Carlos Mesters fala sobre o Sínodo

A Palavra está presente em todos os setores da vida da Igreja

Ao falar sobre a importância dos círculos bíblicos, Frei Carlos Mesters afirma que neles “a Bíblia se torna um espelho, no qual as pessoas descobrem dimensões mais profundas da sua própria vida que antes não tinham percebido”. Para ele, na entrevista (…) concedida por e-mail para a IHU On-Line, a importância de um sínodo sobre a Bíblia no atual momento é muito grande por vários motivos, dentre os quais “o aprofundamento que a Palavra de Deus pode trazer para a vida humana” e a percepção da “importância da presença da sabedoria de Deus na leitura que os pobres do mundo inteiro fazem da Bíblia” (…) Mesters é assessor de um dos bispos brasileiros na XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que ocorre de 5 a 26 de outubro, no Vaticano. A entrevista a seguir foi elaborada em parceria com a equipe de Teologia Pública do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

 

A entrevista

Graziela Wolfart

IHU On-Line – A leitura orante da Palavra de Deus tem tido muita difusão nas comunidades eclesiais, através dos círculos bíblicos. Qual é para o senhor a riqueza deste método e qual o seu limite?

Carlos Mesters – A riqueza deste método é que a leitura orante da Palavra de Deus provoca no povo um contato direto com a Bíblia, sem intermediários, num ambiente comunitário de fé, dentro da realidade do dia-a-dia da vida. Deste modo, vai nascendo um confronto entre Bíblia e Vida. A Bíblia se torna um espelho, no qual as pessoas descobrem dimensões mais profundas da sua própria vida que antes não tinham percebido. Você pergunta: “Qual o seu limite?”. Tudo o que é humano é limitado. Um limite aparece quando os participantes do Círculo Bíblico se fecham em si mesmos e esquecem a realidade da vida ao redor. Pois a Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas também na Vida, na natureza, nos fatos, em tudo que acontece.

IHU On-Line – Qual é a importância de um Sínodo sobre a Bíblia no momento atual? Qual é a sua apreciação do “instrumentum laboris” para o sínodo?

Carlos Mesters – A importância de um sínodo sobre a Bíblia no atual momento é muito grande por vários motivos: 1) permite uma partilha entre os bispos, participantes do Sínodo, em torno das experiências e dos problemas no uso e na leitura que o povo faz da Bíblia nas várias partes do mundo, sobretudo nos países da América Latina, África e Ásia. Uma partilha assim enriquece a todos, ajuda relativizar os problemas e faz perceber melhor o caminho, o rumo do Espírito; 2) favorece o aprofundamento que a Palavra de Deus pode trazer para a vida humana e ajuda a descobrir melhor o alcance e o significado do documento “Dei Verbum ” do Vaticano II sobre a Revelação; 3) faz perceber a importância da presença da sabedoria de Deus na leitura que os pobres do mundo inteiro fazem da Bíblia. Isto ajudará para que a exegese científica descubra melhor qual a sua contribuição para a vida das Comunidades, para a Igreja; 4) o Sínodo sobre a “Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” completa a caminhada iniciada no Sínodo anterior sobre a Eucaristia. Quanto ao Instrumentum Laboris, a opinião geral é de que se trata de um documento bom que está dando ao sínodo um rumo positivo. O Instrumentum Laboris é o resultado das contribuições do mundo inteiro. Mostra como a Palavra está presente em todos os setores da vida da Igreja.

IHU On-Line – Que leitura o senhor faz da presença de 25 mulheres e do rabino chefe de Haifa, Israel, Shear-Yashuv Cohen, neste sínodo?

Carlos Mesters – Acho muito importante a presença das mulheres, mas ainda é pouco. Só 25 entre mais de 200 participantes. O olhar feminino descobre e revela aspectos da Palavra de Deus que o olhar masculino não percebe, e vice-versa. Os dois olhares se completam e se enriquecem mutuamente. Limitando tudo ao olhar masculino, empobrecemos a riqueza que a Palavra de Deus poderia proporcionar às Igrejas e à humanidade. Quanto à presença do Rabino chefe de Haifa, Shear-Yashuv Cohen, ela é muito significativa e muito importante nos nossos dias. Ela nos ajuda a recuperar a memória. Não podemos esquecer nunca que Jesus era judeu, nasceu judeu, viveu como judeu e morreu como judeu. Todo o Novo Testamento é uma interpretação do Antigo Testamento à luz de Jesus. Temos muito a aprender uns dos outros. No passado, essa perda de memória a respeito da nossa origem nos levou a erros e crimes ao longo dos séculos. Recuperar a memória significa recuperar nossa identidade através do diálogo com nossos irmãos judeus. Em mim nasce o desejo de que, um dia, possa fazer o mesmo com nossos irmãos muçulmanos. Judeus, cristãos e muçulmanos, somos irmãos, filhos do mesmo pai Abraão.

IHU On-Line – Por que os livros apócrifos atraem tanto ao público? Não é tempo de fazer uma leitura de como foram selecionados os livros que hoje formam a Bíblia e revisar os que ficaram de fora?

Carlos Mesters – Acho que não há o que revisar. Os livros chamados apócrifos atraem porque são considerados proibidos. Tudo que é proibido atrai. Na realidade, nunca foram proibidos. Apócrifico quer dizer que estes livros não fazem parte da lista oficial. Deveriam ser chamados de livros “não-canônicos”. É bom notar que os livros apócrifos mais tardios, escritos entre o século V e VIII, têm uma tendência anti-semita, o que não é bom. É deplorável. Alguns chegam quase a considerar Pilatos como um homem honesto que foi enganado pelos judeus para condenar Jesus. Isto não corresponde à verdade histórica.

IHU On-Line – Que hermenêuticas o senhor apontaria como importantes, hoje, na leitura da Palavra, para não cair em fundamentalismos, literalismos ou leituras ideológicas?

Carlos Mesters – Todas as hermenêuticas que ajudam o povo a descobrir a presença da Palavra de Deus na vida são importantes: a hermenêutica feminina, a negra, a indígena, a leitura que os pobres fazem da Bíblia, enfim, tudo que faz a gente olhar os textos com um olhar a partir da realidade das pessoas. Resumindo, acho importante seguir os três passos do método ou da hermenêutica que Jesus usou com os discípulos na estrada de Emaús. O primeiro passo: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade e seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que as ajudem a olhar a realidade da vida com um olhar mais crítico (Lc 24,13-24). O segundo passo: com a luz da Palavra de Deus iluminar a situação que os fazia sofrer e os levou a fugir de Jerusalém para Emaús; usar a Bíblia para fazer arder o coração (Lc 24,25-27). O terceiro passo: criar um ambiente orante de fé e de fraternidade, onde possa atuar o Espírito que abre os olhos, faz descobrir a presença de Jesus e transforma a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Assim, aquilo que antes gerava desânimo e cegueira, torna-se luz e força na caminhada (Lc 24,28-32). O resultado do uso da Bíblia é o de criar coragem e voltar para Jerusalém, onde continuam ativas as forças de morte que mataram Jesus, e experimentar a presença viva de Jesus e do seu Espírito na experiência de Ressurreição (Lc 24,33-35). O objetivo último da Leitura Orante da Bíblia ou da Lectio Divina não é interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida. Não é conhecer o conteúdo do Livro Sagrado, mas, ajudado pela Palavra escrita, descobrir, assumir e celebrar a Palavra viva que Deus fala hoje na nossa vida, na vida do povo, na realidade do mundo em que vivemos (Sl 95,7); é crescer na fé e experimentar, cada vez mais, que “Ele está no meio de nós!”

 

Outros pontos de vista sobre o Sínodo podem ser vistos no texto do jornalista norte-americano John L. Allen Jr. publicado no National Catholic Reporter em 17/10/2008 e reproduzido por Notícias: IHU On-Line em 20/10/2008.

O Sínodo sobre a Bíblia em busca de um meio termo

Pode-se dizer que o sínodo, dedicado ao à “Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, está tentando caminhar num curso médio entre dois extremos: o fundamentalismo bíblico e o ceticismo secular. O cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, contou ao NCR, na quinta-feira, que ele considera esses aparentes opostos, em certo sentido, em simbiose: quando fundamentalistas fazem pedidos sobre a Bíblia que não podem ser reconciliados com a razão, disse, isso alimenta o ceticismo sobre a Bíblia na cultura em geral.

O objetivo do sínodo poderia ser expresso, entretanto, como um despertar de uma paixão renovada pela escritura, enquanto, simultaneamente, encoraja os católicos a ler a Bíblia dentro da tradição viva da igreja – aí, ou mais ou menos por aí, a teoria anda, sustentando fé e razão juntas.

Darei um rápido resumo dos encontros até agora, primeiro olhando áreas de consenso geral e, depois, três tensões que, a seu tempo, permanecem não resolvidas.

Consenso geral

De muitas maneiras, o que é mais notável nesse sínodo é o consenso amplo na maioria dos pontos em geral, o que permitiu a discussão para, rapidamente, passar para o mundo da pastoral e da prática. As idéias a seguir foram repetidamente afirmadas no sínodo, virtualmente sem dissenso:

. A “Palavra de Deus”, no entendimento católico, é mais ampla do que os textos escritos da escritura. Ela se refere principalmente a uma pessoa, Jesus Cristo, por isso é teologicamente incorreto descrever a cristandade (pelo menos na sua forma católica) como uma “religião do livro”.
. A escritura deve ser lida no contexto da igreja, isto é, sua tradição, ensinamentos e culto doutrinais. Dentre outras coisas, esse ponto implica em um maior acento na relação entre a Bíblia e a liturgia, especialmente a Missa.
. A Bíblia não é simplesmente uma parte da literatura antiga, e por isso não pode ser interpretada exclusivamente por meio das lentes da história e da crítica literária. A interpretação bíblica deve ir mais a fundo, rumo a uma “exegese teológica”, que relacione estudo especializado da Bíblia e a fé viva da igreja e os desafios pessoais de pessoas reais.
. A Bíblia é uma ponte natural para melhores relações com outros cristãos e com os judeus, já que ela representa uma “casa comum” compartilhada, apesar das óbvias diferenças na interpretação.
. A Igreja é obrigada não apenas a proclamar a Palavra de Deus, mas também a escutá-la. Esse é um desafio especial, diversos oradores indicaram, em um mundo em que o escutar é freqüentemente uma arte perdida.

Vários pontos práticos estiveram sob tensão tão freqüentemente que eles também são apostas seguras a estar entre as proposições finais: a necessidade de melhores homilias; uma prática mais ampla da LectioDivina, isto é, o uso da Bíblia na oração; a necessidade de se traduzir a Bíblia, tornando-a disponível em todas as línguas, especialmente em áreas isoladas do mundo em desenvolvimento onde não há edição na língua local – ou onde a língua local é ainda inteiramente oral.

Tensões

1. Ministros leigos da Palavra

Um ponto imprevisto que esteve cozinhando em fogo lento no sínodo, sem nunca ter estourado realmente no debate aberto, se refere à crescente prática de liturgias da Palavra, lideradas em grande parte por leigos, em várias partes do mundo – especialmente em regiões do mundo em desenvolvimento, onde a escassez de padres é muito aguda. Na quinta-feira, o bispo Luis Tagle da diocese de Imus, nas Filipinas, disse que esse assunto fez “as pessoas hesitarem” no sínodo.

A precaução é tanto teológica quanto prática. Teologicamente, se se supõe que a Eucaristia deve ser “a fonte e o auge” da vida cristã, ninguém quer se render à idéia de que ela não estaria regularmente disponível para uma crescente fileira da população católica. Praticamente, alguns bispos temem que a promoção muito agressiva de ministros leigos poderia, na realidade, aumentar o problema ao desencorajar alguns rapazes jovens de buscar o sacerdócio.

Por outro lado, o problema mais grave é que, em algumas regiões, muitos católicos não teriam nenhum contato com a igreja, pelo menos em uma base regular, se não fossem as liturgias da Palavra. A realidade é que, em alguns lugares, um padre é visto agora como tradicionalmente sempre se viu um bispo: uma figura de autoridade e um importante ponto de referência, mas não alguém que se espere para ver a cada domingo. Nesse sentido, disse Tagle, a questão real é provavelmente como melhor formar e treinar ministros leigos para que possam ajudar as pessoas a ver as liturgias da Palavra como uma preparação para a Eucaristia, “quando ela for disponível”.

Um bispo ocidental contou à NCR nesta semana que a discussão no sínodo sobre os ministros leigos da Palavra tem sido um “substituto” para os debates sobre o viri probati, ou seja, a ordenação de homens casados ao sacerdócio católico. Se é assim, isso poderia ajudar a explicar por que o sínodo não está tão certo do que dizer.

2. O método histórico-crítico

Se tudo o que importasse nesse ponto fossem generalizações, não haveria problema. Algumas fórmulas como a seguinte poderiam comandar quase um irresistível consentimento: o método histórico-crítica é valioso, mas não é o bastante. Ele precisa ser integrado à reflexão teológica mais ampla da Igreja, o que implica que os teólogos e exegetas trabalhem e se dêem bem.

O diabo, entretanto, está nos detalhes. No sínodo, alguns imprimem claramente um tom mais positivo com relação ao estudo acadêmico da Bíblia, usando as ferramentas essencialmente seculares da pesquisa histórica e da crítica literária, dentre outras. Levada caracterizou o contraste: “Alguns criticaram o método histórico-crítico, baseados em que é difícil superar as suposições filosóficas que formam a sua base para muitos dos seguidores originais do método”, disse. “Outros o vêem como uma ferramenta útil para chegar a uma melhor compreensão do sentido literal e histórico da escritura”.

Em sua fala solitária ao sínodo até agora, o Papa Bento XVI tocou precisamente nesse ponto, argumentando essencialmente que os estudiosos que usam o método histórico-crítico devem tomar a fé da igreja como o seu ponto de partida.

Nesse ponto, dois desafios se apresentam.

Primeiro, o balanço apropriado deve ser impresso nos documentos conclusivos do sínodo. Se há muita crítica aos exegetas e ao método histórico-crítica, os estudiosos bíblicos católicos podem se sentir sob ataque, ou que o relógio está girando ao contrário em ferramentas que eles agora assumem como dadas. Se a linguagem é muito suave, entretanto, então o desejo claro por uma leitura mais “teológica” da escritura poderia se perder no meio do palheiro.

Segundo, há a questão prática de como, exatamente, colocar os teólogos e os exegetas em uma conversa mais profunda, especialmente dada a natureza hiper-compartimentalizada da vida acadêmica nos dias de hoje. Esse pode ser o ponto sobre o qual há muito drama – irá o sínodo se restringir a um fervorino sobre a relação entre a exegese e a teologia, simplesmente ecoando os pontos básicos apresentados pelo PapaBento XVI na terça-feira, ou ele irá realmente oferecer sugestões concretas para fomentar elos mais próximos entre os especialistas bíblicos, os teólogos e os pastores?

O padre da ilha filipina de Basilian, Thomas Rosica, um canadense que está lidando com comunicados de imprensa do sínodo em inglês e que é também um estudioso bíblico, ofereceu uma metáfora memorável daquilo que está em jogo.

“Muitos de nós foram treinados como cirurgiões”, disse, na quinta-feira, querendo dizer que os exegetas aprendem a fazer cortes muito precisos no texto bíblico – determinando qual é o sentido exato de uma dada forma verbal, ou detalhando os contextos sociais das comunidades de João e de Lucas.

“O que esquecemos às vezes é que estamos operando com um corpo vivo, não com um cadáver”, disse Rosica. “Espera-se que sejamos cirurgiões cardíacos, não médicos-legistas. O sucesso é definido se o corpo sobrevive à cirurgia”.

3. Infalibilidade da Bíblia

Alguns bispos, como o cardeal George Pell, de Sydney, Austrália, lançou a idéia de que a Congregação para a Doutrina da Fé produza um documento sobre a infalibilidade da Bíblia, no sentido de resolver o que tem sido uma questão em aberto desde o Concílio Vaticano II (1962-65) e seu documento sobre a revelação divina, Dei Verbum.

Esse ponto se torna rapidamente técnico, mas, na essência, eis aqui o que está em jogo: quanto da Bíblia é “inspirado” e livre de erros? É apenas o que se poderia chamar do conteúdo “teológico” da Bíblia, isto é, aquilo que ela ensina sobre a salvação? Ou toda a Bíblia é infalível, e por isso “verdadeira”, mesmo que isso não signifique necessariamente uma verdade literal ou factual?

O cardeal Francis George, de Chicago, amplamente visto como um dos pensadores líderes dos níveis mais superiores da igreja, disse em entrevista nesta semana que a segunda opção representa melhor “onde estamos hoje”, mas reconhece que a questão não foi resolvida.

Há uma espécie de dinâmica Cila1 e Caríbdis2 inerente a esse debate. Contorce-se muito ao dizer que só as partes teológicas da Bíblia são inspiradas, e pode parecer que a igreja está flertando com o ceticismo. Vai muito longe ao dizer que a infalibilidade se aplica a cada vírgula do texto, e pode acabar em um tipo de fundamentalismo católico.

Independentemente de qual visão se tome, também há a questão concreta sobre se agora é o momento certo de o Vaticano dizer alguma coisa. Mesmo que essa seja uma visão razoavelmente cínica das coisas, é freqüente o caso de pessoas que clamam por uma declaração do Vaticano quando eles pensam que irão receber a resposta que querem. Por outra parte, tendem a sugerir que ainda não é “oportuno” publicar um documento.

Será, por isso, fascinante assistir como exatamente o sínodo irá expressar suas recomendações – ele deverá escolher uma só – sobre esse ponto.

 

Se preferir, veja o original: The Synod on the Bible looks for middle ground; A ‘poignant’ press conference:
…One might say that the synod, dedicated to “The Word of God in the Life and Mission of the Church,” is trying to steer a middle course between two extremes: Biblical fundamentalism, and secular skepticism. Cardinal William Levada, Prefect of the Congregation for the Doctrine of the Faith, told NCR on Thursday that he regards these seeming opposites as, in a sense, symbiotic: When fundamentalists make claims about the Bible that can’t be reconciled with reason, he said, it feeds skepticism about the Bible in the broader culture. The aim of the synod could therefore be phrased as awakening a renewed passion for scripture, while simultaneously encouraging Catholics to read the Bible within the living tradition of the church — thereby, or so the theory goes, holding faith and reason together. I’ll give a quick summary of the proceedings so far, first looking at areas of general agreement and then three tensions that, at this stage, remain unresolved…