserto, um novo episódio marca o fim dessa caminhada. Chega Jetro, com a filha e os netos, para encontrar o genro. O assunto entre Moisés e o sogro girou em torno dos feitos do Senhor em favor de Israel, algo que causou grande alegria a Jetro, a ponto de louvar e professar a fé no Deus Javé.

Sexto roteiro, Ex 18,13-27: O caminho da participação passa pela descentralização – A palavra de Jetro impulsiona nova organização com maior descentralização do poder, ao sugerir escolher do meio do povo homens capazes, tementes a Deus, seguros, incorruptíveis, e organizá-los como chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez. juntamente com Moisés, eles serão juízes permanentes e dividirão a carga, de maneira proporcional.

Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo o Centro Bíblico Verbo

CENTRO BÍBLICO VERBO A caminhada no deserto: entendendo o livro do Êxodo 15,22-18,27. São Paulo: Paulus, 2011, 112 p. – ISBN 9788534928045

Por Wesley Gonçalves de Oliveira

A equipe do Centro Bíblico Verbo publicou recentemente, a cargo da Paulus editora, um riquíssimo livro que, servindo de reflexão em encontros ou cursos bíblicos, busca oferecer às pessoas e comunidades um roteiro simples com fundamentação bíblica para assuntos importantes na pastoral.

Organizado para ser um subsídio para o Mês da Bíblia de 2011, A caminhada no deserto – Entendendo o livro do Êxodo 15,22-18,27 oferece elementos capazes de mostrar com clareza o contexto em que os textos desse livro foram escritos, incentivando o leitor a se aprofundar na mensagem e a viver os ensinamentos de Deus. Os autores são Maria Antônia Marques e Shigeyuki Nakanose.

Este subsídio pertence à coleção “Do povo para o povo” e surgiu da necessidade de socializar numa linguagem simples e didática as descobertas da pesquisa bíblica. A leitura divide-se em uma introdução e cinco encontros. Cada um traz orientações sobre o tema proposto, situando, comentando e aprofundando o texto sugerido para os debates.

A estrutura do livro é a seguinte:

  • Introdução a Êxodo 15,22-18,27: aqui temos uma visão geral das narrativas citadas, da estrutura do Livro do Êxodo (divisão, época de escrita, contexto…) e uma síntese da proposta deste estudo em cinco encontros
  • Primeiro encontro – Ex 15,22-27 e 17,1-7: a falta de água (episódios de Mara e da água da rocha) – Título do capítulo: Deus está presente em nossa caminhada
  • Segundo encontro – Ex 16,1-3.12-21: o alimento (episódios do maná e das codornizes) – Título do capítulo: A partilha gera vida
  • Terceiro encontro – Ex 17,8-16: a guerra santa (combate contra Amalec) – Título do capítulo: Deus quer a vida em plenitude para todos os povos, nações e línguas
  • Quarto encontro – Ex 18,1-12: encontro de Moisés com sua família (chegada de Jetro, de Séfora e dos filhos) – Título do capítulo: Deus se faz presente nas relações cotidianas
  • Quinto encontro – Ex 18,13-27: a descentralização do poder (epísódio dos juízes) – Título do capítulo: A centralização do poder destrói a comunidade

Os encontros salientam de modo geral a importância da partilha, reavivando a experiência da gratuidade de Deus nos milagres experimentados em nossa vida cotidiana. Além disso, os responsáveis pelo texto falam sobre as relações humanas, meditam acerca do compromisso com a justiça e a solidariedade e destacam vários temas presentes no livro do Êxodo que ainda são atuais em nossa sociedade.

É mister observar que esses textos contêm memórias das dificuldades vivenciadas no deserto. No entanto, é possível identificar algumas repetições: por exemplo, há dois relatos sobre a falta de água. Percebemos informações que causam estranheza: por exemplo, em Ex 4,20, por ordem de Javé, Moisés, sua mulher e seu filho voltam para o Egito, mas em Ex 18,2, a mulher e os filhos – que agora são dois – estão em Madiã.

Afinal, qual é o nome do sogro de Moisés? Raguel (Ex 2,16-18) ou Jetro (Ex 4,18; 18,1-12)? Os dois são apresentados como sacerdotes de Madiã e como sogros de Moisés. Outra questão que podemos observar é a insistência na observância da Lei, tema que não é próprio da realidade do deserto.

Para compreender essas questões levantadas pela leitura do texto bíblico, os autores enfatizam que é fundamental saber a época em que ele foi escrito e como foi o processo de redação. O livro do Êxodo preserva uma memória antiga, mas grande parte desse livro foi escrita no período pós-exílico, por volta do ano 400 a.C. Nesse período, a observância da Lei de Deus era fundamental.

A insistência na observância da Lei aparece diversas vezes nos textos da caminhada no deserto. Em Ex 15,26, após o relato da cura da água, lemos: “Se ouvires atento a voz de Javé teu Deus e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, se deres ouvido a seus mandamentos e guardares todas as suas leis, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios. Pois eu sou Javé, aquele que te restaura”.

Neste mesmo capítulo, em Ex 15,26, surge a teologia da retribuição: se o povo for obediente à Lei, ninguém ficará doente. Essa compreensão teológica é típica do tempo de Esdras e Neemias (450-398 a.C.). E, por fim, o preconceito contra os estrangeiros, que aparece na guerra contra os amalecitas (Ex 17,8-16). Esses elementos comprovam que grande parte dos textos de Êxodo 15-18 foram compostos no período do pós-exílio, por volta do ano 400 a.C.

Em Ex 16,4.28-29 o texto insiste na observância da Lei e especifica a exigência de guardar o sábado. Em Ex 18,16.20, lemos: “… e lhes faço conhecer os decretos de Deus e as suas leis. Ensina-lhes os estatutos e as leis, faze-lhes conhecer o caminho a seguir e as obras que devem fazer”. Porém, é importante perceber que, conforme a narrativa, Moisés só recebe a Lei mais à frente, em Ex 19.

É no tempo de Esdras que se dá a redação final do livro do Êxodo. Assim, podemos entender o porquê da insistência da observância da Lei, de Deus poderoso aniquilando os inimigos de Israel, e a exclusão das mulheres do cenário sociopolítico, econômico e religioso. São temas e compreensões teológicas do pós-exílio que foram inseridos na caminhada no deserto e atribuídos a Javé. Mas, nas entrelinhas de Ex 15,22-18,27, podemos encontrar a memória da partilha, da solidariedade e da experiência de um Deus que caminha com o povo.

Em suma, o Êxodo é um acontecimento sempre vivo. Deve ser lembrado sempre. É a história de um povo a caminho. Um ensinamento que deve ser celebrado de geração em geração (cf. Ex 13,8-9). Por isso somos convidados a entrar nessa caminhada e refazer esse percurso, procurando novas luzes para a nossa caminhada de hoje, afirmam os autores.

Mês da Bíblia 2011: subsídios apresentados pelos alunos

O livro do Êxodo faz parte de meu programa de Pentateuco, disciplina estudada no Primeiro Ano de Teologia do CEARP neste semestre. Em geral, apenas os 15 primeiros capítulos do livro do Êxodo são estudados quase no final do ano.

O texto proposto para ser aprofundado no Mês da Bíblia deste ano, Ex 15,22-18,27, nem entra no programa, por falta de tempo. Mesmo assim, pedi aos alunos, como fiz no ano passado com o livro de Jonas, que se encarregassem de apresentar alguns dos estudos disponíveis em português sobre estes textos. Onze textos foram apresentados e uma síntese do que foi feito será publicada a partir de hoje no blog.

A ordem de publicação é aleatória, porque os publico à medida em que os recebo. Ao clicar nos títulos dos livros, o leitor será remetido ao post sobre ele.

Ex 15,22-18,27 é formado por um conjunto de tradições sobre a caminhada no deserto, composto pelos seguintes textos:
. Ex 15,22-27: Mara, a água amarga
. Ex 16,1-36: o maná e as codornizes
. Ex 17,1-7: a água da rocha
. Ex 17,8-16: combate contra Amalec
. Ex 18,1-12: encontro de Jetro com Moisés
. Ex 18,13-27: instituição dos juízes

Os textos apresentados:

BALANCIN, E. M.; STORNIOLO, I. Como ler o livro do Êxodo: o caminho para a liberdade. 9. ed. São Paulo: Paulus, 1997, 64 p. – ISBN 8534901953
Por Bruno Luiz Ferreira da Silva

CENTRO BÍBLICO VERBO A caminhada no deserto: entendendo o livro do Êxodo 15,22-18,27. São Paulo: Paulus, 2011, 112 p. – ISBN 9788534928045
Por Wesley Gonçalves de Oliveira

CNBB Travessia: passo a passo, o caminho se faz – Ex 15,22-18,27. Brasília: CNBB, 2011, 88 p. – ISBN 9788579720864
Por Ferdinando Henrique Pavan Rubio

DA SILVA, V. Deus ouve o clamor do povo: teologia do êxodo. São Paulo: Paulinas, [2004] 2010, 113 p. – ISBN 8535614435
Por Severino Germano da Silva

LOPES, M. Deus liberta escravos e faz nascer um povo novo: Êxodo 15 a 18. São Leopoldo: CEBI/Paulus, 2011, 74 p. – ISBN 9788577331284
Por André Luís Rodrigues

MESTERS, C.; OROFINO, F. A Caminhada do Povo de Deus. Os desafios da travessia: Ex 15-18. São Leopoldo: CEBI, 2011, 48 p. – ISBN 9788577331253
Por Luciano Giopato Roncoleta

PIXLEY, G. V., Êxodo. São Paulo: Paulus, 1987, 252 p. – ISBN 8505006224 [o livro em português está esgotado, mas o original espanhol está disponível online aqui] Por Mateus Morais e Silva

SAB Aproximai-vos da presença do Senhor (Ex 16,9): Mês da Bíblia 2011. São Paulo: Paulinas, 2011, 56 p.
Por Thiago José Barbosa de Oliveira Santos

SCHWANTES, M. et al. A memória popular do êxodo. 2. ed. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 16, 1996, 84 p.
Por Victor Mariano Rodrigues

VAN IERSEL, B.; WEILER, A. et al. Êxodo: paradigma sempre atual. Concilium, Petrópolis, n. 209, 1987, 144 p.
Por Sebastião de Magalhães Viana Junior

VV.AA. Animação Bíblica da Pastoral: passo a passo a travessia se faz. Vida Pastoral, São Paulo, n. 280, setembro-outubro de 2011, 64 p.
Por Edson Carlos Braz

Leia Mais:
Mês da Bíblia 2011: Ex 15,22-18,27 – Um
Mês da Bíblia 2011: Ex 15,22-18,27 – Dois
Alguns comentários do Livro do Êxodo

Mês da Bíblia 2011: Ex 15,22-18,27 – Dois

Continuação do post anterior.

>> O Pentateuco

:: DOZEMAN, T. B.; SCHMID, K. (eds.) A Farewell to the Yahwist? The Composition of the Pentateuch in Recent European Interpretation. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2006, viii + 198 p. – ISBN 9781589831636. Free download here – disponível online aqui.
Since the “assured results” of scholarship are rarely certain, it should come as no surprise that the classical formulation of the Documentary Hypothesis has yet again been called into question. A growing consensus in Europe argues that the larger blocks of pentateuchal tradition, especially the stories of the patriarchs and Moses, were not redactionally linked before the Priestly Code, as the J hypothesis suggests, but existed side by side as two independent, rival myths of Israel’s origins. This volume makes available both the most recent European scholarship on the Pentateuch and its critical discussion, providing a helpful resource and fostering further dialogue between North American and European interpreters. The contributors are Erhard Blum, David M. Carr, Thomas B. Dozeman, Jan Christian Gertz, Christoph Levin, Albert de Pury, Thomas Christian Roemer, Konrad Schmid, and John Van Seters.

:: SCHWANTES, M. et al. Pentateuco. RIBLA, Petrópolis/São Leopoldo, n. 23, 1996/1.
El presente número de la Revista de Interpretación Bíblica Latinoamericana trata de abarcar todo el Pentateuco en sus principales problemas y temas, en una perspectiva latinoamericana. Los ensayos buscan ubicarse dentro de los actuales debates sobre el Pentateuco, reflejando el estado actual de la cuestión. En este sentido, este número se sitúa en el ámbito de los actuales problemas y temas en debate. Cf. neste número da RIBLA: SOUSA, Ágabo Borges de, “Experiencias de la caminata. Éxodo 15-18”: 23 (1996:1) 88-98.

:: SKA, J.-L. Introdução à leitura do Pentateuco: chaves para a interpretação dos cinco primeiros livros da Bíblia. São Paulo: Loyola, 2003, 304 p. – ISBN 8515024527
O objetivo do livro é orientar o leitor no difícil mundo do Pentateuco. A confusão reinante hoje no campo da origem e data do Pentateuco exige opções drásticas para alcançar essa meta. Este livro prepara o leitor para as controvérsias atuais e lhe fornece os instrumentos indispensáveis para uma leitura crítica do Pentateuco.

>> O Êxodo do Egito

:: DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 71, p. 62-74, 2001
A “História de Israel” está mudando. O consenso existente até meados da década de 70 do século XX foi rompido. A paráfrase racionalista do texto bíblico que constituía a base dos manuais de “História de Israel” não é mais aceita. A sequência patriarcas, José do Egito, escravidão, êxodo, conquista da terra, confederação tribal, império davídico-salomônico, divisão entre norte e sul, exílio e volta para a terra está despedaçada.

:: DA SILVA, A. J. A História de Israel no Debate Atual. Ayrton’s Biblical Page, 2011.
Este artigo quer traçar um panorama destas mudanças pelas quais vem passando a ‘História de Israel’ nos últimos trinta e tantos anos, apontar as dificuldades que a crise vem criando e propor algumas pistas de leitura para os interessados no assunto.

:: DA SILVA, A. J. As Origens de Israel. Ayrton’s Biblical Page, 2011.
Um apanhado das várias hipóteses sobre as origens de Israel. Pois não existe problema da história bíblica que seja mais difícil do que a reconstrução do processo histórico pelo qual as Doze Tribos do antigo Israel se estabeleceram na Palestina e norte da Transjordânia. De fato, a narrativa bíblica enfatiza os poderosos atos de Iahweh que liberta o povo do Egito, o conduz pelo deserto e lhe dá a terra, informando-nos, deste modo, sobre a visão e os objetivos teológicos dos narradores de séculos depois, mas ocultando-nos as circunstâncias econômicas, sociais e políticas em que se deu o surgimento de Israel.

:: DA SILVA, A. J. O Êxodo do Egito: da Bíblia à arqueologia. Post publicado no Observatório Bíblico em 20 de abril de 2008
Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica – Reinaldo José Lopes – Do G1, em São Paulo: 20/04/2008 – 09h00. Escavações e inscrições mostram que povo de Israel se originou dentro da Palestina. História sobre libertação do Egito teria influência de interesses políticos posteriores. Leia… eu também estou por lá!

:: DA SILVA, A. J. O Pentateuco e a História de Israel. In: TRASFERETTI, J.; LOPES GONÇALVES, P. S. (orgs.) Teologia na Pós-Modernidade: Abordagens epistemológica, sistemática e teórico-prática. São Paulo: Paulinas, [2003] 2007, 496 p. – ISBN 853561110X, p. 173-215.
Este livro tem três partes: uma epistemológica, outra sistemática e uma terceira sobre questões disputadas. Na primeira parte, buscou-se definir filosófica e sociologicamente a pós-modernidade. Na segunda, foram desenvolvidos temas dos tratados das áreas de Teologia Fundamental, Bíblia, Antropologia Teológica, Teologia Moral e Eclesiologia. Na terceira, foram explicitadas as questões disputadas na atualidade: a relação entre cristianismo e religiões não-cristãs, a pastoral universitária, a espiritualidade cristã, os desafios ao estudo da religião e o agir moral na atualidade. Os colaboradores, Manfredo Araújo de Oliveira, Luiz Roberto Benedetti, Félix Alejandro Pastor e Ney de Souza, na primeira parte; João Batista Libânio, Airton José da Silva, Pedro Carlos Cipolini, Paulo Sérgio Lopes Gonçalves e Sérgio da Rocha, na segunda parte; Mário de França Miranda, Maria Clara Lucchetti Bingemer, José Trasferetti, Pablo Barrera e Érico João Hammes, na terceira, garantem a qualidade do conjunto e oferecem uma leitura variada, sob certos aspectos polêmica, dos temas abordados.

:: FARIA, J. de F. (org.) História de Israel e as pesquisas mais recentes. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003, 181 p. – ISBN 8532628281
Este livro reúne o trabalho de cinco exegetas do grupo “Biblistas Mineiros” que pesquisaram acerca da História de Israel contada nos textos bíblicos e recuperada igualmente através da arqueologia e de documentos extra-bíblicos. São reflexões que incluem a possibilidade de se ler a História de Israel sob outros enfoques e de se falar não de História, mas de Histórias de Israel. O livro sugere ainda o repensar da historiografia sobre o assunto e retoma a história bíblica de Israel pelo viés da profecia e faz uma releitura desta história em forma de oração nos Salmos. Os autores: Jacir de Freitas Faria, Romi Auth, Airton José da Silva, Johan Konings e Jaldemir Vitório.

:: FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N. A. A Bíblia não tinha razão [tradução de The Bible Unearthed: Archaeology’s New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts]. São Paulo: A Girafa, 2003, 515 p. – ISBN 8589876187
Este aclamado livro [o significado do título em inglês é: A Bíblia Desenterrada: Uma Nova Visão Arqueológica do Antigo Israel e da Origem de seus Textos Sagrados], publicado em 13 línguas (dados de 2011), foi pensado como um instrumento para que o leitor leigo, mas interessado no assunto, possa ter acesso a um panorama atualizado do que seus autores acreditam ser evidências arqueológicas e históricas indispensáveis para uma nova compreensão do nascimento do antigo Israel e a emergência de seus textos históricos sagrados.

:: LIVERANI, M. Para além da Bíblia: História antiga de Israel. São Paulo: Loyola/Paulus, 2008, 544 p. – ISBN 9788515035557
As historias do antigo Israel sempre foram concebidas como uma espécie de paráfrase da narrativa bíblica. Esta obra de Mario Liverani, porém, é uma tentativa de reescrita da história de Israel que leva em consideração os resultados da crítica textual e literária, as contribuições da arqueologia e da epigrafia e que foi desenvolvida segundo os critérios da moderna metodologia historiográfica. Desta perspectiva resultam duas histórias: uma história normal dos dois pequenos reinos de Israel e Judá, semelhante àquelas de tantos outros pequenos reinos da região. E uma história inventada, construída pelos judaítas durante e após o exílio babilônico, que projetam no seu passado os problemas e as esperanças de sua época.

Mês da Bíblia 2011: Ex 15,22-18,27 – Um

Setembro é o Mês da Bíblia [para os católicos – para os evangélicos o Dia da Bíblia é, no Brasil, o segundo domingo de dezembro].

O Mês da Bíblia surgiu há 40 anos [1971] por ocasião do 50º aniversário da Arquidiocese de Belo Horizonte. Desde então tem destacado a importância da leitura, do estudo e da contemplação das Sagradas Escrituras. Na verdade, o Mês da Bíblia contribuiu muito para o desenvolvimento da Pastoral Bíblica no âmbito paroquial e diocesano… Em 2011, o texto proposto para ser aprofundado no estudo bíblico é Ex 15,22-18,27. Sobre as razões desta escolha, leia aqui e aqui.

Leia mais sobre o Mês da Bíblia e sua história aqui e aqui.

Observo que a bibliografia foi dividida em dois posts: Um – que é este aqui – e Dois.

Pequena bibliografia sobre o Livro do Êxodo, o Pentateuco e o Êxodo do Egito

>> O Livro do Êxodo

:: BALANCIN, E. M.; STORNIOLO, I. Como ler o livro do Êxodo: o caminho para a liberdade. 9. ed. São Paulo: Paulus, 1997, 64 p. – ISBN 8534901953
O livro do Êxodo exige do leitor uma tomada de posição porque trata de um conflito de interesses: um grupo humano quer sua liberdade (hebreus), mas a estrutura social em que vive (Egito) não lhe permite outra alternativa. Essa alternativa é impedida porque tal estrutura é criada e mantida por um grupo (Faraó) que detém o controle à custa da exploração e opressão. Diante disso, como encontrar o caminho para a liberdade? De que lado está Deus?

:: BERLEJUNG, A.; FREVEL, C. (orgs.) Dicionário de termos teológicos fundamentais do Antigo e do Novo Testamento. São Paulo: Loyola/Paulus, 2011, 536 p. – ISBN 9788515037872, verbete Êxodo.
Traduzido do original alemão de 2006, este dicionário comenta os termos, os conceitos e os temas centrais do Antigo e Novo Testamentos. É o mais atualizado do gênero em língua portuguesa. O verbete sobre o êxodo foi escrito por Ernst Axel Knauf, da Universidade de Berna, Suíça, e por Jürgen Zangenberg, da Universidade de Tilburg, Países Baixos.

:: BÍBLIA-GENTE Círculos bíblicos sobre o livro do Êxodo: números 1-4, setembro de 2011. Paulus/Centro Bíblico Verbo: São Paulo, 2011
A Paulus, em parceria com o Centro Bíblico Verbo, apresenta 4 círculos bíblicos para o Mês da Bíblia 2011 no folheto “Bíblia-Gente”. Com isso o leitor conhecerá mais o livro do Êxodo. Faça o download dos 4 arquivos em formato PDF e celebre em sua comunidade. O download pode ser feito também no Centro Bíblico Verbo.

:: CENTRO BÍBLICO VERBO A caminhada no deserto: entendendo o livro do Êxodo 15,22-18,27. São Paulo: Paulus, 2011, 112 p. – ISBN 9788534928045
O livro é a mais recente publicação da coleção “Do povo para o povo”, que brotou da necessidade de socializar, numa linguagem simples e acessível, as descobertas da pesquisa bíblica. A equipe do Centro Bíblico Verbo tem por objetivo formar multiplicadores da Palavra e ter um texto elaborado a partir da experiência do povo. Por isso, a obra propõe elementos para entendermos o contexto em que os textos de Êxodo foram escritos, servindo de reflexão em encontros ou cursos bíblicos, oferecendo às pessoas e comunidades um roteiro simples com fundamentação bíblica para assuntos importantes na Pastoral. A leitura divide-se em cinco encontros. Cada um traz orientações sobre o tema proposto, situando, comentando e aprofundando o texto sugerido para os debates.

:: CNBB Travessia: passo a passo, o caminho se faz – Ex 15,22-18,27. Brasília: CNBB, 2011, 88 p. – ISBN 9788579720864
Este livro apresenta subsídios para estudo, reflexão, oração e prática para o mês da Bíblia de 2011. Foi pensado como material de apoio, isto é, traz elementos informativos a serem desenvolvidos posteriormente e indica também roteiros práticos, que podem orientar grupos de reflexão e leitura orante sobre o assunto. O tema do mês da Bíblia de 2011 é “Travessia: passo a passo, o caminho se faz”. Essa travessia segue o roteiro apresentado em Ex 15,22-18,27. A escolha se justifica, pois o êxodo e a caminhada são realidades vividas no dia a dia do povo de Deus. Também nós estamos em contínuo movimento de vencer etapas e realizar projetos.

:: COMISSÃO EPISCOPAL PARA A ANIMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA A Cartilha da Caminhada: Mês da Bíblia 2011 (Êxodo 15-18). Catequese e Bíblia – 25 de abril de 2011
Subsídio da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, que vai orientar as comunidades, círculos bíblicos e catequese nos seus encontros do mês da Bíblia de 2011.

:: DA SILVA, V. Deus ouve o clamor do povo: teologia do êxodo. São Paulo: Paulinas, 2010, 113 p.
O Êxodo, ou seja, a libertação dos hebreus da escravidão do Egito, considerado o gesto fundador do Povo de Deus, é, para Valmor da Silva, antes de tudo, um fato histórico, que precisa ser entendido no seu contexto político, social, econômico e étnico. Por isso a obra começa mostrando o que há por trás do acontecimento, desde a história de José do Egito até a saída do povo, cujo clamor foi ouvido por Deus, que lhe proporcionou um grande profeta e legislador, Moisés, que opera grandes prodígios, torna-se mediador da Aliança e é capaz de conduzir o povo através do deserto para a terra prometida. O Êxodo tornou-se assim o paradigma da relação libertadora de Deus com o povo e passa a ser objeto de sucessivas releituras e inúmeras aplicações, tanto no Primeiro como no Segundo, ou novo Testamento, se considerarmos a novidade trazida por Jesus. O livro termina com uma explicação detalhada do que foi a Teologia da Libertação nas suas origens, como resultado da Teologia da Revolução, e em que sentido, a consideração de novos sujeitos lhe imprime hoje novas orientações. Uma bibliografia selecionada permite aprofundar os pontos centrais da obra.

:: DOZEMAN, T. B. Exodus. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2009, 888 p. – ISBN 9780802826176
In this volume Thomas B. Dozeman presents a fresh translation of the Hebrew text of Exodus along with a careful, critical interpretation of its central themes, literary structure, and history of composition. He explores two related themes in the formation of the book of Exodus: the identity of Yahweh, the God of Israel, and the authority of Moses, the leader of the Israelite people. Dozeman clarifies the multiple literary genres within the text, identifies only two separate authors in the book’s composition, and highlights the rich insights that arise from the comparative study of the ancient Near Eastern literary tradition. Also treating the influence of Exodus in the history of Jewish and Christian interpretation, Dozeman’s comprehensive commentary will be welcomed by Old Testament scholars. Resenhas na RBL por Frank H. Polak, publicada em 16/09/2010, e por Wolfgang Oswald, publicada em 24/12/2010.

:: LOPES, M. Deus liberta escravos e faz nascer um povo novo: Êxodo 15 a 18. São Leopoldo: CEBI/Paulus, 2011, 74 p. – ISBN 9788577331284
Hoje, há muita gente que sai em busca de trabalho e conforto em países desenvolvidos, às vezes clandestinamente, caindo nas armadilhas das máfias do tráfico de seres humanos, do trabalho escravo, da prostituição obrigada, da mais perversa escravidão humana. O caminho da libertação se faz dentro deste processo de saída. É caminho de humanização, de resgate da dignidade, de sentido para a vida, de sonho coletivo, garante Mercedes Lopes.

:: MESTERS, C.; OROFINO, F. A Caminhada do Povo de Deus. Os desafios da travessia: Ex 15-18. São Leopoldo: CEBI, 2011, 48 p. – ISBN 9788577331253
Caminhada era a palavra mais usada pelos primeiros cristãos para designar o movimento suscitado por Jesus. Não se tratava de uma caminhada qualquer, mas sim de uma travessia: sair de uma situação de opressão e de não vida para uma vida plena. O livro traz oito círculos bíblicos sobre Ex 15,22-18,27, texto que reúne alguns episódios da caminhada dos israelitas em sua busca da terra.

:: PIXLEY, G. V., Êxodo. São Paulo: Paulus, 1987, 252 p. – ISBN 8505006224 [o livro em português está esgotado, mas o original espanhol está disponível online aqui] O autor aborda o êxodo, neste comentário, em permanente relação com a realidade latino-americana. Tem presente a ciência bíblica e, ao mesmo tempo, as experiências do povo que luta por sua libertação.

:: SAB Aproximai-vos da presença do Senhor (Ex 16,9): Mês da Bíblia 2011. São Paulo: Paulinas, 2011, 56 p.
Subsídio pastoral para o Mês da Bíblia 2011, produzido pelo Serviço de Animação Bíblica (SAB), este texto está dividido em quatro encontros e uma celebração final. Seu objetivo é facilitar o estudo dos textos de Ex 15,22-18,27 em círculos bíblicos, nas pastorais ou por pessoas interessadas em acompanhar as atividades do mês de setembro, escutando e aprofundando a Palavra. Neste ano, a CNBB propõe uma ligação entre o Ex 15,22-18,27 e o estudo da Iniciação Cristã. Por isso, a proposta deste livro é estudar simultaneamente os textos escolhidos do Livro do Êxodo e relacioná-los com passagens que tratam da mesma temática no Novo Testamento, a fim de refletir sobre alguns pontos da Iniciação Cristã, como os sacramentos ou a vivência em comunidade.

:: SCHWANTES, M. et al. A memória popular do êxodo. 2. ed. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 16, 1996, 84 p.
Este número 16 da revista Estudos Bíblicos sugere uma leitura do êxodo a partir de sua origem e desenvolvimento na memória popular. O êxodo é memorial de libertação na qual se revela a presença e o nome de Iahweh: o Deus dos pais, o Deus dos hebreus, o Deus presente é aquele que liberta da escravidão e assegura um novo modelo igualitário de vida das tribos. Artigos de Milton Schwantes, Hans Alfred Trein, Ana Flora Anderson e Gilberto Gorgulho, Carlos Arthur Dreher, Sandro Gallazzi, José Comblin. Duas recensões escritas por Ludovico Garmus: J. Severino Croatto, Êxodo: uma hermenêutica da liberdade e George V. Pixley, Êxodo.

:: VAN IERSEL, B.; WEILER, A. et al. Êxodo: paradigma sempre atual. Concilium, Petrópolis, n. 209, 1987, 144 p.
O tema do Êxodo é tratado em quatro seções: I. Dados bíblicos (artigos de Rita Burns, Erich Zenger e Jay Casey); II. Wirkungsgeschichte [= História da Recepção] (artigos de Pinchas Lapide, John Newton, Anton Weiler e Wesley Kort); III. Movimentos contemporâneos (artigos de Enrique Dussel, Josiah Young e Dianne Bergant); IV. Avaliação e conclusão hermenêutica (artigos de Gregory Baum, David Tracy e José Severino Croatto).

:: VV.AA. Animação Bíblica da Pastoral: passo a passo a travessia se faz. Vida Pastoral, São Paulo, n. 280, setembro-outubro de 2011, 64 p.
A revista Vida Pastoral de setembro-outubro de 2011 – ano 52 – n. 280, traz 4 textos sobre Ex 15,22-18,27. Pode-se fazer o download deste número da Vida Pastoral, que está disponível na Internet, no site da Paulus/Paulinos, em formato pdf. Os textos foram escritos pela Equipe do Centro Bíblico Verbo, destacando-se os nomes de Maria Antônia Marques e Shigeyuki Nakanose. Observo aqui que os artigos são versões um pouco mais resumidas de 4 dos 6 textos que foram publicados pelo mesmo Centro Bíblico Verbo no livro A caminhada no deserto: entendendo o livro do Êxodo 15,22-18,27. São Paulo: Paulus, 2011, 112 p.- ISBN 9788534928045.

A Bíblia na Soter 2011

Conflitos de interpretação e novas perspectivas hermenêuticas

Coordenadores:
Prof. Dr. Pedro Lima Vasconcellos – PUC-SP
Prof. Dr. Ricardo Lengruber Lobosco – Bennett – RJ

Ementa: Os estudos bíblicos são um campo de investigação dinâmico e conflitivo, por conta das diversas interfaces que estabelece com tantas áreas do saber, e também por influxos extra-acadêmicos que sobre ele incidem. O presente GT recolhe investigações que têm na Bíblia seu campo de interesse, abrindo-se a conexões com áreas afins e discutindo as diversas possibilidades investigativas que a Tanak judaica e a Bíblia cristã proporcionam.

1.Título da Comunicação: Am 2,6-16: análise exegética e atualização social
Nome: Dr. Leonardo Agostini Fernandes

2.Título da Comunicação: O ritual do sacrifício e sua dimensão simbólica: um estudo em Levítico
Nome: Mestranda Josefa Vênus de Amorim

3.Título da Comunicação: Análise da história de Jacó e Raquel pela perspectiva simbólica
Nome: Mestranda Michelle de Kássia Fonseca Barbosa

4.Título da Comunicação: Controvérsias de Interpretações do Segundo Canto do Servo de YHWH – Is 49,1-6
Nome: Doutoranda Rosemary Francisca Neves Silva

5.Título da Comunicação: Quem é esse tal de Jetro?
Nome: Dr. Valmor da Silva

6.Título da Comunicação: Miquéias 6,1-8: o sacrifício sob os olhares de Marcel Mauss e René Girard
Nome: Silvana Suaiden

7.Título da Comunicação: E Romanos 13 chegou ao sertão…
Nome: Dr. Pedro Lima Vasconcellos

8.Título da Comunicação: Multiplicação dos pães ou projeto de partilha do alimento, da boa notícia, dos ensinamentos de Jesus alcançando outros povos?
Nome: Flávia Luiza Gomes Costa

Leia Mais:
SOTER 2011: Religião e Educação para a Cidadania

PIB cria seminário para professores de Bíblia

Seminario per docenti e studiosi di Sacra Scrittura
“Il Pontificio Istituto Biblico, su sollecitazione di alcuni biblisti soprattutto ex-alunni dell’Istituto, ha deciso di intraprendere una iniziativa di formazione permanente rivolta a studiosi e docenti di Sacra Scrittura nelle Facoltà di Teologia e in altre istituzioni di studio. L’offerta si configura nel modo seguente: ogni anno viene organizzato un seminario di studio, aperto ai docenti e/o ricercatori nell’ambito della S. Scrittura, con lo scopo di fornire ai partecipanti un aggiornamento nei vari settori biblici e costituire una piattaforma di scambio fra coloro che si dedicano all’insegnamento biblico in varie parti del mondo. Non dovrebbe essere solo un momento d’ascolto e di aggiornamento, ma anche di partecipazione, favorendo la condivisione di esperienze nel campo dell’ insegnamento e della ricerca. Il seminario sarà diretto da due o tre Professori, scelti fra i docenti del Biblico o provenienti da altre Facoltà; gli argomenti trattati avranno una precisa omogeneità tematica o metodologica. Il seminario, della durata di una settimana (da lunedì a venerdì compreso), avrà luogo nel periodo fra i due semestri, cioè verso la fine del mese di gennaio. La direzione del seminario è stata affidata dal P. Rettore al Prof. José Luis Sicre Díaz, S.J.”

Primo seminario [2012]

Il primo seminario avrà luogo dal 23 al 27 gennaio 2012. Il tema scelto è quello del profetismo, con un’attenzione specifica a Isaia e Geremia. Condurranno il seminario i Professori José Luis Sicre Díaz e Georg Fischer. Per il primo seminario, la tematica è stata proposta dal direttore, ma in futuro i partecipanti stessi potranno fare proposte di temi, di professori da invitare e sul modo stesso di organizzare il seminario. Il seminario del 2012 sarà in lingua italiana; negli anni successivi potrà essere tenuto in un’altra lingua. Le modalità concrete di attuazione del seminario saranno comunicate in seguito, anche in considerazione del numero degli iscritti; si prevedono comunque delle sedute di lavoro collettivo, ma anche un tempo di approfondimento personale, usufruendo della Biblioteca dell’Istituto.

Iscrizioni

Chi fosse interessato è pregato di dare la propria adesione entro il 15 ottobre 2011, inviando una e-mail all’indirizzo: pibsegr@biblico.it Il seminario avrà luogo solo se si raggiungerà il numero minimo di 10 iscritti. Ai partecipanti viene chiesto un contributo di € 120. Per gli iscritti all’associazione ex-alunni PIB il contributo sarà invece di € 100. Tale contributo potrà essere versato all’inizio del seminario. Non è necessario inviare alcuna somma al momento dell’iscrizione; si chiede però gentilmente di inviare la propria adesione solo se effetivamente si prevede di partecipare, proprio perché l’organizzazione del seminario dipende dalle adesioni pervenute. Per ulteriori informazioni rivolgersi a: Segretario Generale PIB.