O Codex Amiatinus 2

O Codex Amiatinus 1
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O Codex Amiatinus 5

 

Uma Bíblia Vulgata é levada para Roma

Uma nova Bíblia Vulgata para cada igreja, a de Wearmouth e a de Jarrow, é um fato compreensível, conquanto impressionante, mas uma terceira cópia? Quanto a isso só podemos especular.

Talvez houvesse planos que nunca se materializaram para a criação de uma terceira casa nortumbriana, tão distinta e tão indivisível quanto a Trindade (conceito do qualCodex Amiatinus - Biblioteca Medicea Laurenziana, Firenze, Italia eles gostariam); ou talvez — e ele não seria o único no que concerne a isso — Ceolfrido se perguntasse secretamente se sua carreira não o levaria ainda mais longe, talvez como arcebispo da Cantuária com a morte de Teodoro, ou mesmo como papa, e talvez guardasse um volume de reserva para qualquer promoção que lhe fosse oferecida em outro lugar.

Mas o anônimo Vita Ceolfridi e Beda nos contam o que aconteceu depois. Com a avançada idade de 74 anos, Ceolfrido decidiu ir de novo a Roma e levar consigo a terceira pandecta, a reserva, como um presente para São Pedro, o príncipe dos apóstolos. (Era comum a prática medieval de se referir a uma igreja com o nome de seu santo padroeiro, como se ainda estivesse vivo: isso significava, é claro, a corte papal.) A implicação é que esse anúncio veio como uma surpresa para a comunidade de Wearmouth-Jarrow.

Não sabemos qual foi seu motivo, não mais do que sabia Beda. Será que Ceolfrido ainda esperava, em seu íntimo, uma nomeação em Roma, caso em que poderia precisar da Bíblia para facilitar as negociações? O papa Constantino tinha morrido em 9 de abril de 715, e provavelmente a decisão de viajar foi tomada por Ceolfrido mais ou menos quando a notícia chegou à Inglaterra. Ou teria havido em 679 algum tácito entendimento de que ele podia levar livros de Roma para a Nortúmbria em troca de transcrições posteriores? Ambas as hipóteses são possíveis.

A Vita Ceolfridi registra as palavras exatas de uma inscrição que foi inserida no início do tomo, dedicatória a São Pedro da parte de Ceolfrido, abade dos ingleses dos mais distantes confins da Terra (“extremis de finibus”).

Portanto, em junho de 716, como nos diz o relato, essa terceira pandecta, convenientemente já com a dedicatória, foi levada declive abaixo, da igreja de Jarrow para um navio no rio Don, para o Tyne e para o mar, acompanhada de Ceolfrido e um séquito de monges. Foi a primeira exportação documentada de uma obra de arte da Inglaterra.

Mas para nossa lástima, Ceolfrido morreu durante a viagem, em Langres, França central, em setembro, e isso, por mais de mil anos, representou o fim da história.

 

O Codex Amiatinus na abadia de San Salvatore

Há um famoso manuscrito antigo da Bíblia na Itália conhecido como Codex Amiatinus. Era um antigo tesouro do mosteiro de San Salvatore, no monte Amiata, no sul da Toscana, de onde tirou seu nome. Está registrado na lista das relíquias da abadia, datada de 1036, que o descreve como sendo o Antigo e o Novo Testamento “escritos pela mão do abençoado papa Gregório”. Essa atribuição a são Gregório, o Grande (c. 540-604), não era desarrazoada, uma vez que fora escrito em unciais italianizadas, muito parecidas com as do Livro dos Evangelhos de Santo Agostinho, e nunca se duvidou de que tinha sido feito na Itália.

Ele abre com uma dedicatória de página inteira, na qual o livro é presenteado ao mosteiro do Salvador (Salvator) por um certo Pedro, abade dos lombardos, “dos mais distantes confins da Terra”. Mesmo hoje em dia, os toscanos consideram todos os lombardos pessoas de um reino alienígena que fica além das mais afastadas fronteiras da civilização (e vice-versa), e essa inscrição de redação estranha foi aceita com satisfação em San Salvatore em seu valor nominal.

O livro é o mais antigo manuscrito completo sobrevivente da Vulgata e ainda é a principal referência para o estabelecimento do texto da Bíblia latina.

Constantin Tischendorf editou o texto em latim do Novo Testamento no Codex Amiatinus em 1854. Ele anunciou que tinha havido pequenas alterações na dedicatória inserida, e que os nomes de Pedro, abade dos lombardos, e do mosteiro ao qual era dedicado pareciam ter sido escritos cobrindo rasuras.

Trinta anos depois, o epigrafista Giovanni Battista de Rossi (1822-94) por fim decifrou os nomes que estavam por trás e revelou que o manuscrito tinha sido originalmente dedicado a São Pedro por um chamado Ceolfrido, “abade dos ingleses”.

Logo depois, um professor de teologia em Cambridge, F. J. A. Hort (1828-92), relembrou que essas palavras batiam com a transcrição na Vita Ceolfridi e se constatou pela primeira vez que devia ser na realidade a pandecta de Wearmouth-Jarrow, da qual se perdera a pista desde que deixara a Nortúmbria, em 716.

Quando estourou a notícia, em fevereiro de 1887, ela causou sensação, especialmente na Grã-Bretanha. Foi uma década excitante de descobertas bíblicas no Oriente Médio e em Oxirrinco, no Egito, mas poucos anúncios tinham sido tão inesperados quanto a revelação de que a mais antiga cópia completa da Bíblia latina fora na verdade feita na Inglaterra.

Em 1890, H. J. White, mais tarde deão da Igreja de Cristo, em Oxford, disse, com um toque de exagero patriótico, que ela era “talvez o mais belo livro no mundo”.

 

A abadia de San Salvatore

O mosteiro de San Salvatore não fica no cume, mas num platô na encosta leste do monte Amiata, na Toscana, Itália. Em torno dele há uma cidade medieval, e o conjunto é conhecido como Abadia de San Salvatore, pois se desenvolveu como um adjunto à vida do mosteiro, o qual ele cerca e protege.

A história documentada da abadia remonta a 742. Ela se incorporou à Ordem Cisterciense em 1228. Consta que Carlos Magno esteve aqui em 800, em seu caminho em direção ao sul para sua coroação como imperador em Roma. O papa Pio II — Enea Silvio Piccolomini, o erudito humanista — morou aqui durante os meses de verão de 1462. É bem possível que o precioso códex tenha sido mostrado ao imperador e, com certeza, ao papa.

Como o manuscrito era (e ainda é) a referência primordial para o texto em latim da Vulgata, ele assumiu grande importância durante a Contrarreforma. Os assediados católicos do século XVI sentiam-se ameaçados pelas traduções protestantes da Bíblia, que agora eram feitas diretamente das línguas originais das Escrituras, enquanto eles só tinham os textos em latim. O Codex Amiatinus, no entanto, dava a isso uma resposta, ao que parecia, incontestável. Essa “Bíblia de são Gregório” em latim, reputada como do século VI, era substancialmente mais antiga do que qualquer manuscrito em hebraico conhecido e na época só era igualada por um em grego (no Vaticano). Era, portanto, uma grande peça de propaganda na batalha pela precedência de texto.

Em 1572, o capítulo geral dos cistercienses mandou buscá-lo, para consulta; o mesmo fizeram os conselheiros de Gregório XIII. O mosteiro recusou-se a emprestá-lo.

Mais tarde ele foi sumariamente requisitado pelo papa Sisto V, para ser usado como principal fonte na preparação de uma nova edição papal da Bíblia, e o mosteiro não teve escolha. O livro foi para Roma em 12 de julho de 1587 e foi devolvido a San Salvatore em 19 de janeiro de 1590. A Vulgata sistina, nele baseada, foi publicada em 1590 e depois revista como a monumental edição clementina de 1592, a resposta católica a Lutero; é publicada até hoje.

Assim como muitos mosteiros italianos atingidos pela política secular de modernização do Sacro Império Romano no final do século XVIII, a Abadia de San Salvatore foi extinta por completo em junho de 1782.

O Codex Amiatinus na Biblioteca Medicea Laurenziana, em Florença

A existência do Codex Amiatinus foi informada em 1789 ao grão-duque da Toscana, Pedro Leopoldo (1747-92, mais tarde imperador Leopoldo II), como tendo estado “entre as sombras e sob o pó, desconhecido como que perdido”. Ele ordenou que fosse levado do monte Amiata para Florença, primeiro sob a custódia de um seminário, e logo depois para a Biblioteca Laurenziana, onde está agora como Cod. Amiat. 1, provavelmente o mais famoso manuscrito da biblioteca.

A Biblioteca Laurenziana está entre as glórias arquitetônicas e literárias de Florença, uma das mais extasiantes cidades do mundo. Seu cerne é o acervo humanista a princípio reunido por Cosimo de’ Medici, “il Vecchio” (1389-1464), que foi suplementado sobretudo com as aquisições de seu neto Lorenzo, “o Magnífico” (1449-92).

Após a morte de Lorenzo os livros foram saqueados, vendidos e readquiridos pelos Medici, que agora viviam em Roma. Posteriormente as coleções foram devolvidas a Florença por Clemente VII (Giulio di Giuliano de’ Medici, 1478-1534), que encomendou ao próprio Michelangelo o projeto de uma biblioteca nobre para eles acima do claustro da basílica de San Lorenzo, a igreja da família Medici desde 1419. Foi completada em 1571 por Cosimo I de’ Medici (1519-74), grão-duque da Toscana e parente não consanguíneo do papa, e tinha então cerca de 3 mil manuscritos. Ela ainda mantinha algo do caráter de uma biblioteca dinástica quando o grão-duque Pedro Leopoldo ordenou que o Amiatinus fosse levado para lá do extremis finibus de seu ducado, na década de 1780.

O Codex Amiatinus 1

No começo deste ano li um livro de Christopher De Hamel, Manuscritos Notáveis. Fiquei impressionado.

Estava procurando mais informações sobre manuscritos da Vulgata. O capítulo 2 trata do Codex Amiatinus, considerado o manuscrito mais bem preservado da versão latina da Bíblia feita por Jerônimo, conhecida como Vulgata. DE HAMEL, C. Manuscritos notáveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, 680 p.

Publiquei no Observatório Bíblico, em 02.02.2024, um post sobre o Codex Amiatinus. Entre as obras indicadas está o livro de Christopher De Hamel. E um link para um resumo que fiz do capítulo 2.

Agora decidi colocar aqui em 5 posts o resumo, ali disponível em pdf, mas pouco visível.

O livro é: DE HAMEL, C. Manuscritos notáveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, 680 p. – ISBN ‎ 9788535929867. Em inglês é: Meetings with Remarkable Manuscripts: Twelve Journeys Into the Medieval World. New York: Penguin Press, 2017.

 

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Os mosteiros de Wearmouth-Jarrow e o abade Bento Biscop

Da Inglaterra do século VII, muito pouca coisa restou sobre o solo. Vestígios da arquitetura do período ainda podem ser vistos na extremidade oeste da igreja paroquial de São Pedro em Monk Wearmouth, no moderno condado de Tyne and Wear, extremo nordeste da Inglaterra, onde era a antiga Nortúmbria.

Há claras marcações no gramado ao sul da igreja indicando o perímetro de escavações arqueológicas recentes, mas é preciso muita imaginação para conceber isso como uma paisagem selvagem da Idade das Trevas, perto de onde o grande rio Wear desemboca no mar do Norte (nenhum dos quais se avista hoje da igreja), num terreno ofertado em 674 por Egfrido, rei da Nortúmbria, para a fundação de um grande mosteiro no modelo dos da Roma clássica tardia.

O primeiro abade e fundador dessa nova abadia do norte foi Bento Biscop (c. 628-90), um nobre local que visitou Roma nada menos que cinco vezes em sua vida. Essas experiências tiveram claramente um enorme impacto em sua percepção cultural. Ele decidiu tornar-se um monge. Em sua terceira viagem, em 669, acompanhou na volta à Inglaterra o sétimo arcebispo da Cantuária, na sucessão a Santo Agostinho, Teodoro de Tarso (602-90), a quem se credita ter instituído o ensino de grego no sul da Inglaterra. Em troca, Teodoro nomeou Bento abade efetivo do mosteiro vizinho na Cantuária, depois conhecido como Abadia de Santo Agostinho.

Quando, vários anos depois, em 674, o rei Egfrido ofereceu o terreno à margem do Wear para um mosteiro, Bento foi o candidato óbvio a ser enviado de volta à Nortúmbria. Conhecemos os detalhes disso a partir das incomparáveis histórias de Beda (c. 672-735), gênio preeminente entre os escritores anglo-saxões.

 

Bento Biscop e Ceolfrido em Roma e as Bíblias levadas para a Nortúmbria

Após estabelecer a nova casa em Wearmouth, Bento viajou de novo para Roma em 679, acompanhado pelo jovem monge Ceolfrido (c. 642-716). Os dois viajantes compraram lá, ou de algum modo obtiveram, “uma imensurável quantidade de livros de todos os tipos”, como expressou Beda, fato que terá destaque na história que se segue. Beda, que conhecia os dois, deixa implícito que foi Ceolfrido e não Bento quem adquiriu em Roma o texto da nova tradução da Bíblia (isto é, a Vulgata de Jerônimo) em três manuscritos, junto com uma vasta pandecta — ou seja, um volume abrangente — da Bíblia inteira, descrita como uma “antiga” versão das Escrituras. Esses e outros livros, bem como relíquias e objetos sacros, foram todos enviados e vieram junto com Bento e Ceolfrido para Wearmouth.

Os monges ingleses também cooptaram pessoas em Roma, inclusive um chantre chamado João, que veio para ensinar a prática de canto romana, e provavelmente artífices praticantes. As informações para visitantes no exterior da igreja em Monk Wearmouth hoje registram como as escavações no sítio revelaram vestígios de vidro e argamassa romana, técnicas que não eram conhecidas no norte da Europa naquele tempo.

Christopher De Hamel (1950-)Os livros trazidos de Roma, muito valorizados na época de Beda, há muito desapareceram, exceto (talvez) um pequeno fragmento italiano do século VI, tradução feita por Jerônimo do livro dos Macabeus para o latim, que sobreviveu por sorte, ao ser reutilizado como folha de guarda num manuscrito medieval na biblioteca da Catedral de Durham.

Em 682, o rei Egfrido deu aos monges mais terras, em Jarrow, cerca de onze quilômetros a noroeste, próximo da foz de outro grande rio nortumbriano, o Tyne. Os monges decidiram construir uma segunda igreja. O abade Bento Biscop confiou essa tarefa a Ceolfrido, que se mudou para o novo local com vinte membros do mosteiro, inclusive Beda, que era então adolescente e um monge iniciante.

Os dois estabelecimentos eram tidos como uma só comunidade, a uma distância um do outro que se podia percorrer a pé. Historiadores modernos referem-se comumente aos mosteiros gêmeos como “Wearmouth-Jarrow”, como se fossem um único local, e é costumeiro se referirem “à biblioteca” ou “ao scriptorium” de Wearmouth-Jarrow como sendo entidades indistinguíveis. Wearmouth foi dedicada a São Pedro, e Jarrow a São Paulo, os patronos conjuntos da Roma cristã.

É provável que Ceolfrido tenha transferido para Jarrow os manuscritos que ele mesmo tinha adquirido em Roma, já que Beda, claramente, continuou tendo acesso a eles, mas assim mesmo continuaram a ser propriedade conjunta de ambas as igrejas. Em 686 Ceolfrido foi nomeado abade das duas casas, e continuou a viver em Jarrow por mais trinta anos.

 

Ceolfrido encomenda três Bíblias completas

Há dois relatos do início do século VIII relacionados com a cópia de mais manuscritos bíblicos sob o patrocínio de Ceolfrido. Tendo em vista a raridade de quaisquer referências documentais à produção anglo-saxã de livros, eles merecem ser examinados com cuidado.

O primeiro refere-se a uma biografia anônima de Ceolfrido, decerto escrita por um de seus monges. Ele registra que Ceolfrido enriqueceu muito o acervo da igreja em Jarrow e que aumentou consideravelmente a coleção de livros que ele e Bento Biscop tinham trazido de Roma. O autor explica que Ceolfrido encomendou mais três Bíblias completas (ou pandectas), das quais uma foi deixada em cada igreja dos mosteiros gêmeos, de modo que quem quer que desejasse ler uma passagem de qualquer um dos testamentos poderia fazê-lo sem dificuldade. Não consta uma data certa para eles, exceto que aconteceram durante o abadado de Ceolfrido, mas esses manuscritos provavelmente tiveram início nas últimas décadas do século VII, e o trabalho deve ter continuado no início do século VIII.

Beda, que sem dúvida estava muito familiarizado com a cópia exibida na igreja de Jarrow, faz um ligeiro complemento desse relato em sua Historia abbatum. Ele descreve como Ceolfrido trouxe uma pandecta de uma “antiga” tradução da Bíblia de Roma e depois ampliou esse benefício fazendo mais três cópias dela, mas com um “novo” texto em vez do primeiro. Essa última observação é de importância. É característico de Beda ter noticiado e registrado qual tradução estava sendo usada. Os escribas sob a direção de Ceolfrido modelavam suas cópias no formato da grande pandecta que tinham recebido da Itália, mas agora eles substituíram o texto para que fosse o da mais moderna Vulgata de Jerônimo. Esse fato vai se tornar significativo na história.

Mês da Bíblia 2024 na Vida Pastoral

Vida Pastoral n. 359, setembro-outubro de 2024

Mês da Bíblia 2024: Livro de Ezequiel – “Colocarei em vocês o meu Espírito e vocês reviverão” (Ez 37,14)Vida Pastoral n. 359, setembro-outubro de 2024

Diz o Editorial:

Como toda literatura, a Bíblia é, antes de tudo, um acontecimento oral, resultante de narrativas diversas, contadas e recontadas. Ao longo de muito tempo, essas narrativas foram tornadas letras e, posteriormente, textos canônicos.

A cultura bíblica é essencialmente oral. Sabe-se que os poetas e os profetas tinham muito em comum. Ambos eram inspirados por uma força sobrenatural, divina. Se o poeta era possuído pela musa, o profeta o era pelo deus. Para os gregos, o profeta era um porta-voz, alguém inspirado por um deus e que falava em nome desse deus. No mundo bíblico, o sentido é semelhante, o profeta é porta-voz de Deus. Ele comunica o que Deus ordena.

A palavra “profeta” significa aquele que anuncia ou proclama a mensagem de outrem. No entanto, os profetas bíblicos não eram apenas veículos de transmissão da palavra divina. Estavam, sim, a serviço dessa palavra, mas não passivamente, como meros repetidores.

De acordo com Schökel, “o profeta precisa elaborar os oráculos com o suor da sua fronte, como consciencioso artesão da palavra profética” (SCHÖKEL, L. A.; SICRE DIAS, J. L. Profetas I: Isaías, Jeremias. Paulus, p. 16). De modo que, se nas confrarias de aedos e cantores gregos havia o treinamento para o domínio da língua poética, no mundo bíblico também há o esforço de aprimoramento do discurso. Como ministro da palavra e artista da linguagem, o profeta utiliza linguagem já elaborada, a qual ele continua enriquecendo. Sabe-se, pelos livros proféticos, quanto é fecunda a linguagem dos profetas bíblicos.

No caso do profeta Ezequiel, cujo nome significa “Deus fortalece”, ele se insere nessa mesma linhagem. Toda a sua profecia está carregada de metáforas poderosas. O contexto de seu ministério é o exílio na Babilônia (597 a.C.), quando foram levados para lá os primeiros exilados de Israel (família real, altos oficiais, anciões). De todo repertório que se pode conferir no livro de Ezequiel, destacam-se duas metáforas marcantes: ossos secos e novo coração.

Ezequiel tem a visão de um vale repleto de ossos totalmente secos, sem nenhuma possibilidade de vida. O profeta passeia por entre os ossos e não poupa detalhes, descrevendo o cenário carregado pela atmosfera da morte. Os ossos secos são o retrato do povo exilado, destituído de qualquer sinal de superação da crise em que vive, e no horizonte parece não haver esperança. O profeta faz ver que a esperança está em Deus: “Assim diz o Senhor Javé a esses ossos: Vou infundir um espírito, e vocês reviverão. Vou cobrir vocês de nervos, vou fazer com que vocês criem carne e se revistam de pele. Em seguida, infundirei o meu espírito, e vocês reviverão” (Ez 37,5-6).

A expressão coração novo, por sua vez, chama a atenção para a tomada de consciência sobre o porquê de Israel ter chegado àquela situação de tanto sofrimento. O motivo seria a infidelidade da “casa de Israel”, isto é, das autoridades e de todo o povo, que, ao invés de seguirem os preceitos de Deus, caíram na idolatria e em outros pecados. A saída do estado decadente e desolador dar-se-á mediante o poder e a bondade divina: “Darei a vocês um coração novo e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne” (Ez 36,26-27).

Assim como no vale de ossos secos e nos corações petrificados no livro de Ezequiel, nossa realidade atual está marcada por sinais de morte, guerras, crises climáticas e humanitárias. Que o Espírito sopre nos “cadáveres” gerados pela indiferença e por decisões frias, tomadas por corações petrificados em seus escritórios gelados. Que não nos faltem profetas “artesãos da linguagem”, cheios do Espírito, corajosos e capazes de dizer palavras de esperança e transformação.

Sumário

Restauração da monarquia davídica e da terra de Israel: Entendendo o livro de Ezequiel – Prof. Shigeyuki Nakanose

Quem é o verdadeiro pastor?: Uma leitura de Ezequiel 34,1-16 – Profa. Maria Antônia Marques

Entre a dor que dilacera e a vontade de viver: a memória de Ezequiel no pós-guerra – “Abre a boca e come o que te entrego” (Ez 2,8) – Profa. Cecilia Toseli

A esperança que nasce num vale de ossos secos: Ezequiel 37 – Prof. Luiz Alexandre Solano Rossi e Profa. Érica Daiane Mauri

A escavação arqueológica da Assíria

LARSEN, M. T. The Conquest of Assyria: Excavations in an Antique Land, 1840-1860. New York: Routledge, [1996] 2016, 424 p. – ISBN 9781138991620.

Até meados do século XIX, o passado mesopotâmico não era apenas distante e exótico, mas estava envolto em mitos e lendas, e nenhuma evidência concreta de suaLARSEN, M. T. The conquest of Assyria: excavations in an antique land, 1840-1860. New York: Routledge, [1996] 2016, 424 p. existência podia ser encontrada em nossos museus. No entanto, os nomes de reis como Senaquerib e Tiglat-Pileser, ou de cidades como Babilônia e Nínive, faziam parte da bagagem intelectual de europeus cultos – embora hoje não sejam significativos nem mesmo para a maioria dos acadêmicos.

A razão de sua antiga proeminência foi sua importância no mundo do Antigo Testamento, um livro que dominou o mundo da Europa do século XIX. Assim, quando essas cidades e reis, de repente, se tornaram realidade concreta, à medida que palácios cheios de tesouros, relevos e textos emergiam dos montes da Assíria, é compreensível que o interesse público fosse enorme.

Desde então, as disciplinas de Arqueologia do Antigo Oriente Médio e da Assiriologia, que se desenvolveram com base no fluxo contínuo de novas evidências das culturas antigas da Mesopotâmia, afastaram-se em grande medida dos seus laços com os estudos bíblicos. A tentativa agora é estudar e compreender a Assíria e a Babilônia em seus próprios termos, como complexos culturais e históricos de interesse por direito próprio, e que não devem ser vistos principalmente como provedores de material comparativo e ilustrativo para o estudo da Bíblia.

Essa emancipação disciplinar, necessária e óbvia, removeu até certo ponto a ampla base de interesse público que essas atividades desfrutavam e talvez tenha diminuído suas possibilidades de estabelecer uma conexão com os interesses e problemas contemporâneos. Os pioneiros, que são o assunto deste livro, tiveram um ponto de partida mais fácil do que nós quando se esforçaram para interessar seu próprio tempo em suas conclusões sobre o caráter e o significado das culturas antigas, e sua excitação e absorção nesses assuntos animam e energizam suas descrições.

Uma das consequências desse sentimento de relevância óbvia para as novas descobertas em uma estrutura religiosa e intelectual europeia foi a apropriação do mundo antigo para formar a base para a história do Ocidente. Aqui estava o “berço da civilização”, civilização sendo, claro, a Europa, e dessa forma essas disciplinas acadêmicas, até certo ponto, podem ser vistas como as “enteadas do imperialismo”. O que deu às descobertas mesopotâmicas seu interesse peculiar foi o sentimento de que os arqueólogos estavam caçando o próprio começo da história humana, conforme percebido à luz dos escritos sagrados. Ao mesmo tempo, foi enfatizado, repetidamente, que os restos antigos não significavam nada para os árabes locais. Essas cidades dos mortos ficaram escondidas na areia por milênios, ignoradas por aqueles que passavam por elas ou montavam suas tendas em cima delas.

Este livro é sobre o “estranho de olhos brilhantes do Frangistão” que falava inglês e que quebrou o silêncio oriental, Austen Henry Layard, bem como sobre os outros pioneiros, Paul-Émile Botta, Hormuzd Rassam, Henry Rawlinson e Victor Place, que na Assíria encontraram o que era visto como parte da herança histórica da Europa, apesar da percepção de que sua arte era estranha e primitiva.

As vidas e atividades desses homens nos apresentam uma imagem da Europa e do Oriente Médio no século XIX. A base para sua compreensão e interpretação do que eles desenterraram estava, é claro, enraizada em seu tempo, suas percepções e preconceitos. No entanto, suas descobertas também se tornaram parte daquela grande revolução intelectual que varreu a Europa na segunda metade do século XIX, quando descobertas científicas e acadêmicas mudaram a visão de mundo tradicional herdada e lançaram as bases para nossa própria compreensão do mundo (Trechos do Prefácio).

No começo do capítulo 1, The Mounds of Nineveh, leio:

Em um dia de calor escaldante de junho de 1842, dois cavaleiros chegaram aos portões de Mossul, uma cidade provincial no Império Otomano. Eles vinham de Bagdá, no sul, por uma estrada que os levou através da terra fértil a leste do Tigre. Eles chegaram a Mossul cruzando uma ponte frágil de barcos que conectava a cidade na margem ocidental com as aldeias do outro lado do Tigre.

Um dos homens era um carteiro turco que estava a caminho de Constantinopla, a mais de dois mil quilômetros de distância, com correio imperial oficial. O outro era um jovem vestido como um bakhtiyari, uma tribo que vivia no Cuzistão, a região montanhosa do sudoeste do Irã. No entanto, um olhar mais cuidadoso logo perceberia que ele era um europeu. E, de fato, depois de ter se separado de seu companheiro de viagem, que entrou no palácio do paxá local, ele foi direto para o vice-consulado britânico, onde foi recebido como um velho amigo. Ele era o aventureiro britânico de vinte e cinco anos, Austen Henry Layard.

No mesmo dia, ele foi apresentado ao novo cônsul francês em Mossul, Paul-Émile Botta, de quarenta anos, e o encontro entre esses dois teve um significado muito especial, pois pode-se dizer que marcou o início da exploração arqueológica da antiga Mesopotâmia. Botta e Layard estavam destinados a se tornarem os descobridores da antiga Assíria.

Mogens Trolle Larsen é professor emérito de assiriologia na Universidade de Copenhague, Dinamarca.

 

Da resenha de Paul Zimansky, Bulletin of the American Schools of Oriental Research, n. 313 (1999), p. 92-95:

A obra de Mogens Trolle Larsen, uma história da descoberta das capitais neoassírias e da decifração da escrita cuneiforme, pode ser apreciada como uma história de aventura, mesmo por aqueles que não têm interesse nesta área.

The Conquest of Assyria trata de um período de menos de duas décadas, começando em 1842 e terminando em meados da década de 1850. Seu tema central é a carreira arqueológica de Austen Henry Layard, embora as outras figuras-chave na redescoberta do Império Assírio – Botta, Hincks, Rassam e Rawlinson – não sejam negligenciadas.

Mogens Trolle Larsen The Conquest of Assyria pode ser visto como um complemento útil para os próprios relatos clássicos de Layard, uma vez que é necessário um intérprete do julgamento sólido e da experiência moderna de Larsen para entender o que as primeiras expedições na Assíria realmente realizaram. Layard tinha apenas o testemunho remoto e hostil da Bíblia e fontes clássicas de terceira mão e não confiáveis, como Diodoro Sículo, para interpretar suas descobertas. Ele não tinha a mínima ideia de como datar qualquer coisa e os textos cuneiformes que ele descobriu eram, na maior parte, ilegíveis. Em suma, sem os serviços de um guia, ao ler Layard, o leitor moderno perde muito.

The Conquest of Assyria conta uma história familiar com melhor equilíbrio e mais detalhes do que já foi contada antes. Seu autor é um assiriologista talentoso que escreve tão bem quanto qualquer jornalista, mas é menos propenso a erros. Este trabalho é adequado para permanecer como o tratamento básico sobre o assunto por algum tempo e merece um público amplo.

Da resenha de Zainab Bahrani, Journal of the American Oriental Society, vol. 118, n. 4 (1998), p. 573-574:

Larsen não disfarça sua intensa admiração por Layard e escreve o livro como uma biografia do homem: sua infância, suas aventuras, seus amores, seus triunfos e tribulações. O material de origem são os próprios trabalhos publicados de Layard e uma série de cartas não publicadas na British Library, que fornecem informações novas e interessantes sobre Layard e seus pontos de vista.

No entanto, Larsen frequentemente lê os textos de Layard sem analisá-los criticamente, falhando, assim, em considerar que eles foram escritos para impressionar um público, na esperança de levantar fundos, ao descrever aventura e perigo em uma terra desconhecida. Suas cartas também são apresentadas de forma semelhante. O desprezo de Larsen pela motivação de Layard, na verdade, transforma sua própria narrativa em uma hagiografia.

Apesar disso, ele fornece uma boa quantidade de informações sobre a recepção da arte assíria no Ocidente. Ele enfatiza corretamente que as primeiras escavações foram realizadas com o único propósito de abastecer o British Museum e o Louvre, e que a competição entre essas duas instituições era uma disputa de ambição imperial.

O livro é escrito em um estilo que imita a literatura de viagem britânica do século XIX. Layard é denominado “nosso jovem herói”, um recurso narrativo usado no literatura romântica inglesa. Essa técnica narrativa do século XIX também afeta o conteúdo do livro. Descrições orientalizantes da Mesopotâmia como “infinita, monótona e plana” ou “decrépita”, “não é um lugar agradável para se passar o verão, ou qualquer outra época do ano” são do próprio Larsen. Ao participar do mundo que ele está reconstruindo, Larsen parece desinteressado nos resultados de pesquisas recentes nas ciências humanas. Na verdade, ele parece desconhecer todo o campo da crítica pós-colonial.

Aqueles que esperam este livro como o primeiro da fila de análises críticas da disciplina ficarão desapontados. Mas como um conto de aventura e mistério, o livro é bem-sucedido. O público em geral apreciará a história de como o cuneiforme veio a ser decifrado ou a explicação do que é um zigurate. Como um trabalho acadêmico, no entanto, o livro acende um alerta por sua adoção de estereótipos que todos nós desejamos deixar para trás.

 

This book is about the ‘bright-eyed stranger from Frangistan’ who spoke the English word which broke the Oriental silence, Austen Henry Layard, as well as about the other pioneers, Paolo Emilio Botta, Hormuzd Rassam, Henry Rawlinson and Victor Place, who in Assyria found what was seen as part of Europe’s historical heritage, despite its perceived alien and primitive art.

The lives and activities of these men present to us a picture of Europe and the Middle East in the nineteenth century. The basis for their understanding and interpretation of what they unearthed was of course rooted in their time, its perceptions and prejudices. Yet, their discoveries also became part of that great intellectual revolution that swept through Europe in the second half of the nineteenth century, when scientific and scholarly discoveries changed the traditional inherited world view and laid the foundations for our own understanding of the world.

Mogens Trolle Larsen is a Professor Emeritus of Assyriology at the University of Copenhagen, in Denmark.

O Prólogo de João e suas ressonâncias

PORTER, S. E.; YOON, D. I. (eds.) The Johannine Prologue and Its Resonances. Leiden: Brill, 2024, 320 p. – ISBN 9789004698932.

Este é o quarto volume da série Johannine Studies, que está sendo publicada pela Brill de Leiden. Este volume é sobre o prólogo do Evangelho de João ePORTER, S. E.; YOON, D. I. (eds.) The Johannine Prologue and Its Resonances. Leiden: Brill, 2024, 320 p. suas muitas ressonâncias dentro de todo o Evangelho. Parâmetros rígidos não foram definidos sobre este tópico, e isto se reflete na natureza variada das contribuições individuais. Não achamos necessário dividir as contribuições em várias partes devido ao escopo mais restrito deste volume do que outros na série.

O primeiro volume da série foi Stanley E. Porter e Andrew K. Gabriel, Johannine Writings and Apocalyptic: An Annotated Bibliography (Leiden: Brill, 2013), o segundo foi Stanley E. Porter e Hughson T. Ong (eds.) The Origins of John’s Gospel (Leiden: Brill, 2016), e o terceiro foi Stanley E. Porter e Andrew W. Pitts (eds.) Johannine Christology (Leiden: Brill, 2020). É encorajador ver a resposta forte e positiva a esses volumes à medida que continuamos a série até a conclusão dos cinco primeiros volumes. O volume final deste primeiro conjunto é: John’s Gospel and Its Sources.

Tenho o prazer de dizer que continuaremos a série com mais cinco volumes projetados, com mais por vir se esses cinco continuarem a ser de interesse acadêmico. Os próximos cinco volumes programados são:

Volume 6: João e o judaísmo (2026)
Volume 7: João e os Evangelhos Sinóticos (2027)
Volume 8: João e a “Quarta Busca” (2028)
Volume 9: Linguagem joanina (incluindo gênero e estilo) (2029)
Volume 10: Comunidade e audiência joanina (2030)

Os estudos joaninos têm visto um ressurgimento nos últimos anos, com muitos dos resultados da pesquisa joanina anterior sendo reexaminados. Isso inclui teorias sobre as origens do Evangelho de João, sua relação com os Evangelhos Sinóticos, sua teologia, sua historiografia e muitos outros tópicos. Este volume é parte de um esforço concentrado para preencher a lacuna de publicações dedicadas aos estudos joaninos. O estudo dos escritos joaninos, incluindo o Evangelho, as cartas joaninas e o Apocalipse, tem sido dificultado pela falta de tais publicações (Trecho do Prefácio).

 

Stanley E. Porter (1956-)This is the fourth of a series of volumes in the Johannine Studies series being published by Brill Publishers of Leiden. This volume is on the topic of the prologue to John’s Gospel and its many resonances within the entire Gospel. Narrow parameters have not been set on this topic, as is reflected in the varied nature of the individual contributions. We have not found it necessary to divide the contributions into various parts due to the narrower scope of this volume than others in the series.

The first volume in the series was Stanley E. Porter and Andrew K. Gabriel, Johannine Writings and Apocalyptic: An Annotated Bibliography, jost 1 (Leiden: Brill, 2013), the second was Stanley E. Porter and Hughson T. Ong, eds., The Origins of John’s Gospel, jost 2 (Leiden: Brill, 2016), and the third was Stanley E. Porter and Andrew W. Pitts, eds., Johannine Christology, jost 3 (Leiden: Brill, 2020). It is encouraging to see the strong and positive response to these volumes as we continue the series through the completion of the first five volumes. The final volume of this first set is: John’s Gospel and Its Sources.

I am pleased to say that we will be continuing the series with five more projected volumes, with more to come if these five continue to be of scholarly interest. The next five scheduled volumes are:

Volume 6: John and Judaism (2026)
Volume 7: John and the Synoptic Gospels (2027)
Volume 8: John and the “Fourth Quest” (2028)
Volume 9: Johannine Language (including Genre and Style) (2029)
Volume 10: Johannine Community and Audience (2030)

Johannine studies has seen a resurgence of interest in the last several years, with many of the assured results of previous Johannine scholarship being re-examined. These include theories regarding the origins of John’s Gospel, its relationship to the Synoptic Gospels, its theology, its historiography, and many other topics. This volume is part of a concerted effort to address the need for avenues of dedicated publication of Johannine studies. Study of the Johannine writings, including the Gospel, three Johannine letters, and Revelation, has been hampered by a lack of such dedicated publications. There are many such opportunities, including specific series and journals, for study of the Synoptic Gospels, and an equivalent number for the Pauline writings. Therefore, it is appropriate and necessary to publish a series devoted to the Johannine writings and their many attendant research questions.

This Johannine Studies series concentrates upon topics of special relevance for Johannine research, especially where recent work is re-conceptualizing old topics orDavid I. Yoon introducing new ones. The number of scholars devoting their efforts to such areas continues to grow, as is evidenced by the numbers of sessions dedicated to Johannine studies at recent major conferences, as well as the variety of Johannine publications finding their ways into various journals and other works.

Stanley E. Porter is President, Dean, and Professor of New Testament at McMaster Divinity College, Hamilton, Ontario, Canada.

David I. Yoon is Associate to the Academic Dean and Instructor of Biblical Studies at Emmanuel Bible College, and Research Fellow at McMaster Divinity College.

Um script para ver os gráficos de rede do vnStat e vnstati

Uso o Linux Mint 22 Wilma Cinnamon, e esta dica foi encontrada em um Fórum do Linux Mint.

1. Instale vnStat e vnstati com sudo apt-get install vnstat vnstati

2. Crie um script e torne-o executável. Vamos criar uma pasta em home, executando isso como usuário padrão, não sudo. No terminal, execute as seguintes linhas, umavnStat - monthly de cada vez:

mkdir ~/NetUseViewer
touch ~/NetUseViewer/viewnetuse.sh
chmod +x ~/NetUseViewer/viewnetuse.sh

3. Agora abra o novo arquivo de texto criado em home/username/NetUseViewer/viewnetuse.sh e cole o seguinte código nele, substituindo “nome-da-interface-de-rede” pelo nome apropriado, enp3s0, eth0 ou outro:

#!/bin/bash
vnstati -vs -i nome-da-interface-de-rede -o summary.png
vnstati -h -i nome-da-interface-de-rede -o hourly.png
vnstati -d -i nome-da-interface-de-rede -o dayly.png
vnstati -m -i nome-da-interface-de-rede -o monthly.png
vnstati -y -i nome-da-interface-de-rede -o yearly.png
vnstati -t -i nome-da-interface-de-rede -o top_10.png
xviewer summary.png
xviewer hourly.png
xviewer dayly.png
xviewer monthly.png
xviewer yearly.png
xviewer top_10.png

Salve as alterações no arquivo.

4. Teste o script. Execute no terminal:

bash ~/NetUseViewer/viewnetuse.sh

Primeiro ele vai abrir a imagem com o resumo, e, ao fechá-la, ele vai abrir a imagem com o gráfico de hora e assim por diante. Nesta configuração ele vai abrir seis gráficos: resumo, hora, dia, mês, ano, top 10. Você pode retirar gráficos ou mudar a ordem deles, se preferir.

5. Se tudo funcionar, crie o lançador:

– clique na área de trabalho com o botão direito do mouse e vai aparecer no menu: criar novo lançador aqui

– propriedades do lançador:
nome: escolha um nome, como Rede ou outro
comando: navegue até ~/NetUseViewer/viewnetuse.sh e dê ok.

– Pergunta se quer colocar no menu: escolha
– Se quiser mudar qualquer coisa, como ícone, por exemplo, é só clicar em propriedades.

Fonte: Simple way to find out data/network usage? – Linux Mint Forums – Post by axrusar – Thu Dec 15, 2022

VnStat no terminal, no conky e no navegador

:. O que é o vnStat?

O vnStat é um monitor de rede para ambientes Linux e BSD. Ele usa as estatísticas da interface de rede fornecidas pelo kernel como fonte de informação. O vnstati fornece suporte de saída de imagem para estatísticas coletadas usando o vnStat, no formato png.

Site oficial: https://humdi.net/vnstat/

Estou usando o Linux Mint 22 Wilma Cinnamon, por isso estas dicas têm este sistema como referência.vnStat - summary

1. Usando vnStat no terminal

:. Como instalar, configurar e usar o vnStat?

. Para instalar, abra o synaptic, procure e mande instalar vnstat e vnstati. Ou, no terminal, digite: sudo apt-get install vnstat vnstati
. Para configurar, digite no terminal sudo vnstat -i nome-da-interface-de-rede . Aqui, substitua “nome-da-interface-de-rede” por sua interface de rede [eth0, eth1, enp2s0, enp3s0 etc], que pode ser encontrada digitando ifconfig no terminal. Isto é para criar uma base de dados para a conexão usada. E depois digite sudo vnstat -q para confirmar se a base de dados foi criada. Ela fica em /var/lib/vnstat/vnstat.db). Assim, vnStat está pronto para funcionar.
. Se tiver problema no funcionamento da base de dados, renomeie a pasta vnstat para vnstat_old em /var/lib/vnstat e crie uma nova pasta vnstat

. É possível também importar os dados de uma instalação antiga para uma nova. Veja como em Export and Import Database #120

. Para ver as várias possibilidades de estatísticas, busque na web por “vnstat”. Muitos sites explicam como obter, via terminal, um sumário do uso da rede, além dos dados por hora, dia, mês, ano, a cada cinco minutos, top 10…

. Para ajuda, digite no terminal: vnstat --help

vnStat - daily. Para ver as estatísticas em um gráfico bastante bonito, via vnstati, digite no terminal: vnstati -vs -i nome-da-interface-de-rede -o ~/summary.png . Você terá o resultado gráfico em ~/summary.png

. Para mudar as cores dos gráficos, confira Vnstati, suporte de imagens para o VnStat.

. Algumas dicas úteis:

– para verificar o funcionamento, digite no terminal: sudo vnstat -i nome-da-interface-de-rede [eth0, enp3s0 etc]

– para iniciar o serviço: sudo /etc/init.d/vnstat start

– para verificar se o daemon está funcionando: ps aux | grep vnstatd

– para começar vnstat manualmente: vnstatd -n -s

– para rodar: sudo chown -R vnstat:vnstat /var/lib/vnstat

2. Usando o vnStat no Conky

Todas as informações estão em uma minha postagem publicada em 30.01.2017 e atualizada em 11.08.2024. Confira: Conky com nova sintaxe.

3. Usando o vnStat no navegador

. A dica mais difundida na internet é VnStat PHP: A Web Based Interface for Monitoring Network Bandwidth Usage. Mas não serve para mim, pois já tenho servidor no meu Linux com o Xampp, onde uso minha página e meu blog em instalações locais, localhost. Se instalo apache2 bloqueia meu servidor do xampp. Além do servidor, aqui se deve instalar e configurar o vnstat_php_frontend-1.5.1.tar.gz que está em vnstat PHP frontend.vnStat - top 10

. Então vou dar a dica de instalação via Xampp.
1. Baixe o Xampp para Linux
2. Instale o Xampp: How do I install XAMPP?
3. Inicialize o Xampp: How do I start XAMPP? – Outra opção, muito prática: instale o applet Xampp Panel Menu e gerencie o Xampp através dele.
4. Baixe o vnstat-php-master.zip de logicalshrapnel
5. Extraia o vnstat-php-master.zip, como root, para opt/lampp/htdocs e renomeie a pasta como vnstat
6. No arquivo config.php.dist tire eth0 e eth1 e coloque os-nomes-de-suas-interfaces-de-rede
7. Com o Xampp ligado [sudo /opt/lampp/lampp start ou através do Xampp Panel Menu] insira em seu navegador: http://localhost/vnstat/ e terá belos gráficos de seu uso da rede.

História e arqueologia de Jerusalém

FINKELSTEIN, I. Jerusalem the Center of the Universe: Its Archaeology and History (1800–100 BCE). Atlanta: SBL Press, 2024, 472 p. – ISBN 9781628374995.

Para algumas tradições religiosas, Jerusalém parece ser o centro do universo. A cidade conquistou enorme importância para três grandes religiões monoteístas.FINKELSTEIN, I. Jerusalem the Center of the Universe: Its Archaeology and History (1800–100 BCE). Atlanta: SBL Press, 2024, 472 p.

Mas como uma cidade localizada às margens do deserto, nas terras altas semiáridas do sul de Israel, com pouca terra agriculturável, alcançou tal domínio?

Para fornecer respostas a esse enigma, Israel Finkelstein coletou vinte e quatro de seus melhores artigos e ensaios cobrindo a Idade do Bronze Médio até o final do período helenístico. Com cuidado crítico e bem informado, ele analisa evidências arqueológicas que frequentemente estão em tensão com o texto bíblico.

Tópicos de especial interesse incluem a arqueologia do século X a.C.; Saul, Davi e Salomão na Bíblia e na arqueologia; a primeira expansão da cidade no século IX; seu crescimento total no final do século VIII ao VII; Jerusalém e Judá sob o Império Assírio; os dias do rei Josias; e as transformações nas eras persa e helenística.

Pequenos adendos atualizam o leitor sobre os desenvolvimentos recentes.

Israel Finkelstein é professor emérito de Arqueologia na Universidade de Tel Aviv e Diretor da Escola de Arqueologia e Culturas Marítimas da Universidade de Haifa, Israel.

Jerusalem is the center of the universe, the hub of the three great monotheistic religions, yet how did a city located on the desert fringe, in the semi-arid southern highlands of Israel with little tillable land achieve such dominance? To provide answers to this enduring riddle, Israel Finkelstein has collected twenty-four of his best articles and essays covering the Middle Bronze Age to the late Hellenistic period. With critical and well-informed care, he analyzes archaeological evidence that often stands in tension with the biblical text. Topics of particular interest include the archaeology of the tenth century BCE; Saul, David, and Solomon in the Bible and archaeology; the first expansion of the city in the ninth century; its full growth in the late eighth to seventh centuries; Jerusalem and Judah under the Assyrian Empire; the days of King Josiah; and transformations in the Persian-Hellenistic era. Short addenda update the reader on recent developments.

Israel Finkelstein is Professor Emeritus of Archaeology at Tel Aviv University and the Head of the School of Archaeology and Maritime Cultures at the University of Haifa.

O livro de Oseias na pesquisa atual

KELLE, B. E. (ed.) The Oxford Handbook of Hosea. New York: Oxford University Press, 2024, 520 p. – ISBN 9780197639597.

Esta é uma coleção de ensaios com múltiplos recursos para a interpretação do livro de Oseias. O volume examina abordagens que são consideradas essenciais para aKELLE, B. E. (ed.) The Oxford Handbook of Hosea. New York: Oxford University Press, 2024, 520 p. interpretação ou que são representativas das tendências atuais na pesquisa do livro de Oseias.

Cada ensaio aborda um elemento em particular e faz um levantamento crítico de estudos anteriores antes de apresentar abordagens atuais e prospectivas.

De muitas maneiras a pesquisa sobre o livro de Oseias é representativa dos desenvolvimentos e tendências atuais no estudo do profetismo como um todo. Portanto, embora dedicada ao livro de Oseias, a coleção de ensaios neste volume fornece um instantâneo de como deve ser a pesquisa atual sobre um livro profético.

A coleção começa com ensaios orientados para o contexto discutindo a história, o texto e o crescimento composicional de Oseias.

O volume inclui uma seção de ensaios sobre perspectivas estabelecidas e emergentes sobre os principais textos representativos do livro.

Em seguida os ensaios tratam dos principais elementos teológicos e literários, temas e motivos do livro de Oseias, antes de prosseguir para examinar diversas teorias interpretativas, contextos e abordagens.

O último grupo de ensaios no volume investiga as principais tendências na história da recepção de Oseias, incluindo o uso do livro em filmes e romances populares, bem como a interpretação asiática e afro-americana.

Brad E. Kelle é Professor de Antigo Testamento e Hebraico Bíblico na Point Loma Nazarene University, San Diego, California.

 

The Oxford Handbook of Hosea is a collection of essays that provide resources for the interpretation of the book of Hosea. The volume examines interpretive elements and approaches that are deemed essential for interpretation or that are representative of significant trends in present and future study. Each essay addresses one particular element or approach and will critically survey prior scholarship before presenting current and prospective approaches.

In many ways, research on the book of Hosea is representative of the developments and current trends in prophetic study as a whole. Hence, while dedicated to the book of Hosea, the collection of essays in this volume provides a snapshot of what today’s fully orbed scholarship on a prophetic book should look like. The collection begins with background-oriented essays that discuss the history, text, and compositional growth of Hosea. The volume includes a section of essays that survey established and emerging perspectives on key representative texts from the book. The essays then treat the book of Hosea’s major theological and literary elements, themes, and motifs before moving on to examine diverse interpretive theories, contexts, and approaches. The final group of essays in the volume investigates major trends in the reception history of Hosea, including the book’s use in popular movies and novels, as well as Asian and African American interpretation.

Table of Contents

List of Abbreviations
About the Contributors
Acknowledgments
Introduction, Brad E. Kelle
1. Does (and Should) Hosea Matter Still?, Carol J. Dempsey, OP
Part I: History, Text, and Composition
2. The Book of Hosea and the History of Eighth-Century BCE Israel, Shuichi Hasegawa
3. Assyria and Its Image in Hosea, Shawn Zelig Aster
4. Hosea the “Historical Prophet” of the Eighth Century BCE, Hosea the Remembered Prophet of Yehudite Literati, and the Book of Hosea, Ehud Ben Zvi and Ian D. Wilson
5. The Book of Hosea and Israelite Religion in the Eighth Century BCE, Lena-Sofia Tiemeyer
6. The Book of Hosea and the Socioeconomic Conditions of Eighth-Century BCE Israel, Davis Hankins
7. Transformation and Reinterpretation in the Composition and Redaction of Hosea, Susanne Rudnig-Zelt
8. The Book of Hosea and Northern/Israelian Hebrew, Na’ama Pat-El
9. Texts and Versions of the Book of Hosea, Eric J. Tully
10. Hosea in the Book of the Twelve, Mark Leuchter
Part II: Key Texts: Established and Emerging Perspectives
11. Hosea 1-3, the Marriage Metaphor, and the Ties that Bind, Amy Kalmanofsky
12. Hosea 5:8-6:6, Alt’s Hypothesis, and New Possibilities, Marvin A. Sweeney
13. Hosea 7-8 and the Critique of Kings, Politics, and Power, Jerry Hwang
14. Hosea 11 and Metaphors of Identity, Relationship, and Core Values in Contexts of Trauma, Jennifer M. Matheny
15. Hosea 12-13 and Prophetic Composition, Rhetoric, and Recollection, John Goldingay
Part III: Theological and Literary Elements, Themes, and Motifs
16. Metaphors in the Book of Hosea, Mason D. Lancaster
17. Intertextuality and Traditions in the Book of Hosea, Göran Eidevall
18. God’s Character in the Book of Hosea, Bo H. Lim
19. Kingship and Political Power in the Book of Hosea, Heath D. Dewrell Brad E. Kelle
20. Sin and Punishment in the Book of Hosea, Joshua N. Moon
21. Repentance in the Book of Hosea, Mark J. Boda
22. Gender and Sexual Violence in Hosea, Kirsi Cobb
Part IV: Interpretive Theories and Approaches
23. Hosea in Feminist and Womanist Interpretation, Vanessa Lovelace
24. Masculinity Studies and Hosea, Susan E. Haddox
25. Queer Theory and Hosea, Jennifer J. Williams
26. Postcolonialism as a Methodological Approach to Hosea, Jeremiah W. Cataldo
27. Prolegomena to the Ecological Interpretation of Hosea, Peter Trudinger
Part V: Reception
28. Hosea in Rabbinic Literature, Devorah Schoenfeld
29. Hosea in the New Testament, Steve Moyise
30. Hosea in Popular Culture, Emily O. Gravett
31. The Ghost of Hosea in African American Interpretation, Aaron Dorsey
32. Hosea in Asia-centric Interpretation, Barbara M. Leung Lai
Index

Brad E. Kelle is Professor of Old Testament and Hebrew at Point Loma Nazarene University in San Diego, CA.