Dicionário Semântico do Hebraico Bíblico

Dicionário Semântico do Hebraico Bíblico (DSHB) é a versão e adaptação para o português do Semantic Dictionary of Biblical Hebrew (SDBH). O projeto SDBH teve início em 2002, sob os auspícios da United Bible Societies, visando a produção de um dicionário completo do hebraico bíblico organizado a partir de uma perspectiva semântica.

O dicionário deve ser produzido concomitantemente em várias línguas modernas [está em inglês, francês, espanhol e português]. Tanto o SDBH como o DSHB foram projetados como dicionários eletrônicos para publicação na internet.

The Semantic Dictionary of Biblical Hebrew (SDBH) project is carried out under the auspices of the United Bible Societies. Its aim is to build a new dictionary of biblical Hebrew that is based on semantic domains.

O impacto das novas mídias sobre o campo religioso

Midiatização traz mudanças no campo religioso

Estudiosos da religião e dos meios de comunicação assinalaram que a midiatização da religião está gerando profundas mudanças na concepção da autoridade institucional dos movimentos e grupos religiosos no mundo.

Rolando Pérez – Chicago, quarta-feira, 14 de abril de 2010

No Congresso sobre Comunicação Religiosa, realizado em Chicago em abril, Stewart Hoover sustentou que as pessoas experimentam hoje uma intensa busca de espiritualidade coletiva e individual através de outros espaços, diferentes daqueles que a religião tradicionalmente institucionalizada oferece.

Diretor do Centro para os Meios, a Religião e a Cultura da Universidade de Colorado, Hoover afirmou que “as instituições religiosas tradicionais sentem-se ameaçadas porque os meios provêem um novo contexto no qual os crentes podem compartilhar idéias, símbolos e valores comuns”. Neste novo cenário, os fiéis recriam a fidelidade religiosa, construindo novas imagens de autoridade e pertença, acrescentou.

O presidente da Associação Mundial para a Comunicação Cristã (WACC, a sigla em inglês), Denis Smith, sustentou que em vários países do mundo se observa, por um lado, que junto com a perda de poder cultural que a religião tradicional experimenta, há uma significativa emergência de novos atores religiosos que aparecem como menos hierarquizados e marcados por uma perspectiva empresarial da fé.

Nesse contexto, os meios se converteram em plataformas públicas das tensões e negociações que o campo religioso contemporâneo dá conta, disse Smith. “Vivemos numa época em que a extraordinária efervescência da indústria tecnológica convive com ancestrais tradições culturais, e o crescente pluralismo coexiste com os neofundamentalismos”, avaliou.

Smith agregou que os grupos religiosos experimentam, simultaneamente, pressões para consolidar suas identidades particulares e ao mesmo tempo assimilam os valores da cultura dominante.

A professora universitária Heidi Campbell, do Texas, compartilhou suas recentes pesquisas sobre religião no ciberespaço. Ela detectou que as práticas religiosas virtuais que transitam no mundo da Internet contribuem para a construção de novas formas de estabelecimento da autoridade religiosa, tanto no interior das comunidades de fé como na esfera pública.

“A Internet está criando novos líderes religiosos e novas comunidades de fé. E isto afeta não só os papéis senão também as estruturas de autoridade e os padrões de organização sobre os quais tradicionalmente se afirmaram as igrejas e os grupos religiosos”, afirmou.

Campbell observou que mais do que uma simples rejeição ou aceitação sobre o uso das novas tecnologias da comunicação, as comunidades religiosas estão desenvolvendo estratégicas negociações a partir de suas histórias e crenças com as novas formas de crer que as redes sociais midiáticas propiciam.

Os estudiosos de diferentes campos concordaram que os meios não são hoje meros canais de difusão de ideias e crenças religiosas. Sua interatividade está contribuindo significativamente para moldar novas articulações da religião, nas quais os tradicionais mitos, símbolos e rituais estão sendo transformados pela midiatização da cultura.

Fonte: ALC Notícias

Google implanta busca de mensagens no Twitter

Google implanta busca de tuítes antigos no serviço de microblogs

“O Google anunciou que colocou à disposição uma ferramenta que garimpa tuítes antigos, a partir de um termo específico procurado pelo usuário. O anúncio foi feito no blog oficial da companhia, na quarta-feira (14). Ainda em caráter de testes e com enfoque na língua inglesa, o serviço tem como objetivo suprir as falhas na busca em tempo real do Twitter para postagens mais antigas. O serviço também aponta estatísticas relativas a períodos determinados –entretanto, é possível efetuar buscas somente a partir do mês de fevereiro; períodos anteriores ainda não estão disponíveis– a partir do mês, dia, hora e minuto. É possível observar, por intermédio de um gráfico, o volume de tuítes referentes ao termo pesquisado. No entanto, o serviço não fornece números absolutos de um termo no período especificado…”

Uma boa notícia!

Fonte: Folha Online: 15/04/2010 – 09h37

N T Wrong e os biblioblogueiros, segundo Crossley

James Crossley, professor da Universidade de Sheffield, Reino Unido, e biblioblogueiro, publicou um artigo sobre o fenômeno N. T. Wrong e sua relação crítica com a biblioblogosfera.

O artigo foi publicado na revista The Bible and Critical Theory, da Universidade Monash, Austrália, no vol. 6, n. 1, março de 2010. Clique em crossley-2010 para a versão em pdf.

Lembro aos interessados que N. T. Wrong é o pseudônimo de alguém extremamente brilhante que passou pela biblioblogosfera, arrasou e sumiu.

Até hoje ninguém sabe – e se sabe, não diz – quem ele é. E se ele existiu mesmo, de se pegar, como diz o poeta.

 

Leia o abstract de N.T. Wrong and the Bibliobloggers:

This article builds upon an earlier political analysis of the phenomenon of biblical scholars blogging (‘bibliobloggers’) by incorporating the pseudonymous biblioblogger, ‘N.T. Wrong’. Developing Herman and Chomsky’s Propaganda Model and various ideas concerning surveillance, it is clear Wrong was (and is) a stark opposite to the consistent trend among bibliobloggers that buys into the language and ideas of US-led power, most notably concerning the ‘war on terror’ and Orientalism. Through the pseudonymous persona, Wrong’s blog also ran counter to a culture of surveillance, of which blogging and related internet phenomena are now an integral part. While running counter to these trends in biblioblogging, Wrong became the exception proving the ‘rule’ of the Propaganda Model. Through bibliobloggers ignoring Wrong’s politics on issues relating to US foreign policy so central to the Propaganda Model (and while freely discussing equally ‘non-biblical’ topics), the analysis of biblioblogging as a reflection of the concerns of the Propaganda Model is reinforced. This is shown through dicussion of a number of Wrong’s blog entries and further suggestions are then made concerning the function of liberal and former leftist supporters of imperialism in relation to biblioblogging and the Propaganda Model.

Resenhas na RBL: 09.04.2010

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Michael Bachmann
Anti-Judaism in Galatians? Exegetical Studies on a Polemical Letter and on Paul’s Theology
Reviewed by Kevin McCruden

Michael F. Bird
Are You the One Who Is to Come? The Historical Jesus and the Messianic Question
Reviewed by Christopher W. Skinner

Mark J. Boda
A Severe Mercy: Sin and Its Remedy in the Old Testament
Reviewed by Erhard S. Gerstenberger

Walter Brueggemann
Divine Presence amid Violence: Contextualizing the Book of Joshua
Reviewed by Gerrie Snyman

R. Crumb
The Book of Genesis Illustrated
Reviewed by David Petersen

Robert Daly, ed.
Apocalyptic Thought in Early Christianity
Reviewed by Martin Karrer

W. Edward Glenny
Finding Meaning in the Text: Translation Technique and Theology in the Septuagint of Amos
Reviewed by Francis Dalrymple-Hamilton

T. Muraoka
A Greek-English Lexicon of the Septuagint
Reviewed by Frederick Danker

James Reitman
Unlocking Wisdom: Forming Agents of God in the House of Mourning
Reviewed by Craig G. Bartholomew

Akira Satake
Die Offenbarung des Johannes: Redaktionell bearbeitet von Thomas Witulski
Reviewed by Russell Morton

>> Visite: Review of Biblical Literature Blog

Observatório Bíblico está no Twitter: Follow me

Superando o preconceito que tinha contra a ferramenta dos “apenas 140 caracteres”, abri ontem uma conta no Twitter.

Para colocar lá, principalmente, os títulos das postagens do Observatório Bíblico. Estou usando o Twitter Feed e a publicação é automática.

 

 

Quem me convenceu?

Li ontem vários textos sobre o Twitter. Dois, especialmente, foram muito proveitosos, no Gerenciando Blog:
. Divulgando seu blog no Twitter – Parte 1
. Divulgando seu blog no Twitter – Parte 2

Ele diz:
Há formas interessantes de utilizá-lo a seu favor, especialmente para divulgar artigos e idéias que você já escreve em seu blog. A idéia é simples: as pessoas que se tornarem seus “seguidores” no Twitter, passarão a receber as mensagens que você escrever. Nesta primeira parte do artigo, mostrarei os passos iniciais na ferramenta. Além disso, o Twitter é mais uma vitrine onde seus artigos podem ser exibidos e encontrados por pessoas interessadas no tema de seu blog (…) Pelos motivos expostos acima, acredite: vale a pena investir na ferramenta.

No Dicas Blogger há muitos posts interessantes sobre o Twitter.

Os Dez Mandamentos – Edição Revista e Atualizada

Leia o excelente artigo Os Dez Mandamentos, de Ladislau Dowbor que está em Carta Maior: 07/04/2010.

Como sociedade, desejamos não somente sobreviver, mas viver com qualidade de vida, e porque não, com felicidade. E isto implica elencarmos de forma ordenada os resultados mínimos a serem atingidos, com os processos decisórios correspondentes. Os Mandamentos abaixo elencados têm um denominador comum: todos já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de atividade. São iniciativas que deram certo, e cuja generalização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável. Não temos a ilusão relativamente à distância entre a realidade política de hoje e as medidas sistematizadas abaixo. Mas pareceu-nos essencial, de toda forma, elencar de forma organizada as medidas necessárias, pois ter um norte mais claro ajuda na construção de uma outra governança planetária. Não estão ordenadas por ordem de importância, pois a maioria tem implicações simultâneas e dimensões interativas. Mas todos os mandamentos deverão ser obedecidos, pois a ira dos elementos nos atingirá a todos, sem precisar esperar a outra vida.

Considerando que a obediência à versão original dos Dez Mandamentos foi apenas aleatória, desta vez o Autor teve a prudência de acrescentar a cada Mandamento uma nota de explicação, destinada em particular aos impenitentes.

I – Não comprarás os Representantes do Povo
Resgatar a dimensão pública do Estado: Como podemos ter mecanismos reguladores que funcionem se é o dinheiro das corporações a regular que elege os reguladores? Se as agências que avaliam risco são pagas por quem cria o risco? Se é aceitável que os responsáveis de um banco central venham das empresas que precisam ser reguladas, e voltem para nelas encontrar emprego?

Uma das propostas mais evidentes da última crise financeira, e que encontramos mencionada em quase todo o espectro político, é a necessidade de se reduzir a capacidade das corporações privadas ditarem as regras do jogo. A quantidade de leis aprovadas no sentido de reduzir impostos sobre transações financeiras, de reduzir a regulação de banco central, de autorizar os bancos a fazerem toda e qualquer operação, somado com o poder dos lobbies financeiros tornam evidente a necessidade de se resgatar o poder regulador do estado, e para isto os políticos devem ser eleitos por pessoas de verdade, e não por pessoas jurídicas, que constituem ficções em termos de direitos humanos. Enquanto não tivermos financiamento público das campanhas, políticas que representem os interesses dos cidadãos, prevalecerão os interesses econômicos de curto prazo, os desastres ambientais e a corrupção.

II – Não Farás Contas erradas
As contas têm de refletir os objetivos que visamos. O PIB indica a intensidade do uso do aparelho produtivo, mas não nos indica a utilidade do que se produz, para quem, e com que custos para o estoque de bens naturais de que o planeta dispõe. Conta como aumento do PIB um desastre ambiental, o aumento de doenças, o cerceamento de acesso a bens livres. O IDH já foi um imenso avanço, mas temos de evoluir para uma contabilidade integrada dos resultados efetivos dos nossos esforços, e particularmente da alocação de recursos financeiros, em função de um desenvolvimento que não seja apenas economicamente viável, mas também socialmente justo e ambientalmente sustentável. As metodologias existem, aplicadas parcialmente em diversos países, setores ou pesquisas.

A ampliação dos indicadores internacionais como o IDH, a generalização de indicadores nacionais como os Calvert-Henderson Quality of Life Indicators nos Estados Unidos, as propostas da Comissão Stiglitz/Sen/Fitoussi, o movimento FIB – Felicidade Interna Bruta – todos apontam para uma reformulação das contas. A adoção em todas as cidades de indicadores locais de qualidade de vida – veja-se os Jacksonville Quality of Life Progress Indicators – tornou-se hoje indispensável para que seja medido o que efetivamente interessa: o desenvolvimento sustentável, o resultado em termos de qualidade de vida da população. Muito mais do que o produto (output), trata-se de medir o resultado (outcome).

III – Não Reduzirás o Próximo à Miséria
Algumas coisas não podem faltar a ninguém. A pobreza crítica é o drama maior, tanto pelo sofrimento que causa em si, como pela articulação com os dramas ambientais, o não acesso ao conhecimento, a deformação do perfil de produção que se desinteressa das necessidades dos que não têm capacidade aquisitiva. A ONU calcula que custaria 300 bilhões de dólares (no valor do ano 2000) tirar da miséria um bilhão de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia. São custos ridículos quando se considera os trilhões transferidos para grupos econômicos financeiros no quadro da última crise financeira. O benefício ético é imenso, pois é inaceitável morrerem de causas ridículas 10 milhões de crianças por ano. O benefício de curto e médio prazo é grande, na medida em que os recursos direcionados à base da pirâmide dinamizam imediatamente a micro e pequena produção, agindo como processo anticíclico, como se tem constatado nas políticas sociais de muitos países. No mais longo prazo, será uma geração de crianças que terão sido alimentadas decentemente, o que se transforma em melhor aproveitamento escolar e maior produtividade na vida adulta. Em termos de estabilidade política e de segurança geral, os impactos são óbvios. Trata-se do dinheiro mais bem investido que se possa imaginar, e as experiências brasileira, mexicana e de outros países já nos forneceram todo o know-how correspondente. A teoria tão popular de que o pobre se acomoda se receber ajuda, é simplesmente desmentida pelos fatos: sair da miséria estimula, e o dinheiro é simplesmente mais útil onde é mais necessário.

IV – Não Privarás Ninguém do Direito de Ganhar o seu Pão
Universalizar a garantia do emprego é viável. Toda pessoa que queira ganhar o pão da sua família deve poder ter acesso ao trabalho. Num planeta onde há um mundo de coisas a fazer, inclusive para resgatar o meio ambiente, é absurdo o número de pessoas sem acesso a formas organizadas de produzir e gerar renda. Temos os recursos e os conhecimentos técnicos e organizacionais para assegurar, em cada vila ou cidade, acesso a um trabalho decente e socialmente útil. As experiências de Maharashtra na Índia demonstraram a sua viabilidade, como o mostram as numerosas experiências brasileiras, sem falar no New Deal da crise dos anos 1930. São opções onde todos ganham: o município melhora o saneamento básico, a moradia, a manutenção urbana, a policultura alimentar. As famílias passam a poder viver decentemente, e a sociedade passa a ser melhor estruturada e menos tensionada. Os gastos com seguro-desemprego se reduzem. No caso indiano, cada vila ou cidade é obrigada a ter um cadastro de iniciativas intensivas em mão de obra.

Dinheiro emprestado ou criado desta forma representa investimento, melhoria de qualidade de vida, e dá excelente retorno. E argumento fundamental: assegura que todos tenham o seu lugar para participar na construção de um desenvolvimento sustentável. Na organização econômica, além do resultado produtivo, é essencial pensar no processo estruturador ou desestruturador gerado. A pesca oceânica industrial pode ser mais produtiva em volume de peixe, mas o processo é desastroso, tanto para a vida no mar como para centenas de milhões de pessoas que viviam da pesca tradicional. A dimensão de geração de emprego de todas as iniciativas econômicas tem de se tornar central. Assegurar a contribuição produtiva de todos, ao mesmo tempo que se augmenta gradualmente o salário mínimo e se reduz a jornada, leva simplesmente a uma prosperidade mais democrática.

V – Não Trabalharás Mais de Quarenta Horas
Podemos trabalhar menos, e trabalharemos todos, com tempo para fazermos mais coisas interessantes na vida. A sub-utilização da força de trabalho é um problema planetário, ainda que desigual na sua gravidade. No Brasil, conforme vimos, com 100 milhões de pessoas na PEA, temos 31 milhões formalmente empregadas no setor privado, e 9 milhões de empregados públicos. A conta não fecha. O setor informal situa-se na ordem de 50% da PEA. Uma imensa parte da nação “se vira” para sobreviver. No lado dos empregos de ponta, as pessoas não vivem por excesso de carga de trabalho. Não se trata aqui de uma exigência de luxo: são incontáveis os suicídios nas empresas onde a corrida pela eficiência se tornou simplesmente desumana. O stress profissional está se tornando uma doença planetária, e a questão da qualidade de vida no trabalho passa a ocupar um espaço central. A redistribuição social da carga de trabalho torna-se hoje uma necessidade. As resistências são compreensíveis, mas a realidade é que com os avanços da tecnologia os processos produtivos tornam-se cada vez menos intensivos em mão de obra, e reduzir a jornada é uma questão de tempo. Não podemos continuar a basear o nosso desenvolvimento em ilhas tecnológicas ultramodernas enquanto se gera uma massa de excluídos, inclusive porque se trata de equilibrar a remuneração e, consequentemente, a demanda. A redução da jornada não reduzirá o bem estar ou a riqueza da população, e sim a deslocará para novos setores mais centrados no uso do tempo livre, com mais atividades de cultura e lazer. Não precisamos necessariamente de mais carros e de mais bonecas Barbie, precisamos sim de mais qualidade de vida.

VI – Não Viverás para o Dinheiro
A mudança de comportamento, de estilo de vida, não constitui um sacrifício, e sim um resgate do bom senso. Neste planeta de 7 bilhões de habitantes, com um aumento anual da ordem de 75 milhões, toda política envolve também uma mudança de comportamento individual e da cultura do consumo. O respeito às normas ambientais, a moderação do consumo, o cuidado no endividamento, o uso inteligente dos meios de transporte, a generalização da reciclagem, a redução do desperdício – há um conjunto de formas de organização do nosso cotidiano que passa por uma mudança de valores e de atitudes frente aos desafios econômicos, sociais e ambientais.

No apagão energético do final dos anos 90 no Brasil, constatou-se como uma boa campanha informativa, o papel colaborativo da mídia, e a punição sistemática dos excessos permitiu uma racionalização generalizada do uso doméstico da energia. Esta dimensão da solução dos problemas é essencial, e envolve tanto uma legislação adequada, como sobretudo uma participação ativa da mídia.

Hoje 95% dos domicílios no Brasil têm televisão, e o uso informativo inteligente deste e de outros meios de comunicação tornou-se fundamental. Frente aos esforços necessários para reequilibrar o planeta, não basta reduzir o martelamento publicitário que apela para o consumismo desenfreado, é preciso generalizar as dimensões informativas dos meios de comunicação. A mídia científica praticamente desapareceu, os noticiários navegam no atrativo da criminalidade, quando precisamos vitalmente de uma população informada sobre os desafios reais que enfrentamos. A pergunta a se fazer a cada ato de conusmo, não é só se “é bom para mim”, mas se é bem para o planeta e o bem comum, e buscar um equilíbrio razoável. A opção individual é essencial, mas não suficiente.

Grande parte da mudança do comportamento individual depende de ações públicas: as pessoas não deixarão o carro em casa (ou deixarão de tê-lo) se não houver transporte público, não farão reciclagem se não houver sistemas adequados de coleta. Precisamos de uma política pública de mudança do comportamento individual.

VII – Não Ganharás Dinheiro com o Dinheiro dos Outros
Racionalizar os sistemas de intermediação financeira é viável. A alocação final dos recursos financeiros deixou de ser organizada em função dos usos finais de estímulo e orientação de atividades econômicas e sociais, para obedecer às finalidades dos próprios intermediários financeiros. A atividade de crédito é sempre uma atividade pública, seja no quadro das instituições públicas, seja no quadro dos bancos privados que trabalham com dinheiro do público, e que para tanto precisam de uma carta-patente que os autorize a ganhar dinheiro com dinheiro dos outros. A recente crise financeira de 2008 demonstrou com clareza o caos que gera a ausência de mecanismos confiáveis de regulação no setor. Nas últimas duas décadas, temos saltado de bolha em bolha, de crise em crise, sem que a relação de forças permita a reformulação do sistema de regulação em função da produtividade sistêmica dos recursos. Enquanto não se gera uma relação de forças mais favorável, precisamos batalhar os sistemas nacionais de regulação financeira. O dinheiro não é mais produtivo onde rende mais para o intermediário: devemos buscar a produtividade sistêmica de um recurso que é público.

A Coréia do Sul abriu recentemente um financiamento de 36 bilhões de dólares para financiar transporte coletivo e alternativas energéticas, gerando com isto 960 mil empregos. O impacto positivo é ambiental pela redução de emissões, é anti-cíclico pela dinamização da demanda, é social pela redução do desemprego e pela renda gerada, é tecnológico pelas inovações que gera nos processos produtivos mais limpos. Tem inclusive um impacto raramente considerado, que é a redução do tempo vida que as pessoas desperdiçam no transporte. Trata-se aqui, evidentemente, de financiamento público, pois os bancos comerciais não teriam esta preocupação, nem esta visão sistêmica. (UNEP,Global Green New Deal, 2009). Em última instância, os recursos devem ser tornados mais acessíveis segundo que os objetivos do seu uso sejam mais produtivos em termos sistêmicos, visando um desenvolvimento mais inclusivo e mais sustentável. A intermediação financeira é um meio, não é um fim.

Particular atenção precisa ser dada aos intermediários que ganham apenas nos fluxos entre outros intermediários – com papéis que representam direitos sobre outros papéis – e que têm tudo a ganhar com a maximização dos fluxos, pois são remunerados por comissões sobre o volume e ganhos, e geram portanto volatilidade e pro-ciclicidade, com os monumentais volumes que nos levaram por exemplo a valores em derivativos da ordem de 863 trilhões de dólares em junho de 2008, 15 vezes o PIB mundial. A intermediação especulativa – diferentemente das intermediação de compras e vendas entre produtores e utilizadores finais – apenas gera uma pirâmide especulativa e insegurança, além de desorganizar os mercados e as políticas econômicas (1).

VIII – Não Tributarás Boas Iniciativas
A filosofia do imposto, de quem se cobra, e a quem se aloca, precisa ser revista. Uma política tributária equilibrada na cobrança, e reorientada na aplicação dos recursos, constitui um dos instrumentos fundamentais de que dispomos, sobretudo porque pode ser promovida por mecanismos democráticos. O eixo central não está na redução dos impostos, e sim na cobrança socialmente mais justa e na alocação mais produtiva em termos sociais e ambientais. A taxação das transações especulativas (nacionais ou internacionais) deverá gerar fundos para financiar uma série de políticas essenciais para o reequilíbrio social e ambiental. O imposto sobre grandes fortunas é hoje essencial para reduzir o poder político das dinastias econômicas (10% das famílias do planeta é dono de 90% do patrimônio familiar acumulado no planeta). O imposto sobre a herança é fundamental para dar chances a partilhas mais equilibradas para as sucessivas gerações. O imposto sobre a renda deve adquirir mais peso relativamente aos impostos indiretos, com alíquotas que permitam efetivamente redistribuir a renda. É importante lembrar que as grandes fortunas do planeta em geral estão vinculadas não a um acréscimo de capacidades produtivas do planeta, e sim à aquisição maior de empresas por um só grupo, gerando uma pirâmide cada vez mais instável e menos governável de propriedades cruzadas, impérios onde a grande luta é pelo controle do poder financeiro, político e midiático, e a apropriação de recursos naturais.

O sistema tributário tem de ser reformulado no sentido anti-cíclico, privilegiando atividades produtivas e penalizando as especulativas; no sentido do maior equilíbrio social ao ser fortemente progressivo; e no sentido de proteção ambiental ao taxar emissões tóxicas ou geradoras de mudança climática, bem como o uso de recursos naturais não renováveis (2).

O poder redistributivo do Estado é grande, tanto pelas políticas que executa – por exemplo as políticas de saúde, lazer, saneamento e outras infra-estruturas sociais que melhoram o nível de consumo coletivo – como pelas que pode fomentar, como opções energéticas, inclusão digital e assim por diante. Fundamental também é a política redistributiva que envolve política salarial, de previdência, de crédito, de preços, de emprego.

A forte presença das corporações junto ao poder político constitui um dos entraves principais ao equilíbrio na alocação de recursos. O essencial é assegurar que todas as propostas de alocação de recursos sejam analisadas pelo triplo enfoque econômico, social e ambiental. No caso brasileiro, constatou-se com as recentes políticas sociais (“Bolsa-Família”, políticas de previdência etc.) que volumes relativamente limitados de recursos, quando chegam à “base da pirâmide”, são incomparavelmente mais produtivos, tanto em termos de redução de situações críticas e consequente aumento de qualidade de vida, como pela dinamização de atividades econômicas induzidas pela demanda local. A democratização aqui é fundamental. A apropriação dos mecanismos decisórios sobre a alocação de recursos públicos está no centro dos processos de corrupção, envolvendo as grandes bancadas corporativas, por sua vez ancoradas no financiamento privado das campanhas.

IX – Não Privarás o Próximo do Direito ao Conhecimento
Travar o acesso ao conhecimento e às tecnologias sustentáveis não faz o mínimo sentido. A participação efetiva das populações nos processos de desenvolvimento sustentável envolve um denso sistema de acesso público e gratuito à informação necessária. A conectividade planetária que as novas tecnologias permitem constitui uma ampla via de acesso direto. O custo-benefício da inclusão digital generalizada é simplesmente imbatível, pois é um programa que desonera as instâncias administrativas superiores, na medida em que as comunidades com acesso à informação se tornam sujeitos do seu próprio desenvolvimento. A rapidez da apropriação deste tipo de tecnologia até nas regiões mais pobres se constata na propagação do celular, das lan houses mais modestas. O impacto produtivo é imenso para os pequenos produtores que passam a ter acesso direto a diversos mercados tanto de insumos como de venda, escapando aos diversos sistemas de atravessadores comerciais e financeiros. A inclusão digital generalizada é um destravador potente do conjunto do processo de mudança que hoje se torna indispensável.

O mundo frequentemente esquece que 2 bilhões de pessoas ainda cozinham com lenha, área em que há inovações significativas no aproveitamento calórico por meio de fogões melhorados. Tecnologias como o sistema de cisternas do Nordeste, de aproveitamento da biomassa, de sistemas menos agressivos de proteção dos cultivos etc., constituem um vetor de mudança da cultura dos processos produtivos. A criação de redes de núcleos de fomento tecnológico online, com ampla capilaridade, pode se inspirar da experiência da Índia, onde foram criados núcleos em praticamente todas as vilas do país. O World Economic and Social Survey 2009 é particularmente eloquente ao defender a flexibilização de patentes no sentido de assegurar ao conjunto da população mundial o acesso às informações indispensáveis para as mudanças tecnológicas exigidas por um desenvolvimento sustentável.

X – Não Controlarás a Palavra do Próximo
Democratizar a comunicação tornou-se essencial. A comunicação é uma das áreas que mais explodiu em termos de peso relativo nas transformações da sociedade. Estamos em permanência cercados de mensagens. As nossas crianças passam horas submetidas à publicidade ostensiva ou disfarçada. A indústria da comunicação, com sua fantástica concentração internacional e nacional – e a sua crescente interação entre os dois níveis – gerou uma máquina de fabricar estilos de vida, um consumismo obsessivo que reforça o elitismo, as desigualdades, o desperdício de recursos como símbolo de sucesso. O sistema circular permite que os custos sejam embutidos nos preços dos produtos que nos incitam a comprar, e ficamos envoltos em um cacarejo permanente de mensagens idiotas pagas do nosso bolso. Mais recentemente, a corporação utiliza este caminho para falar bem de si, para se apresentar como sustentável e, de forma mais ampla, como boa pessoa. O espectro eletromagnético em que estas mensagens navegam é público, e o acesso a uma informação inteligente e gratuita para todo o planeta, é simplesmente viável. Expandindo gradualmente as inúmeras formas alternativas de mídia que surgem por toda parte, há como introduzir uma cultura nova, outras visões de mundo, cultura diversificada e não pasteurizada, pluralismo em vez de fundamentalismos religiosos ou comerciais.

O fato que mais inspira esperança é a multiplicação impressionante de iniciativas nos planos da tecnologia, dos sistemas de gestão local, do uso da internet para democratizar o conhecimento, da descoberta de novas formas de produção menos agressivas, de formas mais equilibradas de acesso aos recursos. O Brasil neste plano tem mostrado que começar a construir uma vida mais digna para o “andar de baixo”, para os dois terços de excluídos, não gera tragédias para os ricos. Inclusive, numa sociedade mais equilibrada, todos passarão a viver melhor. Tolerar um mundo onde um bilhão de pessoas passam fome, onde 10 milhões de crianças morrem anualmente de causas ridículas, e onde se dilapidam os recursos naturais das próximas gerações, em proveito de fortunas irresponsáveis, já não é possível.

Nesta época interativa, o Altíssimo declarou-se disposto a considerar outros Mandamentos. Sendo o Secretariado do Altíssimo hoje bem equipado, os que por acaso tenham sugestões ou necessitem consultar documentos mais completos, poderão se instruir com outros Assessores, em linha direta sob www.criseoportunidade.wordpress.com. Críticas, naturalmente, deverão ser endereçadas a Instâncias Superiores. Apreciações positivas e sugestões de outros Mandamentos poderão ser enviadas ao blog acima citado, ou no e-mail ladislau@dowbor.org

NOTAS

(1) BIS Quarterly Review, December 2008, Naohiko Baba et al., www.bis.org/publ/qtrpdf/r_qt0812b.pdf p. 26: “In November, the BIS released the latest statistics based on positions as at end-june 2008 in the global over-the-counter (OTC) derivatives markets. The notional amounts outstanding of OTC derivatives continued to expand in the first half of 2008. Notional amounts of all types of OTC contracts stood at $863 trillion at the end of June, 21% higher than six months before”. São 863 trilhões de dólares de derivativos emitidos, frente a um PÌB mundial de cerca de 60 trilhões.

(2) Susan George traz uma ilustração convincente: um bilionário que aplica o seu dinheiro com uma conservadora remuneração de 5% ao ano, aumenta a sua fortuna em 137 mil dólares por dia. Taxar este tipo de ganhos não é “aumentar os impostos”, é corrigir absurdos.

O Vaticano II e o livro de John W. O’Malley

Toda história é tanto contínua quanto descontínua. Eu não conheço nenhum bom historiador que diga que o Vaticano II foi uma ruptura na história da Igreja no sentido de que foi uma quebra radical com a Tradição. Essa é uma acusação irresponsável lançada sobre historiadores responsáveis por pessoas que falam mais a partir da ideologia do que do exame dos escritos dos historiadores que elas atacam, afirma John W. O’Malley em ”Um outro concílio? Só se for em Manila ou no Rio, não em Roma” Entrevista especial com John W. O’Malley, publicada por Notícias – IHU On-Line, em 23/01/2010.

Tenho ouvido, aqui e ali, elogiosas referências ao livro de John W. O’Malley, O que aconteceu no Vaticano II. O livro chegará aqui? Quando?

Algumas leituras sobre o Vaticano II. E sobre o livro de J. W. O’Malley.

:: A primavera interrompida. O projeto Vaticano II num impasse

:: Dois livros que me impressionam: Helder e Martini

:: O’MALLEY, J. W. Che cosa è successo nel Vaticano II. Milano: Vita e Pensiero, 2010, 400 p. – ISBN 9788834317495.

:: O’MALLEY, J. W. What Happened at Vatican II. Cambridge: Belknap Press of Harvard University Press, 2010, 400 p. – ISBN 9780674047495 (Paperback) — Hardcover: 2008 – ISBN 9780674031692.

:: Sem o Vaticano II a Igreja poderia ter desaparecido

 :: Viva o Concílio Vaticano II: novo site

Morreu o biblista Erich Zenger

O professor Erich Zenger, nascido em 5 de julho de 1939, faleceu no domingo passado, 4 de abril de 2010, aos 70 anos de idade.

Erich Zenger, renomado exegeta católico alemão, especialista em Antigo Testamento, lecionava na Universidade de Münster (Westfälische Wilhelms-Universität Münster), Alemanha.

Conhecido também por seu diálogo com o judaísmo, este exegeta tem um de seus livros mais populares traduzido no Brasil:

ZENGER, E. et al. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2003, 560 p. – ISBN 9788515023288.

Costumo indicar este livro como bibliografia básica em minha Introdução à S. Escritura, disciplina que leciono no Primeiro Ano de Teologia.

Por enquanto, só encontrei a notícia em alemão. Assim, leio na página da Universidade de Münster:

Prof. Dr. Erich Zenger gestorben
Der Exzellenzcluster „Religion und Politik“ trauert um sein aktives Mitglied Prof. Dr. Erich Zenger, dessen inspirierende und engagierte Mitarbeit uns allen unvergesslich bleiben wird. Erich Zenger gehörte schon zu der kleinen Gruppe von Wissenschaftlern, die unseren Antrag vor den internationalen Gutachtern in Bonn vertraten. Obgleich bereits emeritiert, nützte uns sein wissenschaftliches Renommee wie sein Engagement, mit dem er stets auch persönlich beeindruckte. Der Exzellenzcluster fühlt sich seiner Art, Wissenschaft zu betreiben und zugleich den Dialog mit der Öffentlichkeit zu suchen, aufs Tiefste verbunden.
Gerd Althoff, Sprecher

E o comunicado da Universidade de Münster à imprensa:

Angefügt die Pressemitteilung der Universitätspressestelle der WWU Münster vom 5. April 2010:
“Prof. Dr. Erich Zenger, einer der renommiertesten alttestamentlichen Bibelwissenschaftler im deutschsprachigen Raum, ist am Oster-Wochenende im Alter von 70 Jahren verstorben. Der Wissenschaftler der Universität Münster hat sich insbesondere um den christlich-jüdischen Dialog verdient gemacht. Im vergangenen Jahr erhielt er dafür die Buber-Rosenzweig-Medaille. Der Deutsche Koordinierungsrat (DKR) der Gesellschaften für Christlich-Jüdische Zusammenarbeit würdigte mit der Verleihung seine ‘jahrzehntelangen Verdienste’.

Hervorgetreten ist Prof. Zenger unter anderem durch seine Arbeiten am Psalmenbuch. Seine ‘Einführung in das Alte Testament’ gilt als Standardwerk der Bibelwissenschaften. Der Theologe war Mitglied im Gesprächskreis ‘Juden und Christen’ beim Zentralkomitee der Deutschen Katholiken und in der Arbeitsgruppe ‘Fragen des Judentums’ der Deutschen Bischofskonferenz. Mit seinen wissenschaftlichen Arbeiten zum hebräischen Teil der Bibel habe er weit über den katholischen Raum hinaus ‘bleibende und zukunftsweisende Perspektiven eröffnet und kräftige Impulse gegeben’ habe. Zenger stehe auch überkonfessionell ‘für den Weg der Erneuerung der Christen in ihrem Verhältnis zu den Juden’, so der DKR.

Erich Zenger wurde am 5. Juli 1939 geboren. Er studierte Katholische Theologie und Altorientalische Sprachen in Rom – wo er 1964 zum Priester geweiht wurde -, Jerusalem, Heidelberg, Münster und Würzburg. 1971 wurde er in Würzburg promoviert und 1972 an die kirchliche Theologische Hochschule in Bayern berufen. Von 1973 bis zu seiner Emeritierung 2004 leitete er das Seminar für Zeit- und Religionsgeschichte des Alten Testaments der Universität Münster. Im Laufe dieser Jahre engagierte er sich in zahlreichen Gremien der akademischen Selbstverwaltung. Auch nach seiner Emeritierung wirkte er an Forschungsprojekten, zum Beispiel dem DFG-Projekt ‘Wissenschaftlicher Kommentar zum Buch der Psalmen’ mit”.

Leio também o que saiu em alguns jornais alemães, a partir da agência de notícias ddp:
Der Münsteraner Theologe Erich Zenger ist tot. Er starb am Osterwochenende im Alter von 70 Jahren, wie eine Sprecherin der Universität Münster mitteilte. Zenger galt als einer der renommiertesten alttestamentlichen Bibelwissenschaftler im deutschsprachigen Raum. Er hatte sich vor allem um den christlich-jüdischen Dialog verdient gemacht. Im vergangenen Jahr erhielt er dafür die Buber-Rosenzweig-Medaille. Zengers “Einführung in das Alte Testament” gilt als Standardwerk der Bibelwissenschaften. Der Theologe war Mitglied im Gesprächskreis Juden und Christen beim Zentralkomitee der Deutschen Katholiken und in der Arbeitsgruppe Fragen des Judentums der Deutschen Bischofskonferenz (ddp – Deutscher Depeschendienst)

Ou, também em alemão:
Erich Zenger (* 5. Juli 1939 in Dollnstein; † 4. April 2010 in Münster[1]) war ein römisch-katholischer Theologe und Universitätsprofessor. Er war einer der bedeutenden alttestamentlichen Bibelwissenschaftler unserer Zeit, der sich insbesondere um den jüdisch-christlichen Dialog verdient gemacht hat. In den vergangenen Jahren ist Zenger vor allem durch seine Arbeiten am Psalmenbuch hervorgetreten. Seine „Einleitung in das Alte Testament“ gilt als Standardwerk der Bibelwissenschaften (Wikipedia: Erich Zenger)

Leia também no blog de Jim West, Zwinglius Redivivus, o post, de hoje, Very Sad News: The Death of Erich Zenger.

Uma nova teologia da criação

Ecologia e nova cosmologia: implicações teológicas

Guillermo Kerber

(…) É o historiador Thomas Berry que vincula a ecologia e a nova cosmologia com um novo relato, uma nova narração que correspondam ao novo momento histórico que a humanidade vive. Para Berry, “estamos agora entrando em um novo período histórico, período que poderíamos designar como a era ecológica”. Para ele, os problemas vividos nos últimos dois séculos foram causados, em grande parte, por nossos modos limitados de pensar, marcados pela referência científico-tecnológica. A era ecológica, na qual estamos entrando agora, é uma era complementar, que sucede a era tecnológica. Se esta foi caracterizada em boa medida pelo desencantamento do mundo, a era ecológica e a nova cosmologia fomentam uma profunda consciência da presença do sagrado em cada realidade do universo. Dessa forma, a era ecológica é também uma nova era religiosa. Nela, a dimensão da transparência divina completa as categorias de imanência e transcendência. (…) Essa transcendência como atributo de Deus é o que os teólogos chamam de panenteísmo.

O que é o panenteísmo? Etimologicamente, panenteísmo (do grego: ”pan”, tudo; ”en”, em; ”theós”, Deus), isto é: Deus em tudo, e tudo em Deus. Deus está presente no cosmos, e o cosmos está presente em Deus. (…) O panenteísmo é, pois, a visão de que a criação e seus processos estão de alguma forma ”em” Deus, apesar de que Deus é mais do que a criação.

Uma consequência teológica importante é que o panenteísmo, ao destacar a presença de Deus na Criação, pode afirmar como verdadeiras não só imagens pessoais, mas também transpessoais do Divino. (…) Pode-se falar com sentido do divino como do Mistério e da Aventura do Universo, do Uno e do Contexto último e do Oceano cósmico, mas também como Mãe, Pai. Não deveríamos, consequentemente a esta proposta, ficar fixos em imagens particulares. Em vez disso, podemos e deveríamos ser capazes de aceitar imagens diversas, tolerantes às necessidades dos outros de imaginar Deus em formas diferentes às nossas. (…)

Assumir essa perspectiva da teologia ecológica nos obriga, pois, a nos perguntarmos: quais são as imagens que melhor refletem o Deus revelado por Jesus no mundo atual, oprimido pela crise ambiental?

O Cristo Cósmico

Refletir sobre a presença de Deus no mundo nos leva a pensar a Cristologia. Para Mathew Fox, é a imagem do Cristo Cósmico que permite aflorar uma nova cosmologia. Assumir essa perspectiva do Cristo Cósmico implicará em uma mudança profunda nas representações mentais, uma mudança de paradigmas: um salto do antropocentrismo a uma cosmologia viva; de Newton a Einstein; de uma mentalidade em partes ao todo; do racionalismo ao misticismo; da obediência à criatividade como primado da virtude moral; da salvação pessoal à cura comunitária; do teísmo (Deus fora de nós) ao panenteísmo (Deus em nós, e nós em Deus); da religião da queda-redenção à espiritualidade centrada na criação. Mas o Cristo Cósmico não está no além, mas se manifesta em nós, que somos chamados a ser profetas do cosmos (justiça) sobre o caos (desordem e injustiça).

A perspectiva do Cristo Cósmico é a única possibilidade, para Fox, de impedir a morte da Mãe Terra. (…)

Uma nova teologia da criação

Afirmar um universo em expansão e em evolução e que a criação está em Deus e que Deus está na criação significa reconhecer a presença do Espírito Santo que constantemente recria a Criação. Ela é um processo permanente, não algo que ocorreu simplesmente no passado, mas sim algo que está ocorrendo no presente e irá ocorrer no futuro.

Considerar a criação como um processo está diretamente vinculado à teologia processual, uma das fontes da nova teologia ecológica. Essa corrente teológica tem, para Rosemary Radford-Ruether, por exemplo, muitas afinidades com o pensamento de Teilhard de Chardin, particularmente no que tem a ver com a realidade da “mente” em todas as criaturas, inclusive nos movimentos das partículas subatômicas.

A referência a Teilhard é interessante já que ele também fala do Cristo Cósmico e da transparência de Deus. “O grande mistério do cristianismo não é a aparição, mas sim a transparência de Deus no universo. Oh sim, Senhor, não apenas o raio que aflora, mas o raio que penetra. Não tua Epifania, Jesus, mas sim tua Dia-fania”. Dessa forma, o panenteísmo, ao destacar a transparência de Deus, se converte em um vínculo entre a imanência (estar dentro de) e a transcendência (estar além de), expressadas acertadamente na clássica formulação de Santo Agostinho: “Deus é mais íntimo do que meu íntimo, e superior ao mais alto que há em mim”. (…)

O panenteísmo revela, além disso, o sentido profundo de sacramentalidade de todas as coisas. Se Deus está em toda a criação, cada criatura é sinal do Criador. Mas, em chave escatológica, devemos reconhecer um processo evolutivo inacabado, razão pela qual a sacramentalidade será sempre fragmentada e velada. Só no final se dará o descanso sabático de toda a criação. (…)

E as comunidades? E os pobres? Como transmitir essa mensagem às comunidades? Somos conscientes de que muitos dos termos acima mencionados podem ser difíceis de transmitir na catequese, nas celebrações, nas comunidades de leitura da Bíblia etc. Mas não são mais do que outros conceitos teológicos tradicionais. Um importante trabalho de divulgação e assimilação é, evidentemente, necessário. Não só como forma de reinterpretar adequadamente o cristianismo diante dos desafios atuais, mas também porque as comunidades mais pobres são e serão as mais afetadas, por exemplo, pelas consequências das mudanças climáticas, como reconhece o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que pode ser considerado a opinião de consenso da comunidade científica sobre essa problemática. (…)

Em um diálogo com a nova cosmologia e a ecologia, o horizonte libertador da teologia, característico da teologia latino-americano deve se ampliar, reconhecendo que toda a criação deve ser libertada, começando pelas comunidades mais vulneráveis, os pobres, os indígenas, levando-se em conta também as culturas e as espécies que estão desaparecendo.

A crise das mudanças climáticas é um claro exemplo de que a Terra como um todo está ameaçada. Mas também é importante reconhecer que nem todos contribuíram da mesma maneira, nem sofrerão os efeitos da mesma forma. Por isso, a dimensão de justiça, que implica, entre outras coisas, no reconhecimento da responsabilidade histórica dos países industrializados, deve ser incluída em uma reflexão teológica que assuma a ecologia e a nova cosmologia. Assim, junto à necessária reformulação dos conteúdos dogmáticos da teologia, a espiritualidade e a ética também devem ser adequadas a esses novos desafios.

Fonte: Notícias – IHU On-Line: 05/04/2010.

Original em italiano: Ecologia, nuova cosmologia e implicazioni teologiche – Guillermo Kerber – Adista: 29/03/2010

 

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