O professor Carlos Rodrigues Brandão morreu no dia 11 de julho de 2023 aos 83 anos de idade.
Trabalhamos juntos na Teologia da PUC-Campinas por alguns anos na década de 80, quando ele foi, temporariamente, substituir o Luiz Roberto Benedetti.
Já sabíamos um do outro através da Ana Lúcia da Silva, da UFG, minha amiga e companheira de trabalho no Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro a partir de 1977.
Quando o conheci, já era, portanto, seu amigo.
Ele veio a Ribeirão Preto falar sobre Folia de Reis para nossos alunos do CEARP, em um dos simpósios que eu, então, organizava.
Um intelectual extraordinário e uma pessoa extremamente humana.
Diz o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp:
Morre o professor emérito Carlos Rodrigues Brandão – 12 Julho 2023
É com imenso pesar que informamos o falecimento de nosso professor emérito Carlos Rodrigues Brandão, que deixa a toda a comunidade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) um legado de trabalho, luta e generosidade.
Brandão, como era carinhosamente conhecido, foi professor permanente da Unicamp de 1976 até 1997, desenvolvendo pesquisas na área de cultura e educação popular, antropologia rural e questões ambientais, em diferentes regiões do país. No Departamento de Antropologia, ministrou disciplinas na graduação e na pós-graduação em áreas como religião, cultura popular e teoria antropológica. Participou da criação do Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes) na Faculdade de Educação (FE) e do Centro de Estudos Rurais (Ceres) no IFCH. Foi também vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam).
Brandão formou uma legião de estudantes não somente na teoria, mas também na prática, nas inúmeras viagens de campo que organizou, especialmente no interior de São Paulo e Minas Gerais. Invariavelmente, esses estudantes se tornaram não só qualificados pesquisadores e colegas, mas, sobretudo, estimados amigos. Com eles, compartilhou o trabalho, o gosto pelo sertão, seu sítio Rosa dos Ventos, as delicadezas do cotidiano e da vida. Autor de inúmeros livros sobre comunidades tradicionais, sobre populações rurais e de literatura (contos e poesia), Brandão se definia como um “militante ativista”, para quem ensinar e aprender são ações coletivas e indissociáveis.
Depois de aposentado, continuou a atuar como professor colaborador nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e do Doutorado em Ciências Sociais da Unicamp. Foi ainda professor visitante de inúmeras universidades, pesquisador do Instituto Paulo Freire e recebeu vários prêmios, sempre compreendendo as homenagens como algo plural, de reconhecimento a um coletivo. Em 1998, foi contemplado com o título de Comendador do Mérito Científico pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de Professor Benemérito do Centro de Memória da Unicamp (CMU). Em 2006, foi agraciado com a medalha Roquette Pinto da Associação Brasileira de Antropologia. Em 2008 e 2010, recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Uberlândia e pela Universidade Federal de Goiás. Em 2015, foi a vez de receber o título de Professor Emérito pela Unicamp.
Em nome da direção do IFCH, manifestamos nossa solidariedade a seus familiares e amigos/as e rendemos nossas homenagens a esse grande professor e educador popular. Brandão seguirá vivo e presente entre nós!
Sobre Brandão, recomendo a leitura de:
Carlos Rodrigues Brandão (1940-2023) por ele mesmo – Frei Betto: IHU – 19 Julho 2023
“Em 2011, Carlos Rodrigues Brandão me enviou originais de um novo livro. Pediu-me que opinasse sobre o conteúdo e indicasse editoras. É um texto autobiográfico, ainda inédito. Selecionei alguns textos para que todos tenham ideia de quão digno, profundo e competente foi este querido amigo e parceiro em muitas trincheiras, da pastoral à educação popular”, escreve Frei Betto, escritor e educador popular, autor, entre outros, de “Por uma educação crítica e participativa”.
Carlos Rodrigues Brandão. In Memoriam. Tuitadas – Por Rudá Ricci
Bom dia. Farei um fio em homenagem ao Carlos Rodrigues Brandão, que nos deixou ontem. Psicólogo e antropólogo, Brandão foi um dos maiores expoentes da educação popular. Farei um fio com a fala de Ciço.
Carlos Rodrigues Brandão e o sonho da educação popular – Ana Luísa D’Maschio: Porvir – 11 de julho de 2023
Autor de mais de cem livros, boa parte sobre educação popular e método Paulo Freire, Brandão deixa um legado inestimável para a construção de uma escola mais justa e igualitária.