Jerônimo

São Jerônimo, padroeiro dos biblistas, é celebrado hoje, 30 de setembro.

Passados mil e seiscentos anos, a sua figura continua a ser de grande atualidade para nós, cristãos do século XXI.

Quem o afirma é Francisco na Carta Apostólica Scripturae Sacrae affectus, publicada hoje, por ocasião do 16º centenário da morte de São Jerônimo, intérprete e tradutor da Bíblia.

Para Paulo há três caminhos para a salvação

É o que afirma Gabriele Boccaccini em novo livro.

BOCCACCINI, G. Paul’s Three Paths to Salvation. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2020, 182 p. – ISBN 9780802839213.

BOCCACCINI, G. Paul's Three Paths to Salvation. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2020“Não precisamos mais separar Paulo do judaísmo para reivindicar seu cristianismo”, escreve Gabriele Boccaccini, acrescentando que “nem precisamos separá-lo do movimento de Jesus para declarar seu judaísmo”. Com este princípio orientador, Boccaccini desvenda as implicações da “pertença” de Paulo simultaneamente ao judaísmo e ao cristianismo para chegar à conclusão de que há de fato três meios de salvação:

. Para os judeus, adesão à Torá
. Para os gentios, boas obras de acordo com a consciência e a lei natural
. Para todos os pecadores, perdão pela fé em Jesus Cristo

Os três caminhos para a salvação de Paulo é uma tentativa de reconciliar as muitas facetas da complexa identidade de Paulo, injustamente acusado de intolerância. O esforço de Boccaccini em restabelecer a figura de Paulo como um mensageiro da misericórdia de Deus para os pecadores é uma contribuição importante para o debate atual sobre o lugar de Paulo no mundo pluralista contemporâneo.

Gabriele Boccaccini é professor da Universidade de Michigan e autor de várias publicações sobre o Judaísmo do Segundo Templo e as origens cristãs. Ele é o fundador e diretor do Seminário Henóquico, um grupo acadêmico de especialistas internacionais dedicados ao estudo do Judaísmo do Segundo Templo, do Cristianismo e do Islamismo, que compartilham os resultados de suas pesquisas no campo e se reúnem para discutir temas de interesse comum.

 

“We no longer need to separate Paul from Judaism in order to claim his Christianness,” writes Gabriele Boccaccini, adding, “nor do we need to separate him from the early Jesus movement in order to state his Jewishness.” With this guiding principle Boccaccini unpacks the implications of Paul’s “belonging” simultaneously to Judaism and Christianity to arrive at the surprising and provocative conclusion that there are in fact three means of salvation:Gabriele Boccaccini, pesquisador ítalo-americano, nascido em 1958

. For Jews, adherence to Torah.
. For gentiles, good works according to conscience and natural law.
. For all sinners, forgiveness through faith in Jesus Christ.

Paul’s Three Paths to Salvation is an attempt to reconcile the many facets of Paul’s complex identity while reclaiming him from accusations of intolerance, and Boccaccini’s work in reestablishing the figure of Paul as a messenger of God’s Mercy to the sinners is an important contribution to the ongoing conversation about Paul’s place in the contemporary pluralistic world.

Gabriele Boccaccini is a professor at the University of Michigan and the author of numerous publications on Second Temple Judaism and Christian origins. He is the founding director of the Enoch Seminar, a forum of international specialists in early Judaism, Christianity, and Islam affiliated with the Society of Biblical Literature. In 2019, he was awarded knighthood by the president of Italy in recognition of his contribution to Italian culture in the world.

Morreu Hans M. Barstad (1947-2020)

Morreu o biblista norueguês Hans M. Barstad aos 73 anos de idade. Professor em Oslo de 1986 a 2005 e em Edimburgo desde 2006, era estudioso dos profetas. Autor, entre outros, de um interessante livro sobre o mito da terra (de Judá) vazia durante o exílio babilônico: The Myth of the Empty Land: A Study in the History and Archaeology of Judah During the ‘Exilic’ Period. Oslo: Scandinavian University Press, 1996.

Hans M. Barstad: 1947-2020Participou do Seminário Europeu sobre Metodologia Histórica (1996-2012). Tinha uma posição moderada sobre a História de Israel, defendendo o uso do texto bíblico na construção da história de Israel, mas insistindo, com muita fundamentação, que é necessário abandonar o conceito positivista de história, herança do século XIX , e partir para uma história narrativa.

Para Barstad, pesquisadores como Lemche e Thompson ainda se debatem dentro de um conceito convencional de história que é altamente problemático.

Em suas palavras: “Estudiosos como Lemche e Thompson têm avidamente usado o conceito de ‘mudança de paradigma’ em suas contribuições para a historiografia bíblica. Isto, entretanto, está longe de ser uma descrição adequada do que está realmente acontecendo. Lemche e Thompson, aparentemente não atentos para o fato de que o que nós podemos chamar de um conceito convencional de história é hoje altamente problemático, ainda trabalham dentro dos parâmetros da pesquisa histórico-crítica, assumindo que história é uma ciência e que devemos trabalhar com fatos ‘brutos’” (BARSTAD, H. M. History and the Hebrew Bible, em GRABBE, L. L. (ed.) Can a ‘History of Israel’ Be Written? Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997, p. 50-51).

Barstad diz que os pós-modernos os classificariam como “os primeiros dos últimos modernistas” (p. 51).

E defende em seguida: “No futuro nós teremos, irreversivelmente, de nos ajustar a uma visão de história diferente daquela dos métodos histórico-críticos do século XIX: uma história com diferentes ‘verdades’ que quase nunca será o resultado de análises científicas de dados empíricos. Uma história cujo estatuto epistemológico deveria não mais ser visto como parte da ciência, mas como uma parte da cultura. Uma história caracterizada por uma multiplicidade de métodos” (p. 51-52).

 

Da página da Universidade de Edimburgo em 2016:

Educated in Oslo and Oxford, I held the chair of Old Testament Studies in the University of Oslo from 1986-2005.

Since my move to Edinburgh (2006-), I have authored 1 book (History and the Hebrew Bible, Mohr Siebeck 2008), and around 20 contributions in peer reviewed publications.

I have also co-edited 3 volumes: The Past in the Past, with P. Briant (The Institute for Comparative Research 2009); Prophecy in the Book of Jeremiah, with R.G. Kratz (de Gruyter 2009), and Thus Speaks Ishtar of Arbela, with R. Gordon (Eisenbrauns, forthcoming summer 2013).

I was chief editor for Supplements to Vetus Testamentum 2007-2010 (Brill). Around 30 volumes appeared during my editorship.

Among popularizing work, I can mention one book, A Brief Guide to the Hebrew Bible, Westminster John Knox, 2010 and 2 contributions to lexicons: “Biblical Theology,” in The Cambridge Dictionary of Christian Theology, Cambridge University Press (2011), pp. 62-64 and “Bible, Hebrew,” in The Encyclopedia of Ancient History, Wiley-Blackwell (2013), pp. 1107-1109.

In The Religious Polemics of Amos (1984), I use texts in Amos as sources for the reconstruction of 8th century BCE Israelite religion. The work threw new light upon the prophetic movement in general. Further research led to a series of articles and monographs on biblical prophets.

In A Way in the Wilderness (1989), I maintain that many of the references to wilderness, water, and way have misguidedly been taken as allusions to a second Exodus. Rather, the majority of these texts refer to the new Judah after the exile. Another important outcome of my 1989 book concerns the nature of prophetic language. Whereas numerous scholars have dealt with linguistic, grammatical, and literary features of Hebrew poetry, not many have taken into consideration that metaphoric/poetic texts also have a different cognitive status from prose language.

In The Babylonian Captivity of the Book of Isaiah (1997), I attempted to demonstrate that the arguments in favour of a Babylonian setting of Isa 40-55 are untenable.

In The Myth of the Empty Land (1996), I use archaeology, economical models, and Neo-Babylonian sources to argue for continuity rather than a gap in the culture of Judah after the fall of Jerusalem in 586 BCE.

Three articles reflect my recent research. In one, I use Neo-Assyrian sources, and show how Amos 1-2 is genuinely set within the framework of the Neo-Assyrian Empire. In another, I discuss Old Babylonian texts from Mari, and show how deeply planted the Hebrew Bible is in a common Semitic culture. Finally, I discuss historiography in general (above all narrative truth) and its relationship to the Hebrew Bible.

Neemias na RIBLA

Que seja uma boa contribuição ao estudo bíblico, especialmente para o povo na América Latina, Caribe e aos latino-americanos e caribenhos na diáspora. Que sua leitura ajude a manter o coração aquecido, renove as convicções e conserve a cabeça erguida, com o olhar fixo no horizonte

RIBLA, v. 81, n. 1, 2020: Neemias

RIBLA, v. 81, n. 1, 2020: NeemiasO estudo do livro de Neemias é assunto complexo. Por um lado, porque as informações históricas que o livro traz são confusas e contrariam as informações que o livro de Esdras, seu contemporâneo, traz. E estes dois livros da Bíblia são os únicos que apresentam dados históricos a respeito do período persa, que, como visto, são ambíguos. Por outro, porque, praticamente, não existem informações extrabíblicas acerca da província Yehud do período persa. A cidade de Jerusalém do período persa nunca foi encontrada, assim também as denominadas muralhas de Neemias, bem como o templo desse período. Além de que, os artefatos encontrados em Jerusalém, cerâmica do período persa, são poucos e de má qualidade. Ou seja, existe um grande vazio arqueológico do período persa. E, para aumentar, pesquisas recentes indicam que a Yehud persa era muito pequena. Seu perímetro geográfico era bem menor do que se supunha. E, para completar, foi descoberto que o centro da coleta de tributo persa não era o templo de Jerusalém, mas Ramat Rahel, um pequeno, mas importante núcleo recentemente escavado, e que dista cerca de quatro quilômetros de Jerusalém. Enfim, o que parece evidente é de que a Jerusalém do período persa, com o seu templo, era muito pobre. Corrobora com isso o fato de que é praticamente impossível situar com relativa precisão cronológica um texto bíblico atribuído ao período persa. Tudo isso é no mínimo sintomático. São duzentos anos de pouco conhecimento histórico a respeito da comunidade judaíta desse período.

Estas informações todas colocam uma grande interrogação sobre a tendência da pesquisa moderna de situar muita literatura bíblica como tendo sido produzida no período persa. De forma que, o livro de Neemias necessita de uma nova abordagem. Em parte, o presente número da RIBLA lida com estas questões (da apresentação).

Todos os artigos estão disponíveis para download gratuito em pdf.

Sumário

Apresentação – José Ademar Kaefer

Artigos

A pax Persica: o contexto imperial persa – Luiz Alexandre Solano Rossi

Reconstrução dos muros de Jerusalém: uma aproximação arqueológica e hermenêutica de Neemias 2,1-10 – 3,1-32 – Omar João da Silva

Uma nova abordagem bíblico-arqueológica do contexto histórico do livro de Neemias – José Ademar Kaefer, Suely Xavier

Etnicidad e identidad nacional en las políticas del sacerdocio posexílico: Una relectura socio-antropológica de Nehemías 3 y 4 – Abiud Fonseca

Os inimigos de Neemias em Ne 4,1-9 – Cecilia Toseli

¿Reforma social liberadora? Una lectura crítica a Nehemías 5,1-19 – Esteban Arias Ardila

Políticas que construyen murallas y dividen pueblos: Un análisis de Nehemías 4 y 6 – Jhon Fredy Mayor Tamayo

Nacimiento del judaísmo: Nehemías 8-10 – Bernardo Favaretto

Eles proíbem o casamento, mas não podem impedir o amor. Uma leitura da proibição dos casamentos mistos em Nm 13,23-29 – Antonio Carlos Frizzo

Lembra-te, meu Deus! Uma releitura dos sistemas de poder em Neemias – Francisco Orofino

Traduções da Bíblia na revista Pistis & Praxis

Formal sempre que possível, dinâmica sempre que necessária

Pistis & Praxis, Curitiba, v. 8, n. 1, 2016: Traduções da Bíblia

Revista Pistis & Praxis, CuritibaA tradução é uma intermediação. É uma importante ponte que possibilita a comunicação entre pessoas, culturas, mundos e épocas diferentes. A tradução de qualquer expressão, seja falada ou escrita, é sempre um processo bastante exigente. Porém, em se tratando da tradução de textos sagrados, considerados “Palavra de Deus”, essa intermediação torna-se ainda mais tensa e a complexidade alcança contornos extremamente acentuados. Com efeito, traduzir a Bíblia para as línguas modernas é tarefa árdua e apaixonante, atravessada por questões não só filológicas e históricas, mas também ideológicas e hermenêuticas. Como reconhecem os tradutores mesmos, trata-se de um labor cuidadoso, muitas vezes situado na estreita fronteira entre traducere (traduzir) e tradire (trair), tendo presente os textos originais, de um lado, e os interlocutores contemporâneos, de outro. Ademais, uma boa tradução é fundamental não só para uma boa exegese, mas também para uma boa leitura da Bíblia.

A importância da tradução da Bíblia, porém, contrasta com a escassez de reflexões e produção acadêmica nessa área no Brasil, apesar de termos já uma considerável caminhada em tradução e exegese da Bíblia realizada entre nós. Elegendo a Tradução da Bíblia como tema do dossiê do presente número da revista Pistis & Praxis, o Programa de Pós-Graduação “stricto sensu” em Teologia da PUCPR tem em vista quatro objetivos: 1. Estimular o intercâmbio e a discussão acadêmica sobre a tradução da Bíblia; 2. Refletir sobre os desafios apresentados aos tradutores e tradutoras da Bíblia pelas novas configurações da história de Israel e da história da redação da Bíblia, especialmente a partir das novas proposições advindas da arqueologia nas últimas décadas; 3. Evidenciar a complexidade intercultural e inter-religiosa da exegese e da tradução da Bíblia e discutir concepções teológico-doutrinárias colonialistas, preconceituosas, intolerantes e violentas, e outros problemas encontrados em algumas das traduções existentes; 4. Analisar as ferramentas impressas e eletrônicas utilizadas nesses trabalhos, como dicionários e léxicos de línguas bíblicas, entre outras.

Deste modo, esperamos contribuir para uma melhor qualificação dos trabalhos de tradução e de exegese bíblica realizados no Brasil, bem como alavancar uma maior inserção e participação da tradução e da exegese brasileiras na produção internacional de conhecimentos nesta área (do editorial).

Todos os artigos estão disponíveis para download gratuito em pdf.

 

Sumário

Editorial – Luiz José Dietrich, Marcial Maçaneiro

Dossiê

As dimensões temporais do verbo hebraico: desafio ao traduzir o Antigo Testamento – Matthias Grenzer

Hacia una ética de liberación para la traducción bíblica – Esteban Voth

Comprar gato por lebre O “assalto” teológico à abordagem histórico-filológica da raiz br’ entre os sáculos XVIII e XX – Osvaldo Luiz Ribeiro

As traduções da Bíblia publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil: breve histórico e características – Vilson Scholz

Traduções bíblicas católicas no Brasil (2000-2015) – Johan Konings

“Prostituta” ou “mulher sagrada”? A tradutologia de Antoine Berman e a tradução da Bíblia – Luiz José Dietrich Dietrich

Artigos

Religiões, cristianismo e a busca de uma terra habitável – Afonso Maria Ligorio Soares

A educação para o esporte na família – Denilson Geraldo

Alteridade e embrião humano: o rosto como exigência ética de acolhimento do outro – Marcos Alexandre Alves, Edson Sallin

Feminismo, subjetividades e pluralismo: crítica teológica feminista e os desafios da realidade social latino-americana – Claudio de Oliveira Ribeiro

Bíblia e arqueologia na revista Pistis & Praxis

Revista Pistis & Praxis, Curitiba, v. 12, n. 2, 2020: Bíblia e Arqueologia

Nos últimos trinta ou quarenta anos, uma grande mudança de perspectiva frente aos textos e à história de Israel, tem sido propiciada pela moderna arqueologia realizada na Palestina. Esta deixou de ser uma “Arqueologia Bíblica”, que inclinava-se a tomar a Bíblia como referencial para interpretar seus achados, para ser uma arqueologia independente, que com apoio de uma gama de ciências envolvidas no processo de interpretação dos achados arqueológicos, tem produzido mudanças radicais na compreensão da história de Israel e do processo que originou a Bíblia.
(…)
As pesquisas arqueológicas atualmente buscam esclarecer a situação de Judá-Israel no período do exílio e do pós-exílio. Especialmente sua capacidade de produzirRevista Pistis & Praxis, Curitiba sínteses escritas e textos que integrariam a Bíblia. Se no início desta nova forma de fazer arqueologia muitos pesquisadores afirmavam que quase toda a Bíblia teria sido produzida no período pós-exílico, para muitos, hoje, grande parte da redação dos textos bíblicos são frutos do período asmoneu.

Isso tudo impacta grandemente todo o campo dos estudos bíblicos. De forma especial impacta a concepção da História de Israel, da escrita e do caráter da Bíblia e de sua interpretação.

Hoje é patente o desafio e a necessidade de recriar uma nova narrativa histórica coerente com os estudos críticos da Bíblia, com as contribuições da exegese feminista e especialmente com a nova arqueologia. Urgente também é a revisão da compreensão dos processos que deram origem aos livros da Bíblia e de suas histórias da redação, para que consigamos interpretá-los de modo adequado aos contextos que os originaram, iluminando de modo mais profundo as práticas e as espiritualidades nos contextos atuais.

Atualmente se impõe cada vez mais a perspectiva de uma leitura descolonizada e descolonizadora da Bíblia. Isso se dá pela percepção de que a Bíblia e grande parte da história de Israel e também do cristianismo, desenvolveram-se como parte de interesses e projetos de dominação imperialista. As marcas desse processo estão presentes em muitos textos intolerantes e violentos da Bíblia e em perspectivas exclusivistas e desrespeitadoras dos direitos humanos de diversas correntes do judaísmo e do cristianismo da atualidade.

Felizmente a pesquisa bíblica brasileira vem acordando para estes aspectos e desafios e, embora com todas as dificuldades e falta de recursos que marcam muitos campos de pesquisa e ensino em nosso país, tem de modo crescente procurado colocar-se a par dos trabalhos realizados no exterior. Este Dossiê da Revista Pistis & Praxis – v.12, n.2, (2020): Bíblia e Arqueologia, composto de 10 artigos de pesquisadores(as) brasileiros(as) e estrangeiros, quer ser mais uma contribuição nestas buscas (do editorial).

Todos os artigos estão disponíveis para download gratuito em pdf.

Sumário

Editorial – Luiz Alexandre Solano Rossi, Luiz José Dietrich, Waldir Souza

Dossiê

“Um Edito” imperial e três versões de reconstruir a Yehud Persa – Antonio Carlos Frizzo

Learning to be a Biblical Scribe: Examples from the Letter Writing Genre – William M. Schniedewind

Observaciones metodológicas acerca de la arqueología bíblica y la interpretación bíblica – Aquiles Ernesto Martínez

Davi: um homem conforme o coração de Javé? – Luiz José Dietrich

Amós: narrativa, memória, cotidiano e profecia! (Anotações exegéticas e arqueológicas em Amós 1-2) – Suely Xavier dos Santos

O Exílio de Samaria – Cecilia Toseli

Análise do manuscrito pré-samaritano 4QPaleoExodm e sua relação com o manuscrito do Pentateuco Samaritano MS Add-1846 – Elcio Valmiro Sales de Mendonça

The Goddesses and Gods of Saul – Silas Klein Cardoso

YEHUD no período Persa – Luiz Alexandre Solano Rossi

Quando Judá se torna Israel – When Judah becomes Israel – José Ademar Ademar Kaefer

Artigos

Os diversos grupos matrizes formadores do povo de Israel – Andréa Bernardes de Tassis Ribeiro, Valmor da Silva

Texto e configuração poética da bênção em Nm 6,24-26 e nos rolinhos de prata de Ketef Hinnom – Matthias Grenzer, Hugo Chagas Feitosa

A preferência de Yahweh foi pelos detentores do poder (Esd 9-10) ou pelos humilhados (Rute)?: uma glosa que quis mudar tudo (Rt 4,17d-22) – Joel Antônio Ferreira

Hipótese sobre a introdução em Judá do sacrifício expiatório Gn 2,4b-3,24; 4,1-16 e 6,5- 9,17* como “eixo estrutural” de Gênesis 1-11 – Osvaldo Luiz Ribeiro

Revisitando o Prólogo Joanino – Gilvan Leite de Araújo

O evangelho da direita

Um artigo

U.S. Republicans and the Fallacy of Biblical Capitalism – By Tony Keddie – The Bible and Interpretation: August 2020

Tony Keddie, Professor de História e Literatura Cristã Primitiva na Universidade da Colúmbia Britânica, Vancouver, CanadáNo artigo “Republicanos dos EUA e a falácia do capitalismo bíblico”, Tony Keddie, Professor de História e Literatura Cristã Primitiva na Universidade da Colúmbia Britânica, Vancouver, Canadá, explica como, na corrida para a eleição presidencial dos EUA em 2020, influenciadores cristãos republicanos – líderes políticos, eruditos e pregadores – estão promovendo avidamente a ideia de que a Bíblia é um manual para o capitalismo de livre mercado. E pergunta: quais são os princípios e pressupostos dessa afirmação? Ela se enquadra nos padrões da moderna pesquisa acadêmica da Bíblia?

In the run-up to the 2020 U.S. presidential election, Republican Christian influencers—leading politicians, pundits, and preachers—are eagerly promoting the idea that the Bible is a charter for free market capitalism. What are the tenets and presuppositions of this claim? Does it hold up to the standards of critical biblical scholarship?

 

Um livro

KEDDIE, T. Republican Jesus: How the Right Has Rewritten the Gospels. Oakland, CA: University of California Press, 2020, 408 p. – ISBN 9780520356238.

Jesus ama fronteiras fechadas, armas, bebês em gestação e prosperidade econômica. E odeia homossexualidade, impostos, assistência social e saúde universal. É o queKEDDIE, T. Republican Jesus: How the Right Has Rewritten the Gospels. Oakland, CA: University of California Press, 2020, dizem muitos políticos republicanos, eruditos e pregadores. Por meio de leituras distorcidas dos evangelhos os influenciadores conservadores construíram uma versão de Jesus que fala a seus medos, desejos e ressentimentos.

Em Jesus republicano, Tony Keddie explica não apenas de onde esse Cristo de direita veio e o que ele representa, mas também por que essa versão de Jesus é uma fraude. Ao reinserir os textos do evangelho em seus contextos literários e históricos originais, Keddie desmonta a base bíblica das posições republicanas em questões polêmicas como “Big Government”, tributação, aborto, imigração e mudança climática. Ao mesmo tempo, ele apresenta aos leitores um Jesus cujas experiências de vida e ética eram totalmente diferentes das vividas pelos americanos modernos.

Contracapa

“Escrito por um especialista de primeira linha no Novo Testamento, o Jesus Republicano é um tour de force convincente: o que quer que os defensores da direita cristã possam alegar, o Jesus Republicano está radicalmente em desacordo com o Jesus dos Evangelhos. Esta é uma leitura obrigatória para nossos tempos perigosos e cheios de divisão. “- Bart D. Ehrman.

“O livro indispensável de Tony Keddie serve como palavra final sobre as tentativas republicanas de reivindicar a propriedade sobre Jesus Cristo, cujas palavras e atos reais representam uma forte condenação de quase todos os objetivos republicanos na última meia década da vida política americana.” – Reza Aslan.

“Keddie demonstra que os líderes da direita cristã, e especialmente os evangélicos da corte de Donald Trump, muitas vezes permitiram que a política moldasse sua leitura da Bíblia e não o contrário.” – John Fea.

 

Jesus loves borders, guns, unborn babies, and economic prosperity and hates homosexuality, taxes, welfare, and universal healthcare–or so say many Republican politicians, pundits, and preachers. Through outrageous misreadings of the New Testament gospels that started almost a century ago, conservative influencers have conjured a version of Jesus who speaks to their fears, desires, and resentments.

In Republican Jesus, Tony Keddie explains not only where this right-wing Christ came from and what he stands for but also why this version of Jesus is a fraud. By restoring Republicans’ cherry-picked gospel texts to their original literary and historical contexts, Keddie dismantles the biblical basis for Republican positions on hot-button issues like Big Government, taxation, abortion, immigration, and climate change. At the same time, he introduces readers to an ancient Jesus whose life experiences and ethics were totally unlike those of modern Americans, conservatives and liberals alike.

 

Contracapa

“Written by a first-rate expert on the New Testament, Republican Jesus is a compelling and no-holds-barred tour de force: whatever proponents of the Christian right might claim, the Republican Jesus stands radically at odds with the Jesus of the Gospels. This is a must-read for our divisive and dangerous times.”–Bart D. Ehrman, author of Heaven and Hell: A History of the Afterlife

“Tony Keddie’s indispensable book serves as the final word on Republican attempts to claim ownership over Jesus Christ, whose actual words and deeds stand as an eternal condemnation of nearly every Republican goal in the last half decade of American political life.”–Reza Aslan, author of Zealot: The Life and Times of Jesus of Nazareth

“Keddie makes a convincing case that the leaders of the Christian Right, and especially Donald Trump’s court evangelicals, have often allowed politics to shape their reading of the Bible and not the other way around.”–John Fea, author of Believe Me: The Evangelical Road to Donald Trump

Tony Keddie is Assistant Professor of Early Christian History and Literature at the University of British Columbia, Canada.

Classe e poder na Palestina romana

KEDDIE, A. Class and Power in Roman Palestine: The Socioeconomic Setting of Judaism and Christian Origins. Cambridge: Cambridge University Press, 2019, 374 p. – ISBN 9781108493949.KEDDIE, A. Class and Power in Roman Palestine: The Socioeconomic Setting of Judaism and Christian Origins. Cambridge: Cambridge University Press, 2019

Em Classe e poder na Palestina romana, Anthony Keddie investiga a mudança nas relações socioeconômicas na Palestina do começo da época romana, entre 63 a.C. e 70 d.C. É uma síntese atualizada de evidências arqueológicas e literárias das mudanças socioeconômicas ocorridas neste contexto e serve como um recurso valioso para estudiosos do judaísmo antigo e das origens cristãs.

 

Anthony Keddie investigates the changing dynamics of class and power at a critical place and time in the history of Judaism and Christianity – Palestine during its earliest phases of incorporation into the Roman Empire (63 BCE–70 CE). He identifies institutions pertaining to civic administration, taxation, agricultural tenancy, and the Jerusalem Temple as sources of an unequal distribution of economic, political, and ideological power. Through careful analysis of a wide range of literary, documentary, epigraphic, and archaeological evidence, including the most recent discoveries, Keddie complicates conventional understandings of class relations as either antagonistic or harmonious. He demonstrates how elites facilitated institutional changes that repositioned non-elites within new, and sometimes more precarious, relations with privileged classes, but did not typically worsen their economic conditions. These socioeconomic shifts did, however, instigate changing class dispositions. Judaean elites and non-elites increasingly distinguished themselves from the other, through material culture such as tableware, clothing, and tombs.